Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 08 - Barbara

— Precisamos conversar. — Minha mãe para na entrada do meu quarto e cruza os braços.

Ela ainda está com o uniforme do hospital, metade do seu cabelo está caindo do coque frouxo, e seus olhos revelam o quanto ela está cansada. Ela sempre volta para casa com essa aparência após os turnos de trabalho. Cada vez que ela retorna parece mais abatida do que antes, mas nós duas sabemos que pedir para diminuir suas obrigações não é uma opção para ela.

— Está tudo bem? — Mesmo estranhando seu pedido, deixo o livro que eu estava lendo de lado e a sigo para o espaço mínimo que usamos como área comum. O trailer não é muito grande, então em três passos alcanço a mesa de jantar e me sento.

Antes que minha mãe possa responder a porta do trailer abre e meu pai entra. Ele dá um de seus sorrisos forçados para mim e abre os primeiros botões da camisa social de seu uniforme. Olho de relance para o relógio em cima da geladeira, aproveitando que meus pais estão se acomodando nas outras duas cadeiras que temos. Não estranho o modo como eles respiram fundo ou removem parte de seus uniformes, eles fazem isso toda tarde ao retornar para casa. O que me chama atenção hoje é o olhar preocupado que trocam.

— Vocês estão começando a me assustar. O que houve?

Meu pai segura a mão de minha mãe por cima de mesa e eles trocam mais um olhar antes de me encararem. Não gosto da tristeza que identifico neles, significa que provavelmente irão me dar alguma notícia que não quero ouvir.

— Barbara... — Papai começa a falar, mas então desiste e simplesmente faz um sinal para que minha mãe explique.

Engulo em seco quando ela se inclina na cadeira e puxa minhas mãos para as suas. Seu aperto é forte, quase como se ela estivesse tentando me passar um pouco de força através do contato. Penso no que eles têm para falar que possivelmente irá me afetar, porém minha mente fica em branco. Acredito que esteja preparada para qualquer coisa, por mais assustadora que seja.

— Eu e seu pai precisamos te contar uma coisa, — ela para e busca o apoio de meu pai com os olhos. — Primeiro nós precisamos ser realistas sobre nossa condição atual. Você sabe que sua vida vai mudar daqui para a frente.

Quase solto um suspiro frustrado ao perceber que eles me chamaram para conversar sobre dinheiro. Ou no nosso caso, a falta dele. Ao menos agora posso me acalmar por saber do que se trata essa conversa. Por um segundo pensei que meus pais fossem criar novas regras para mim depois que minha mãe me encontrou chegando em casa hoje de manhã quando ela estava saindo para o trabalho.

O olhar que ela me deu não foi um de repreensão, porém ela deixou claro no tom de voz que não estava muito contente ao falar que eu deveria ter sido mais esperta e ter esperado mais algum tempo. Não precisei dar nenhuma explicação para que ela soubesse o que tinha acontecido, e mesmo que minha mãe esteja certa, ela não conhece o Zander. Não me arrependo de nada da noite passada.

— Todos nós ficamos abalados com a carta da faculdade. — A voz de meu pai me chama atenção e deixo os pensamentos felizes de lado para prestar atenção no que ele diz. — Eu tinha certeza que seu pedido seria aceito.

— Está tudo bem, eu não estou triste por isso. — Minto. Nunca me senti tão frustrada quanto agora. — Sei que a bolsa de estudos era minha única chance de entrar na faculdade de medicina.

— Bab, nós entendemos que esteja chateada, não precisa mentir para nós. — Mamãe aperta minhas mãos com mais força, me fazendo lembrar que ela ainda me segura.

— Eu estou falando a verdade. Estou conformada com a resposta. Só preciso de um novo plano, porque eu realmente planejei me tornar médica.

— E você com certeza seria a melhor neurocirurgiã. Eles estão perdendo por não terem você como aluna.

