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Capítulo 17 - Barbara

Eu sei que estou fora da minha zona de conforto antes mesmo de sair do carro. Dou uma olhada em Octavia, que está retocando o batom vermelho, e volto a encarar a mansão diante de nós. Eu estava ciente de que Zander não veio do mesmo lugar, mas eu não esperava que a diferença entre nós fosse tão grande.

— A casa é incrível. Você precisa ver o quintal, parece uma daquelas propriedades dos filmes de época de tão grande que é! — Octavia guarda seu batom na bolsa e pula para fora do carro.

Sem alternativa, eu a sigo para a varanda. Escuto Abby e Valentina vindo até nós e o suspiro que Abby dá ao ver a construção faz com que eu volte a analisar a arquitetura. Grandes pilastras cercam a varanda onde nós estamos sustentando os dois andares acima. Como se não fosse o suficiente a casa ter três andares, é tão larga que poderia ocupar um quarteirão inteiro se tivesse sido construída no centro da cidade. Por estar dentro de um condomínio não há cercas delimitando seu espaço, mas a distância até a casa vizinha é grande para ir caminhando. Até hoje eu pensava que o condomínio onde Val morava era o mais luxuoso existente, mas é óbvio que eu estava enganada. Se essas mansões não gritam exclusivo e refinado, então eu não sei de nada.

— Wow, Zander, esse tempo todo eu pensei que você estivesse exagerando... — Val resmunga para ninguém em especial, tão surpresa quanto eu. — Ele realmente tem grana.

— Claro que sim. Ele é um Morris. — Abby revira os olhos como se não fosse novidade alguma. — Vocês pensaram que ele morava em uma caverna?

— Combinaria com ele. — Rindo, Val toca a campainha e eu prendo a respiração.

Não estou preparada para isso. Se ele abrir a porta, vai ser diferente das vezes em que nos encontramos no mirante. Aqui ele é o herdeiro de uma família da alta sociedade, não o homem carinhoso e relaxado com quem eu me acostumei. Será que observar Zander em seu ambiente mudará a forma como eu o vejo?

O som de alguém ao outro lado da porta é alto o bastante para que a conversa de minhas amigas acabe. Ambas me lançam sorrisos e percebo que Octavia está franzindo o cenho enquanto me analisa. Ela com certeza não vai ser enganada por muito mais tempo, por isso faço meu melhor para fingir que estar aqui não me afeta.

Tento não me importar tanto com minha aparência, imaginando o que Zander vai pensar. Fiz um esforço extra para ficar bonita com meus saltos vermelhos de segunda mão e um vestido preto que foi de minha mãe quando ela tinha minha idade. Espero que ele acredite que segui o estilo vintage, porque eu realmente adoro a forma como o decote em coração e a cintura marcada fazem com que eu pareça mais esguia.

A porta se abre e, para meu alívio, não é Zander quem nos recebe. Um homem de cabelos grisalhos e um terno simples sorri para nós de forma polida e eu me dou conta de que é um dos empregados da casa.

— Boa noite, senhoritas. Vocês podem seguir por aquele corredor e encontrarão o caminho para o jardim, onde a festa está sendo dada.

Octavia é a primeira de nós a se mover. Ela não deve estar achando tão estranho porque já veio aqui antes. Somente quando ela para no meio do hall de entrada é que vira para nós. O homem continua a segurar a porta, pacientemente aguardando.

— Vocês três vão ficar aí? — Octavia balança a cabeça, achando graça. — Vocês não viram nada ainda. Lá atrás é muito mais incrível.

Ela desaparece, andando tão rápido por onde o homem nos indicou que me surpreendo por não ter se desequilibrado com os saltos. Octavia é sempre tão desajeitada que me faz esperar por esse tipo de acontecimento.

— Tudo bem. Vamos fazer isso. — Puxo Abby e Val pelos braços, mantendo cada uma em um lado.

Ao chegarmos ao corredor sinto meu nível de nervosismo escalar. A área parece não ter fim, e a cada poucos metros um quadro diferente cobre as paredes de ambos os lados. Abby nos empurra para uma parede onde há uma pintura à óleo de um lago. Não vejo nada de especial na imagem, porém as duas começam a discutir sobre o que o pintor queria passar com aquilo. Tento ficar ao lado de minhas amigas, mas minha atenção é desviada por uma gravura bem menor na parede oposta e, sem que eu perceba, me aproximo dela. Escuto Valentina e Abby falando e alguns passos ao longe, porém meus olhos estão fixos na parede à frente.

É um desenho de gueixas feito à nanquim e me lembra dos traços firmes que vi nas imagens do caderno de Zander. A única diferença é que o estilo desse artista é mais suave, alguns traços são tão finos que chegam a desaparecer em alguns pontos, fazendo com que nosso cérebro coloque linhas imaginárias nos espaços em branco. É tão lindo que me faz ficar irritada por sua localização. Alguém obviamente o colocou em um ponto onde ninguém veria se não estivesse prestando atenção. No meio de tantas obras maiores e mais coloridas, é como se o desenho das gueixas fosse invisível. Por esse motivo eu me identifico ainda mais com ele. Sei como é estar em um lugar onde você não recebe toda a atenção que quer.

— Esse é o meu preferido. — Sinto as mãos de Zander em minha cintura e me afasto rapidamente.

Meu coração bate rápido no peito enquanto me recomponho. Viro devagar, me preparando para encará-lo. Uma olhada ao redor revela que estamos sozinhos, sem nenhum sinal de Abby ou Valentina por perto.

— Elas já estão lá fora. Foi assim que eu fiquei sabendo que você estava parada aqui, — ele pisca um segundo antes de inclinar a cabeça para mim.

Seus lábios encostam-se aos meus em um beijo rápido e sinto sorrir contra mim. Não sei o que está acontecendo, porque Zander nunca correu tanto risco de ser flagrado comigo antes.

— Eu tenho uma coisa para você. Eu me lembro da promessa que fiz para quando você viesse aqui.

Ainda rindo, ele enlaça os dedos nos meus e caminha na direção oposta à da festa. Minha respiração acelera e eu me pergunto o que Zander está tramando. Ele disse que me levaria até seu quarto quando eu viesse à sua casa, mas eu achei que ele estivesse brincando. Não é possível que ele vá me levar para lá agora, com convidados em seu jardim e provavelmente toda a sua família. E se ele fizer isso, não sei como vou reagir.

Eu o analiso enquanto ele me guia pelos corredores e cômodos da casa. Sei que devia estar prestando atenção no caminho, mas não consigo tirar meus olhos dele. Zander ainda é o cara que veste jeans rasgados e botas, mas ele trocou a camiseta por uma camisa social que esconde boa parte dos desenhos em seus braços.

Paramos diante de uma porta em uma pequena área comum do primeiro andar. É a única porta fechada, mas imagino que não seja o lugar dos dormitórios. Um pouco do meu nervosismo se desfaz ao pensar nisso. Zander tira uma chave do bolso e sorri para mim antes de destrancar a porta.

— Vem cá, — ele aperta minha mão com ternura e me leva para o centro da biblioteca, me deixando observar tudo ao redor com paciência.

Os quatro cantos estão cobertos por prateleiras de madeira que tocam o teto, repletas de livros que parecem ser tão antigos quanto a chave que nos deixou entrar aqui. Uma escrivaninha de mogno e dois sofás de couro marrom estão dispostos ao centro, sobre um pequeno tapete persa, e pendendo do teto há um lustre com pequenos cristais de vidro pendurados. Aposto que esse é o lugar dos sonhos de Abby, do jeito que ela é obcecada por livros e ambientes que parecem ter saído da época renascentista.

— Você pode esperar aqui por um minuto? Eu já volto. — Zander puxa uma mecha de meu cabelo em seus dedos e sorri. — Você está linda hoje.

— Só hoje? — Eu tento controlar meu sorriso, mas falho.

— Você sempre está linda, — ele desce com a ponta dos dedos pelo meu rosto e os afunda em minha nuca ao me puxar para um beijo.

Por um segundo eu não faço nada, apenas sinto sua mão me mantendo firme no lugar e seus lábios contra os meus. O modo como ele me beija é cuidadoso, como se ele estivesse com medo. Meu coração afunda ao perceber que é exatamente isso que está acontecendo.

— Acho que ninguém vai aparecer aqui, mas se acontecer você só precisa dizer que se perdeu... — Ele não olha para trás ao me deixar sozinha.

Minhas bochechas esquentam assim que percebo que estive me enganando. Acabei confundindo o significado da nossa relação porque deixei meus sentimentos interferirem. Desde o começo Zander não quis me contar a verdade sobre ele e sua família e eu achei que fosse por medo de que eu me aproximasse dele pelo motivo errado, mas agora eu vejo que era isso o que eu queria que fosse a explicação. A verdade é que ele não queria que os outros soubessem sobre mim.

Hilary estava certa mais cedo. Zander não me contou quem ele é porque eu não sou tão importante quanto eu pensei. Ele estava apenas se divertindo. E eu... eu me apaixonei por ele. Não seria tão ruim se eu soubesse que ele também tem sentimentos por mim. Não importa que ele tenha dito que me amava uma vez, porque foi a única, e às vezes as pessoas dizem coisas da boca para fora.

Ele me manteve em segredo por todo esse tempo. Todas as vezes que nos encontramos foi em algum lugar onde Zander teve certeza de que ninguém iria nos ver. Ele planejou tudo isso? Por mais que eu não consiga acreditar que sim, há uma grande chance de que seja a verdade. Afinal, estou escondida em uma biblioteca porque ele não quer que ninguém saiba sobre mim.

Tudo que eu sempre tentei evitar está acontecendo sem que eu tivesse consciência. Os outros caras com quem eu me envolvi não tentaram me esconder. Não consigo acreditar que eu permiti que Zander fizesse isso comigo.

Escuto alguém se aproximar e reúno coragem para fazer o certo. Eu preciso acabar com isso antes que eu me machuque ainda mais. Por mais que doa agora, sei que com o passar do tempo meus sentimentos por ele ficarão ainda mais fortes e eu não posso continuar sendo tratada assim.

— Precisamos conversar, — anuncio quando a porta abre, mas para meu horror não é Zander quem entra.

— Barbara? — Clarice Morris ergue uma única sobrancelha ao me ver. Ela com certeza não esperava me encontrar aqui. — O que você está fazendo aqui? — Ela passa uma mão pelos cabelos, arrumando-os enquanto tenta esconder sua surpresa. — A festa está sendo dada no lado externo da casa. Preciso dizer que este lugar está fora do alcance dos convidados.

Seus olhos correm por mim e em seguida ela analisa os livros na estante mais próxima. Se seus lábios franzidos são alguma indicação de sua insatisfação, eu sei que estou em apuros.

— Por que nós duas não voltamos para a festa? Seus pais estão lá fora, junto com algumas de suas amigas, eu acredito. — Ela diz com muito mais calma, porém sua voz não combina com o olhar intenso que me dá. — Acabei de ter uma conversa muito agradável com Morgana e fiquei sabendo que sua família sofrerá uma adição em breve. Meus parabéns, eu tenho certeza de que está alegre pela vinda do bebê.

Eu me retenho com a menção aos meus pais. Minha mãe avisou que viria, mas não pensei que isso significaria que ela e Clarice iriam conversar. Torço para que minha mãe não tenha soltado nada sobre Zander, porque eu sei que ela é capaz de dizer tudo o que pensa se tiver a chance.

— Você sabe o que é esse lugar? — Clarice abre uma das mãos.

— Sua biblioteca particular, — a resposta parece óbvia até para mim, mas ao olhar para Clarice vejo em seus olhos que não era a resposta que ela queria.

Observo os livros atentamente, me perguntando se a resposta está neles. A maioria dos volumes não possui título em suas capas de couro envelhecidas. Há poucos objetos além deles, um globo em uma das prateleiras mais altas e algumas pequenas estatuetas. Nada que chame atenção. Clarice aponta para a escrivaninha e vejo uma pilha de folhas ali. Uma caneta faz peso sobre elas.

— Esse costumava ser o escritório do meu pai quando ele vinha nos visitar, — ela se aproxima da mesa e alisa sua superfície. — Ele ficava tanto tempo aqui que quase ninguém o via. Meus filhos achavam que ele era maluco por causa disso, menos meu mais novo, Zander. Ele sempre foi o mais curioso e não descansou até descobrir o que o avô tanto fazia aqui. Ele sentava naquele sofá e ficava horas parado, sem dizer nada, só vendo meu pai.

Ela volta a me encarar com um sorriso muito mais sincero. Eu imagino como Zander deveria ser quando criança e quase consigo visualizá-lo sentado em um dos sofás observando o avô.

— Sabe o que meu pai fazia? — Clarice não espera por minha resposta porque ela sabe que irei dizer não, então continua: — Ele passava a maior parte do dia cuidando dos negócios que tinha, mesmo que estivesse aqui para descansar. Ele foi ligado à empresa que construiu até o dia em que faleceu. Zander sabia disso melhor do que ninguém, porque ele cresceu vendo meu pai trabalhando e aprendeu muito com ele. De todos os meus filhos, ele é o mais apto para tomar as rédeas da empresa, por mais que ele não queira. Ele acompanhou todas as transações, negociações e fusões da companhia nos últimos dez anos. Ele sabe mais até do que eu e meus irmãos. Zander tem tanta capacidade que me assusta, mas não entendo porque ele está fugindo agora. Desde que era pequeno que sonhava em seguir os passos do avô. Mas quando meu pai morreu ele desistiu de tudo. Foi como se ele tivesse desligado uma parte dele.

— Por quê? — É o que eu consigo dizer sem deixar transparecer muito.

Clarice pode ver a mesma coisa que eu: Zander é brilhante e está fugindo de si próprio. Ela tem pressionado o filho a seguir um caminho que ele diz não querer, mas talvez seja porque ela o conhece o bastante para saber que bem no fundo Zander deseja isso. Ele precisa de um empurrão, como eu já havia desconfiado.

— Eu não sei o motivo disso, Barbara, — Ela aperta os lábios e pisca algumas vezes, voltando a realidade. A ternura desaparece de seu olhar e sua postura endurece. — Melhor irmos logo. Como você conseguiu entrar aqui, está fora da minha compreensão. Essa porta costuma ficar trancada e só uma pessoa tem a chave.

— Ele abriu para mim, — é tudo que eu preciso dizer para que a cor desapareça do rosto de Clarice.

— Você está me dizendo que meu filho abriu a porta e deixou você ficar aqui sozinha?

Faço que sim, mesmo sabendo que não foi o que Zander pediu para eu dizer caso eu fosse encontrada. À esta altura eu já não sei mais o que fazer. Estou cansada de fingir que não o conheço; que não sinto nada por ele. Eu sei que não o farei enfrentar seus medos por mim e depois de hoje é provável que eu nunca mais o veja, mas quero que ao menos uma pessoa saiba sobre nós. Pode ser bobeira, mas eu tenho a impressão de que nossa relação terá sido mais importante se alguém souber da existência dela. Alguém que não sejam nossos melhores amigos.

— Barbara, eu quero te fazer uma pergunta há algum tempo, — ela estica um amassado invisível na frente de seu vestido antes de me encarar. — O que está acontecendo entre você e meu filho?

Essa é a minha chance, mas ao invés de responder eu engulo em seco. Não consigo encontrar minha voz nem a coragem para contar à Clarice Morris a verdade. Ela talvez não compreenda e eu não quero ser o motivo que a fará se irritar com Zander. Eu sei que a relação deles não é das melhores e não preciso piorar revelando coisas que ela jamais aprovaria.

— Eu sei que vocês costumam andar juntos. Vi os dois conversando algumas vezes no clube. E a cidade é bem pequena, portanto as pessoas comentam sobre o que elas veem; principalmente quando são duas pessoas no mirante. — Clarice ergue uma mão para me impedir de falar, por mais que eu não pretendesse dizer nada. — Agora, Barbara, eu não estou pedindo para você explicar nada, só quero saber o que está acontecendo.

— Sinto muito, mas eu também não sei. — Minha voz sai fraca.

Não tenho força o bastante para erguer meus olhos agora, então me concentro nos padrões bordados no tapete e aguardo pela reação de Clarice. Será que ela tem raiva de mim? Ela sempre soube sobre nós dois. No final, Zander não esteve enganando ninguém além dele mesmo.

— Mãe? — Zander pergunta ao entrar na biblioteca.

— Eu vou deixar vocês dois conversarem. — Ela não soa satisfeita ao nos deixar e tenho a impressão de que tenho uma parcela de culpa por isso.

— O que ela queria?

Em um piscar de olhos ele está parado à minha frente, suas mãos correm por meus braços enquanto ele se certifica de que estou bem. Encontro seus olhos e me pergunto se eu quero mesmo terminar o que eu tenho com Zander, porque eu sei que vai ser bem difícil para eu superá-lo. Eu não sei se teria duvidado de seus sentimentos ou se seria diferente entre nós caso ele não tivesse mentido no começo. O que importa é o momento atual. E pelo modo como seus dedos tremem levemente e seus olhos estão arregalados, sei que ele está com medo do que eu possa ter dito à sua mãe. Ele ainda não quer que ela descubra e eu não consigo concordar agora. Não depois de ouvir Clarice dizer que deseja que ele se encontre novamente. Eu deveria ter desconfiado desde o início que havia um motivo para os pais de Zander o pressionarem, ninguém faria algo assim sem razão. E eu vi nos olhos de Clarice que ela estava sendo sincera ao falar de Zander. Ela realmente quer que ele siga seu sonho e pare de fugir.

Eu não posso mais fingir que não vejo isso. Assim como seus pais, eu consigo enxergar que ele está desesperado para encontrar alguma coisa. O problema é que eu não sei o que ele vem procurando e obviamente não consegui ajudar nos curto tempo em que tentei.

— Eu não posso continuar com isso. — É tudo o que eu consigo dizer antes de perder o fôlego. Sinto meu corpo pesado. Falar isso em voz alta doeu mais do que eu poderia imaginar.

— O que você está querendo dizer? — Ele pergunta mesmo que não precise. A resposta está estampada em meu rosto. — Merda. Não Barbara, você não pode fazer isso comigo.

Uma sensação de queimação sobe por meu rosto e se aloja no fundo dos meus olhos, mas me recuso a chorar. Tento não olhar para Zander por muito tempo, com medo de perder a coragem se eu o fizer.

— Eu não quero continuar fingindo...

— Eu não vou aceitar isso. — Ele se inclina para que seus olhos fiquem na altura dos meus. — Você não pode terminar comigo sem um motivo.

— Eu tenho um motivo, — respiro fundo, reunindo o que ainda me resta de coragem. — Eu não quero mais ser o seu segredo. Se você gosta de mim, eu quero que você não tenha medo de admitir isso para os outros.

