Capítulo 21
- Como está se sentindo? - Karen pergunta.
- Estou bem. - Sorrio largo.
- Você me deixou preocupada.
- Me desculpe. - Peço.
Depois que despertei, imaginei que Karen estaria preocupada porque eu ainda não havia voltado para casa, e então pedi para Lauren contar a ela o que havia acontecido.
- O idiota que fez isso com você foi pego? - Karen indaga.
- Ainda não. - Nego com a cabeça.
Um policial foi até o hospital falar comigo, e até fizeram o retrato falado do homem que me atacou, mas até agora não o acharam.
Enquanto esse homem tiver solto correrei perigo, porque tenho certeza que Charles sabe o endereço do apartamento, e por isso ele pode aparecer aqui do nada.
Aquela nojento pode estar preso, mas seu advogado de merda faz tudo que Charles manda, então é bem provável que ele saiba até o que como durante o dia.
- Não seria melhor ficar com a sua amiga? - Karen pergunta.
- Já incomodei Lauren mais do que o necessário. - Suspiro alto.
- Tenho certeza que ela não vê dessa forma.
Lauren tenta fazer de tudo para mim, mas sua bondade tem limite, e eu não quero ser um peso ainda maior para minha amiga.
Lauren já vai cuidar do Joshua por alguns dias, e para mim já estou abusando da sua bondade, mesmo que ela garanta que não estou.
Eu queria ficar com meu filho, mas o médico disse que não posso me esforçar por algum tempo, então como eu cuidaria de uma criança? Tenho que manter repouso absoluto, e já estou ficando maluca.
- Posso antecipar minhas férias para ficar com você. - Karen fala. - E pode pedir para Lauren trazer seu filho, que cuido dele também.
- Não quero te incomodar. - Digo. - Aproveite suas férias para se divertir com seus amigos, ou sua família.
- Eu não tenho amigos, e agora também não tenho família.
- O que quer dizer com agora não tem mais família? - Questiono.
Karen se senta na beirada da minha cama, e no mesmo instante vejo seus olhos se encherem de lágrimas.
- Eu deveria ter te contado sobre minha vida antes de me mudar, porque talvez agora você não me queira mais por perto.
- O que aconteceu Karen? - Indago.
- Eu estou grávida. - Ela assume.
- Bem... Isso não é algo bom?
- Sim e não. - Ela passa as mãos pelo rosto. - Eu amo essa criança mais do que tudo, mas ela não veio em um bom momento.
Disso eu entendo bem, porque descobrir que estou grávida do Rick me deixou ainda mais confusa e assustada com tudo que está acontecendo, porém eu sei que meu bebê não tem culpa da minha irresponsabilidade.
- Eu nunca havia namorado ninguém, e para falar a verdade eu não tinha nenhum interesse em relacionamentos, porém um dia eu conheci um cara legal, e decidimos nos conhecer melhor. Acabei me apaixonando por ele depois de alguns encontros, e ele parecia se sentir da mesma forma em relação a mim, e como uma coisa levou a outra acabei dormindo com ele.
Karen se cala por algum tempo, e fica olhando para a parede do quarto, como se tivesse relembrando o que aconteceu.
- Se não quiser continuar não precisa.
- Mas eu quero. - Ela abaixa a cabeça. - Depois de um tempo descobri que estava grávida, e foi como se meu mundo estivesse desmoronando a minha volta. Eu sempre quis ter filhos, mas depois que eu tivesse casada, e com uma vida estável financeiramente, porém meus planos para o futuro teve que ser mudados. Contei ao pai do meu bebê que estava grávida, e fiquei surpresa por ele ter ficado feliz, e não me culpado, só que uma semana depois que eu havia dito a ele que estava esperando um filho, ele simplesmente parou de atender as minhas ligações e sumiu. Por algum tempo tentei entrar em contato com ele, mas acabei desistindo porque me dei conta que ele apenas me usou.
- Cretino. - Resmungo com raiva.
- Meus pais são muito rígidos, e quando contei a eles sobre estar grávida, me mandaram embora de casa, e disseram que não sou mais filha deles. - Lágrimas escorrem por seu rosto.
- Isso é horrível.
Nenhum pai quer ver sua filha engravidando assim sem planejamentos, porém mandá-la embora no momento em que Karen mais precisa deles é uma covardia imensa.
- Minha irmã tentou convencê-los a me deixar em casa, mas depois da forma que me trataram, eu quis ir embora.
- Imagino o quanto está sendo difícil para você, porém agora não está mais sozinha. - Pego sua mão e aperto de leve.
- Não vai me expulsar daqui, ou me chamar de puta? - Karen sorri tristemente.
- Se você for, eu também sou, porque também estou grávida.
- Sério? - Ela arregala os olhos.
- Sério.
Eu nunca tive uma família para me proteger ou me amar, por isso já estou acostumada a ficar sozinha, só que Karen passou a vida toda ao lado das pessoas que deveriam amá-la em qualquer circunstâncias, então para ela deve estar sendo muito difícil essa rejeição dos pais, e do pai do seu bebê.
- Agora somos uma família, e vamos cuidar uma da outra Karen. - Sorrio abertamente.
- Obrigada por estar me ajudando. - Seus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez. - Eu pensei que estava só e perdida, mas Deus me enviou você para me socorrer.
- Eu sei que deve estar sofrendo muito no momento, mas com o tempo verá que tudo vai melhorar. - Falo com confiança.
- É o que espero. - Ela suspira alto.
Espero de coração que os pais da Karen percebam o erro que estão cometendo ao serem tão idiotas, porque agora eles pensam que fizeram a coisa certa, mas futuro podem acabar se arrependendo, e poderá ser tarde demais.
Apesar das minhas amizades, ainda assim me sinto sozinha no mundo porque não tenho uma família, e apesar de Karen ter uma, no momento não pode contar com ela.
Ela deve se sentir da mesma forma que eu, e por saber que a solidão não é nem um pouco agradável, irei ajudá-la da forma que eu conseguir.
- Eu estou com medo.
- Eu sei que sim, mas precisa ser confiante de que tudo dará certo. - Lhe dou um tapinha no braço.
- Eu mal sei cuidar de mim mesmo. - Karen ajeita os cabelos com as mãos trêmulas. - Como vou saber cuidar de uma criança?
- Eu pensava a mesma coisa quando estava grávida do Joshua. - Exibo um largo sorriso. - Errei muito no início, mas também aprendi com meus erros, e apesar de não ser uma mãe perfeita, ainda assim eu tento todos os dias, e dou meu melhor.
Minha responsabilidade duplicou com minha nova gravidez, porém não ficarei mais tão neurótica ou com medo de tudo como antes, porque agora eu sei lidar com uma criança.
Minha vida nunca foi boa, e raras foram as vezes que eu fui feliz de verdade, porém Joshua veio ao mundo para trazer luz a minha vida repleta de escuridão, e agora terei outro bebê para deixar meus dias ainda mais intensos, porém ainda mais felizes.
- Tenho certeza que você será uma mãe incrível.
- Se eu não for, não será por falta de tentativas. - Karen fala.
- Você sabe lidar muito bem com os filhos dos outros, então saberá lidar com o seu. - Tento encorajá-la.
- Talvez seja melhor meus pais terem me expulsado de casa, porque com toda certeza não iria querer meu bebê nascendo perto daquela família maluca. - Ela faz uma careta. - Espero que minha irmã consiga se livrar dos nosso país, ou acabará maluca.
- Eles são tão ruins assim? - Indago.
- Você não faz ideia.
Decido não perguntar mais nada relacionado a sua família, porque Karen já está traumatizada o suficiente, para ter que ficar relembrando tudo que já passou.
- Você precisa descansar agora. - Ela se levanta da cama. - Teremos muito tempo para nos conhecermos melhor.
Antes que eu diga alguma coisa, a campainha do apartamento toca, e Karen sai do meu quarto rapidamente para atender a porta.
Meu coração gela no peito, porque esqueci de avisar a Karen para ela não abrir a porta para algum homem que não seja conhecido dela, porque o maluco que me atacou pode saber meu endereço.
Escuto uma movimentação e quando olho para frente, vejo Rick me olhando, e apesar deu estar dizendo a mim mesmo que não quero vê-lo, eu sei muito bem que tudo não passa de uma mentira descarada.
- Precisamos conversar. - Ele fala seriamente.
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