CAPÍTULO QUATRO
Oi...
Hoje não tem fotos...
Estou sem internet em casa. E celular não está carregando mídia... 💔
Bjs
Boa leitura.
Quando levantei hoje pela manhã, bom dizer que levantei não seria a palavra certa, já que fui em direção ao chão. Mas minha única preocupação era com a reunião que eu tinha. Agora menos de doze horas não consigo nem lembrar sobre o que foi. Sentado dentro do carro em frente a casa dos pais de Zara, a conversa com minha mãe fica martelando em minha cabeça.
Recostado no banco deixo muitas coisas passarem por minha cabeça, inclusive a imagem dela vestida com aquela camisola.
Faço uma pequena retrospectiva.
Nós entramos tão bem na rotina que temos repetido nesse quase um ano de convivência, que não sei ao certo se isso é realmente viável, ou minha mãe está vendo coisas onde não existem.
Se a imagem dela vestida naquela minúscula camisola sumisse da minha mente talvez seria mais fácil de chegar a uma conclusão real da situação.
De qualquer maneira como minha mãe disse tenho que estar por perto para realmente saber o que fazer.
Quando saio do carro sou atingido por algo na cabeça, e a única coisa que sinto é uma insuportável dor, que tenho que apoiar no carro, pra não cair.
- Caramba... que merda foi essa? – até minha vista está meio turva.
- O que você está fazendo aqui? – ouço uma voz se aproximar de onde estou. Quando viro vejo Irãn o irmão mais novo de Zara se aproximando de mim com cautela – Cadê o motorista?
- Não veio – esfrego uma das mãos no local, verificando se está sangrando. Não está, mas sinto um calombo se formando. – Foi você que me acertou? – pergunto olhando em suas mãos e vendo um pedaço de elástico. Ele rapidamente esconde atrás das costas e começa a ficar pálido.
- Não – ele responde, mas logo abaixa a cabeça e concorda – Foi, mas se minha mãe ficar sabendo ela vai me bater – ele guarda o elástico no bolso – Você vai contar pra ela?
- Você perguntou por Efraim, você iria acertar isso nele? – surge um sorriso arteiro em seu rosto.
- Sim, mas ele é esperto, nunca consigo acertar ele, você que foi burro de não desviar – ele responde dando de ombros. – Você vai contar pra minha mãe? – acabo rindo com sua maneira de explicar e sua real preocupação está em sua mãe saber.
- Não vou contar, mas você tem que tomar cuidado isso machuca e dói – explico passando minha mão no local mais uma vez.
- Não deve estar doendo tanto assim, você está rindo!
Fico encarando o pestinha a minha frente e chego a conclusão que ele tem a quem puxar. Tão parecido com a irmã. Travo o carro e vou indo em direção a casa.
- Onde está sua irmã? – ele começa a me acompanhar.
- Está fazendo o jantar – agora ele passa aminha frente e anda de costas e me encarando. – Você vai ficar para jantar? – ele me pergunta com certa dúvida.
- Sim, tem algum problema?
- Não, acho que não, tirando o fato de você nunca ter vindo aqui – e pela segunda vez em uma única noite levo outro soco no estomago ouvindo mais uma verdade.
Eu realmente nunca tinha vindo aqui, e ouvir isso de um menino de... nem sei quantos anos ele tem. Mas pelo seu tamanho deve ter uns 10 anos, é estranho.
Entramos na casa escutando uma música e começo a sentir o aroma que está vindo da cozinha. Quando paro na porta vejo ela de costas em frente o fogão mexendo em uma panela. Iran vai até a geladeira e ganha uma colherada na cabeça quando pega algo de um prato.
- Vai lavar as mãos mocinho – mesmo com a bronca ele rouba um bolinho – O pai ainda não chegou? – ela pergunta ao pestinha.
Jogando o bolinho entre as mãos e assoprando ele nega.
- Não, só ele – ele indica com a cabeça em minha direção. Então ela me vê.
- Ibrahim? – ela sorri mas logo o sorriso some – Por Allah o que é isto em sua testa? – ela deixa a colher de lado e vem em minha direção, mas antes que chegue até mim ela para olhando para o irmão que ainda tenta comer o bolinho – Iran! Você fez isso?!– o menino trava no lugar.
- Eu bati na porta do carro quando fui fechar – falo defendendo o pestinha.
- Deixa eu pegar gelo, senta aqui – ela aponta para uma cadeira.
Eu sento prestando atenção em Zara pela primeira vez, com outros olhos. Reparo na maneira cuidadosa com que ela pega algumas pedras de gelo e envolve em pano trazendo até mim. Sem cerimônia ela coloca o pano em cima do local. Que puta que pariu! Dói.
- Ah! – reclamo afastando a cabeça – Isso dói. – ela volta a segurar minha cabeça e coloca novamente o pano apertando de leve.
- Deveria prestar mais atenção quando fechar a porta do carro – ela fala de maneira sarcástica, me olhando feio. Mas uma risadinha ao nosso lado chama nossa atenção. – Não ria não, eu sei que foi você – ele para de rir e dá de ombros.
- Ele não vai contar para mamãe – dou risada da maneira dele de responder, parece ela falando comigo.
Mas paro de rir quando ela aperta mais o local e sua outra mão em meu rosto ganha minha atenção.
Ela sempre me tocou, bagunçando meu cabelo. Me, dando tapas vez ou outra. Mas agora seu toque é diferente, ou sempre foi carinhoso assim, e eu não percebia?
- Mas eu vou – Zara não deixa barato. Vejo como ele fica pálido quando escuta isso.
- Deixa ele – falo olhando para Iran – E não responda sua irmã assim. Se não eu conto, e tenho provas – aponto para minha cabeça, começo a sentir um cheiro de queimado.
- Aí a panela – Zara exclama – Segura aqui – seguro o pano e ela vai até o fogão, o irmão sai tentando pegar outro bolinho e leva um outro tapa na mão. Então sai reclamando.
- Não deveria defender ele assim – ela fala comigo mas continua de costas – Ele tem que aprender que é errado o que ele fez.
- Ele sabe que é errado – lembro da cara que ele fez quando se deu conta que acertou a mim. – Mas ele ainda é uma criança, ele vai aprender.
- O que você está fazendo aqui? – então ela me olha – Geralmente mando uma mensagem para o motorista quando estou pronta – ela vai até a pia e lava algo – Se precisa de mim para alguma coisa ainda vou demorar um pouco, meu pai ainda nem chegou.
Fico ali sentado com um pano na cabeça, que está latejando, pensando no que dizer para ela do porque da minha presença na casa que dei aos pais dela sem que pareça patético demais. Mas ela não espera uma resposta e já está vindo até mim e segura em minha mão tirando o pano.
- Deixa eu ver – ela é mais baixa, mas por eu estar sentado e ela não, ela tem que se curvar um pouco para olhar em minha testa – Isso vai ficar horrível, Ibrahim – ela chega a conclusão rindo.
Acompanho sua risada sentindo algo dentro de mim, aquecer. Essa sensação é boa. Ficamos os dois, um olhando para o outro por alguns míseros segundos e me pergunto se ela seria capaz de adivinhar meus pensamentos nesse exato momento?
- Vocês vão se beijar agora? – escuto a voz do seu irmão ao nosso lado. Ele não tinha saído? – Porque isso é nojento – não desvio o olhar do rosto de Zara e percebo como ela fica sem graça. – Ficar esfregando a língua uma na outra, ecaaa...
- Cala a boca Iran – ela endireita o corpo se afastando de mim – Pare de falar essas coisas! – ela briga com ele.
- Não é nojento beijar sua irmã – falo sem perceber e a maneira como ela me olha incrédula, chega ser engraçado.
O menino sai nos deixando sozinhos. Zara continua me encarando.
– O que foi?
- Porque falou isso? Você nunca me beijou para saber.
- Não, mas tenho certeza que deve ser muito bom – falo observando que ela volta a abaixar-se ficando cara a cara comigo.
– Quer tirar a prova? – pergunto olhando sua boca, e tenho minha resposta quando ela bate o pano com o gelo na minha testa – Aí, esta doendo!
- Aperta bem porque pelo visto a pancada foi pior do que parece – ela solta o pano e eu seguro pra não cair no chão. Nesse momento sua mãe entra na cozinha.
