Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

10. Iskender

            Eu fiquei boquiaberta, pasma e meus batimentos cardíacos estavam a mil. O soldado tirou a espada, e tirou o estuprador de cima. Eu tratei logo de me cobrir, mas ainda traumatizada e sem acreditar naquilo tudo. Eu o vi sangrando, com os olhos arregalados e a boca escorria sangue no chão de terra batida. O homem que o matou me pegou pelo braço e saiu comigo, saímos da casinha e fomos até a rua, onde tinha vários soldados otomanos, com as mesmas vestes vermelhas e zarcola, o chapéu de feltro que eles usavam. Eles haviam matado os homens que estavam ali quando eu cheguei, o menino estava com um deles.

— Iskender! — O soldado que me segurava falou para um deles. — Esta daqui estava lá dentro, com um deles.

Um homem se virou em nossa direção, e me observo, com os olhos cerrados, uma figura imponente. De caftan vermelho, barba e um rosto fino, mas muito bonito. Tinha olhos castanhos, barba mediana e mantinha suas mãos para atrás das costas, um costume masculino até mesmo de elegância.

— Ela, estava quase sendo abusada. Mas cheguei a tempo.

O homem me olhou bem, eu estava de cabeça baixa, chorando, com medo ainda. Fiquei encolhida diante deles.

— Qual o seu nome moça?

— Er... Meu nome é Nadira. Sou serva do sultão Suleiman.

— E por que está aqui?

De verdade, o medo começou a me dominar mais ainda, fiquei com medo de que ele não acreditasse em mim, mas de onde eu iria querer mentir? Em uma situação dessa?

— Senhor, eu fui roubada enquanto eu comprava fermento e gengibres para a cozinha do sultão. Então corri atrás do menino, pois junto do cesto havia um saco de moedas, que usei para comprar o que precisava. Apenas vim pegar o que me roubaram. — Ele me olhou muito sério, mas não deixou de ouvir o que eu disse. Eu o encarei nos olhos, mas não entendi muito sua expressão, continuava sério. Ele pôs sua mão no meu rosto, e segurou o lado que estava ardendo, inchado e passou a mão no cantinho do meu lábio inferior, onde a ferida ardeu mais, me estremeci de dor e gemi um pouco. Com certeza um dos anéis do homem que tentou me estuprar cortou meu rosto na hora em que me bateu. Fiquei de cabeça baixa, e ele soltou meu rosto.

— Esses homens foram mortos por que andavam roubando pela capital, e sempre fugiam quando tentávamos encontra-los. Acredito que tenha sido por sua causa que conseguimos pegá-los e assim, te salvar de um mal. — Ele acenou para outro soldado, que trouxe minha cesta, onde tinha o fermento e o gengibre, e ao lado a sacolinha de moedas. Eu respirei aliviada, e meus olhos se encheram de lágrimas.

— Obrigada. Muito obrigada. — Eu soluçava, e minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto, que mesmo ardendo e com feridas, não me importava. Apenas me sentia salva.

— Moça, vamos leva-la de volta para o palácio. Irá conosco. — Eu assenti com a cabeça, segurei a cesta e a prendi entre meus seios e meus braços.

Levantei meu olhar em direção ao menino, o soldado que o segurava cortou a garganta dele, o menino caiu no chão, aliás, jogado com brutalidade.

Meu Deus, que crueldade. Era uma criança.

Fiquei muito chocada, minha boca ficou seca, e nem mesmo tinha reação. Mesmo ele errando, ele poderia ser perdoado. Eu ficava inconformada, triste e desesperada em um lugar tão hostil. Não falei nada, pois eu mesma não iria ter razão diante das leis desse país, desse século.

— A moça quer água? — Iskender me entregou um jarro simples de água, eu não relutei em não querer. Estava com sede desde aquela corrida do mercado para cá. Bebi até minha garganta ficar inteiramente molhada, Iskender tinha um olhar analítico, mas não me importava.

— Vamos agora. — Alguns homens ficaram recolhendo os corpos dos homens e jogaram o do menino. Uns seguiam até outra rua, saindo daquela vila abandonada avistamos os cavalos dos soldados. Atrás de mim senti uma presença, olhei para trás e era o soldado Iskender.

— Moça, se me permite. — Ele fez um gesto de que queria a permissão de pegar em minha cintura e subir no cavalo. Eu iria junto com ele.

— Tem algum cavalo, que esteja desocupado? — Falei acanhadamente. Ele estreitou os olhos e respondeu.

— Não, cada um tem o seu cavalo e para que realmente saibamos que não fuja ou esteja mentindo, eu mesmo me encarregarei de te entregar ao palácio. — Não falei mais nada depois daquilo. Provavelmente eu responderia a ele e o convenceria de que eu não estava mentindo. Mas no estado que eu estava, falar seria inoportuno e menos interessante para eles. Ele fez o gesto novamente, levantando as mãos em direção a minha cintura para me levantar a subir no cavalo. Eu concordei e ele delicadamente, me subiu e eu fiquei em cima da sela do cavalo, em seguida ele subiu também, estava atrás de mim, segurando as rédeas. Os outros soldados, já estavam em cima de seus cavalos, saímos todos juntos.

Minhas costas doíam, e no caminho ao palácio, para aliviar mais a dor, acredito que uma boa prosa possa entreter meus pensamentos, para longe do terror desse dia.

— Iskender, é o seu nome não é mesmo?

— Sim.

— Me lembra muito um nome europeu.

— Europeu?

Ah é mesmo, a ideia de "Europa" não era idealizada nessa época.

— Digo, creio que o senhor não seja daqui.

— Não só eu moça, mas muitos que convivem comigo não são. Não conhece os janízaros?

Sim, eu já ouvi falar vagamente desse nome quando meu pai contava a historia dos otomanos. Na versão portuguesa, "janízaros", ou Yeni Çari são a elite mais poderosa do império, o exército e a guarda oficial do sultão. A ficha caiu agora.

— Claro. Mas sobre assuntos militares, não sei muito. Pelo menos, muito pouco sei.

— Assuntos militares não interessam a mulheres.

— Então não devo perguntar nada sobre isso?

Ele ficou em silêncio e eu virei meu rosto, de encontro ao dele, esperando respostas o encarei. Levei um susto quando senti um empurrão para trás, o cavalo havia recuado, e eu me agarrei aos braços dele, ao mesmo tempo estava um pouco encolhida. Uma carroça com cavalos estavam passando em nossa frente, Iskender parou na hora em que quase bateríamos nela.

— Ai meu Deus. Tanto susto! — Torci a cara.

— A senhorita pode perguntar se quiser. Sobre assuntos militares.

— Geralmente vocês não são tão gentis quando falam em revelar sobre isso.

— Não, claro que não. Talvez o ladrão que tentava te estuprar seria mais amigável em explicar.

Me calei. Fiquei chateada, mas percebi que ele tinha se ofendido quando falei que não eram gentis. Fiquei quieta e encarando a movimentação da cidade.

— Perdoe-me. Não queria te ofender e nem mesmo debochar.

— Tudo bem.

— Quando chegar ao palácio, tente descansar.

— Descansar? Senhor. Está brincando comigo? Uma serva não tem descanso. Muito menos no palácio de Suleiman. — Sorri, imaginando que talvez eu pudesse conseguir fazer isso. Mas era impossível.

— É claro. Entendo. E de qual residência a moça está?

— Na residência dos príncipes.

— Ah sim. — Eu olhei para ele em um instante, e continuei a conversar.

— Claro, ser serva no palácio não é muito interessante, mas não pretendo ser concubina.

— Olha só, mas que inusitado. A moça é diferente das outras. Muitas tentam ter a oportunidade de se deitar com o sultão, ou até mesmo ser esposa de um dos príncipes.

— Muitas. Mas eu não. Nada é mais doloroso que você viver com alguém que não consegue amar, ou ate mesmo se dar bem. Seria uma prisão.

Chegamos a frente ao palácio Topkapi, os portões se abriram e fomos até o pátio, de lá. Quando entramos, Iskender e seus homens encostaram o cavalo perto de um pilar, ele desceu primeiro e depois me ajudou a descer.

— Vou te levar até Dilara. Explicarei a ela o que aconteceu com você.

— Não precisa. — Desci desajeitadamente do cavalo, segurei a cesta firmemente para não cair as maçãs e as compras, conferia o tempo todo se a bolsinha com dinheiro estava guardada.

— Eu vou. — Ele veio atrás de mim, pelo mesmo caminho em direção a cozinha onde encontraríamos Dilara. Quando chegamos lá, Dilara estava supervisionando os criados enquanto realizavam as tarefas. Antes de entrar na porta, ela percebeu minha chegada, e vinha com os olhos de sangue dela, em minha direção. Olhou-me de cima abaixo, e tinha um semblante que a fazia questionar o porquê o Iskender estava comigo.

— Por Alá menina, o que houve com você?

— A moça foi atacada. E em uma busca contra os ladrões eles tentaram...

— Eu já entendi! Venha, vamos cuidar de você.

— Eu trouxe o dinheiro, e o que a senhora me pediu no mercado. — ela pegou minhas mãos, e me olhou um pouco preocupada.

— Não se preocupe com isso. Se não fosse por Iskender e seus homens, talvez você não estivesse aqui.

Estranhei por que ela estava muito preocupada. Era mandona e autoritária, mas vê-la assim, cuidadosa, me deixou surpresa.

— Quero agradecer a você Iskender, por ter me ajudado. — Ele assentiu e foi embora.

— Venha. Me de a cesta e vamos lá pra trás.

Eu achei estranho o comportamento de Dilara, mas se ela quer conversar comigo, perceberei se será um julgamento ou apenas palavras de apoio. Estava um pouco em choque ainda, aquele susto não saia da minha cabeça. Chegamos a uma sala com uma cama simples, ela pediu que eu ficasse deitada lá, pôs a mão na minha cabeça e percebeu a temperatura alta.

— Menina você está queimando. Vou pegar um pano com água. — Encostei-me na cama e a observava fazer isso, pegando um pano, com a bacia de água fria, e espremendo. Parecia tão delicada, preocupada.

— Me conte o que houve.

— Senhora Dalira, não precisa cuidar de mim. Pode deixar.

— É porque essas coisas sempre acontecem.

Fiquei pensativa. O que ela quis dizer com isso?

Ele chegou a fazer com você?

— Não, ele tentou mas não conseguiu fazer o ato. Um janízaro chegou antes e o matou.

— Graças a Alá.

— Mas o que a senhora está pensando? — Ela ficou calada, pensativa. Moveu seus olhos para o lado direito, longe de meu rosto. Creio que ela tinha ficado perturbada.

— Ah... a uns anos atrás uma menina tinha ido ao mercado fazer comprar para a cozinha. Quando voltou, horas mais tarde, estava machucada, no meio de suas pernas estavam às roupas amassadas, cheia de sangue entre as pernas. Os cabelos estavam emaranhados iguais aos seus, o rosto, imundo e cheio de feridas causadas por tapas fortes. Ela chorava, e chamava pelo nome da mãe. Eu a abracei.

Fiquei calada, a minha atenção ficou voltada a todo aquele enredo, me via nas cenas e imaginava a menina do jeito que ela contava.

— E o que houve depois?

Ela respirava, engolia o choro e olhou para mim.

— Ela morreu depois. Não aguentou viver desonra, ela tinha treze anos.

— Ah meu Deus.

— Ela era a minha única filha. Desde então, eu comecei a me fechar e ser agressiva, autoritária, nunca deixando a minha tristeza tomar conta de mim.

— Eu sinto muito Dilara.

— Fico feliz que o mesmo não tenha acontecido com você. Ninguém se importa conosco. E uma serva engravidar é um inferno nesse lugar.

— Dalira. Não se preocupe, tudo vai ficar bem. — Pus minha mão na dela, tentando conforma-la.

— Quando você chegou e depois que o capitão Iskender te trouxe e me explicou, fiquei aliviada. Venha, vou cuidar dos seus ferimentos. — Ela pegou o pano molhado e limpou a ferida do meu rosto. Pensei em um assunto que me deixou curiosa.

— Dilara, me diga. Quem é Iskender?

— Ah... — ela deu um meio sorriso. — Hum, Iskender, tem um ar misterioso não é mesmo? Todas as moças de bordéis, e as servas se apaixonam por ele.

— Não estou apaixonada, apenas curiosa. — Ela riu e deu leves batidinhas com o pano no meu rosto.

— Sabemos que você chamou atenção dos príncipes. Então, Iskender como ele é, não viria te deixar aqui sozinha, mesmo não havendo necessidade. — Ela fitou meus olhos e eu fiquei sem entender, o porquê ela estar falando aquilo.

— As meninas daqui sempre ficam de olho nele, é um dos melhores soldados. Além disso, é muito bonito. Mas não é apropriado para uma mulher. Não podem se casar.

— Tudo bem. Nesse lugar aqui não há espaço para relacionamentos para mim. — Sorri, satisfeita com minha resposta, para a assim não dar explicações para ela. Mas eu fiquei muito aliviada por estar de volta e viva, e grata a Iskender.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro