9. Assalto no mercado
Depois de sair abalada com as informações do senhor Devrim decidi andar pelo jardim da habitação dos príncipes. Não tinha ninguém por perto, só eu e meus pensamentos que me perturbavam. Fiquei até mesmo cansada de pensar nesse assunto e me sentei em uma grande pedra. O lugar foi me chamando atenção e comecei a observar as flores, as borboletas pousando nelas e o lago que dava uma paisagem magnífica. Pensei nas diferenças entre a época que eu nasci e agora, 500 anos antes, a forma de política, sociedade, leis, cultura e regras, tudo isso faz parte de um processo, que independente do que aconteça crescerá. No caso do Império Otomano eu tenho uma oportunidade de crescer aqui, tanto como pessoa e espiritualmente. Mas avaliar esse sistema ainda mais quando estou presenciando pessoalmente é pior ainda, pois você não se conforma com nada.
Ouvi uns gritos de uns homens reclamando do outro lado de onde eu estava. Havia três homens saindo correndo atrás de um cavalo negro enorme. Estava dando coices e aparentava estar bem bravo. Me levantei pra dar uma olhada melhor mas ai ele vinha em minha direção todo desenfreado, meu coração começou a acelerar, fiquei gelada e eu não sei o que houve com a minha mente mas ela não funcionava na hora, não consegui sair do lugar. Nesse momento alguém se jogou por cima de mim e rolamos para o outro lado. Nós caímos por cima da grama, quando eu percebi príncipe Selim estava em cima de mim. Fiquei surpresa, ele me olhou nos olhos e verificou se eu estava bem. Ele não perguntou, mas o olhar dele dizia isso. Eu estava agarrada as costas dele, eu soltei imediatamente. Ele saiu de cima de mim e foi em direção ao cavalo. Fiquei imóvel por um tempo, pensando no susto e de como ele me salvou. O príncipe Selim não seria capaz de me salvar, ele não gosta de mim! Foi o que eu pensei o tempo todo. Ele foi amansar o cavalo, que estava muito teimoso e nem mesmo os servos que estavam perto não tentaram mais amansá-lo. Eu fiquei um pouco comovida e surpresa com o jeito que ele amansava o cavalo, era como se toda a frieza que o príncipe Murad tinha não existisse. Ele alisava as costas do cavalo, sorria para ele e o cavalo estava se acalmando em questão de poucos segundos. Depois ele pôs um cabresto no animal e deu a um dos servos que levasse para a cocheira. Decidi ficar pra agradecer a ele, mas por mim já tinha saído correndo daqui. Ele veio na minha direção e eu já comecei a preparar um discurso.
— Obrigada, vossa alteza. Se não fosse o senhor não sei o que aconteceria comigo. — Eu não olhei pra ele, ficaria mais envergonhada.
— O que estava fazendo aqui? Você devia ter mais cuidado! — Foi ai que eu olhei pra ele. Ele tinha levantado a voz para mim e me irritei.
— Desculpe alteza, se o senhor soubesse que me salvando eu seria um peso maior tivesse me deixado morrer! — Eu cruzei os braços e fiquei bufando de raiva. Não acreditava que ele se arrependeria de ter me salvado. Mas é claro, só deveria ser ele mesmo, parecia ser bem infeliz toda vez que me via. Fiquei trazendo esses pensamentos rapidamente, minha fúria transformou-se em atenção assim que ele puxou o meu braço em direção a ele. Estávamos frente a frente olhando um ao outro nos olhos.
— Lógico que eu não queria que você morresse.
Fiquei olhando pensando que absurdo esse homem está falando?
— Você acha que eu queria um cadáver de uma serva no jardim? As pessoas nem iriam mais passear por aqui.
Ah... claro, tinha que ser um motivo assim. Tá tudo bem, eu não sou uma pessoa, sou só uma serva sem valor aqui. Ai Nadira você precisa aprender que aqui o trabalhador que não é assalariado sofre e ainda é muito humilhado.
— Em todo o caso, muito obrigado. Se me der licença eu vou voltar aos meus afazeres. — Virei às costas sem olhar pra trás. Não queria perder a minha paciência aqui. Ouvi uns passos largos vindo atrás de mim. Era ele querendo me importunar de novo.
— Ei!
— O que foi?
Ele olhou pra mim com um ar bem sério.
— Você não deveria falar assim comigo.
— Ah desculpe sua alteza, em que posso ajudá-lo? — Fiz uma ironia com a minha apresentação.
