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3. Uma passagem para o passado

      — E então Jalil você mora com o meu avô há muito tempo? — Achei melhor ser direta com ele.

        — Ele me cria há cinco anos. Eu encontrei a carteira dele um dia na rua, tinha bastante dinheiro, mas vi que tinha a identidade dele e o endereço. Fui a polícia relatar, no principio eles não acreditavam em mim. Eles pensavam que eu tinha roubado, mas depois se convenceram que eu não tinha nada a ver com isso. Eles conseguiram investigar o número do Sr. Farid e conseguiram falar com ele. O Sr. Farid se animou e logo compareceu a delegacia. — Jalil falava com os olhos quase cheios de lágrimas do meu avô.

          — E então?

— A polícia me apresentou a ele. O Sr. Farid olhou a carteira e olhou pra mim. A princípio eu pensei que ele iria pensar errado de mim, pois eu não era um menino bem vestido. Tive uma infância difícil. Ele tocou no meu ombro e olhou nos meus olhos e falou: "Muito obrigado. Você salvou meu tesouro". – Ele tirou uma foto que estava quase amaçada em algum lugar da carteira: "Olha, o meu filho e minha neta. Esses são o tesouro que eu tenho".

       Eu me encantei com a história, não sabia que o meu avô nos amava tanto. Ele era a pessoa mais fantástica que eu conheci depois do meu pai. Era incrível saber dessa história.

       — Ele também disse que só fosse o dinheiro e a documentação na carteira ele não se importaria. Só o fato da sua foto com o seu pai o deixou desesperado.

       — E depois?

        — Ele me levou a uma lanchonete e comemos um cachorro quente. Ele certamente percebeu que eu estava com fome.

        — E a sua família?

        — Eu morava com o meu padrasto que me batia. A minha mãe faleceu quando eu era criança. Ele me usava para pedir dinheiro na rua, enquanto ele bebia o dia inteiro.

        — Nossa, foi difícil a sua vida.

Ele perguntou como era a minha vida, e eu contei. Ele decidiu me levar imediatamente para casa dele, até hoje eu não sei se o meu padrasto sabe onde eu estou ou se ainda esta vivo. Depois disso, ele me incentivou a estudar. Eu consegui realizar o sonho da minha mãe de terminar os estudos e ingressar numa universidade. Faço Direito hoje.

     — Sua história é bem interessante.

     — E você?

      — Eu o que?

       — Você perguntou a minha história, acho que também tenho direito de saber da sua.

       — Ah... a minha vida não é essas coisas. Moro no Brasil, em São Paulo e curso História bacharelado. Mora só eu e minha mãe...

— Tem namorado?

Eu pensei muito bem antes de responder essa pergunta. Tentei decifrar a expressão dessa pergunta, mas achei melhor falar a verdade.

— Não. Terminei um namoro chulo há dois anos.

— Eu namoro uma garota da faculdade. Ela também faz o mesmo curso que eu.

— Sério que ótimo, faz tempo?

— Seis meses. Mas eu não sei se devo contar ao Sr. Farid. Ele me disse que seria bom eu terminar a faculdade e ele me arranjaria um casamento.

Ai meu Deus, um casamento arranjado? Meu avô ainda pensa assim?

— Você já falou com ele?

— Não e é justamente isso que me incomoda, pois se eu falar com ele sobre isso, ele pode me intender mal e pensar que estou sendo desobediente. Eu sou um bom muçulmano e sigo todas as leis, mas eu acabei me apaixonando por ela.

Nossa. Acho que ele se sentia muito frustrado por causa disso e não tinha com quem desabafar.

— Por isso que eu queria saber se posso contar com sua ajuda. Se você pudesse convencê-lo sobre esse assunto eu agradeceria. Ele adora você.

De fato o meu avô me adorava, mas eu não sabia se estaria apta para poder ajudá-lo neste assunto. Teria que pensar em como fazer.

— Acho que não será impossível. Eu falo com ele.

     Ele riu em agradecimento.

