Capítulo 12
- O que aconteceu Milla? - Jared pergunta.
Continuo o abraçando enquanto choro, por medo do que poderia ter acontecido, e por estar aliviada por conseguir fugir.
- Está tudo bem.
Ele passa a mão por minhas costas enquanto me conforta, e eu o abraço ainda mais forte.
Escuto barulho de sirene de polícia, e então me afasto de Jared e vejo que um carro para perto de nós.
Enquanto dois policiais descem do carro, Jared tira sua jaqueta e coloca sobre meu ombro.
- Você chamou a polícia? - Pergunto.
- Sim. - Jared confirma com a cabeça.
Os dois policiais se aproximam de nós, e ao nos ver um deles pergunta:
- Foram vocês que nos solicitaram?
- Sim. - Jared responde.
- O que aconteceu senhorita? - O outro questiona.
- Dois homens invadiram meu apartamento para roubar enquanto eu dormia. - Respondo. - Eu me escondi debaixo da cama, mas um deles me encontrou e tentou abusar de mim.
Todo meu corpo se estremece com as lembranças desagradáveis, então Jared me abraça com força tentando me confortar mais uma vez.
Não será algo fácil de esquecer, eu melhor do que ninguém sei disso, mas eu irei superar.
Apesar de ser algo que nenhuma pessoa deseja passar na vida, não vou deixar que isso interfira na minha vida novamente.
Eu sou uma mulher mais forte, e por isso não irei me esconder do mundo apesar de desejar fazer isso nesse exato momento.
🌻
- Entre Milla.
Jared me dá espaço para entrar em seu apartamento, e assim que o adentro ele fecha à porta.
Jared coloca a mão nas minhas costas e me guia em direção à sala, e quando me aproximo do sofá me sento nele.
- Quer alguma coisa? - Ele pergunta.
- Um pouco de água.
Jared começa a caminhar em direção à cozinha, e alguns segundos depois ele volta com uma garrafinha de água na mão e me entrega.
- Obrigada. - Agradeço.
Enquanto tento abrir a garrafa de água percebo que minhas mãos ainda estão trêmulas.
- Deixe que eu faço isso para você.
Jared pega a garrafa da minha mão e a abre, e em seguida me devolve.
- Obrigada. - Agradeço de novo.
Dou alguns goles no líquido gelado, e após me sentir satisfeita coloco a garrafa sobre a mesinha de centro.
Me deito no colo do Jared, e alguns segundos depois ele começa a mexer em meus cabelos lentamente.
- Você está bem? - Ele pergunta.
- Agora estou. - Respondo.
Por sorte quando a polícia foi investigar o meu apartamento, encontrou o homem que tentou abusar de mim desmaiado no chão.
Provavelmente o outro fugiu quando escutou a sirene da polícia, e deixou o verme para trás.
Os policiais me levaram para a delegacia para prestar queixa e fazer o exame de corpo de delito, e quando eu tirei a jaqueta do Jared percebi o porque ele a colocou sobre meus ombros.
Meu seio estava a mostra porque o homem rasgou uma das alças do meu pijama, então Jared quis me cobrir sem eu ao menos ter percebido que estava exposta.
Com toda certeza existe mais vítimas daquele homem mau. Espero que ele passe o resto da sua vida atrás da grades, para nunca mais fazer algo tão nojento e cruel.
- Quer conversar sobre o que aconteceu? - Jared pergunta.
- Na verdade não. - Suspiro alto. - Mas eu acho que se eu guardar isso para mim vou ficar louca.
- Não precisa falar sobre isso se não quiser.
Apesar de não querer relembrar o que aconteceu, não quero manter tudo para mim como fiz no passado.
Lisa é a única que sabe sobre o que aconteceu, e quando eu contei a ela eu me senti aliviada de alguma forma.
- Quando eu era uma adolescente aconteceu a mesma coisa comigo. - Assumo. - Meu professor estava me assediando, mas eu ignorava suas investidas por achar que ele nunca seria capaz de fazer algo, só que eu estava errada. Pedi para meu pai me mudar de colégio depois que ele tentou me agarrar a força, pois eu sabia que ele poderia fazer algo muito pior se eu não fugisse.
- Não contou nada para ninguém? - Jared pergunta.
- Não. - Nego com a cabeça. - Eu sabia que ele seria inocentado e eu seria a culpada, por isso preferi ficar em silêncio. Depois que mudei de colégio a mesma coisa aconteceu com a única amiga que eu tinha, e ela acabou sendo acusada de tentar seduzir o professor para melhorar suas notas.
As pessoas veem a verdade em sua frente, mas acabam ignorando e culpando as vítimas como se elas merecessem ser abusadas.
É triste saber que tantas mulheres já passaram pelo mesmo que eu, e até sofreram algo bem pior, mas não tem coragem de falar nada porque sabem que seram julgadas, e apontadas como as cupadas por uma sociedade podre e cega.
- Por que nunca me contou o que aconteceu? - Jared pergunta.
- Somos amigos, mas ainda assim temos segredos um do outro.
Da mesma forma que escondo meu passado dele, Jared também faz o mesmo comigo. Agora a única diferença é que ele sabe sobre o que aconteceu comigo, mas eu não sei o que aconteceu com ele.
- Enquanto aquele homem tentava abusar de mim hoje, o passado correu como um filme em minha mente. - Digo. - E a única coisa que eu pensava é se eu seria capaz de fugir dessa vez.
- Se eu ao menos tivesse chegado um pouco mais...
- Você não tem nenhuma culpa Jared. - O corto.
Me levanto e me sento ao seu lado, e então Jared abaixa a cabeça e fala:
- Eu deveria te proteger.
- Na verdade eu consegui me proteger sozinha, mas eu fico feliz por saber que você pensa dessa forma. - Pego sua mão e aperto de leve.
Jared não tem motivo para se sentir culpado porque ele não tem culpa nenhuma. Ele pode ter chegado um pouco atrasado, mas ele correu até mim para me salvar mesmo não sabendo o que estava acontecendo.
Eu sei que posso contar com ele sempre que eu precisar, porque somos bons amigos apesar de tudo.
- Você deu uma bela surra naquele traste. - Jared diz rindo. - Me lembre de nunca mais te irritar.
- Merecia um pouco mais. - Falo.
Eu estava com tanta adrenalina correndo por meu corpo, que teria o chutado ainda mais se o outro homem não tivesse me parado.
Ele merecia apanhar ainda mais por ser um escroto, e a sorte dele foi que seu colega o salvou.
Pessoas assim merecem sofrer e pagar por seus crimes, porque não podem ser consideradas humanas.
- Quero que fique morando comigo por enquanto. - Jared fala de repente.
- Não precisa. - Nego com a cabeça. - Não quero incomodá-lo.
- Não seja boba Milla. - Ele revira os olhos.
- Eu não...
- Vai ficar aqui e fim de conversa. - Ele me corta.
Na verdade agradeço por ele estar me obrigando a ficar em seu apartamento, porque estou morrendo de medo de ficar sozinha.
- Tem certeza? - Questiono.
- Tenho sim. - Ele diz sorrindo.
Eu sei que agora estou segura, mas ainda tenho a sensação de que a qualquer momento o outro ladrão pode aparecer em meu apartamento para fazer algo, e isso me deixa com medo.
- Obrigada por me abrigar. - Agradeço.
- Não precisa agradecer.
- Prometo que irei te incomodar por pouco tempo. - Falo.
- Pode ficar o tempo que quiser Milla.
Quanto mais tempo eu passar em sua compainha, pior será para mim, por isso o melhor a se fazer é ir embora o mais rápido possível mesmo que eu esteja com medo.
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