— Você age assim sempre? Eu não sei como te deixaram ser serva aqui no palácio. Parece ser afrontosa demais.
— Na verdade eu não queria ser serva, me forçaram a ser. A esse tempo eu poderia estar trabalhando ou estudando.
Ele olhou pra mim com uma expressão de que não entendeu. Também se alguém daqui fora entendesse... E suspirei devagar para poder organizar os meus pensamentos e por as palavras com mais clareza.
— Eu não sou assim sempre. Você que me tira do sério!
— Você fala tão diferente. E é desobediente também — Ele deu um meio sorriso. — De onde você é menina?
Bom, sou brasileira e vim do futuro, uns quinhentos anos mais a frente que você pode-se dizer assim?
— Sou da Armênia. — Menti. — Mas é um hábito da minha família falar assim.
Ele abaixou a cabeça e começou a rir.
— Se você percebeu, é a única que fala assim aqui, e olhe que conheço o império inteiro e a maioria das cidades de todo o império e nunca vi ninguém falar assim, e muito menos uma serva mal educada. Nem na Armênia as mulheres são assim.
Isso já era demais.
— Mal educada? Eu sou mal educada? Me desculpe sua alteza o príncipe, eu não sou mal educada, só não suporto esse seu jeito enfadonho pra cima de mim! Por que não faz o seguinte, toda vez que passar por mim finge que não me conhece e passe longe, bem longe de mim! — Eu apontei o dedo em direção à cara dele.
Ele pegou no meu pulso e me fez perder o raciocínio do meu ódio. Ele chegou bem perto de mim, senti a respiração dele. Eu fiquei parada, não sabia o que fazer. Ele iria me punir. Com certeza.
— Apesar de ser mal educada, tem uma beleza caucasiana, que me impressiona. Talvez eu possa testar se realmente, as caucasianas são o que falam.
Enquanto ele se aproximava de mim, nós vimos uma comitiva onde havia uns eunucos, guardas e três servas todas acompanhando o sultão Suleiman. Nós voltamos a nossas posturas, eu e o príncipe Selim curvamos as nossas cabeças e juntamos as nossas mãos, uma postura de submissão e temor ao sultão, foi o que aprendemos aqui. Ele vinha em nossa direção. Fiquei com medo do príncipe contar ao sultão, e com isso levar a minha morte.
— Vossa majestade.
— O que está fazendo aqui príncipe Selim?
— Vim ver o jardim depois de visitar os meus irmãos. Fazia tanto tempo que eu não o via também papai.
Suleiman o olhou de cima a baixo, como se estivesse refletindo no que o filho disse.
— Sim, faz muito tempo. E... o que a serva faz aqui?
— Ah ela? Ah...
Pronto, agora tenho certeza que vou me encrencar
— Eu a vi por aqui, já que ela está indo para a habitação dos príncipes pedi a ela que limpasse as minhas roupas.
— Mas há tantas servas lá dentro, por que se encontrar aqui e dizer a ela? Isso é um dever dela, você não precisa dizer.
— Não sei majestade, mas talvez me esquecesse disso. Acho que meus hábitos mudaram de tanto tempo que fiquei fora.
— Deve ser. — Ele o ignorou e foi caminhando a nossa frente. O príncipe sem mesmo virar o rosto continuou falando.
— Majestade. — O sultão virou em direção a ele. — Está feliz por eu ter voltado?
O silencio tomou conta de todo mundo ali. Até os servos e os soldados olharam um para o outro, como se soubessem de algo sobre a situação.
— Você sabe por que eu te deixei voltar. Apesar de tudo, você é o meu filho, e Alá permitiu isso.
Suleiman continuou andando, ver aquele homem se afastar deixando palavras tão vazias me deixou um pouco curiosa. O que aconteceu entre o príncipe Selim e o sultão Suleiman? Aconteceu algo na história que eu não saiba? Fiquei martelando na minha cabeça sobre isso enquanto olhava para o príncipe observar o seu pai longe, até que fui surpreendida pelo olhar dele. Suleyman era conhecido como um homem sábio, generoso com seus aliados e impiedoso com seus inimigos.
— O que foi? — Ele falou todo áspero.
— Aconteceu alguma coisa entre você e seu pai? Quer dizer, o momento foi um pouco tenso, sei lá. Vocês só não se dão bem não é isso? O que houve? — Ele desviou sua atenção e saiu de perto de mim, andando mais a frente. Fui atrás dele, queria saber o que aconteceu. Acho que esse é um dos problemas dos historiadores, sempre que tem curiosidade sobre um fato histórico precisam procurar as fontes ou o que quer que seja que prove que algo aconteceu.