Papai fala de um jeito que não me deixa dúvidas de quantas vezes ele praticou antes essas palavras. Talvez ele esteja afirmando para si mesmo.

— Você pode tentar de novo no ano que vem. — Minha mãe solta minhas mãos e recosta na cadeira novamente. — De qualquer jeito, nós precisamos conversar sobre seu novo plano. Nós queremos que você saiba que não estamos te forçando a nada, mas precisamos ser realistas. Você precisa encontrar um emprego melhor. Aquela livraria onde você trabalha não te paga o suficiente nem por metade do tempo que você passa lá.

Eu sei, mas ao invés de dar vida as palavras permaneço em silêncio.

— Eu e sua mãe conversamos muito sobre isso antes de vir até você. Essa é só a primeira parte do que precisamos te contar. Sua vida vai mudar mais do que você imagina, mas tudo vai dar certo. — Meu pai acaricia o braço de mamãe sem perceber.

— O que está acontecendo? Vocês podem me contar de uma vez. É pior quando vocês enrolam.

— Você já pensou em trabalhar no clube? — Ele pergunta e sinto um arrepio involuntário.

Minha primeira reação é negar. Eu nunca quis trabalhar no clube de golfe e seguir os passos do meu pai, porém sei que apenas as gorjetas naquele lugar dão mais que o dobro do meu salário atual.

— Eu andei conversando com alguns colegas e fiquei sabendo que há uma vaga. É um trabalho fácil e o pagamento é ótimo. Você faria com muita facilidade. O Gerard concorda comigo e disse que se depender dele você já está empregada.

— Eu preciso pensar sobre isso. — Tento ignorar o olhar cheio de expectativa que meus pais me dão. Com certeza minhas opções serão bem melhores do que na pequena livraria, e minha chefe atual vai ficar aliviada se eu pedir demissão; ela sempre deixa bem claro que me acha muito sensível para o trabalho, mas ela não entende nada sobre alergias e lugares empoeirados.

— Nós não queremos te pressionar, — minha mãe volta a segurar minha mão, indicando que a conversa não acabou. Imediatamente sinto meu sangue gelar, sabendo que eles têm algo importante para me dizer. — Barbara, nós realmente precisamos que você pense, ok? E nossa próxima notícia deve ser aceita com felicidade. Não queremos que você se responsabilize por isso também, do jeito que você colocou na cabeça que precisa ajudar nas despesas da família. Você não tem nada a ver com nossas escolhas ou falta de sorte. Só queremos que siga seu sonho. Isso não vai mudar em nada suas escolhas, não estamos impondo nada para você.

Tento soltar minha mão, porém o aperto de minha mãe se torna mais desesperado e eu percebo que ela é quem precisa de apoio. Sorrio para os dois e torço para que meu rosto não entregue meu medo. Tenho um pressentimento ruim sobre o rumo da conversa.

— O que realmente está acontecendo? — Não é minha intenção, mas acabo soando irritada.

— Nós vamos ter um bebê. — Mamãe respira fundo, sua voz sai tão baixa que quase não escuto. — Eu estou grávida.

As paredes ao meu redor começam a se fechar e o chão sob meus pés desaparece. Sinto-me enclausurada dentro do trailer, como se todo o ar tivesse desaparecido e esse fosse meu último suspiro. Eu me levanto em um pulo, assustando minha mãe o suficiente para que ela me solte. No mesmo minuto meu pai envolve os braços em seu ombro e o olhar que ele me lança é assustado, por mais que ele não tenha motivo para se sentir assim.

Duvido que metade dos pensamentos que estou tendo tenha passado por sua cabeça em algum momento. Meus pais deveriam ter sido mais inteligentes do que isso. Eles tiveram dificuldades para me criar e era uma época totalmente diferente.

— Como isso aconteceu?! — Quase não reconheço minha própria voz. — Como você deixaram isso acontecer?

— Não foi programado, mas o bebê será bem-vindo. — Um sorriso fraco aparece nos lábios de minha mãe, por mais que ela tente esconder.

— Mal tem espaço nesse trailer para nós três, como vocês esperam ter mais uma pessoa vivendo aqui?

— A gente com certeza pode fazer alguns arranjos. O bebê vai ficar em nosso quarto, ou aqui na sala. — O sorriso se desfaz, sinal de que minha mãe já deve ter pensado em tudo isso e está assustada.

— Aqui? Isso nem é uma sala. É só um espaço a mais nesse cubículo! Sinceramente, não entendo como vocês podem ficar tranquilos com essa notícia. Essa criança vai ter uma vida igual a minha, já pensaram nisso?

— Eu não acho que você tenha sido infeliz. Nós vamos criar esse bebê com muito amor. — Noto o tom indignado que minha mãe usa. Ele não faz ideia do que vai acontecer com a criança enquanto ela estiver na escola, e depois, quando ela crescer o bastante para entender que não terá as mesmas possibilidades de vida que seus amigos.

— Amor não vai pagar as contas! — Acabo gritando, o que faz com que minha mãe retraia os ombros.

— Já chega, Barbara. — Meu pai se levanta e contorna a mesa. Ele não levanta a voz, mas seu tom calculado causa o mesmo efeito se ele gritasse. — Nós não interferimos em suas escolhas, então o mínimo que você pode fazer é nos dar algum apoio. Pensamos que você iria ficar feliz com a notícia.

— E eu estou. Mas eu também estou tentando pensar no lado racional.

— O que você quer que a gente faça? Desistir dessa vida não é uma opção.

— Eu nunca ia falar uma coisa dessas! — Eu me sinto envergonhada por ter dado essa impressão aos meus pais. — Quero saber qual é o plano agora. Como vocês pretendem manter mais uma criança?

— Ainda não descobrimos, mas nós dois estamos tentando encontrar uma solução. — Meu pai engole em seco.

— Eu vou ajudar. — Sinto meus ombros pesarem e tento permanecer calma. A conversa sobre meu novo emprego faz sentido agora que eu sei que o dinheiro extra é realmente necessário. — Eu vou trabalhar no clube também.

— Não, Barbara. Não foi por isso que tocamos no assunto. A gente quer que você tenha opções, para isso você precisa começar a guardar mais dinheiro.

— Mas eu quero ajudar vocês. Essa é a minha escolha.

— Nós não vamos aceitar seu dinheiro. Ele é seu, você lutou por ele. — Meu pai balança a cabeça algumas vezes, se acalmando. — Não queremos que você tome mais responsabilidades, você já faz muito. Queremos que você encontre o seu caminho.

— Meu caminho é o mesmo que o de vocês. — Dou de ombros, conformada com meu destino. Sei que meu futuro não é tão brilhante quanto eu gostaria, mas já tive tempo suficiente para aceitar essa verdade. — Nós estamos juntos nisso também. Meu irmão ou irmã está aqui e eu vou ajudar ele.

Meus pais trocam um longo olhar e eu vejo a vergonha nos olhos de meu pai quando ele assente para mim. Tento não perder o controle ao reparar nas lágrimas nos cantos de seus olhos. Sempre fico péssima ao ver meus pais sofrendo. Sei que eles não escolheram nada disso para mim, do mesmo jeito que não gostariam de dar esse futuro para mais uma criança, no entanto eles não tiveram muitas escolhas. A culpa não é deles, eu sei.

— Vai dar tudo certo. — Abraço meu pai com força, sentindo que se eu não fizesse isso teria começado a chorar também.

— Você é uma garota de ouro. — Ele beija minha testa e sorri. — Eu tenho tanta sorte de ter você como filha. E aquele garoto tem sorte de ter você na vida dele...

Afasto minha cabeça o bastante para saber que meu pai está rindo. Em segundos ele volta com a expressão séria para o rosto e me sinto presa em seus braços. Eu sabia que eles não iam deixar a conversa de lado e esse foi o jeito mais sutil que encontraram para falar de Zander.

— O que vocês querem saber? — Olho para minha mãe, mas ela vira o rosto para esconder o riso. — Eu estou tomando precauções, vocês sabem que eu sou inteligente.

— Ai! Isso doeu. — Mamãe diz de seu lugar na cadeira e eu me sinto culpada. Não era minha intenção alfinetá-la.

— Desculpe. Não foi o que eu quis dizer. Eu só quero que vocês saibam que eu sigo todas as instruções que a minha mãe enfermeira me deu quando eu era mais nova.

— Nós sabemos e não é sobre isso que queremos falar.

— O quanto você conhece esse garoto? — Papai interrompe.

— Bastante.

— E qual é o nome dele? Ontem você falou que era Zander. — Ele me solta e volta a sentar. Não sei onde ele quer ir com essas perguntas, mas não gosto.

— É Zander. — Vejo minha mãe franzir a testa e algo dentro de mim se agita. — Por que vocês estão perguntando? O que aconteceu?

— Não sei, minha filha. — Meu pai suspira. — Não vai ser fácil contar isso... Você gosta muito dele?

— Nós estamos nos conhecendo. — Solto um sorriso para minimizar a resposta. Eu sei que tem pouco tempo que Zander apareceu em minha vida, mas não consigo deixar de pensar nele desde que o vi pela primeira vez. Ele lentamente está se tornando importante para mim.

— Eu não acho que ele esteja sendo sincero com você. — Papai aperta as mãos. — Ele não se chama Zander, minha filha. E com certeza não é quem diz ser.

— E quem ele seria?

— Theodore, o filho mais novo da família Morris.

— Do que você está falando? Aquela é uma das famílias mais ricas da cidade, talvez do Estado. Como alguém como o Zander faria parte da família? — Começo a rir, pensando no quanto é impossível que Zander esteja mentindo, até que lembro de alguns dos comentários que ele soltou. Se eu juntar todos os detalhes e histórias que ele contou, faz sentido.

— Eu não tenho certeza. Foi o Gerard quem viu o garoto hoje cedo no clube e Clarice Morris o apresentou como seu filho. Você sabe que ela é a presidente do clube, nossa chefe. Ela não iria mentir.

— Como o tio Gerard tem certeza que era o Zander? Ele não o conhece.

— Ele viu vocês dois saindo daqui ontem e disse que era o mesmo garoto. — Meu pai trava o maxilar e imagino que esteja irritado com a história. — Não sei se é verdade, mas quero que você tome cuidado até eu descobrir. Você não pode acreditar em nada do que ele disser.

— Eu mesma vou descobrir se isso é verdade.

Marcho para fora do trailer em busca de ar fresco. É um milagre que eu ainda esteja de pé depois de receber tantas notícias de uma só vez. Não consigo acreditar que me enganei tanto a respeito de uma pessoa. Eu torço para que seja mentira, mas algo dentro de mim diz que não é. Gerard também mora aqui, dois trailers abaixo do nosso. Se ele realmente viu Zander ontem, ele saberia identificá-lo. A única coisa que não faz sentido é o motivo que Zander teria para mentir.

Tiro meu celular do bolso e lhe envio uma mensagem. Ele responde em segundos, o que me faz acreditar que está com o celular por perto. Início uma conversa superficial, só para lhe dar o benefício da dúvida. Não quero me arrepender depois se tudo não tiver passado de um mal-entendido. Eu vou sentir falta dele se no fim eu simplesmente o mandar embora sem tentar entender a história. Seja o que for que ele estiver escondendo, eu vou descobrir. E a melhor maneira de fazer isso é fingindo que não sei de nada até que ele próprio se entregue.





Copyright © 2015 N N AMAND

Todos os direitos reservados incluindo o direito de reprodução total ou parcial.

Diga não ao plágio. Denuncie.

| Instagram |

@nnamand

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro