Boa leitura, borboletas. ❤️🦋

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BEATRICE

(♥)

- Henry... - Choramingo ao telefone. Não conseguia falar uma palavra sequer sem perder o fôlego. Meus pulmões falhavam.

- Bea? O que houve, você tá bem? - Ouço sua voz grossa, porém cheia de preocupação ao ouvir meus choros do outro lado da tela que nos separa. - Toquinho? - Ele me chama, mas eu apenas dou um sorrisinho sem ânimo. - Fala alguma coisa, Beatrice, pelo amor de Deus, eu to preocupado. - Posso sentir a agitação de Henrique através de sua voz.

- Você pode vim me buscar? Preciso... - Respiro fundo em meio às lágrimas, e apenas deixo as palavras deslizarem por meus lábios. - Preciso de você... - Fecho os olhos com força com medo da reação de Henry, mas posso sentir a vibração de uma risada leve ao telefone, sinto meu corpo reagir instantaneamente, me arrepio, mas apenas ignoro.

-- To chegando em minutos, Toquinho... Se acalme, por favor. - Sua voz agora trazia um tom calmo, como se estivesse conversando com uma criança ferida. Ouço os barulhos de Henry ao pegar a chave.

Ele desliga. Meu coração palpita um pouco de felicidade nesse momento ao pensar que em meses de acidente e reaproximação, voltamos a ser como antes. Comigo sempre tentando ao máximo não demonstrar o tanto que ele me fazia bem, e a paixão que sempre guardei durante anos por ele, desde a infância.

Vou até meu quarto novamente, pego uma pequena bolsa e vou na gaveta mais próxima que está ao meu alcance e começo a colocar algumas peças de roupa, fraldas, lenços umedecidos e sonda de alívio para que eu conseguisse fazer xixi.

Naquele momento minha consciência começa a voltar de forma gradativa. Quem vai trocar a minha fralda ou me ajudar a passar a sonda? Teria que ficar nua para que isso acontecesse, e se Henrique me visse tão exposta e vulnerável assim? Será que ele me ajudaria? Seria tão vergonhoso...

- Onde você pensa que vai, Beatrice? - Bruna chega, com sua voz ardente, que agora me dava uma certa repulsa. - Você não consegue se virar sem a gente, não pode fugir. - Ouço sua risada ácida, partindo meu coração em mais mil pedacinhos.

- Bruna, cuida da sua vida, você é quem tá se tornando uma nojenta, eu não tenho culpa de precisar de vocês, se não gosta de me ajudar, vai embora, some daqui. - Grito, não sei de onde vem a força que sinto me preencher nesse momento. - Não preciso de dó ou de alguém que não gosta de mim. - Não consigo olhar para seus olhos.

- Só to tentando te avisar. Henrique não vai querer ajudar alguém como você, Beatrice. Tenho certeza que ele preferiria a mim do que você, tadinha... Os comentários tem razão, ninguém vai querer uma coitadinha cadeirante. - Agora sua voz tinha um peso a mais, posso sentir a inveja através de suas palavras ácidas.

- Vai embora, Bruna. Sai da minha casa, porra. - Xingo, uma coisa que eu odiava fazer. A raiva me consumia por completo. Agora as peças estavam começando a se encaixar, e era doloroso perceber algo que sempre esteve debaixo do meu nariz.

- Eu reaproximei vocês porque eu queria que ele me enxergasse, nós já tínhamos contato bem antes, eu nunca te disse, mas depois que você sofreu seu acidente ele viu as noticias e eu tive que dizer que ele poderia te visitar, porque eu pensei que ele apenas iria te visitar, ficar com dó de mim, por cuidar de você, e iria se apaixonar por mim, por eu ter o coração bom e cuidar da minha irmãzinha inválida. - Aquela doce voz , que Bruna sempre teve, agora se transformara em uma voz cheia de ódio e inveja.

- Eu... - Minha voz tinha sumido mais uma vez, mas dessa vez eu chorava como nunca. Eu sentia que o ódio que eu estava sentindo, pudesse me matar a qualquer momento.

- Mas foi o oposto, ele me esqueceu e só tinha e tem olhos pra você. Mas eu sei que é por dó, logo Henrique vai perceber que se apaixonou pela irmã errada e vai voltar correndo para meus braços, de onde nunca devia ter saído. - Seus lábios se abrem em um sorriso sombrio e nojento. - Saiba que tenho certeza que ele sente falta de tudo que fizemos escondidos antes de você estragar tudo. - Meu coração estraçalha ainda mais nesse momento.

Solto as roupas que estavam em minhas mãos, enquanto a risada de Bruna ecoa em minha cabeça, sinto a ânsia vindo com força, e deixo ela vir, meu estômago dói, minha garganta à medida que eu tento vomitar arde, nada saí.

- Bruna, pega as suas coisas e saí da minha casa. - Minha mãe grita com ela, lágrimas, também de ódio escorrem pelo seu rosto chateado e negativamente surpreso. De relance posso ver sua mão ir de encontro ao rosto de Bruna, deixando um tapa forte.

Posso ouvir minha mãe se distanciando e imagino que ela vai ao quarto da Bruna, pois ouço gritos e xingamentos. Eu realmente não consigo acreditar que tudo aquilo estava acontecendo comigo.

- Mãe, as minhas roupas. - Bruna grita, seu tom era de desespero. Sabia que agora teria que arrumar algum lugar para morar, nem se fosse na rua, Já que nunca trabalhou e minha mão bancava por todos esses anos.

- Eu não saber onde vai morar. Some daqui. Sempre dei tudo pra você e sua irmã, pra você fazer isso? Tratar sua irmã como se fosse um animal? - Minha mãe chorava muito agora. - Nunca tratei vocês com diferença, nunca. Beatrice precisa de cuidado agora, mas não é por dar mais atenção a ela que deixei de te amar. - Estava à beira do surto, conseguia ouvir as coisas caindo ao chão e se quebrando e os gritos.

- Você não pode fazer isso comigo, mãe. - Bruna grita em meio a súplicas e pedidos de desculpa e misericórdia.

- Não só posso, como eu já fiz. - A tensão aumentava a cada minuto que elas passavam gritando. - Pega as suas coisas e some, eu não quero te ver, Vai morar com o seu pai, que sempre te deu amor, carinho, tudo do bom e do melhor. - Podia sentir a ironia e a mágoa no tom de voz da minha mãe.

Meu corpo tremia de forma exagerada. Sentia como se fosse uma realidade paralela. Nada daquilo podia ser real. Tudo estava tão bem ontem. Tudo não passa de um pesadelo, não é?

[•]

caracaaa, o que vocês estão achando???

tadinha da bea... vocês acreditam na Bruna ou não?

comenta aqui de 1 a 5 pra poder engajar (se quiser)

amo mt vocês 💜
(tô escrevendo e postando, tô mt animada KKKKK)