CAPÍTULO TREZE
Caaaaaaaaaaaalma minha gente, cheguei...
Estou tendo uma semana complicada.
Sei que vocês estão esperando o bendito evento, mas ainda não estamos lá. Temos dois casais principais aqui, então tenham paciência.
Ando pelos corredores da faculdade sentindo meu rosto queimar a cada pessoa que eu encontro. É como se elas, soubesse que eu estava – e ainda estou - pensando. Pela primeira vez desde que casei eu estou pensando nessas bobagens. Isso parece ser tão promiscuo. Tão errado.
— Até que enfim te achei. — Layla para na minha frente. Por Allah! Como estou distraída nem havia visto ela se aproximar — Posso saber onde você estava?
— Estava lendo. — minto.
Eu realmente estava na biblioteca com um livro aberto para disfarçar e poder ficar sozinha. Mas só consegui pensar e pensar sem chegar a nenhuma conclusão. Mas nem olhando para minha amiga e vendo sua animação, eu tenho vontade de conversar com ela sobre isso. Se fosse qualquer outro assunto, não teria problema. Mas falar com ela sobre Ibrahim, me parece errado. Me sinto como se estivesse sendo desleal a ele, já que me pediu para não conversar com ninguém. Somente com ele.
— Você anda muito estranha, Zara. — começamos a andar em direção ao portão e já vejo Xafic me esperando ao lado do carro. — Segurança agora, por quê?
— Sim, depois da ultima visita que fiz na casa de Tuba, Ibrahim achou melhor é mais seguro. — ela me encara com a testa franzida. — O que foi?
— Achei que vocês não tivessem nada um com o outro. — ela fala esperando uma resposta.
— E não temos, mas ele sempre cuidou de mim dessa maneira. — e ao falar isso em voz alta, sinto um certo tremor percorrer meu corpo, ao lembrar suas palavras.
"Quero fazer de você minha esposa, e não somente no papel"
"Eu estou apaixonado por você"
— Zara? — saio dos meus devaneios ao ouvir Layla me chamando. — Eu queria mesmo saber, é você vai nesse evento amanhã? — estranho sua súbita mudança de assunto.
— Vou, por quê?
— Como por quê? Você é a pessoa mais próxima que eu tenho nesse meio. — ela fala olhando para cima. — Acho tão chique, tudo aquilo. — dou risada.
De repente ela para subitamente e segura meu braço me parando no lugar.
— Falando em coisa estranha, esqueci de te contar uma que eu vi hoje. — ela olha para os lados, como se para ter certeza que ninguém esteja escutando. — Parece que Hadija esta encrencada.
— E por quê está falando isso? — penso que Hadija está realmente estranha me atacando de todas as formas, e depois daquele surto na rua, não encontrei mais com ela.
— Eu estava saindo de casa quando um carro preto desses carões chique sabe? — concordo. — Parou na casa dela e ela saiu com eles.
— E isso é motivo de você achar que ela está encrencada? Não acho que seja isso. — volto a caminhar.
— Não, mas o fato dela ser praticamente arrastada por eles me pareceu um bom motivo de achar isso. — paro no lugar.
— Arrastada? — começo a ficar preocupada.
— Arrastada foi modo de dizer. Mas estava claro que ela não queria ir.
— E quem eram eles? — ela começa a rir.
— E você acha que eu fui perguntar? Por Allah Zara, eu não tenho essa coragem não. E outra ela anda estranha já tem um tempo, não sei o que está acontecendo. — pessoas passam ao nosso lado conversando alto. Xafic se aproxima.
— Eu tenho que ir, mas me avisa se souber de qualquer coisa, ela tem andado estranha, mas se ela está precisando de ajuda com alguma coisa, não podemos virar as costas.
— Tudo bem, e você me prometa que vai contar tudinho da festa na segunda? — acabo rindo com seu entusiasmo para a festa.
— Tudo bem! Conversamos na segunda. — me despeço dela indo em direção ao carro. — Olá, Xafic tudo bem? — ele abre a porta para que eu entre antes de me responder.
— Sim senhora.
Ele fecha a porta.
No interior do carro fico pensando que tenho que ir na casa dos meus pais, mas na verdade quero ir para casa. Então aviso a Xafic que vá direto para casa.
IBRAHIM
Recebo a mensagem de Jamal com o endereço onde ele está com a tal moça. Começo a guardar minhas coisas quando James entra em minha sala.