- Não acreditei quando Iran me disse que você estava aqui – ela sorri vindo em minha direção, mas para no lugar olhando para minha cabeça – Mas o que foi isso? – Iran aparece atrás dela me olhando nervoso.
- Bati na porta do carro – explico – Tenho que prestar mais atenção nas coisas daqui pra frente, né Zara? – falo colocando o pano na testa e olhando para Zara que revira os olhos e vai terminar o que estava fazendo.
O pai dela chegou logo depois e assim jantamos. Eu fiquei me sentindo estranho durante todo o jantar, apesar de estarmos sempre conversando eu percebi que algo estava errado. Depois do jantar Zara e a mãe foram cuidar das coisas e eu fiquei conversando e tomando um chá, com seu pai enquanto a esperava.
Quando entramos no carro eu fiquei em silêncio boa parte do caminho de volta para casa. Depois da conversa com minha mãe eu me senti mais aliviado, mas isso mudou depois de ficar um tempo com os pais dela, uma sensação estranha voltou.
- Seus pais não estranharam o fato de eu nunca ter ido, na casa deles? – pergunto assim que ela sai do banheiro, fazendo uma trança nos cabelos.
Sempre gostei do cheiro do sabonete que ela usa. A imagem dela vestida com a camisola volta a perambular em minha cabeça. Ainda mais se comparado ao pijama que ela está usando agora.
- Porque eles estranhariam? – ela continua fazendo a trança nos cabelos e senta-se no lado dela na cama. – Não é assim que agem os maridos? Casam-se e mantém sua vida alheia a família da noiva. Ainda mais sendo você quem você é, então não eles não estranharam – ela amarra com um elástico no final e me olha – Mas hoje com certeza eles estranharam – enfiando as pernas debaixo do edredom ela se arruma – Até eu estranhei, afinal porque você foi lá?
Penso no que responder. Eu não sei quase nada sobre ela, e não posso ser tão direto. Se já magoei Zara em algum momento nessa história, não quero fazer isso novamente. Ela não merece.
- Eu queria conversar com você – deito de barriga para cima disfarçando – Meu dia hoje foi estranho, e você sabe que eu gosto de conversar com você quando estou assim – percebo que ela vira de lado – Você me entende.
- E o que você queria falar – viro de lado ficando de frente para ela que me olha de um forma tão despretensiosa de qualquer interesse sexual.
Penso que se fosse uma outra mulher já teria tentado de alguma forma chamar minha atenção, porque apesar de tudo eu sou um homem e tenho meus desejos. Mas ela não. Convivemos a quase um ano e todo esse tempo ela não mudou quase nada, continua usando roupas simples, nunca se insinuou para mim exemplo disso é seus pijamas. Até parecem serem meus.
Essa timidez ponderada que ela tem é algo diferente do que eu conheço. Porque ela não teve medo de me enfrentar quando precisou, me dizendo o que eu precisava ouvir. Ou até me chamando de besta inúmeras vezes, e essa timidez dela me instiga. A maneira como ela se comportou de manhã quando a flagrei, foi engraçado mas também excitante para mim.
- Ibrahim? – recebo um cutucão no nariz. – O que você queria falar? – volto a focar em seus olhos e boca.
- Era sobre o que aconteceu hoje de manhã... – nem termino de falar e sou atingido por um travesseiro – Zara.
- Vai dormir Ibrahim – ela vira de costas me deixando falar sozinho. – Se vai falar besteira eu prefiro nem ouvir. E não quero falar sobre isso. – parece que algo a chateou. Mas o que seria? Tenho que ser cauteloso.
- Porque não quer falar? – pergunto cutucando suas costas – Você nem ouviu o que eu iria dizer.
- Algo me diz que é melhor assim – me responde baixo.
- Só ia dizer que você estava linda – devolvo o travesseiro a ela.
Ou a barreira que ela sempre coloca no meio da cama. Em falar nisso nunca reparei como essa cama é grande. Viro de costas para ela e me ajeito.
- Obrigada – me, responde baixinho depois de um tempo.
- Não precisa agradecer é a verdade.
Não falo mais nada, não quero que ela pense que só consegui enxergá-la porque a vi vestida em uma camisola sexy. Muito sexy diga-se, de passagem.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro