CAPÍTULO VINTE OITO
Bom dia!!!!!
💘
Eu permaneço em silêncio ao seu lado, analisando cada detalhe de tudo que ela tem falado, fazendo anotações mentais de pontos que não batem nessa história. Mas a dor que sinto em sua voz ao relatar o que aconteceu me faz deixar isso de lado no momento. Izabel tem um passado pior do que eu poderia se quer ter imaginado, e percebo como ter que tocar nesse assunto a machuca. Ela se afasta o suficiente para olhar em meus olhos.
— Você está muito quieto, depois de ouvir o que falei. Não muda comigo, por favor.
Tão ingênua, e a dor que sente pela rejeição que sofreu a impede de ver o que está a sua frente. Ela não está mais sozinha. Não no que depender de mim.
— Nunca. Não por isso. Você tem minha palavra.
Volto a abraçá-la, e ficamos em silêncio por mais um tempo até que eu percebo que ela compreendeu o que falei.
— Não por isso. Então quer dizer que você pode mudar por outro motivo?
— Fui sincero quando disse que tenho medo de suas ações futuras Izabel. Seu passado não tem o poder de mudar nada, mas você sim.
— Não quero fazer nada de errado, nada que venha afastar você de mim.
— Como te falei, não tem que ser por mim e sim por você, porque você merece o que tem de melhor, todos merecemos Izabel, mas pra isso temos que ter objetivos e fazer o que for necessário para que eles se cumpram. — ela me abraça forte, e eu faço o mesmo lhe dando segurança.
Volto a pensar em seu passado, e essa é uma merda de situação que não tem como ser desfeita. Mas tem muitas coisas nessa história que não entendo, mas tirarei minhas duvidas em outro momento. Izabel levanta o rosto e me olha intensamente, fazendo com que duvidas surjam em minha mente, ao notar sua carência afetiva.
Realmente sou o que ela precisa de um homem?
Ela é muito insegura, e toda essa sua insegurança a deixa vulnerável, e nem sempre vou estar ao seu lado. Sua vulnerabilidade se torna meu ponto fraco, e isso não é bom.
O que devo fazer?
— Me beija daquele jeito que como no Oasis. — não é sua voz sedosa, nem maneira como suas mãos deslizam por meu pescoço, que me impulsionam a fazer o que ela me pede. E sim minha vontade.
Então a beijo.
Porque eu quero.
Foi apenas por um segundo, que contemplei seu lindo rosto, com seus olhos ainda vermelhos destacando a intensidade da cor azul. Foi apenas um segundo, antes de meus lábios tomarem posse dos seus. Tem algo diferente agora, naquele momento no Oasis, eu a quis punir por sua ousadia, de ter me beijado em um local publico, mesmo depois do que havia dito a ela. E algo me diz que ela gosta disso pelo mesmo motivo. Se sentir punida, mas punida pelo que? E se isso for verdade, se minha intuição estiver certa, tudo isso está muito errado.
Mas agora, depois da maneira como ela desmoronou ao contar partes do seu passado, só tenho vontade de abraçá-la. Beijá-la carinhosamente. Mostrar a ela que ninguém mais irá se aproveitar dela.
Em momentos assim quando estou a sós com ela, posso me deixar levar pela corrente de emoções que essa mulher me faz sentir. Sinto-me à deriva, navegando por águas estranhas, indo de encontro ao desconhecido, mas que no final o resultado é ela. Somente por esses momentos eu me permito, sentir tudo isso sem medo.
O gosto de seus lábios poderia ser comparado ao mais doce mel.
— Quando vai acabar essa sua nova regra de ficar sem sexo? — me pergunta com a voz carregada de desejo, afastando-se o mínimo e encostando sua testa na minha. Fico frustrado por já me privar dos seus lábios.
— Não sei. — acabo rindo com seu revirar de olhos. — Não está bom assim, como estamos? — pergunto a abraçando.
— Sim. — ela responde com seu sorrisinho safado. — Mas poderia estar bem melhor. — ela aproxima sua boca de meu ouvido. — Sabe como? — pergunta mordendo minha orelha. Fecho meus olhos, respirando fundo controlando meu desejo. — Com você entrando e saindo de dentro de mim, me fazendo gemer daquele jeito enlouquecido que só... — tapo sua boca para que não termine a frase.
— Não termine de pronunciar essa frase. — digo a puxando sua mão da minha barriga.
— Você não gosta de ouvir sacanagens? — me pergunta com um olhar cheio de desejos.
— Não gosto da parte "só você me faz sentir assim" ou "só você sabe fazer isso" — ela me encara e posso ver que não compreendeu meu comentário. — Sei que você teve uma vida antes de agora Izabel, não estou te julgando ou jogando nada na sua cara, mas não gosto de lembrar, disso. — faço um carinho em seu rosto. — Nós dois estamos aprendendo a lidar com situações e sentimentos inesperados.
— Você cresceu esperando uma mulher pura, que não tivesse sido tocada por outro homem. — seu sorriso é fraco. — E eu não sou essa pessoa. — ela abaixa a cabeça e tenta se afastar, mas eu não deixo.
— Na verdade eu nunca esperei nada. — falo sendo sincero. — Nunca pensei em me casar. Meu trabalho é complicado, isso não estava em meus planos.
— Temos algo em comum então. — ela diz virando e encostando as costas em meu peito. — Porque isso também é algo que nunca esteve em meus planos. Igual a filhos, não quero ter filhos. Sinto que não nasci pra isso.
Ficamos em silêncio, olhando o horizonte, e admirando o lindo pôr do sol. O clima não ficou pesado, apesar da conversa ter terminado de um jeito estranho. Izabel tem uma fragilidade que nem todos conseguem enxergar, mas sua força a acompanha da mesma maneira.
— Posso te perguntar uma coisa? — fala depois de um tempo.
— Só se eu puder te perguntar algo também. — ela vira e me olha de cara feia. Dou de ombros.
— Você acha que sua família me trataria tão bem, se soubessem que a culpa da fuga da Jasmim é minha? — ela volta a encostar meu peito.
— A culpa não é sua Izabel. — ela vira-se devagar para me encarar com um olhar duvidoso e testa franzida.
— Você foi o primeiro a me acusar. — diz ressentida.
— Eu estava de cabeça quente Izabel, você tem participação no que aconteceu sim, mas seja lá o que aconteceu naquela noite, naquele quarto. — olho dentro de seus olhos para que sinta que o que eu falo é a verdade. — Foi uma escolha dela, e ninguém tem culpa nisso, além dela mesma.
— Ela o ama, ou amava, vai saber por ter fugido vai saber o que aconteceu de fato, estranho é ele não lembrar de nada.
— Talvez lembre e não queira falar. — começo a ficar irritado com o assunto. — Não vamos falar disso, e sobre minha família, bom eles não tem nada haver com isso. Sabem o que tem que saber e pronto.
— Você me surpreende cada vez mais. — sorrio e beijo sua cabeça.
— Minha vez. — digo vendo seu sorriso. — Qual foi o motivo de você e sua mãe não se darem bem? — seu sorriso some.
— Que diferença vai fazer? Brigávamos todos os dias, por qualquer besteira. — ela tenta se levantar, mas a seguro em meu colo.
— Pra você nenhuma, mas eu talvez possa entender algumas coisas que não compreendi. — ela desiste de tentar levantar e solta uma respiração pesada.
— Como te falei brigávamos todos os dias, por tudo. Comida que eu não fazia, mas eu fazia. Louça que não ficava limpa, mas eu lavava direito, mas nada do que eu fazia estava bom. — ela fala apressada. — Estou ficando com frio. — ela tenta se levantar e dessa vez não a impeço, e me levanto também. — Eu realmente não sei, só sei que James está cuidando de tudo.
— James está cuidando de tudo? — questiono. E por que ele sabe de tudo?
— Sim, Mustafá quando usou disso para me atingir já havia falado para Almir que falou para James, que está cuidando de tudo, e final da história. — sua irritabilidade é visível e eu também não consigo esconder a minha.
— Vamos, está ficando tarde, amanhã viajamos cedo. — a levo para o carro e não tocamos mais no assunto.
Eu sei que fiz alguma coisa de errado, como sempre faço. Desde que ontem a noite quando voltamos do nosso passeio, ele está quieto além do normal. Eu estava tão cansada do dia de passeio que mal comi alguma coisa e cai na cama, acordando somente hoje.
Ele estava normal, conversando e sorrindo para sua tia, e seus primos quando saímos de lá, mas aqui no carro o silêncio impera. E isso já está me incomodando. Me, remexo no banco, já pela décima vez.
— Tem alguma coisa te incomodando? — pergunta deixando claro que está prestando atenção em mim, mesmo sem estar olhando para mim.
— Sim, você. — o que eu falo faz com que ele me olhe rapidamente e volta sua atenção para a estrada.
— Eu?
— Na verdade seu silêncio. Acho que não sei lidar muito bem com seu silêncio. — ele movimenta a cabeça pensando no que falei. Ponderando a situação.
— Também não sei lidar direito com o fato de ter outras pessoas próximas a nós saberem coisas da sua vida que eu não sei. — consigo sentir o peso de suas palavras. Ele ficou chateado. — Então acredito que meu silêncio, seja o melhor no momento.
— Mas qual foi o problema afinal? James disse que está cuidando de tudo. — ele bate a mão no volante e para o carro no meio da estrada. Olho para os lados e não tem outra coisa além de areia e mais areia. Ele vira-se para mim.
— Você não acha estranho ter outra pessoa cuidando de algo a seu respeito que eu deveria estar fazendo? Afinal na cama de quem você está? — reviro meus olhos.
— Bom se formos olhar para o atual momento nem na sua com essa greve de sexo. — mordo a língua assim que termino de falar. Merda! Falei em voz alta? Ele fecha os olhos e tenho a certeza que falei cada palavra. — Ok! Essa foi péssima, mas você também não ajuda, que merda você tem sempre que colocar a questão como "na cama" sempre destacando essa questão. Acho isso muito baixo da sua parte.
— Essa é a questão, pra você isso não é nada demais, mas pra mim é. — ele olha frente como se pensasse. — Não falei no intuito de te ofender, desculpa. — ele esfrega os olhos. — Não gostei de saber que James, sabe mais sobre você do que eu.
Ele está com ciúmes?
Aí que fofo.
— Você está com ciúmes? — pergunto fazendo ele me encarar.
— Não.
— Você está mentindo. — ele nega. — Está sim. Admita. — ele nega novamente.
Olho para chave do carro, que parece balançar me chamando. Eu poderia pegar a chave e fazê-lo admitir o que está sentido no momento. Escuto uma voz repetir algumas coisas na minha mente.
Não faz isso Izabel.
Ele vai ficar puto.
Gosto dele puto.
Ignorando a voz eu pego a chave num movimento agiu e abro a porta rapidamente, saindo do carro. Sei que se a chave estiver perto ele liga o carro assim mesmo pelo sensor, então tenho que ficar longe.
— Aonde você vai? — ele me pergunta assim que desço do carro. — Izabel!
— Esperar você admitir o que está sentindo. — olho para ele rindo. — Que está com ciúmes do James. — fecho a porta deixando um Jamal de boca aberta.
Cacete como está quente fora do carro. Não demora, para que eu escute a porta bater. Dou risada ao pensar que ele deve estar bravo.
— Entra no carro e para com isso, Izabel. — ordena. Eu começo a andar em direção contraria ao qual ele vem. — Izabel!
— Você está com ciúmes do James? — ele nega, e continuamos dando voltas no carro.
— Para com isso, vamos sair desse calor. — tenho que concordar com ele que o calor é de matar. — Eu não estou com ciúmes dele.
— Então é o que? — vou para o lado esquerdo ao vê-lo vindo pelo direito.
— Eu estou com raiva dele e de você! — ele fala abrindo os braços. — Pronto, era isso que você queria saber? É isso o que eu estou sentindo nesse exato momento. Raiva.
— Raiva de mim? — paro e o encaro. — Por que está com raiva de mim? — o fato de suas palavras me surpreenderem eu não abaixo a cabeça. Ele balança a cabeça como se não acreditasse no que eu falo.
— Você não entendeu nada durante esses dois dias, tentei mostrar a você como a confiança é algo essencial para mim. Te, respondi tudo o que você me perguntou, e quando eu pergunto você foge do assunto. O que é isso, excesso de confiança?
— Eu não contei nada para ele, o que James sabe ele descobriu sozinho. Eu não fico falando da minha vida pra ninguém.
— Ah, pode acreditar eu sei bem disso. — diz se aproximando.
— Você disse que eu falaria se quisesse, agora fica me cobrando. — jogo a chave em sua direção. — Pega essa merda de chave. — a chave passa longe dele, que não faz nenhuma questão de ir pegar, ele continua me encarando.
— Você quer ouvir que eu estava com ciúmes de você? — me pergunta em voz baixa me analisando. — Porque isso é tão importante para você? — eu odeio quando ele começa me analisar assim.
— Vai a merda tigrão! — lhe dou as costas e começo a andar, mas suas mãos me seguram me colocando encostada no carro. — Me, solta.
— Izabel. — ele fala segurando o riso.
— Você é um babaca!
— Como você consegue não enxergar o que está na sua frente? — fecho meus olhos me sentindo estranha. Querendo sair do seu aperto, sinto-me sufocada.— Você quer que eu diga que estou com ciúmes de você, pra se sentir importante para mim? — mesmo de olhos fechados eu consigo perceber que há diversão em sua voz. — Ah minha menina como você é ingênua.
— Me solta, Jamal. E, eu não sou uma menina!
— Jamal. O que aconteceu com o seu tigrão? — começo a socar seu peito de raiva.
— Se tornou um babaca idiota. — ele segura minhas mãos, me prendendo com seu corpo.
— Um babaca idiota que é capaz de matar por você, e você preocupada em que eu admita que estou sentindo ciúmes. É isso? — paro de me debater e o encaro. — Porque você é tão confusa ás vezes? — viro meu rosto desviando do seu olhar. — O que você tem medo que eu descubra? Porque eu vou atrás de respostas Izabel, eu vou ter elas de uma maneira ou de outra. Mas eu queria que você confiasse em mim ao ponto de se abrir comigo. — ele me larga se afastando. — Queria me sentir mais do que apenas tenho sido. Porque a impressão que tenho é que só sirvo para fazer sexo e mais nada. — fico magoada com o que ele fala. Ele não é só isso.
O que eu faço?
Onde estão aquelas vozes que sempre escuto, dizendo o que tenho que fazer?
Ele se afasta me dando as costas.
Que merda.
— Ela não acreditou em mim. — falo o fazendo parar. — Ninguém nunca acreditou na verdade. — eu começo a tremer e ele vira-se de frente para mim.
— Eu acredito em você. — ele volta a se aproximar. — Sempre vou acreditar em você Izabel. Mas pra isso eu tenho que confiar em você, e você em mim.
— Eu só estava tentando assistir um filme. — fecho meus olhos sentindo as lágrimas se acumularem deixando minha visão turva. — Minha mãe chegaria mais tarde naquele dia, não lembro por que. Eu já tinha feito minha irmã dormir. — sorrio ao lembrar. — Era por ela que eu aguentava tudo, sabia? Ela era tão linda, tão pequenininha. Indefesa. Eu gostava de cuidar dela, e ela gostava de mim. Depois que a fiz dormir, eu fui para sala queria assistir um filme. Foi quando ele chegou e sentou ao meu lado.
— O Vasco? — nego.
— Meu padrasto. — ele fecha os olhos e segura minha mão me puxando para um abraço. — Eu conseguia sentir o cheiro fétido da bebida de longe. Fui me levantar por que eu não gostava dele. Então ele segurou minha mão e puxou com tudo, cai bati a cabeça em algum lugar, mesmo sentindo a dor eu tentava me soltar, eu chutava, batia nele, quando ele veio por cima de mim, tentando me beijar a porta da sala foi aberta e minha mãe entrou. Eu senti um alívio tão grande que você não tem ideia, eu achei que nunca fosse gostar de vê-la chegando em casa, como naquele dia.
Acabo rindo em lembrar como fui uma idiota.
— De inicio ele saiu de cima de mim se arrastando até o sofá, como se não tivesse tentando fazer nada demais. Eu me levantei e fui falar com ela sobre o que aconteceu. Quando cheguei perto nem havia conseguido falar nada, quando senti o, tapa. Ela me bateu. Me, deu um tapa tão forte, que eu quase cai de novo, não sei se pelo força, ou se meu estado de choque ao ver o que ela estava fazendo. Mas que pela primeira vez eu não senti nada. Não doeu, não mais que minha decepção.
— O que você fez?
— O de sempre, fui para meu quarto e fiquei lá, escutando eles discutirem. Eu me senti um lixo de pessoa. Ainda me sinto assim por isso não gosto de lembrar. — respiro fundo, ele massageia meus braços. — Só saí do quarto, horas depois porque minha irmã estava com fome, e eu fui pegar alguma coisa para ela comer. Lembro de ter ido até a cozinha ter pego uma maçã, uma faca, ela não gostava da casca. Quando minha mãe entrou na cozinha me xingando de vadia, vagabunda dizendo que eu era culpada por ficar me oferecendo, que ela não podia esperar outra coisa de mim, eu...
Olho para ele.
— É verdade quando digo que não lembro demais nada depois disso. É como se esse pedaço da minha vida tivesse sido apagado.
— E depois vem aquilo que você me contou. — concordo.
— Eu estava com a faca em minhas mãos, ela estava suja de sangue. Minha mãe gritava assustada, minha irmã chorava pedindo para eu parar. — dou de ombros. — Eu corri para meu quarto me lavei, e tentei entender o que tinha acontecido, eu tremia dos pés a cabeça. Quando sai do quarto, ela me colocou para fora de casa. Essa parte eu já te falei. Saí para nunca mais voltar.
— Quanto tempo depois você esteve na delegacia?
— Nunca fui a uma delegacia por esse motivo. Estive por outros, que não me orgulho, mas sentir fome não é bom. Troquei a minha primeira vez por um prato de comida, então me desculpa se não consigo fazer essa ligação mágica com o sexo, porque pra mim isso sempre foi uma questão de sobrevivência e necessidade. — consigo me afastar dele.
— Bel.
— Não vem com Izabel não faz... — paro de andar e o encaro quando compreendo a maneira com que ele se referiu a mim. — Você me chamou de Bel?
— É fácil de tirar seu foco. — reviro meus olhos. — Pra onde você vai? — ele me pergunta com um leve sorriso. — Vem cá. — ele abre os braços. Eu viro o rosto não querendo ver que ele está com pena de mim. Eu odeio isso. Não quero que as pessoas sintam pena de mim. Mesmo assim seus braços me envolvem. — Me, solta.
— Não! — ele me abraça. — Eu não estou sentindo pena de você, então não tem que ficar com raiva nem fugir. — eu paro de tentar me soltar ao ouvir o que ele fala. Ele aproveita para me encostar, no carro de novo.
— Mas está com raiva. — ele faz um bico ao torcer a boca.
— Você não teve culpa de nada, não tem que usar isso como uma forma de punição. Pode ter sido uma forma de sobrevivência para você, mas não é mais, entendeu? — me recuso a olhar para ele. — Agora pode ser mágico sim, quando você entender que eu estou com você, porque quero você, e não é pelo sexo. Entende agora o porque da minha necessidade em tirar o sexo da nossa relação?
Nego com a cabeça.
— Você precisa entender que os valores mudarem Izabel.
— Eu gosto de sexo.
— E eu gosto de você.
— Mas você ficou comigo pelo sexo. — falo cruzando os braços.
— Fiquei com você porque você tirou minha paz e meu juízo, e eu quis muito isso já te disse. Por você passei por cima dos costumes e tradições da minha cultura e da minha família, pode não ser muito para você, mas te garanto que pra mim é muito. E nunca foi somente pelo sexo Izabel e é isso que eu quero que você enxergue. — ele me abraça, ficamos em silêncio por alguns minutos.
— Você se arrepende?
— Do que?
— De ter passado por cima de tudo isso, por minha causa? — ele se afasta para poder me olhar.
— Não! — sorrio.
— Você não sabe mentir. — falo empurrando ele para que se afaste um pouco. — Está estampado na sua cara que você sente pena de mim. — volto a cruzar os braços. — Só não fala que sente muito por tudo que passei. Se não eu sou capaz de te dar um chute bem no meio do seu...
— Eu entendi. — ele tapa minha boca. — Eu entendo que você não gosta que as pessoas sintam pena de você, isso te machuca. Você se sente inferiorizada, mas não deveria. Nada disso é culpa sua. — suas mãos me acariciam. — Mas eu fui forjado de uma forma Izabel que não posso ser diferente, eu sinto sua dor, e me dói mais ainda saber que não posso fazer nada para mudar isso. Por que eu faria qualquer coisa se possível, pode ter certeza.
O abraço forte. Me, sentindo diferente, como se estivesse sozinha, mesmo estando com ele aqui.
— Só não me deixa. — peço.
— Não vou.
E, eu queria acreditar muito nisso.
Depois de um tempo quando entramos no carro, olho para ele.
— E a chave não vai pegar? — ele balança a cabeça rindo.
— Não precisava dela.
Ele liga o carro e saímos de lá.
🎶🎶"O beijo é bom e o abraço não deixa fugir
A história se repete no final
A gente não é normal
Longe um do outro coração pede socorro
E a boca pede o gosto da noite passada
A gente não se assume, não
Mas também não se larga, não
Num dia dá pause, no outro da play
E parece piada.
Só dando risada de nós dois"🎶🎶
Estou começando a desconfiar que Tigrão é brasileiro, não desiste nunca 😂😂😂😂
Próximo capítulo, interações entre os 4 protagonista. 💘
O que será que Ibrahim e Zara estão aprontando?? 🤔
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