EPÍLOGO PARTE DOIS/FINAL
DOIS MESES DEPOIS...
Dois meses se assaram e meus dias tem se resumido entre mamadeiras, troca de fraldas, e horas de sono perdido.
Cansativo?
Sim com certeza, mas nada me recompensa mais do que o sorrisos que eu recebo á todo momento. Saber que deu tudo certo, o parto e apesar deles terem ficado por um curto período em incubadoras, deu tudo certo, e hoje dois meses após o nascimento, estamos em uma louca e adorável rotina.
— Vai chegar mais cedo hoje? — pergunto a Ibrahim que está se trocando enquanto brinco com nossos filhos na cama.
— Você pretende me usar hoje? — levanto o olhar, e o encarando pelo reflexo do espelho vejo como ele levanta as sobrancelhas de forma sugestiva.
— Você não cansa de ser um safado pervertido? — retruco o fazendo rir enquanto termina de arrumar sua gravata, e vem em minha direção.
— Enquanto você não atingir o grau certo de safadeza não. — acabo rindo e ele fica de joelhos brincando com os pezinhos dos bebês.
— E quando eu atingir esse nível você para?
— Ta doida, aí é que vai ficar bom. — o empurro pelo ombro e rimos os dois. — Mas porque da pergunta?
— Hoje é o tal jantar que você e seu irmão marcaram para revelar algo a família, achei que seria bom chegar cedo. — ele deixa as crianças de lado e abraça minhas pernas. Passo meus dedos em seus cabelos, bagunçando tudo.
— Acho que todos vão sair cedo hoje. — ele levanta minha saia e começa a alisar minhas pernas. — Já que eu e Almir temos compromisso. — ele beija meu joelho arrepiando minhas pernas. — Que horas são mesmo? — pergunta baixinho me puxando mais para beirada da cama.
— Ibrahim...
— Relaxa...
Olhei mais uma vez para Jade e Tarik, ambos estavam quase dormindo um ao lado do outro, cercados por travesseiros. Então puder fechar os olhos e me entregar ás sensações provocadas pela língua habilidosa de Ibrahim.
Eu pegava no pé dele pelo seu jeito safado, mas confesso que amava isso nele. Não tinha hora, lugar perfeito para ele. Ele era perfeito. As vezes eu chorava, a isso se tornou muito comum após a gestação. Não chorei tanto quando ainda estava grávida, como tenho chorado agora. Choro de emoção e felicidade, agradecendo por tudo que tenho.
Um marido que além de ser meu melhor amigo, é um amante maravilhoso e que está se tornado um pai formidável. Ele tem uma leveza para lidar com tudo e qualquer situação que apesar de já conviver com ele, sempre me surpreendo. Tudo sempre acabando em risadas ou gemidos, como agora.
— Ah!
Deixo escapar quando meu corpo é invadido pelo um orgasmo. Minhas pernas tremem, meus braços ficam moles e a respiração, bom nem sei. É sempre assim, fico perdida, literalmente fora de orbita.
— Sobre as horas. — comento olhando para ele e vejo que está abrindo as calças. — Não sei, mas tenho certeza que está atrasado. — ele me puxa pela mão e quase caio, por minhas pernas ainda estarem moles.
— Que vantagem se tem em ser o chefe, se não se pode chegar atrasado de vez em quando? — ele comenta me levando até o sofá.
— Esse seu de vez em quando está durando dois meses. — comento enquanto ele senta e me ajuda com o vestido. — Oh! — seguro em seu ombro me apoiando enquanto sento nele.
— Caralho... — ele resmunga enquanto geme. — Acho que vou pedir um afastamento de seis meses, o que acha? — rimos os dois, e logo trocamos por gemidos, quando sua mão me ajuda no sobe e desce.
[***]
— O que você acha que sua mãe vai achar dessa notícia? — perguntei a ele depois que já havia tomado um rápido banho. Ah, inclusive ele teve a cara de pau de ligar para o irmão, avisando que não iria hoje porque estava com dor de cabeça. Então resolveria tudo de casa mesmo.