— Eu não preciso de uma advogada — olho para o papel que ele coloca em minha mesa e leio os nomes de três mulheres.
— Você não, mas eu sim, só quero que escolha a melhor. — sua testa franze e posso ver que pela maneira que me olha está pensando. Sem deixar de me olhar ele aponta para um dos nomes. — A contrate. - digo.
— E posso saber por quê?
— Claro que pode, ela vai cuidar dos assuntos das ONGs em que Zara presta serviço. — ele ri.
— Você sabe que não tem advogado aqui em Dubai que possa competir comigo e minha equipe. — ele puxa a cadeira sentando-se.
— Sei. Por isso você vai supervisionar o trabalho dela. — me recosto em minha cadeira e o encaro. — Porque você ligou para Zara hoje?
— Porque você havia pedido para refazer um acordo. Não lembra?
— Lembro, só não entendi o porque de ligar para ela, já que foi eu que te pedi. — lembro vagamente dela ter comentado que James havia estado em um lugar com ela. Mas isso não vem ao caso agora.
— Você está com ciúmes? — sua pergunta sai com um pouco de diversão na voz. — Ibrahim. Vamos deixar claro que só faço isso porque você me pediu. — ele levanta as mãos.
— Sim eu sei, e faz reclamando a todo, momento. Mas estou desfazendo isso agora. — levanto pegando minha pasta e ignorando sua pergunta sobre eu estar com ciúmes. — Seu contato agora é diretamente com essa advogada e não mais com minha esposa. — Começo a andar em direção a porta. — Não ligue mais para Zara. — vejo como ele me encara e acabo rindo. — O que foi?
— Nada. — ele também levanta arrumando seu terno e vem em minha direção. — Só estou espantado.
— Eu sei. — ele para diante de mim. — Todos, inclusive você me julgam por uma atitude idiota que tomei no passado, mas não cometa o erro de subestimar minha capacidade por uma única bobagem. Não são nossos erros que nos definem, James. É o que fazemos depois deles. — voltamos a andar em direção a porta. — Tenho uma coisa pra resolver, talvez não volte mais hoje, qualquer coisa me ligue.
— Certo! Mas é algo que eu vá precisar limpar depois? — penso por um momento. — Todas as vezes que o chefe de segurança de vocês está no meio sempre sobra pra mim.
— Creio que não, mas qualquer coisa você será o primeiro á saber. — Bato em seu ombro. — O fato de eu ter colocado alguns limites, não muda nada, você continua sendo o segundo aqui.
— Não nego de ser um pouco estranho, nunca levei uma chamada dessa do seu irmão. — agora é minha vez de sorrir.
— Você é nosso advogado há anos, não é? — ele concorda. — E quantas vezes nesse tempo você já conversou com a esposa dele?
— Nenhuma.
— Isso já deveria ser um bom indicativo pra você. — ele abre a boca pra responder, mas não dou tempo. — Só não misture as coisas. Sei que você fez isso por que eu te pedi, mas isso acaba aqui. — abro a porta saindo do escritório, mas lembro de algo. — Um detalhe... Se por um acaso você encontrar ou falar com a Zara "por acaso" diga a ela que eu fui educado com você.
— Ok!
— Qualquer coisa eu estarei no celular!
Saio já deixando esse assunto encerrado.
[***]
Ao chegar ao endereço mandado por Jamal, é que me dou conta de ser uma das casas que temos desde há época em que nosso pai era vivo. A propriedade está bem cuidada mas abandonada por nós. Eu mesmo nunca mais havia vindo aqui.
Visitar esse local que há anos nem sequer passava na frente, me fez reviver algumas lembranças. Imagens minhas e de Almir correndo pelos corredores me fazem rir. Mas o som de uma voz exaltada chama minha atenção assim que subo as escadas indo em direção aos quartos.
— Eu quero sair daqui!
Um pouco mais a frente, vejo Jamal conversando com outro segurança em frente a uma porta, e ao me aproximar escuto as batidas.
— Alguém me tira daqui!?
— Senhor. — ele me entrega uma chave. — Prefere ficar sozinho ou quer que eu entre também? Ela está um pouco nervosa com tudo. — pego a chave de sua mão.
— Ela disse alguma coisa?
— Achei melhor esperar o senhor. — concordo assentindo.