— Você sabe que não é tão fácil... — Ele passa as mãos pelos cabelos e solta um suspiro frustrado. Quando volta a me olhar, sei que o que ele vai dizer irá partir meu coração. — Eu não posso fazer isso agora. Meus pais esperam coisas de mim e eu... Eu não posso.

— Não posso aceitar essa situação e fingir que está tudo bem. Desculpa. — Caminho até a porta e olho por cima do ombro para Zander, que está me olhando como se eu fosse a pior pessoa do universo. — Eu queria que tivesse sido de outro jeito, mas nós dois sabemos que vamos seguir caminhos diferentes.

— Tanto faz, você pode ir embora se quiser. — Ele dá de ombros e se senta no sofá. Nada em sua postura é natural, por isso eu sei que ele está se esforçando para não mostrar que está abalado.

Isso só aumenta minha frustração. Não entendo porque ele não pode ser sincero nem mesmo quando estamos à sós.

— Zander, eu posso te falar uma coisa antes de ir? — Aguardo por uma resposta, mas quando ele não faz nada além de cruzar os braços fica claro que eu não vou receber mais nada dele. — Você não está enganado ninguém.

— O que você quer que eu faça? Eu sou assim. — Sua voz sai ríspida.

— Não. Você se esforça tanto para fazer as pessoas acreditarem que você não se importa com nada, mas eu sei que você é uma das pessoas mais preocupadas que eu já conheci. Todo mundo sabe disso, Zander, mas você escolhe não ver. E eu nem consigo entender.

— Você não conseguiria entender nem se eu explicasse.

— Eu não sei. Você nunca tentou explicar... — Sinto tremores subindo por meu corpo, mas me mantenho firme por mais alguns minutos. — Você precisa se aceitar e passar por cima do que está te prendendo. E não importa o que você diga você sabe que não são os seus pais, porque eles iriam te apoiar se você conversasse com eles ao invés de fugir.

— Você é quem está fugindo agora. — Ele me encara por um tempo antes que eu quebre nosso contato e lhe dê as costas.

— Eu espero que você consiga se encontrar.

Fecho a porta atrás de mim, mas posso ouvi-lo claramente. Meu coração palpita e meus pés parecem não querer se mover. Eu preciso sair logo daqui. Por mais que eu não saiba para onde seguir, caminho na única direção possível torcendo para que eu esteja indo para o lugar certo.

— Merda. Barbara espera. — Zander grita em algum lugar atrás de mim e me forço a caminhar ainda mais rápido.

Finalmente avisto o hall de entrada e corro em sua direção. Clarice está parada na porta principal ao lado de um casal e os três me encaram em surpresa quando apareço arfando.

— Barbara, está tudo bem? — Clarice ergue suas sobrancelhas perfeitas e lança um sorriso de desculpas para seus convidados.

Zander chama por mim mais uma vez e me forço a andar até a porta.

— Desculpe, preciso ir.

— Tão cedo? Você acabou de chegar. — Ela olha para algum ponto atrás de mim e seus ombros enrijecem.

Eu me viro devagar, com medo de encarar Zander. Ele não parece nada satisfeito ao me lançar um olhar ferido. Provavelmente, ele me odeia nesse minuto, mas eu preciso fazer isso pelo seu bem. Algum dia ele vai entender meus motivos.

— Tudo bem, querida, — Clarice apoia uma mão em meu ombro. É a primeira vez que ela demonstra tanta simpatia por mim. — Direi aos seus pais que você não estava se sentindo bem e precisou sair.

— Obrigada.

Eu deixo a casa sem virar o rosto para Zander. Sinto uma única lágrima escorrer por meu rosto e rapidamente a seco. Não posso chorar por algo que eu mesma criei. Não importa que eu tenha acabado de deixar uma parte de mim para trás, sei que foi para meu próprio bem. Pode parecer ruim agora, mas eu irei superar.

Copyright © 2015 N N AMAND

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