— Alteza, espere! — Ele parou e ficou de costas pra mim. Aproximei-me para tentar falar com ele, mas fui surpreendida quando se virou. Ele olhou diretamente nos meus olhos e chegou mais perto, pôs a mão no meu ombro esquerdo e foi em direção ao meu pescoço, minha respiração começou a acelerar, ele arroxou o meu pescoço com tanta força que quase eu perdi os sentidos. Ele estava me sufocando.
— Vou te dizer uma coisa menina, não se meta em nada aqui. Você não tem nada a ver com minha vida. — Ele tinha os olhos azuis lacrimejando, e tinha raiva ao mesmo tempo.
— Irmão? — Ouvimos um grito que chamou nossa atenção. Ele logo soltou o meu pescoço. Eu pus a mão no meu pescoço que quase estava morrendo, podia senti as marcas dos dedos dele no meu pescoço. Eu tossi bastante, quase me ajoelhei no chão. O príncipe Murad se aproximou de nós e me socorreu primeiro.
— Nadira! — Ele pôs a mão na minhas costas. — Você está bem?
— Sim, eu estou. — Falei dando a última tosse e recuperando o fôlego.
— A serva passou mal.
Eu olhei estreitamente para ele, queria avançar em cima dele e arrancar aqueles olhos malditos.
— Você está com o rosto vermelho. — Murad ficava me observando apreensivo.
— Alteza, não se preocupe comigo. Eu estou bem. — Meus olhos estavam quase chorando, ficar sem fôlego me deixou exausta e quase desmaiei. O príncipe Murad me trazia uma presença mais calma e confortável, se ele não tivesse vindo eu não sei o que aquele monstro iria fazer. Eu estava chocada demais queria chorar mas engoli o minhas lágrimas e reverenciei o príncipe.
— Eu já vou indo alteza. Com licença.
Sai e fui em frente em direção à habitação interna. O príncipe Murad me seguiu mais a frente, e acredito que já estávamos longe daquele idiota e me parou no caminho. Ele pôs as mãos nos meus ombros e percebeu que o meu rosto estava todo molhado com as lágrimas. Tentei desviar, mas ele não deixou.
— O que aconteceu?
— Nada. Eu só passei mal e comecei a tossi.
Ele levantou a minha cabeça e olhou pra mim.
— É mentira. Foi o meu irmão que fez alguma coisa com você por acaso?
Eu não podia dizer a ele, lógico que eu detestava a ideia de mentir, mas isso tudo iria acabar gerando uma grande confusão. Então limpei minhas lágrimas e retomei a minha postura.
— Não deve se preocupar comigo alteza. Eu sou só uma serva do palácio, é melhor ficarmos longe. Eu já estou melhor. — Sorri para terminar o meu pequeno discurso, como uma forma de afirmação. Eu continuei andando para entrar na habitação.
— Eu não vou deixar que nada aconteça com você.
Eu parei ao ouvir isso.
— Não vou deixar que se machuque de novo.
Eu não sei o que eu deveria falar. Estava confusa, feliz e magoada ao mesmo tempo. Na presença dele ficava muito feliz e confortável, de um modo que tinha paz no coração. Como não podíamos ser vistos juntos era melhor eu evitar, e então saí da vista dele, entrei para dentro da habitação e procurei algo pra fazer. Tinha vários lençóis de cama pra lavar, passei a tarde inteira lavando e estendendo esses lençóis. Normalmente mexíamos em água quente para escaldar as roupas, que tinham tecido grosso. Nós jogamos as roupas numa grande bacia de água quente e mexíamos com um tipo de remo de madeira, depois jogávamos água fria e esfregávamos com um líquido espumante. As roupas dos príncipes eram os caftans com tecido finíssimo, que só os nobres usavam: a seda. Tinha de todos os tipos, azul com estampas de rosas amarelas, preto, vermelho com dourado, havia túnicas verdes, cinzas e amarelas e todas elas com detalhes. Um artesanato típico do Oriente. Era uma maravilha tudo isso, relíquias que futuramente não vamos encontrar. As roupas eram mais em quantidade do que os lençóis e ainda as kaftans eram enormes, os príncipes tinham acho que 1,78 a 1,87 de altura por que aquelas eram enormes. Eu as estendi num varal no sol. Com certeza irá demorar horas para secar.
Fui lavando o restante das roupas que eram só camisas de algodão com renda. Nunca lavei tanta roupa na minha vida, tanto que já senti as minhas mãos despelarem pouco a pouco. Mais tarde, a senhora Dilara que é responsável pela habitação dos príncipes era dez vezes mais exigente que a senhora Sarila que cuidava do harém. Mas aprendi muito com ela, sabia de todos os gostos dos príncipes, desde as roupas, perfumes e até comida. Eu vi ela mesma preparar minuciosamente as comidas e bebidas de cada um. Ela só não me mandou servi-los por que ela soube do que aconteceu entre eu e os príncipes. E eu agradeço por isso. Então ela reparou que não havia gengibre para fazer uns biscoitos para o príncipe Bayezid.
— Por que os biscoitos de gengibre não estão aqui. — Ela falou se referindo a uma serva.
— Não havia gengibre nem mesmo na cozinha, está faltando desde a semana passada.
— Como pode faltar ingredientes no palácio? E nem mesmo fui notificada disso?
— Não conseguimos encontrá-la senhora. Estava muito ocupada.
Dilara bufou e depois suspirou.
— Ai meu Deus. Temos que ir atrás e agora. — Ela olhou pra mim de cima a baixo, me estudando criticamente. Eu já sabia o que era.
— Nadira, eu quero que vá até o mercado próximo e me traga gengibre.
— Eu?
— Sim, quero que vá até o mercado e compre gengibre e massa com fermento. E venha logo, pois ainda hoje vamos servir a comida.
Eu fiquei um pouco com preguiça de ir, mas me movi no mesmo instante. Eu sabia mexer bem pouco em questão de dinheiro no império otomano.
As servas me deram uma cesta de linho, um saquinho de dinheiro, que segundo elas, tinha 40 akçes. Eu vestia um colete de um tecido grosso de cor marrom, com várias fitas, uma saia amarela um pouco surrada, e mangas da mesma cor. Meus pés estavam cobertos por uma grande meia branca, e meus sapatos eram escuros, um pouco desgastados, mas confortáveis. E tinha um bico na ponta desse sapato. Eu achava ate fofo. Meu cabelo estava trançado. Observando Istambul em pleno século dezesseis, é uma dádiva estar vendo uma das capitais mais influentes, um mercado rico e com uma infinidade de coisas. Eu estava entrando no Eski Bendesten, um grande mercado com ruas onde cada lojinha é ligada a cada parede no mercado, havia lojinhas de tecidos, de temperos, tapetes, vasos, sandálias, e andei observando um pátio, com lojas cheias de joias, elas cintilavam, sendo mostradas, uma vitrine aberta para todos, sem vidro ou sem ser colocadas em caixas. O mercado era feito de pilares de pedras, abóbodas e arcadas em tijolos. Quando estava no futuro eu não tive a oportunidade de ver como ela está, mas muita coisa esta diferente do original.
Entrei em uma loja de especiarias, e na frente havia vários vasos grandes, com diversos temperos, e farinha. Pedi uma farinha fermentada, e gengibres, o senhor logo me atendeu e trouxe me o que eu pedi. Eu paguei dois akçes, moedas de pratas cunhadas com o nome do sultão. Com gengibres e farinha fermentada, só faltava uma coisa, eu estava com fome, e eu estava com vontade comprar umas maçãs, assim eu poderia fazer uma torta de maçã, caso eu possa ajudar na cozinha. Acredito que Dilara não gostaria da ideia, mas eu posso insistir, e quem sabe agrada-la. Comprei quatro maçãs, mas precisaria de três. A outra era para comer no caminho, fui feliz, caminhando e observando todo aquele entrosamento, aquela movimentação de feira. Eu confesso que estava satisfeita naquele momento, calma, e com um leve sorriso, pela primeira vez depois que viajei no tempo.
Então, peguei minha maçã, e ela estava bem madura e vermelha, quando mastiguei o primeiro pedaço, senti um puxão enorme no meu braço, quando eu percebi um garoto havia pegado o cesto com as compras e o saquinho de dinheiro que Dilara me deu.
— Ei! — Eu gritei, surpresa e mastigando o pedaço da maçã.
Eu fiquei em choque, o menino correu, e na hora fui atrás. Não podia voltar para o palácio sem o cesto. O menino era muito rápido, eu me enfiava no meio das pessoas para poder correr atrás, estávamos saindo do mercado. Eu entrava nas ruas que ele entrava, sem perder de vista, mas ficando cada vez mais cansada. A cada rua era mais distante do mercado, então eu vi que ele parou em uma rua larga, com janelas e portas fechadas.
— Aí esta você! — Fiquei respirando ofegante, puxando o ar.
O menino estava parado, me olhando e depois foi para um lado da rua, que tinha uma parede que não me deixava ver onde ele tinha ido. Rapidamente andei, e quando vi o menino estava com um grupo de cerca de seis homens, a cesta esta com um deles, e o saco de dinheiro estava nas mãos de um homem com aparência séria, testa franzida e com um turbante preto, roupas e capa escura e ele estava com as mãos no ombro do menino. Os outros não estavam diferentes do mesmo estilo. Aproximo-me deles, e me senti aliviada por ter encontrado o garoto.
— Muito obrigada. Eu corri muito até aqui.
— É, correu mesmo. — Ele me observava friamente, enquanto eu me aproximava.
— Pode me dar o saquinho e o cesto, por favor? — Estiquei minha mão em direção a ele. — Ele começou a rir, e guardou o saquinho em um bolso, e vi sua espada que estava escondida por trás da capa, soltou o menino e veio devagar, caminhando em minha direção.
— Acho que ele trouxe mais alguma coisa para nós. — Ele sorriu, maldosamente, me olhando de cima para baixo. Eu senti um calafrio o vendo fazer isso, senti medo no mesmo instante, mas continuei falando.
— Não vim causar problemas senhor, apenas quero levar o que o menino me roubou. Se o senhor puder me ajudar, ficarei grata. — Mal terminei de falar, e o miserável prendeu meus cabelos com um puxão dorte que quase sentia meus fios descolarem da minha cabeça. Ele baixou minha cabeça, fazendo-me olhar para o chão, e começou a cheirar meus cabelos, a barba áspera arranhava meu rosto, meu coração estava quase saltando pela boca.
— Olhem só, ela está com medo! — Risadas em uníssono tomavam a rua, eles estavam começando a ficarem extremamente ousados. Era esse o meu medo... meus olhos começaram a se encher de lágrimas.
— Não se preocupe mocinha, vamos te dar o dinheiro. — No mesmo instante, ele me empurrava segurando os meus cabelos, e segurava meu braço esquerdo, passamos pelos homens, o menino estava acolhido em um cantinho, ele estava me levando para um beco escuro. Havia uma porta de madeira em um alojamento velho, com certeza ali era uma vila antiga. Ele chutou a porta apenas com a força da perna e a porta se escancarou e dentro do quartinho tinha apenas poeira, uma mesa velha de madeira, lâmpadas velhas, e uma cama bem no canto da parede.
— Não a deixe muito cansada. Quero aproveitar muito também. Um homem do grupo gritava e ria ao mesmo tempo.
— Ah pode deixar que com certeza, essa daqui aguenta! — Fiquei em pânico. Eu sabia o que iria acontecer, estava planejando alguma coisa para poder escapar, mas éramos apenas eu e esse monstro. Aproveitei que ele tinha me soltado, então tentei dialogar com ele.
— Senhor, por favor. — Falei engolindo o choro. — Eu não vim causar problemas para vocês. Deixe-me ir.
— Não vai para lugar nenhum, — Começou a me agarrar e me cheirar. — Não até eu e meus homens terminarmos o que vamos fazer com você.
Eu o empurrava com todas as forças. Mas ele me agarrava de um jeito que não tinha como me soltar.
— Me solte! — Esbofeteava o peito dele. Então ele me esbofeteou, foi uma pressão tão grande que eu caí no chão, meu rosto começou a arder. Eu comecei a chorar, e implorei novamente que ele não fizesse isso. Mas ele era surdo aos meus apelos, fiquei enrijecida, trêmula.
Ele começou a tirar a calça, eu me recusava a olhar, fechei meus olhos e comecei a chorar. Então ele pegou minhas pernas e tentou abri-las, mas eu forçava para que elas continuassem fechadas, a minha saia já estava no meu quadril e eu estava só com uma calça turca larga branca, ele estava forçando rasga-la. Ele se forçava a querer ficar entre minhas pernas. Eu estava lutando sim, mas o medo me fazia acreditar que não tinha como eu sair da li. Eu gritava por socorro, batia nos braços dele e também no rosto. Então um homem de vestes vermelhas apareceu como um vulto, rápido demais, e enfiou a espada pelas costas do homem que tentava me estuprar. O maldito estuprador me encarava, enquanto a espada destruía seus órgãos.
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