— Quero que e grave tudo. Não quero amanhã ser acusado de outra coisa que não fizemos. — o segurança ao lado puxa um celular do bolso. — Só não deixe que ela perceba, quero ver qual vai ser a atitude dela ao sair daqui.
Ao escutar o clique da fechadura, ouvi passos se afastando. Assim que entramos o local foi tomado por um silêncio absoluto. Eu tenho que confessar que não estava me sentindo confortável nessa situação. Intimidar alguém não era algo que constava em meu currículo. O quarto estava com a janela aberta, mas havia uma grade de adorno decorativo. A tal moça estava sentada em uma cadeira, e me olhava com medo.
— Olá Hadija. Você está mais calma? — puxo uma outra cadeira e sento a sua frente. — Será que podemos conversar?
— Você. — é a única palavra que sai de sua boca. Noto como ela está nervosa. Suas mãos tremem.
— Você me conhece? — pergunto. Ela assenti. — Então sabe que não precisa ter medo, ninguém aqui vai lhe fazer mal.
— Todos lhe conhecem. — seu tom de voz agora é mais calmo do que o que ela estava quando cheguei. Ela olha para Jamal ao meu lado — Porque eu estou aqui?
— Isso é você quem vai me dizer, Hadija. — ela estranha o que eu digo. — Porque tem insultado e atacado Zara? — ela ri. — Vocês não eram amigas?
— Então foi ela. — percebo que lágrimas se formam em seus olhos. — Não bastava se afastar, ainda tem que me fazer passar por isso.
— Não é ela que está fazendo você passar por isso. — digo. — Você está aqui por você mesma. Suas atitudes lhe trouxeram aqui. E eu quero saber por que está fazendo isso?
— Eu não devo satisfação a você e nem a ninguém. — seu tom de voz se altera. — Eu quero sair daqui!
Ela corre em direção a porta e não demora para que Jamal a coloque novamente sentada a minha frente. Se debatendo com chutes e socos ela cai da cadeira.
— Não adianta lutar. — ele fala com ela.
— Eu odeio você. — ela começa a chorar. — Eu odeio todos vocês. Vocês são um bando de aproveitadores, que enganam e maltratam somente por prazer de humilhar as pessoas. — me pergunto o que possa estar acontecendo com essa moça?
— O quanto antes você disser tudo o que eu quero saber mais rápido você vai embora. — ela me olha desconfiada. — Qual sua ligação com Hassan?
— O que tem haver ele com a sua mulher?
— Até o momento nenhuma, mas você tem uma ligação com ela e com ele. Por isso e pela maneira que vem tratando Zara, é justamente o motivo de estarmos aqui agora. — ela balança a cabeça em negativa e se cala. Fica por um tempo olhando para a parede e quando menos espero, ela começa a falar.
— Sempre fomos muito próximas, brincávamos juntas quando podíamos. Ajudávamos uma a outra e sempre dizíamos que estaríamos uma do lado da outra independente do que acontecesse quando crescêssemos. — ela me olha com ressentimento. — Mas ai apareceu você e ela simplesmente esqueceu que eu existia.
— Isso não justifica essa sua raiva.
— Mas ela não estava ao meu lado quando eu mais precisei. — uma lágrima escorre em seu rosto. — Sempre tão dedicada a todos e não via o quanto eu estava precisando dela. eu só precisava que ela me ouvisse e me ajudasse.
— Não pensou em conversar com ela? Dizer o que ela não estava conseguindo ver? — eu não consigo acreditar que se Zara estivesse vendo que a amiga estava precisando de algo ela jamais teria se negado a ajudá-la seja lá de que forma ela poderia fazer isso.
— Tem coisas que acontecem com a gente que não podemos colocar em palavras ditas, eu não podia falar nada para ninguém eu poderia morrer.
— E porque está falando agora? — pergunto.
— Porque estou sendo obrigada e pra mim já não faz diferença morrer ou não, talvez seja até melhor assim acaba logo com isso. — eu já tenho algumas informações sobre Hassan e seus negócios e creio que já tenho ideia do que possa estar acontecendo com ela, e sinto por isso.
— Meu único intuito aqui, não é expor você e sim entender o que está acontecendo e proteger os meus. — ela concorda. — Nada do que você falar aqui sai daqui. Você tem minha palavra.
Ela continuou a contar sua relação com Hassan que de inicio era somente o patrão de seu pai. Mas que as coisas mudaram quando ela foi levar algo para seu pai na loja e então Hassan a viu. Segundo ela uma semana depois ele começou a chantageá-la para se entregar a ele ameaçando acabar com o pai dela. Sua mãe não é mais viva e a segunda esposa do seu pai, não a quer dentro de casa.
Meu estomago fica embrulhado ao ouvir certas coisas que ela relata. Em alguns momentos fechos meus olhos não querendo imaginar as cenas. Mas procuro me manter neutro a tudo que escuto. Quando ela termina de falar eu me levanto.
— Eu sinto muito que você tenha passado por tudo isso. — olho para Jamal que se aproxima.
— Agora posso ir embora? Já disse tudo o que você queria saber.
— Ainda não, Hadija. — ela me olha incrédula. — Ele vai averiguar tudo o que você falou, e se for verdade você poderá ir embora. Não quero cometer um erro que cometi no passado ao não dar atenção suficiente a alguns fatos. — se tivesse tomado algumas precauções quando Najla começou a demonstrar aquela raiva por Ayla. Talvez algumas coisas tivessem sido diferentes.
— Você me deu sua palavra.
— Eu sei, e você a tem. — saio acompanhado por Jamal e do lado de fora do quarto converso com ele. — O que você achou?
— Ela foi firme em tudo o que disse e não vacilou em nada.
— Bom quero que veja se o que ela disse é realmente verdade. Cuide para que seja bem tratada, de alguma desculpa na casa dela pra justificar sua ausência, como ela era amiga da Zara não será difícil pensar em algo e qualquer coisa me liga.
— Sim senhor. Irei cuidar de tudo agora mesmo.
Ao sair daquela casa, eu tinha dentro de mim um sentimento de repulsa e revolta. Queria acreditar que tudo aquilo pudesse ser mentira, assim ao menos sabia que ela, não havia passado por tudo aquilo. Já era bem tarde da noite quando cheguei em casa e fiquei feliz em ver que nem minha mãe e nenhum dos empregados estavam acordados.
E ao entrar no quarto não fiquei surpreso em ver Zara acordada estudando. Com seus cabelos soltos. Vestida, com uma daqueles pijamas parecidos com os meus, ela está sentada na cama e rodeada de livros.
— Ainda acordada? — pergunto colocando minha pasta numa cadeira e começando a tirar a gravata.
— Queria que eu estivesse dormindo? — pergunta. Eu nego com a cabeça. — Estava estudando e fiquei preocupada. — ela comenta mordendo o bendito lápis. — Até liguei para você, mas só caiu na caixa postal. — puxo meu telefone do bolso vendo que está sem bateria.
— Não reparei que está sem bateria. — coloco o celular na mesa e a encaro. — Estava preocupada comigo? — faço a pergunta num tom mais baixo com um sorrisinho sacana. Ela revira os olhos.
— Claro que fiquei, você nunca foi de chegar a essa hora. — realmente nisso tenho que concordar com ela. — Já comeu alguma coisa?
— Não, só quero tomar um banho. — Vou em direção ao banheiro querendo que a água leve todo o cansaço e as preocupações do dia.
Quando estou me enxugando olho para o pijama que provavelmente ela colocou para que eu usasse. Mas hoje não irei usar nada além da cueca. Tenho que morder minhas bochechas internamente para não rir ao ver como ela me olha sem jeito quando saio do banheiro.
— Eu deixei seu pijama no banheiro. — ela fala desviando o olhar e puxando os livros que estavam no meu lado da cama.
— Eu vi. — eu digo ao me deitar ao seu lado e colocando as mãos atrás da cabeça a encaro. — Mas estou com calor hoje. — eu gostaria muito de receber esse olhar que ela me laça, se fosse uma outra ocasião, uma em que ela não tivesse me dizendo silenciosamente que quer me matar. Dou risada.
— Você disse que eu teria todo o tempo e espaço que precisasse.
— E estou te dando, Zara. — digo apontando o lado da cama que corresponde a ela. — Seu espaço. — aponto para onde estou deitado. — Meu espaço. — Sorrio.
Ela bufa colocando todos os livros na mesinha e apagando a luz do abajur com certa raiva. Não consigo segurar o riso e acabo gargalhando com a atitude dela.
— Você não está ajudando assim. — resmunga de costas para mim.
— Não disse que te ajudaria.
Antes que vocês me xinguem kkkk amanhã é meu aniversário.
Manerem nos elogios 🤣🤣🤣
Postarei mais um capítulo essa semana.
Bjs 😘
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