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Capítulo 3

- Você está bem Becca? - Bea pergunta.

- Sim. - Forço um sorriso.

- Você está tão pálida. - Fala a mesma coisa que o Max.

- Não dormi bem a noite.

Não estou bem porque realmente estou muito cansada, e pelo susto que acabei de levar com aquele estranho.

Ainda sinto minhas pernas trêmulas pelo susto, e me pergunto como fui congelar perto dele daquela forma. Por mais que eu tentasse fugir não consegui sair do lugar, e se ele quisesse teria me matado sem muito trabalho, porque eu acabei o ajudando ao não me mover.

Esse é um problema que enfrento há anos. Todas às vezes que estou nervosa ou assustada, acabo congelando no lugar, e eu odeio essa fraqueza em mim.

- Tem certeza que está bem? - Beatriz parece preocupada.

- Sim. - Minto. - Só preciso descansar um pouco.

- Aproveite agora enquanto Joshua está dormindo.

- E como ele está? - Indago.

- Não deu nenhum trabalho.

Fico aliviada por meu bebê estar bem, porque se tem uma coisa que não gosto nem um pouco é de ver meu filho doente.

- Minha amiga veio me bus...

- Sua mãe sabe que vai sair com uma amiga? - A corto.

- Sim. - Ela revira os olhos.

- Então se cuide.

Bea se aproxima de mim, me dá um rápido abraço e corre em direção a porta.

- Bea? - A chamo antes dela sair do apartamento.

- Sim? - Ela se volta para mim.

- Obrigada, por cuidar do Joshua.

- Não precisa agradecer. - Ela sorri abertamente. - Sempre que precisar de ajuda é só me avisar, pois eu amo ficar com ele.

Aceno com a cabeça enquanto também lhe ofereço um sorriso, e então ela sai do apartamento, e vai embora me deixando sozinha.

Sinto falta de morar com Lauren, e também sinto falta de morar com Bea e Tereza, e agora que vivo só com meu filho me sinto cada vez mais solitária.

Lauren sempre vem me visitar, mas não é a mesma coisa como se morássemos juntas, porém estou muito feliz com a vida que ela está construindo ao lado do Max.

- Se acostume Becca. - Digo a mim mesmo. - Essa é sua vida.

Começo a andar e entro em meu quarto, e vou direto para o berço ver meu pequenino que dorme tranquilamente como se não tivesse quase matado a mãe de susto durante a noite.

Ele se meche um pouquinho quando lhe dou um beijo na testa, abre os olhos e sorri banguela, e volta a dormir novamente.

Meu coração se enche de alegria todas às vezes que ele sorri para mim, e sempre que isso acontece percebo que nunca irei me enjoar do seu sorriso perfeito e inocente.

- Eu te amo muito. - Faço carinho em sua cabeleira negra.

Joshua puxou meus cabelos encaracolados, e para falar a verdade ele é praticamente todo parecido comigo, e a única coisa que tem do pai são os olhos.

Mesmo se ele fosse a cópia exata do Charles, ainda assim o amaria com todo meu coração, porque se tem uma coisa que nunca farei, é culpar meu filho pelo pai que tem.

Decido me deitar um pouco antes que Joshua acorde, mas antes mesmo deu me aproximar da cama a campainha do apartamento toca.

Meu coração se acelera no peito por medo de que seja o homem que vi na rua, porque tenho a sensação que ainda o verei, e não sei se será um encontro agradável.

Pelo que ele falou acha que sou uma cretina, e como sei que Charles deve estar envolvido nesse assunto, tenho certeza que ele me pintou como a vilã da história.

Charles é mestre em manipular as pessoas, e eu sei disso porque vivi com ele por muitos anos, e o conheço muito bem para saber o monstro que ele é.

A campainha toca novamente, e então saio do meu quarto rapidamente e vou em direção a porta.

A cada passo que dou sinto meu coração martelar ainda mais no peito, com medo do que poderá acontecer se o desconhecido estiver aqui.

Assim que me aproximo o suficiente olho no olho mágico, e no mesmo instante suspiro aliviada por ver Lauren do outro lado.

Abro a porta e dou de cara com uma Lauren bem irritada, e pela sua feição parece que ela quer arrancar meus olhos.

- Quer me matar do coração? Quase invadi o apartamento achando que você estava passando mal.

- Eu estou bem. - Reviro os olhos.

Fecho a porta assim que Lauren entra no apartamento, e pela forma que ela me encara não parece acreditar em mim.

- Max me falou que você não estava legal, então vim te ver e você não abria logo a porta, por isso fiquei com medo de que havia acontecido algo.

- Eu disse ao Max que apenas não tinha dormido bem. - Me sento no sofá.

- Joshua está dando muito trabalho? - Lauren se senta ao meu lado.

- Não. - Nego com a cabeça. - Ontem ele estava com dor de ouvido, por isso me deu um pouco de trabalho.

- Já te falei um milhão de vezes que quando algo assim acontecer, é para me ligar para mim te ajudar.

- E eu já falei um milhão de vezes que não vou ficar te incomodando.

Eu sei que minha amiga quer me ajudar em todos os aspectos possíveis, mas é óbvio que eu não iria lhe tirar da cama, deixar seu marido em casa e vir me ajudar.

Eu quero e preciso aprender me virar sozinha, e sempre que algo acontecer eu pedir socorro, nunca serei completamente independente.

No orfanato que passei a maior parte da minha vida eu tinha que seguir muitas regras, e como eu sempre fui uma garota obediente nunca deixei de fazer o que me mandavam.

Pouco antes de completei a maior idade, eu acabei sendo adotada por uma família rígida, e que tinham regras ainda mais severas que o orfanato, porém como eu nunca fui uma pessoa que quebra regras vivi em paz com eles até me casar.

Eu fui criada para sempre dizer sim mesmo querendo dizer não, e quando meu pai adotivo decidiu que era para eu me casar com Charles eu não discordei, mesmo não o amando.

Eu tive que seguir regras toda minha vida, e eu nunca tive a oportunidade de dizer o fazer o que eu queria, e agora que eu sou livre e sou independente, estou me sentindo estranha porque não estou acostumada com o fato decidir algo sozinha, mas ao mesmo tempo que estou com medo, também estou feliz com uma nova descoberta.

- Aconteceu mais alguma coisa Becca? - Lauren me olha toda desconfiada.

- Não. - Minto.

Eu quero lhe contar sobre o homem que vi na rua, mas eu sei que se eu abrir minha boca Lauren não vai me deixar em paz.

- Por que está mentindo para mim?

- Por que acha que estou mentindo? - Retruco.

- Porque eu te conheço, e sei bem como age quando está escondendo algo de mim.

Lauren é muito espeta ou eu sou uma péssima mentirosa, e agora que ela sabe que algo aconteceu, terei que contar tudo ou ela não vai me deixar em paz.

- Talvez eu tenha encontrado um homem na rua hoje, e ele sabia meu nome, e me disse algumas coisas muito estanhas. - Confesso.

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