Difícil decisão
Rei Milo
Após o rapaz ter despertado, e nós termos trocado algumas palavras, agora eu já me sentia mais aliviado pelo fato dele estar vivo. Porém, mesmo assim eu me sentia na obrigação de julgá-lo, pois eu sou o rei. Em seguida, lancei minhas perguntas...
— Você está com fome, rapaz? — lhe perguntei em um tom calmo.
— Não, eu não estou com fome. — me dizia convicto, e ao me encarar com suas orbes azuis num tom mais escuro que os meus, deduzi que ele estivesse mentindo, pois eu ouvia sua barriga roncar.
Após o mesmo me dizer que não estava com fome, eu saí da cela e fui procurar o meu tio, deixando o mesmo ali, me olhando de forma fixa.
Camus
Após o rei sair, me encolhi dentro da cela na intenção de me aquecer, pois eu estava sentindo frio e estava com muita fome. Porém, eu menti para o rei, dizendo que eu não estava.
Milo
Ao ter saído da cela, saí procurando meu tio pelo imenso castelo. Mas dei uma parada na cozinha, para ordenar uma das serviçais para ir alimentar o prisioneiro e lhe levar um cobertor para o mesmo se cobrir.
Depois, continuei a procurar pelo meu tio, até que um dos guardas veio me dar notícias do mesmo. Eu o encontrei sentado num dos jardins do castelo, contemplado a bela paisagem.
— Tio, desculpe a minha demora, — comecei calmamente ao sentar ao seu lado. — mas o que o senhor deseja falar comigo? Um dos guardas me avisou que o senhor estava aqui á minha espera.
— Milo, onde você esteve todo esse tempo? — indagou de forma direta.
— Tio, eu estava resolvendo alguns problemas relacionados ao reino. — lhe relatei seriamente.
— Por acaso tem haver com um certo prisioneiro? Eu fiquei sabendo que há um novo prisioneiro na masmorra. — soltou tudo de forma séria e com seu semblante fechado.
— Sim. Nós temos um novo prisioneiro. Porém, não é motivo para o senhor se preocupar, pois eu já cuidei dele.
— Milo, você conhece bem as regras daqui! Você terá que julgá-lo e matá-lo. — avisou taxativo ao me olhar com um semblante fechado.
— Sim, tio. Eu estou ciente disso. Porém, essas regras são um tanto arcaicas e já estão passando da hora de serem revistas. — soltei de forma natural, fato que fez meu tio se levantar e me olhar com um olhar que transparecia raiva.
— É impressão minha ou você está defendendo esse prisioneiro desgraçado?! — perguntou severamente, em um tom alto e ríspido, me encarando com seus olhos raivosos. Eu arregalei meus olhos e engoli em seco, devido o certo medo que eu senti, pois o meu tio é muito pior do que eu. Ele é um homem tirano e sanguinário que não sente pena, muito menos piedade de quem quer que seja.
O mesmo me criou após tirar a vida dos meus pais, assumindo assim papel de um pai e rei, na época. E após eu atingir a maior idade, ele me nomeou rei após o conselho quase lhe obrigar a passar o trono para mim...
Kardia
Fiquei olhando no fundo dos olhos de meu sobrinho, percebendo assim que o mesmo parecia estar apavorado e com medo.
— Milo, você não respondeu a minha pergunta. — eu soltei ríspido.
— Tio, eu não estou defendendo ninguém. Mas eu sou o rei aqui, e se eu quiser eu posso mudar essa regra. — ele dizia de forma natural.
— Você pode até ser o rei, mas nunca se esqueça de que você tem que acatar as ordens da igreja, pois eles têm muito mais poder que você. Nunca se esqueça disso. — expliquei estando super irritado.
— Pouco me importa o que a maldita igreja e seus sacerdotes pensam! Afinal, eu sou o rei, e querendo ou não eles têm que acatar as minhas ordens. — bradou convicto e taxativo. Logo depois, meu sobrinho se levantou, e quando ele já ia saindo de perto de mim, eu o segurei firme, para enfim começar em alto e bom som.
— Você vai ordenar para o trazerem aqui, para você julgá-lo e dar a sua sentença. — eu falava sério com um tom firme.
— Eu não posso fazer isso agora, pois minha esposa está a nossa espera. — ele explicou sério.
Degel
— Com licença, vossa majestade. Eu preciso falar com o senhor em particular. — informei. Porém, não pude deixar de perceber que algo estranho estava acontecendo entre o rei e o desgraçado do Kardia. Fiquei o encarando até que o maldito soltou o braço do rei, para que nós dois pudéssemos enfim conversar. Mas antes do desgraçado nos deixar a sós, o mesmo passou por nós, dizendo ao rei que depois ambos continuariam a sua conversa.
— Degel, o que houve? Agora podemos conversar em paz. — o rei falou em tom calmo.
— Majestade, já cumprimos suas ordens iniciais. — relatei.
Enquanto isso, na masmorra, na cela do prisioneiro...
Camus
Eu permanecia preso em minha cela e na maldita masmorra. Porém, uma das serviçais do rei me trouxe o que comer, beber e um cobertor grosso para eu me cobrir. Eu estava tão faminto, e comia toda a comida, sentado no chão. Uma comida que mais parecia um banquete. Após comer, eu me cobri com o cobertor e me deitei no chão mesmo, fazendo barulho com as correntes que estavam em meu pescoço e nos pulsos.
Eu tentava dormir, porém eu permanecia tremendo um pouco, devido os calafrios que eu sentia.
Enquanto isso, na sala de reuniões...
Rei Milo
Meu conselheiro e eu conversávamos sobre assuntos relacionados ao reino, e Degel me relatava o pedido de ajuda do rei de Tebas — um rei mesquinho e arrogante. Porém, eu me neguei a lhe ajudar, pois ele já havia tentado me derrubar no passado.
Nossa conversa seguiu por horas, até que nos despedimos um do outro, e cada um seguiu seu caminho. Eu ia seguindo até a sala de jantar, mas antes eu fui até a cela do prisioneiro saber se ele estava bem e se ele tinha jantado.
Ao chegar lá, vi que o mesmo parecia que estava dormindo. Sem perceber, eu já estava o olhando por alguns minutos.
Guarda
Ao ver o rei todo bondoso com o tal prisioneiro, fiz tal fato chegar até o senhor Kardia. Afinal, o rei Milo estava agindo de forma estranha. Ao vê-lo saindo da cela, me escondi atrás de uma pilastra bem grande, vendo-o em seguida seguir rumo à sala de jantar.
Milo
Ao entrar na sala de jantar, antes mesmo de me sentar á mesa, eu batizei o cálice de vinho do meu tio, com uma dose generosa de sonífero, porque o mesmo estava desejando torturar e matar o prisioneiro. Em seguida, me sentei à mesa, e propus um brinde. Porém, meu tio nem parecia estar com sono, e ele nem parecia não sentir os efeitos do remédio.
Após o jantar, eu me levantei da mesa, e novamente segui até a masmorra. Ao chegar lá, o prisioneiro suava frio — eu me abaixei perto dele, percebendo que o mesmo queimava de febre. Em seguida, meu tio adentrou a cela junto do guarda...
— Milo, o que você está fazendo?! — questionou severo. — Se você não der um jeito nesse desgraçado, eu mesmo dou. Guarda, o levem para a arena de tortura e preparem-no. — ordenou com ódio e uma frieza extremamente grande em seu olhar.
— Tio, eu já não lhe disse que serei eu que cuidarei dele? — eu dizia me sentindo atônico.
Areba de tortura...
Camus
Ao abrir meus olhos, percebi que eu estava sem roupas, ficando só com uma cueca samba canção. Eu estava preso num imenso pilar grego, e de costas para várias vozes que riam de mim e me xingavam.
Eu tremia feito uma vara verde, devido aos terríveis calafrios que eu sentia, e para piorar, comecei a ser acoitado por chicotes que acertavam as minhas costas com extrema força.
A cada chicotada, eu sentia uma dor extrema, e meus olhos se enchiam de lágrimas. E, por mais que eu tentasse conter meus gritos de dor, eles teimavam em sair do fundo da minha garganta. Os guardas desgraçados estavam amando ver meu sofrimento; eles me chicotavam, me cortavam e puxavam meus cabelos.
Eu até pensava que aquele seria o meu fim...
— Já chega, guarda! Deixe-o em paz agora e o levem de volta para a cela... — tudo que eu pude ouvir o rei gritando, antes de perder a consciência.
Após algumas horas, recobrei meus sentidos. Ao abrir meus olhos por completo, eu já não estava mais naquela maldita masmorra. Pelo contrário, eu estava deitado em uma imensa e macia cama de casal, com vários travesseiros macios — até mesmo as roupas que eu usava, já não eram mais aqueles trapos de outrora.
Eu ainda sentia dores pelo corpo, mas o frio e os terríveis calafrios haviam cessado. E, ao reparar com mais detalhe, vi que uma bela moça me olhava e me perguntava se eu me sentia melhor.
Eu achei tudo aquilo estranho, mas a bela moça me explicou tudo...
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