03 [Finalmente livre]
Mais um capítulo pra vocês, boa leitura, não se esqueçam de votar e comentar 🥺❤️
BEATRICE
Muitas coisas aconteceram nesse mês que finalmente passou. Muita fisioterapia, muita avaliação e também muita dor e desconforto.
Mas confesso que eu estou um pouco melhor, queria sair do hospital andando com as minhas próprias pernas, era a minha esperança mas eu estava saindo em uma cadeira de rodas.
Isso ainda me pegava, o termo cadeirante não parecia se encaixar bem na minha vida, de fato, mas eu precisava lidar com isso, de uma forma ou de outra.
Não podia parar a minha vida e ficar depressiva em cima de uma cama e choramingando. Henrique tem me ajudado a passar por todos os obstáculos e enfrentar todos os meus medos.
A gente estava mantendo contato, ele me visitou mais algumas vezes depois da primeira vez em que ele me viu após anos, e pra falar a verdade, isso estava sendo bom pra mim.
Ele me ouvia com atenção, me ajudava nos momentos mais difíceis e dolorosos, não me julgava, de forma alguma, era super carinhoso comigo, e nunca deixava que eu me colocasse pra baixo e me vitimizasse.
— Você é uma mulher forte, Bea. Você não é uma cadeirante, você é uma mulher, acima de tudo, há muito potencial escondido dentro de você, e agora chegou a hora de você enxergar isso, e não deixar que a deficiência apague o seu brilho. — Ele dizia, sentado ao lado da minha cama, enquanto brincava com o lençol sem graça do hospital.
Sempre dizia palavras bonitas e sinceras assim, quando eu começava a falar mal sobre mim mesma e sobre a minha nova deficiência.
E era bom tê-lo ao meu lado, há poucas semanas atrás eu não via esperança e não havia nem sequer um pouco de alegria dentro do meu ser, e Henrique chegou, trazendo um pouquinho de luz para minha escuridão.
— As coisas já estão todas na bolsa? — Questiono a Bruna, enquanto a vejo organizando as roupas dentro da mala, foram quase três meses trancada nesse lugar e me recuperando de um acidente que poderia ser fatal.
— Sim, Titice. — Ela sorri. — Eu não via a hora de arrumar as malas para irmos embora. Graças a Deus você está viva e se recuperando. — Bruna chega mais perto de mim, e com muito cuidado, me abraça, um abraço cheio de amor.
Em momento algum ela saiu de perto de mim, mesmo eu tão revoltada com toda a situação e por vezes até tratando mal as pessoas ao meu redor, ela continuou ali, cuidando de mim com todo o amor que ela sempre teve.
Sempre que eu precisasse de ajuda, eu poderia chama-la, que sem exitar ela me ajudaria.
[¶]
Estávamos saindo do hospital, e finalmente pude sentir aquele brisa gostosa acariciando a minha pele, o ar de liberdade, que eu tanto precisava.
Eu me sentia frustrada e meu coração ainda doía ao pensar que daqui pra frente a minha vida seria totalmente diferente e uma nova realidade e eu seria obrigada a me acostumar com aquilo, mesmo não querendo.
Meu coração estava dividido em duas partes, a primeira era a dor e a tristeza, de forma que eu pensasse que eu nunca mais conseguiria ser feliz como antes, a segunda era a alegria e gratidão, por pensar que mesmo depois de tudo eu ganhei uma nova chance de viver e tentar ser feliz como antes. *
E é agora que a minha luta diária começa de fato. E eu precisaria ter força e sabedoria para lidar com tudo.
— Ah, Titice. — Bruna diz, fechando os olhos e posso sentir sua voz embargada pelas lágrimas que estavam prestes a escorrer por sua pele branquinha. — Conseguimos! Vencemos essa luta. — Então ela abre os olhos e continua empurrando a minha cadeira até a portaria, onde entregamos os papéis da alta.
Ao passar pela portaria, fomos até o carro, onde estava a minha mãe, ela era uma empresária, dona de uma loja de roupas renomada na nossa cidade, mas sempre que podia, ela ia nos visitar no hospital, e levava comida escondida para nós.
Eu agradeço por tê-la em minha vida.
Ao nos ver, seus olhos azuis encheram de lágrimas, e um sorriso apareceu em seus lábios finos, ela correu até mim e se abaixou, deixando um beijo em minha testa e pegando as malas do meu colo.
— Oi, minha filha. — Diz, com a voz tremida. — Finalmente vamos para casa, não via a hora, aquela casa tá um vazio sem você, senti falta das suas bagunças, meu amor. — Ela estava chorando, e meus olhos brilharam e meu coração se encheu de amor.
— Estou com saudade de casa, mas eu não queria voltar desse jeito…
— Isso é temporário, você vai melhorar, mas no momento, se apegue nas pequenas alegrias e nas pequenas evoluções. — Ela guardava as malas no carro. — A casa já está adaptada pra você, fiz várias mudanças no seu quarto, e se precisar, a gente vai ajeitando tudo para ficar mais aconchegante. — Terminou.
Eu não vou mentir, talvez essa dor esteja passando aos poucos, não sei quando tudo vai melhorar 100%, mas metade do caminho está encaminhado.
Minha reabilitação era a minha responsabilidade, e se eu quisesse melhorar e quisesse ter uma vida confortável, mesmo que isso significasse ficar em uma cadeira de rodas, eu faria tudo para que isso acontecesse.
Estava determinada, mesmo chorando, com o coração despedaçado e o emocional abalado, eu iria vencer tudo o que chegasse a minha frente.
Como diria Henrique, eu sempre adorei um desafio
Falando sobre ele, eu pensei que ele viria me buscar junto com a minha mãe, mas talvez eu estivesse colocando espectativa demais em uma pessoa que eu não tive contato há anos, e nem sabia se poderia rolar algo entre nós.
E talvez poderia ser só uma paranóia minha em pensar também que ele estava me tratando com educação porque estava sentindo algo por mim, igual meu coração batia um pouco forte ao pensar nele.
Ao pensar em seus olhos escuros e cheios de atenção e ao mesmo tempo mistério.
Mas porque e ele sentiria algo por mim? Meu corpo havia mudado totalmente, e eu precisaria de ajuda para qualquer coisa, como alguém sentiria atração por uma garota dependente de ajuda?
Eu não sabia e talvez nunca fosse descobrir.
— Agora vamos. — Diz Bruna, limpando as lágrimas de seu rosto.
Minha mãe me abraçou e segurou o meu bumbum e me transferiu para o carro, senti uma dor forte em minha coluna, que nunca havia sentido antes.
— Aí, doeu. — Eu disse, nervosa. — Será que essa dor vai melhorar? Não vou aguentar. — Minha mãe deixa o banco do carro para me deixar mais confortável e eu fecho os olhos.
A sensação era como se algo estivesse puxando os meus músculos com toda força como e se meus ossos fossem se partir.
— Você vai aguentar sim. — Bruna começa a mexer em sua bolsa e me entrega uma água e um remédio para aliviar a dor. — Toma, logo vai melhorar. — Diz ela.
— Tem uma surpresa te esperando em casa. — Minha mãe diz, me lançando uma piscadinha. — Ajudei a preparar… Acho que você vai gostar, filha. — E então elas trocam risadinhas cúmplices e entram no carro, e finalmente vamos para casa.
Confesso que apesar da dor forte, o que me incomoda agora é a ansiedade de pensar o que me espera em casa.
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oii, vocês gostaram??? ❤️
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