— Ela não vai ter muito que dizer Zara. Zayed é filho do meu pai e ponto, o exame de DNA comprova. — ele comenta dando de ombros. E voltando a sentar ao meu lado na cama. — Se meu pai se envolveu com uma mulher fora dos casamentos, o que podemos fazer? Só não engoli essa história de que ele ter feito o que fez, com a tal mulher. Isso não condiz com nosso pai.
— Mas eu falo pelo fato dela sempre ter achado que tinha tido dois filhos, e não era. Agora aparece um outro filho, estanho não acha? — Ibrahim me encara de cenho franzido.
— Como assim dois? Nunca soube de nada disso.
— Quando descobri sobre a gestação se de gêmeos, ela disse saber o que eu sentia. E parecia estar sendo sincera, então ela comentou, mas que quando a criança nasceu que no caso você, era somente um. — ele fica pensativo. — Eu não posso falar muito, porque não sei muito, mas foi bem notório para mim que eram dois, na minha barriga.
— Eu nunca soube de nada disso. — ele fala com um semblante pensativo. — Lembro que ela sempre foi como ela é hoje, as vezes chorava pelos cantos, mas ela nunca comentou, logo depois meu pai morreu. — ele dá de ombros. — Mas Zayed é um ano mais novo que eu, não poderia ser filho da minha mãe.
— Verdade. — alguém bate a porta. E logo em seguida minha sogra entra.
— Bom dia meus amores. — ela olha para os netos que agora estão acordados e resmungando. — Venham com a vovó. — ele apega Tarik. — Bom dia minha estrelinha da manhã. — acho tão lindo quando ela os chama pelo significado dos nomes. — Minha preciosa, vovó já vem pegar você. — ela olha para Ibrahim e o vê de pijama. — Veja se toma jeito!
— Eu já tomei mãe, agora é a Zara que vai tomar leite! — eu o encaro e a mãe olha para trás assustada. — Quero dizer jeito. — ele disfarça rindo. — Eu não dormi direito, então confundo as palavras pela manhã. — minha sogra sai balançando a cabeça em descrença, com certeza entendendo perfeitamente o que ele quis dizer.
— Por allah Ibrahim! — acerto um soco nele, o que o faz ri mais alto. — Você é terrível, me arrependo de todas as coisas que pensei de você minutos atrás. — cruzo os braços e nesse momento entra uma das babas, e toda sem jeito e envergonhada leva Jade para o quarto deles, ou da minha sogra que é mais provável.
— Eu falei alguma mentira. — ele diz me abraçando pela cintura. — Mas o que você pensou sobre mim? — ele pergunta com a voz baixa. — Tinha safadeza no meio? — fico quieta e não respondo nada. — Fala Zara.
— Você é um bobo, isso sim. — o empurro para longe. — E pode saindo, se você mentiu para não ir trabalhar, problema seu. Eu tenho o que fazer saio da cama com rapidez, e ele tenta me agarrar novamente, mas não consegue.
— Eu nunca fui tão sincero em toda minha vida. — ele fala de forma dramática com voz de choro.
— Você disse que estava com dor de cabeça. — falo cruzando os braços e o encarando.
— E, é verdade. — ele começa a rir quando olha para mim. — Só que é a cabeça de baixo. — bufo e reviro os olhos. — Eu ando com tanta vontade que chega a doer.
— Besta! — me viro indo em direção ao closet.
Tenho uma reunião hoje com Amara sobre alguns assuntos da ONG, e diferente de Ibrahim que arrumou uma desculpa qualquer, eu não pretendo faltar. A faculdade eu preferi trancar por enquanto, depois de muitas conversas com o pervertido do meu marido cheguei á conclusão que tenho feito muito mais pelas pessoas assumindo meu lugar na sociedade como esposa dele, do que conseguiria me formando em Direito. Como esposa de Ibrahim, tenho prestigio e tudo fica muito mais fácil. Triste isso, eu sei. Nunca ficou tão evidente a desigualdade das classes, basta uma conta abastada e um sobrenome de peso e as portas se abrem como um passe de mágica.