     Chegamos a uma área parecida com um sítio arqueológico. Era um pouco deserto, só tinha uns três estrangeiros que tiravam fotos bem longe de nós. A imagem era incrível. Tinha várias construções de casas antigas em estilo bizantino. Acho que aqui era um bairro antigo que fazia parte da antiga Istambul no período do Império Otomano.

        — Nossa, é incrível. — Tirei umas duas fotos. Era um grande beco que tinha casas antigas, algumas estavam em ruínas.

         — Vamos nos aproximar mais das casas. Eu quero entrar para ver as construções.

         — Cuidado, nós podemos entrar, mas as construções antigas tem áreas restritas e também se não olharmos direito podemos cair em buracos e até nos machucar. O Sr.Farid não gostaria de saber que algo aconteceu a você.

         — Tenho 21 anos e sei me cuidar. Eu já fiz trabalho de campo na faculdade e aprendi a onde olhar. — Ele não falou mais nada depois disso, só me seguia.

       — Sabe eu fico imaginando como era naquele tempo, as pessoas todos os dias iam para o mercado local, avistavam o palácio Topkapi do Sultão e rezavam todos os dias na Mesquita Suleiman. — Ele arregalou os olhos para mim.

     —Você estudou mesmo não foi?

      — Sim, eu tenho que estudar. — Falei sorrindo para ele e tirei mais uma foto.

      Eu ouvi um som de um toque de celular, procurei e Jalil atendeu. Era o celular dele. Ele se afastou enquanto falava no telefone, o tempo perfeito para eu explorar o lugar. Não que eu o desprezasse, mas eu detesto gente me seguindo por ai, se for assim eu nem sairia de casa. Eu entrei em uma casa bizantina antiga em ruínas, só uma parte do teto estava faltando e a entrada da casa, uma parte da parede estava quebrada, eu entrei e continuei tirando umas fotos. Dentro da casa não tinha nada, o chão era só areia. Tinha muitas teias de aranhas e também não encontrei nada de aviso sobre área restrita.

        Eu entrei em um quarto e quase não dava para ver nada, o que iluminava era as frestas de luzes solares que entraram no telhado danificado. Eu vi no chão umas folhas antigas de papel, algo estava escrito em árabe, mas não dava pra ver por que as folhas estava danificadas e um pouco sujas e queimadas. Quando ia me aproximando mais a dentro da casa, vi um pequeno buraco, um poço bem fundo que não dava pra ver nada por causa da escuridão, ainda com o meu celular tentei iluminar com a lanterna mas a luz não é forte o bastante para poder ver. Um raio de luz bem forte que não era do Sol vinha do céu atravessando os telhados danificados. Senti um clarão e fui sendo sugada pelo poço. A luz que vinha do céu focou em mim e apareceu um pequeno redemoinho em volta de mim me puxando diretamente para o poço. Gritei por socorro mas ninguém me ouviu, fui ficando cada vez mais fraca e não vi mais nada, o redemoinho me levou até o buraco no chão. Cai lá embaixo, e bati a cabeça forte no chão. Estava tudo escuro, só via o meu celular, mas em seguida a minha visão ficou turva e só sei que desmaiei. Não ouvi, nem vi e não conseguia falar. Mas tinha certeza que não estava mais nas velha casa antiga em ruinas.

      Quando eu abri os olhos ainda estava escuro. Eu não só não entendia o que tinha acontecido, eu só me lembrava de desaparecer e não vi mais nada. A minha cabeça doía muito e o meu corpo também estava doendo. Eu me levantei devagar, minhas pernas quase não se erguiam. O meu celular estava desligado eu acho, não dava sinal de vida, acho que foi devido à queda. Eu tentei achar uma saída, e fui seguindo em frente em uma luz fraca na minha frente, de alguma entrada. Parecia uma caverna ou algum tipo de lugar fechado. Não via mais as casas antigas bizantinas. Demorou uns dez minutos andando, quando saí da caverna, isso se for mesmo uma caverna, pois estava em uma casa e depois acordei em uma sala escura. Eu avistei uma saída onde parecia ter muita movimentação. Eu me deparei com um mercado cheio de gente vestida com trajes antigos, como os antigos turcos otomanos. Eu fiquei surpresa, não sabia que em um lado de Istambul havia uma multidão que era muito tradicional. Eu olhava de um e outro para ver se encontrava alguém com uma roupa "moderna" mas não encontrei e o jeito era falar com alguém e de preferencia em turco. Puxei uma senhora que segurava um cesto ela olhou pra mim de repente, parecia assustada.

— Oi senhora, a senhora pode me informar onde consigo um celular? Preciso ligar para o meu amigo.

A senhora me olhou um tanto estranho de cima a baixo, parecia não me entender. Ela vestia um vestido turco antigo, a cabeça estava enfaixada em um manto rosa coral e poucos fios apareciam. Ela tinha uma aparência sofrida e era um pouco mais baixa do que eu.

— Moça eu não estou entendendo o que está falando.

Será que eu esqueci de falar turco depois da queda? Não, impossível.

— A senhora não devia se vestir assim, os guarda os podem te pegar e joga-la na prisão ou até mesmo a população pode apedrejá-la. Pegue. – Ela tirou do cesto um manto cor vinho para mim e pediu que cobrisse o meu cabelo.

— Ah, obrigada. — Mas o que eu preciso é.... espere um pouco, como assim os guardas, por que eles me prenderiam? O que foi que eu fiz?

— A senhorita não deve ter família... vamos, ponha o véu e venha comigo. – Ela me deu um véu de cor bege, e cobri o cabelo com um estilo de hijab simples. Deve ser alguma área muito tradicional que eu não conhecia.

Eu fui sem entender. Mas eu entendia que ela poderia me levar pra fora dali. Encontraria um telefone, mesmo público e ligaria para Jalil, no carro ele me deu o telefone dele. Acho que ele deve estar preocupado. Ela estava pegada na minha mão, eu segurava a minha bolsa, e o meu celular estava na outra mão.

— É por aqui.

— A onde vamos? — Nós entramos em uma rua um pouco esquisita, tinha uns guardas com umas mulheres e uns homens bêbados. Será que ela mora aqui? Nós paramos em frente a uma casa de estilo bizantino assim como muitas na cidade, a porta era de madeira.

— Emir? Emir? — Ela gritava e batia na porta com força.

— O que é sua velha?

— Trouxe uma coisa para você. — Ela abriu espaço para o homem me ver. Ele abriu os olhos arregalados e parecia admirado comigo. Ele tinha uma barba grande e crespa. Era gordo e usava um turbante branco na cabeça, a pele era morena clara e as roupas apresentavam que ele poderia ser uma pessoa de negócios. Ele deveria ser comerciante, ou está fazendo o papel de um neste lugar.

— Ela te agrada?

Ah? Agradar? Eu tenho que agradar quem?

— Que jovem bonita. A onde a encontrastes?

— Não interessa. Ela serve ou não serve?

— Bom, negócios são negócios. Tragam a menina!

Uns homens trouxeram uma garota mais jovem que eu, e parecia feliz em ver a mulher.

— Mãe!

— Você esta bem? — A mãe se derramou em lágrimas ao abraçar a menina. Mas eu ainda estava por fora dessa história.

— Se a menina serve Emir, fique com ela, vou levar a minha filha embora.

— Vou vendê-la para o palácio do sultão. Ganharei muito. Eles estão precisando de servas lá, e provavelmente esta daqui vai me dar muito dinheiro. Tem uma beleza incrível.

Oi? Vender? Palácio do Sultão?

— Senhora, por favor me explique. Estou confusa aqui, e eu disse a senhora que preciso de um telefone. Mas acho que a senhora esqueceu.

— Você não vai precisar disso, já encontrou um lugar. Vai ser vendida para o palácio do sultão Suleiman.

— É uma piada isso? Eu não sabia que em Istambul as pessoas eram tão fiéis a tradição antiga. E esse homem já morreu.

— Ela é bonita, mas fala muito estranho. Vamos, você vai ficar em um quarto reservado. Amanhã de manhã você vai junto com as outras para a seleção das servas para o palácio.

— Ah? Seleção da servas? Senhora? Vai me deixar aqui? Isso é uma brincadeira?

— Desculpe, te atrai aqui para fazer uma troca pela minha filha. Eu tinha uma dívida com ele.

— E eu sou o pagamento? Como assim? – Fiquei assustada com tudo, o homem gordo não largava do meu braço. Sentia muita pressão que sentia quase meu baço sendo quebrado.

— Vá lá pra dentro, levem-na pra lá e mudem essas roupas estranhas dela. – Ele me jogou para dois brutamontes que logo agarraram o meu braço. Eu tentei falar, mas os meus gritos não eram ouvidos, a senhora e a filha estavam juntas abraçadas e pouco se importaram com o que acontecia comigo. Eu fui jogada em um quarto com várias outras jovens com a mesma idade que a minha. Elas também estavam com trajes turcos tradicionais. Algumas sentadas e outras deitadas em umas camas de palha. Eu me sentia mais surpresa e assustada e todas olhavam para mim, principalmente por causa da minha roupa eu acho.

— Mais uma. — Uma delas falou. Eu me encostei na parede e tentei entender o que estava acontecendo. Eu vim parar em um lugar e não sei o porque. Eu ainda pensava que tudo era uma encenação desse povo, mas tudo parecia tão real, se for mesmo uma encenação ou algum filme épico não vi nenhuma câmera ou cinegrafista. E ainda o mais importante: porque eu vim parar aqui?

Achei melhor esclarecer com alguém que estava ali. Uma jovem que estava perto de mim estava limpando as unhas com um pedaço de graveto bem fino.

— Com licença. Você sabe o que tá acontecendo? Eu vim para cá sem querer e agora o meu celular não quer pegar, acho que quebrou. — Ela olhou para o meu celular como se fosse algo do outro mundo.

— Não sei do que está falando.

Será que ela também faz parte dessa loucura toda?

— Então o que estamos fazendo aqui?

— Você ainda não percebeu? Nós vamos todas ser vendidas para o palácio do Sultão amanhã. Se formos selecionadas, vamos ser servas lá.

      Eu fiquei espantada com a resposta dela. Isso tudo é sério?

      — Me desculpe, mas qual sultão está no poder?

       —Você vive a onde? Eu não acredito que você não conheça o sultão Suleiman. O mundo inteiro sabe sobre ele.

       Suleiman? Eu lembro que eu fiz um estudo sobre esse sultão. Logo veio a minha memória todos eventos estudados sobre esse assunto. Império Otomano, Sultão Suleiman... ele quem aprimorou o exército, e também incentivava poesia e cultura no império. Será que eu vim parar no passado? Mas como isso é possível? Só via isso em filmes e seriados! Será mesmo? Eu comecei a pensar que estava ficando louca, mas até agora não apareceu nenhuma evidencia de que não seja verdade. As roupas, os modos e o jeito de falar tudo era incluso no contexto histórico que eu estudei. Isso aconteceu por que eu desapareci em uma casa em ruinas em Istambul. Meu Deus, eu vim parar no Império Otomano?

Eu passei a noite inteira pensando e refletindo em como é possível tudo isso. Tentava colocar na minha cabeça de que nada disso é verdade. Mas como saber se não é se não encontrei nenhuma evidencia que prove ao contrário? Como vou sair daqui? Quem são essas pessoas? E o pior, como vim parar aqui e ainda mais vou ser serva no palácio? Triste profissão. Tentei ligar meu celular várias vezes, as meninas estavam dormindo e provavelmente não tinham um celular, a era tecnológica estariam muito longe de ser inventada ainda. Logo amanheceu e por incrível que pareça eu estava cochilando, minha cabeça ia e vinha entre a parede e o meu ombro esquerdo. Acordei com um susto junto com as outras, a porta foi escancarada por aquele homem, Emir. Ele parecia bem disposto e estava com um sorriso nos lábios. Parecia que ia anunciar alguma coisa.

— Meninas chegou a hora, hoje vocês vão ser selecionadas para serem servas no palácio do sultão Suleiman. Então deixem de moleza e vistam essas roupas e não atrasem, vou estar esperando lá fora.

— Por que ele quer que vestimos esses vestidos? Eu nem tomei banho.

— Idiota, você acha que vamos nos apresentar assim? Temos que estar vestidas com alguma coisa pelo menos elegante. Quando estivermos no palácio tudo vai mudar.

Duas meninas começaram a discutir.

— Não vai mudar nada. Vamos servas. O que tem de elegante nisso?

— A minha amiga foi selecionada para o palácio a poucos meses e sempre vê os filhos do sultão. Eles sempre visitam as servas e o harém.

As meninas ficaram histéricas falando uma com as outras. Eu não entendia tanta felicidade. Elas não sabem que vão ficar sem ver as suas famílias e ficarão enfurnadas em um palácio e farão inúmeras tarefas sem contestar? Eu olhei para o meu vestido, era de linho branco e longo. As mangas eram azuis escuras e estavam quase esfarrapadas. A menina que eu estava conversando antes estava mudando as vestes esfarrapadas pelo vestido que não tinha nenhuma diferença para outra. Decidi pedir ajuda para vestir.

— Você pode me ajudar a me vestir? — Falei para ela apontando o vestido.

— Claro. Ah... qual o seu nome?

— Nadira. E o seu?

— O meu nome é Badra.

— Que nome bonito, significa "lua cheia" não é?

— Sim, nasci numa noite de lua cheia e minha mãe não tinha ideia de qual o nome iria me dar.

— Ah. — Ela parecia ser legal e gentil. Logo me veio lembrança a minha amiga Leila, mas Badra parecia ser mais humilde do que ela.

— Você fala de um jeito estranho. De onde você é?

Eu que eu ia dizer? Que vim do futuro?

— Não eu vim de uma terra distante. É uma história longa. É, eu vim da Armênia. — Precisava mentir minha origem. Percebi que não fará sentido se eu disser que vim do futuro.

— Ah, ouvi dizer que as mulheres de lá são lindas. Tem uma beleza muito peculiar. Muitas de nós viemos de várias regiões do império.

— É verdade mesmo que irão nos vender? — Ajustei a manga longa que estava desarrumada no meu braço.

—Sim. Hoje os eunucos chefes e as mulheres responsáveis pelo harém e pelos serviçais vão nos avaliar.

— Como assim avaliar?

— Geralmente avaliam a aparência, algumas irão para o harém do sultão e dos príncipes. Se não nos aprovarem seremos mandadas para bordéis.

— Então nesse caso prefiro ir para o palácio ser serva do sultão.

Ela sorriu aprovando a minha afirmação.

— E você Badra? De onde veio?

— Vim de Ancara. Meu pai ia me vender para um bordel, então Emir me comprou e achou mais lucrativo me vender como serva do palácio. Estes comerciantes de escravos acham melhor vender para o palácio, pois ganham dez vezes mais.

— Que horror. Gente vendendo gente.

Emir voltou para o nosso quarto aos berros e apressado.

— Vamos suas moscas! Os empregados do palácio estão lá fora!

Eu e Badra nos entreolhamos e saímos juntas com as outras. Quando chegamos na sala, havia dois homens até um pouco afeminados, com olhos delineados um turbante verde. As roupas eram tradicionais também, as dos dois eunucos eram detalhes em dourado e vinho. Ao lado deles uma mulher com mais ou menos quarenta anos, também com olhos delineados e os cabelos presos em um manto e um broche cheio de pedras azuis, e o vestido era azul claro, com mangas longas e um pouco bufantes.

— Aqui estão elas. São bonitas não concordam? Façam uma fila meninas!

— Vamos ver. — Um dos sejam eunucos se aproximou das meninas do lado direito da fila. Ele olhava de cima a baixo para as meninas, abria a boca de cada uma para saber se os dentes de cada uma estavam em bom estado, e até olhava os cabelos das meninas. Quando ele chegou até mim eu me estremeci, fiquei com medo, ele me olhou nos olhos, abriu os meus lábios e olhou os meus dentes e tocou nos meus cabelos longos alisando-os. Depois foi para cada uma depois de mim. Quando ele terminou ele olhou para cada uma de nós como se estivesse analisando a sua decisão final.

— Todas são bonitas, mas a maioria delas vão ser levadas para o palácio. — Ser "a maioria" não quer dizer que eu pertença essa maioria, mas eu estava torcendo para que eu fizesse parte desse grupo.

— Vou levar essa, essa... — ele foi selecionando cada uma, quando senti ele toca meu ombro fiquei aliviada. Ele também escolheu Badra, quem olhou com felicidade para mim.

Éramos dezessete meninas no total, ele escolheu apenas treze incluindo eu e Badra.

— Aqui está o pagamento. — A mulher pagou Emir com dois sacos cheios de moedas.

— Vamos meninas. — Um dos eunucos abriu a porta e saímos em fila. Emir estava quase chorando de felicidade e já começou a contar as moedas. As meninas que não foram selecionadas, infelizmente iriam ser vendidas a prostíbulos. Elas estavam chorando com o resultado. Doía ver essa cena.

Depois de uma hora dentro de uma carroça todas amontoadas uma em cima das outras chegamos ao bendito palácio do sultão Suleiman. A entrada já era magnífica, parecia com dos castelos medievais europeus, com duas torres enormes com pequenas janelinhas bem fininhas que acredito que sejam um tipo de proteção de ataques de inimigos. Lá em cima da entrada os guardas estavam lá fazendo as rondas. A mulher anunciou a nossa entrada e o portão enorme abriu. Badra sentia seu braço direito doer, e eu sentia as minhas pernas e as costas doerem, estávamos muito cansadas, algumas delas estavam rindo de felicidade por chegarem ao palácio, com certeza pensavam que iam ter uma vida de luxo aqui.

Ficamos em um grande salão com arquitetura impressionante, eu era quem mais admirava. Toda decoração em azulejos e tinha escrituras em árabes nas paredes, tapetes persas por todos os lados e também guardas, a cada porta havia um, todos imóveis. Atrás de nós tinha uma grande piscina, havia incensos e pouca comida em cima das mesas encostadas as paredes. O lugar tinha colunas de mármore, acho que ao nosso redor havia quatro.

— Bom meninas, o meu nome é Sarila e sou encarregada das servas no palácio. Aqui vocês servirão como servas do sultão ou até mesmo podem chegarem a ser concubinas. Aqui não tem moleza e há muitas regras. Se virem o sultão, os príncipes, as concubinas, princesas ou esposas reais não levantem a cabeça, apenas a reverenciem. Depois teremos uma aula sobre isso. Não respondam a não ser que seja feita uma pergunta. É só isso que devem saber.

— E os príncipes senhora Sarila? Eles aparecem sempre? — Uma serva falou do nada.

— Você é idiota? Eu acabei de falar que não era pra falar sem ser feita uma pergunta. Os príncipes não são da sua conta, vocês devem apenas servir e obedecer. Agora vocês tomarão um banho e trocarão de roupa e também comerão alguma coisa.

Umas servas apareceram com trajes e sapatos. Deu a cada uma de nós.

— Eu estou tão feliz. Vamos morar no palácio agora. E quem sabe teremos a a oportunidade de ver os príncipes.

— Na boa, por que todo mundo quer saber desses príncipes? Ninguém viu eles, e ainda mais ninguém tá aqui pra se casar com eles e sim pra sermos escravas.

Badra olhou pra mim como se eu fosse um ET. Eu já imaginei o que era.

— O que é "na boa" Nadira?

— Esqueça. Vamos. – Esqueci que também introduzia as gírias turcas no meu vocabulário quando estava fora do Brasil.

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