Mas com ajuda de Ibrahim, tenho aprendido como usar esse trunfo. Com um simples evento de algumas horas eu consigo algo que eu poderia demorar anos. Pretendo terminar a faculdade que comecei, mas hoje o mais importante para mim é ser presente no crescimento dos meus filhos.
Sorrio somente ao lembrar, deles. Tão lindos. Sinto meu peito apertar ao lembrar que só pude amamentar até alguns dias atrás. Sempre intercalando com mamadeiras, apesar de pequenos, são dois leõezinhos famintos.
Respiro fundo escolhendo a roupa que usarei. Hoje minhas roupas exalam riqueza e poder. Não me sinto confortável, mas como diz Ibrahim: "os fins justificam os meios"
Quando me viro o vejo me encarando. Está encostado na parede me olhando como um verdadeiro predador que é.
— Eu não tenho mais tempo Ibrahim. — falo já tirando minha camisola.
— Tem certeza? — vejo pelo espelho que ele dá um passo na minha direção.
— Absoluta! — tento não rir da cara de decepção que estampa seu lindo rostinho. O que meu marido tem de lindo, tem de pervertido e dramático. Ele pega um óculos em uma das prateleiras e o coloca, me olhando.
Paro por um minuto observando a forma como ele passa a mão entre os cabelos, deixando-os em um bagunçado sexy. Desço meus olhos por seu corpo. Ele é todo sexy. Olho para espelho vendo meu corpo, que ainda tem os sinais de gravidez uma gravidez de gêmeos. Eu não me importo muito com isso, e pelo que Ibrahim fala, também não. Segundo suas palavras, eu estou mais gostosa.
Parando atrás de mim, me encara pelo espelho, seus olhos descendo até a cicatriz da cirurgia do parto. Sua mão vai até o local e seus dedos alisam a linha com carinho. Minha respiração já está entrecortada.
— Acho que chegou o momento de tratarmos de negócios. — o encaro pelo espelho.
— Que negócios?
— Nossos negócios. — ele diz beijando meu ombro e piscando. — Tudo isso começou com um acordo entre nós. — ele dá de ombros. Eu começo a rir.
— Você não está falando sério? — falo sem conseguir segurar o riso.
— Temos que mudar alguns termos do nosso acordo. — sua mão se infiltra dentro do fino tecido da minha calcinha.
— Ibrahim nos acabamos de... — fechos meus olhos sentindo o que seus dedos fazem. — Ah... — gemo.
— Pode ter certeza que tenho bons argumentos. — ele cochicha em meu ouvido. — Na verdade, os meus argumentos são fodásticos! — Rimos os dois. Me, viro de frente para ele e o abraço no pescoço, já esquecendo o que eu tinha que fazer.
— Então me mostre quão bons são seus argumentos. — o desafio.
— É pra já!
— Oi dona Ziza, como a senhora vai? — olho para a mulher que vende legumes e escolho os que vou usar para fazer o jantar maravilhoso para meu querido marido.
Ah sim, meu querido e perfeito marido. Suspiro ao pensar em Jamal comendo o jantar preparado por mim com tanto carinho.
— Olá, como está sua irmã. Ela não tem vindo muito aqui. — sorrio de volta enquanto escolho os tomates.
— Ela está bem, está estudando muito, as escolas aqui são bem mais puxadas que as da Espanha na verdade, e isso toma muito seu tempo. — ela sorri de forma cordial concordando. — Também vou levar aquelas peras, aprendi a fazer um doce de peras que Jamal ama.
— Uma boa mulher sempre está disposta a fazer o melhor para seu marido. — concordo com a simpática senhora.
Chegando em casa, levo as frutas e legumes para a cozinha e começo a preparar o jantar. Olho no relógio e vejo que Mel já deve estar chegando, então coloco os pães que ela tanto gosta no forno assim quando ela chegar eles estarão quentinhos.
Sorrio limpando minhas mãos no pano, e volto a pia para fazer o doce que Jamal tanta ama. Enquanto pico as frutas, refaço meu dia na minha mente.
Levantei cedo, fiz o café para ele antes de sair, mandei Mel para a escola, tirei as roupas de cama e coloquei para lavar. Limpei a casa, e sai para comprar o que preciso para agradar meu marido quando ele chegar.
Suspiro.
Minha vida é perfeita!
Bel?
Bel?
Bel?
Beeeeeeeel?
Com um susto eu me levanto as pressas, sentindo meu coração batendo forte no meu peito olho em volta.
Era um sonho?
Não era um pesadelo.
— Olha essa bagunça Melissa. — falo olhando a sala. Minha irmã faz uma careta.
— Eu ia arrumar, mas aí... — eu a abraço.
— Obrigado Deus! — aperto mais minha irmã contra mim.
— Você está me esmagando. — ela se afasta, arrumando o cabelo. — Você está agradecendo pela bagunça? — ela sem entender nada, olha em volta.
— Esqueça. — faço sinal com a mão alisando meus cabelos. — O que você queria mesmo? — ela levanta uma das sobrancelhas de forma inquisitiva. Eu busco na memória o que tinha que fazer.
— Temos que ir na loja, esqueceu? — penso na loja. Ah claro, a loja lembro do que tenho que fazer.
— Claro que não esquecei. — começo a ir em direção ao armário onde eu guardo a bolsa. — Você tem que entregar seus novos desenhos a designer para avaliação. — pego a bolsa, e paro por um momento olhando no relógio. — O que tomamos no café?
Melissa me encara como se eu fosse louca.
— Ooo... de sempre? — responde me fazendo uma pergunta meio desconfiada. — O que a Eda faz, e hoje foram pães de semolina. — ela continua me olhando estranho. — Você está bem?
— Não fui eu que fiz o café? — pergunto só querendo tirar a dúvida. Ela ri.
— Você cozinhando? — pergunta agora gargalhando e para de repente. — Não queremos morrer de fome. — ela balança a cabeça como se fosse algo ridículo a ser pensado. — Você está estranha hoje. — então ela sai indo para fora de casa. — Te espero no carro.
— Eda. — repito o nome da prima de Jamal que trabalha para nós. Ela não é empregada, somente ajuda em algumas tarefas, como a comida e a Mel em algumas coisas sobre escola. Respiro fundo também me dirigindo a garagem. — Claro que seria ela, eu não sei cozinhar.
— Vê se consegue chegar sem causar nenhum acidente dessa vez. — Melissa comenta colocando os óculos escuros e sorrindo de forma irônica.
— Eu não tive culpa. — me defendo.
— Claro a culpa foi do engenheiro que colocou o volante no lado errado, não é? — reviro meus olhos para o que falei no dia que quase causei um acidente.
Eu havia me confundindo com a direção já que o carro em questão no dia, a direção ficava na direita, e isso foi meio confuso. Mas agora Jamal havia trocado para um carro normal. O volante ficava na esquerda, ele só fez piada dizendo que jamais deveria dirigir na Inglaterra.
Reviro meus olhos.
Ligo o som do carro assim que saio da garagem, e respiro fundo sentindo-me renovada, ao me dar conta que tudo foi um pesadelo. Imagine eu uma dona de casa exemplar. Conseguiu imaginar isso?
Se, não conseguiu, somos duas, porque eu também não me vejo assim.
Alguns minutos depois chegamos a loja que eu e Ayla abrimos em sociedade. Não é nada grande, mas é uma loja de respeito. Uma verdadeira boutique de luxo para as mulheres árabes.
Claro que com meu toque também. Hoje temos uma pequena, ou quase nula porcentagem de mulheres que ousam fazer uma extravagância no uso de roupas, como mesclar cores, e algumas outras coisas. Tudo ainda é muito fechado, e não queremos revolucionar nada. Ok aqui são palavras de Ayla, as minhas seriam um pouco diferente. Mas ta valendo.
O pequeno, mas não insignificante detalhe dessa sociedade, é que ela é formada de três, sócias. Eu, Ayla e Melissa. Como minha irmã entrou nesse rolo? Bom ela desenha muito bem, isso é incontestável. Mas para entrar na sociedade era necessário grana, e não tínhamos o suficiente para a parte dela, ou melhor eu não tinah. E incrivelmente apareceu uma alma bondosa fazendo o favor de saldar a parte da sociedade que cabia a minha irmãzinha.
Você está pensando, ainda existem pessoas boas nesse nosso mundão. É possa ser que sim, mas não foi o caso, aqui é que existe um ser desprezível que faz de tudo para me infernizar e que se atende pelo nome de Mustafá.
Sim, foi o próprio ser.
Ele investiu na parte que cabia a Melissa, dando a ela como presente de aniversário. Gesto lindo o dele não é mesmo?
Hã. Vai sonhando. Como ela é menor de idade, até ela ser de maior ele fica com sendo o tutor legal. Não criei muito caso, porque Almir me convenceu que não era um mal negocio. Disse que se tinha algo que Mustafá sabia fazer era multiplicar o pequeno valor investido, e que daqui a algum tempo isso não o prenderia mais ao negócio.
Pequeno valor investido.
Rio. Uma peque na fortuna para mim, e um pequeno valor para eles, esse mundo realmente há de tudo. O bom disso tudo era que por mais que eu trabalhasse, eu tinha meus horários flexíveis. Não me prendia a mandos e desmandos de outras pessoas e o clima era completamente diferente. Só contava os dias de Melissa completar maioridade, mas isso não contava.
Eu amava o que fazia.
Me, sentia feliz. Livre, e dona do meu próprio nariz. Mesmo que entre quatro paredes, eu tinha um homem, mandão e rabugento. Que também amava. Sim, eu amava loucamente aquele ogro controlador das arábias. E amava muito mais tirar ele do sério. Deixo escapar uma risada.
— Pare de pensar em perversão com Jamal. — ouço a voz de Melissa ao meu lado. — Eca!
— Tá louca? Porque acha que estou pensando nele? — pergunto parando o carro na garagem da loja. — Estou rindo, posso estar pensando em qualquer coisa. — falo a encarando.
— Você não costuma gemer quando pensa em qualquer outra coisa. — ela fala e eu fico de boca aberta sem ter o que falar. — Ai tigrão, ai tigrão ai ai ...
— Melissa! — a repreendo, e ela sai do carro rindo e corre em direção ao elevador.
— Nos vemos lá em cima. — ela dá tchauzinho e sorri quando as portas do elevador de fecham.
— Eu não era assim. Me, recuso a pensar que eu era assim. — falo comigo mesma enquanto saio e travo o carro. Nesse momento um carro muito conhecido para na vaga ao lado e sei que minha sócia chegou.
Abro aquele sorriso malicioso.
Relaxem isso não é para minha linda e glamurosa sócia, e sim para o meu marido que com certeza está junto. A porta é aberta e o objeto dos meus mais pervertidos desejos sai em toda sua pompa.
Puta que pariu!
Como ele é gostoso, e todinho meu. Ele sorri de forma discreta, talvez pela forma que o encaro. Encosto no meu carro e espero ele abrir a porta para Ayla. A babá de Emir desce e segue logo com ele para elevador. Ayla desce falando ao telefone e acena para mim, mandando beijinhos.
Retribuo o gesto.
Então ela segue para o elevador onde a babá mantém a porta aberta. Desvio meus olhos de minha amiga e volto a olhar para meu marido, que me observa com curiosidade. Tem exatos dois dias que nem sequer o vejo direito. Ele estava viajando e quando chegou eu estava literalmente dopada, para não dizer embriagada. Tomei uma garrafa de vinho sozinha.
Ele vem lentamente em minha direção. Mordo o lábio inferior, já sentindo o calor subindo do meio das minhas coxas em direção a miha garganta. Ele para a minha frente. Nos encaramos.
— Bom dia, dormiu bem? — pergunta tirando uma mexa de cabelo e o coloca atrás da orelha.
— Sim. — curto o seu carinho em meu queixo. — Diz que vai dormir em casa hoje e de preferência em horário que eu esteja acordada? — ele ri do que falo.
— Vou. — responde. — Vou trabalhar até mais tarde. — ele completa e eu seguro em sua roupa pelo pescoço e o trago para perto de mim. — E, você também esqueceu? — franzo a testa.
— Esqueci do que?
— Hoje é o jantar na casa de alsyd. — então lembro. — Você não vai estar trabalhando, mas estará acordada quando eu chegar. — ele pisca.
— Vou fazer melhor, irei com você. Me, arrumo lá. — ele concorda. — Assim posso ficar se roupas na sua frente. — minha vez de piscar. Ele ri.
— Izabel. — ele pronuncia meu nome, e olha em volta. Conferindo se temos platéia.
Quando volta a me encarar, sua boca vem sobre a minha. Então me beija. Como estava com saudades de sentir suas mãos, boca e todo o resto em mim. Acabo gemendo, quando sua mão segura meus cabelos, e a outra minha cintura. Não penso duas vezes, ao passar a mão procurando a maçaneta do carro, e sem tirar minha boca da dela, abro a porta traseira.
Ele se afasta.
— Nem ouse se afastar. — falo o puxando pela roupa. — Ou você pensa que vai comer doce de pêra assim, de graça? — ele me olha sem entender nada.
— Que? — sento no banco e o encaro.
— Você não gosta de doce de pêra? — pergunto.
— Que doce Izabel?
— Não se faça de desentendido. — o puxo com tudo para dentro do carro. — Tenho algo bem docinho para você bem aqui.
Meia hora depois entro na minha sala nos fundos da loja. Todos me encaram.
— Bom diaaaa! — exagero um pouco, mas fazer o que não é mesmo? Estou feliz.
— Não ouse chegar perto de mim, sem antes lavar essas mãos. — Melissa mais uma vez me cutuca com suas indiretas diretas.
— Blá blá blá, blá
Sigo para o banheiro para fazer minha higiene, e depois disso sigo minha vida perfeita. Com a ajuda da minha amiga decidimos sobre algumas peças para a nova coleção, que serão expostas num desfile fechado para algumas pessoas, e aberto ao publico online. Sim tínhamos uma grande demanda de vendas pela internet. E tudo isso dava muito trabalho.
— Tínhamos que ter alguma marca de perfume personalizado. — ouço Ayla comentar em sua mesa. Ela conversa com sua assistente. Penso em algo.
— Acho que tenho alguém que poderia fazer isso. — falo e ela me olha.
— Só falta esse item para fecharmos os kits da parte de cosméticos.
Faço uma anotação mental para falar com ela o quanto antes.
[***]
— Esses jantares são um saco. — ouço Melissa reclamar ao meu lado.
— Não reclama, até seu insuportável amigo veio. — aponto com o queixo quando vejo Mustafá entrar na sala. Ela sorri, mas me olha com uma cara estranha.
— Ele ta meio puto com a história do perfil no app de relacionamento. — ela comenta tomando mais do seu suco.
— Eu falei para você. — falo sem muito interesse.
— Mas ele ficou puto pela foto que você colocou. — ela bate a mão na testa. Mas acaba rindo. — Ele não para de receber ligação. — agora rimos as duas.
Olho para os lados vendo as pessoas conversando e logo uma das empregadas avisa que o jantar está servido. E no momento em que estou indo para a sala de jantar vejo Almir conversar com Zayed. Nem sabia que o bonitinho, mas ordinário tinha voltado. Nesse momento sinto meu telefone tocar.
Atendo no mesmo momento ao ver que se trata de Jasmim. Desde que ela foi morar na casa de Zayn, tivemos pouco contato.
— Oi minha flor preferida, tinha mesmo que te ligar. Preciso falar com você sobre uma coisa. — ela responde meio aflita. — Você está bem? O que aconteceu? — fico ouvindo o que ela diz. — Não acredito que esse cachorro filho de uma égua, fez isso com você. — ela fica mais aflita. — Calma, respira. — nem eu acredito que estou aconselhando ela ficar calma. — Claro que vou te ajudar, não existe pessoa melhor para quem você pudesse ter falado. — já penso no que fazer. — Relaxa, tenha uma ótima noite de sono, porque amanhã quem não dorme é ele. — rio já sentindo o veneno escorrer pelo canto da boca. — Amanhã eu chego aí.
Desligo depois de conversar com ela e acalmá-la, volto a olhar para todos que estão já sentados em seus lugares e reparo que Almir chama a atenção para ele ficando de pé. Sento na cadeira que está reservada para mim, e agradeço por não ser ao lado do cachorrão.
— Tenho algo a revelar a todos vocês, e quero que saibam que tenho muito prazer em dizer o que vou dizer.
Me, sirvo de um pouco de suco. Hoje não vou beber. Quero estar sã, para quando chegar em casa possa pegar meu tigrão de jeito. E perdida em meio aos meus pensamentos, não ouvi quase nada do que Almir falou antes de revelar o que queria.
— Zayed é nosso irmão. — cuspo o suco que havia bebido, mas não tinha engolido.
— Que?
Pergunto em voz alta o que com certeza todas essas caras de espanto que circulam a mesa estão querendo pronunciar, mas estão paralisadas. O único que ri é Ibrahim que inclusive se levanta ficando ao lado do tal novo irmão, mas logo sai para segurar sua mãe que desmaia.
— Mãe.
— Meu Deus, o Senhor é testemunha que eu tento ficar longe do álcool, mas em meio a essa família é difícil. — falo mais para mim mesma do que par quem está ao meu lado. - Me traga algo mais forte por favor. - peço a uma das moças que estão servindo a mesa.
MELISSA
Sentada na sala com meu caderninho em mãos observo cada uma das pessoas. Estão todas distraídas, em meio a conversas. Depois de passado o momento revelação, tudo se acalmou e até a tia Malika, abraçou o tio Zayed o enchendo de beijos. Como ela gosta de abraçar as pessoas. Eu gosto dele, desde que ele esteve na Espanha com Jamal e me tiraram de lá.
Saber que ele é irmão do tio Almir não muda nada para mim, acho que tirando tio Zayed não muda nada para ninguém. Não entendi porque tia Malika desmaiou com a notícia. Mas ela ficou bem abalada, isso todo mundo percebeu. Agora ela está sentada em um lado do sofá, encarando o novo herdeiro. Ele por sua vez, não parece surpreso com a revelação e sim incomodado com atenção. Vai entender.
Pessoas são estranhas.
— Eu não entendo as pessoas. — comento voltando a focar em meu desenho.
— Pessoas são complicadas. — olho para Mustafá que está sentado ao meu lado enquanto brinca com eu terço árabe entre os dedos.
— E o que você sabe sobre isso?
— Eu conheço as pessoas. — ele diz sem dar muita importância.
— Você não conhece as pessoas, você mata as pessoas isso é diferente. — falo voltando a focar em meu desenho.
— Se chego a esse ponto, é porque conheci seu pior. — eu volto a encará-lo e ele pisca para mim.
— É, faz sentido. — volto a desenhar.
— Eu sempre tenho razão. — reviro os olhos. — O que você tanto desenha aí? — ele olha e eu continuo a fazer a silhueta de alguém que conheço. Bom ele também a conhece, só não sabe disso. — Quem é ela?
— Ninguém importante. — minto.
Prometi a tio Almir e ao amigo dele que todo mundo chama de cegueta que não revelaria a identidade dela. E sigo firme na promessa, até porque eu quero tirar foto do dia em que Mustafá se der conta de que ela, é ela. Isso será no mínimo interessante.
Malvada eu?
Com certeza.
Aguarde e verão, ou melhor, lerão.
Beijos, até o próximo livro...
FIM!
[***]
PARA QUEM NÃO SABE O PRÓXIMO LIVRO SE CHAMA: MEU CONTO DE FADAS QUASE PERFEITO E JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NO MEU PERFIL.
SEGUE A CAPA... TE ESPERO LÁ.
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