CAPÍTULO 36
Como prometido, um capítulo hoje...
Bjos, boa leitura!
Ao adentrar o ambiente, noto cacos de algo quebrado no canto. Passo meus olhos rapidamente pelo ambiente procurando alguém, mas não vejo nada além de algumas peças de roupas espalhadas pela sala.
— O que aconteceu Izabel? — pergunto, mas não obtenho resposta. Então percebo que ela continua parada na porta. — Izabel? — ela parece sair de um transe e foca seus olhos em mim.
— Eu... É que... — Izabel gagueja, e também olha para os lados, como se procurasse por alguém. — Na verdade eu não sei. — ela esfrega a cabeça. — Eu preciso falar com...
— É melhor você contar logo de uma vez para ele Izabel, afinal você vai precisar da ajuda dele. — viro minha cabeça ao ouvir a voz de um homem vindo do quarto.
— Eu não preciso da ajuda dele. — ela responde o sujeito com raiva na voz. Mas que merda está acontecendo aqui?
— Você vai precisar. — ele insiste. — Você ainda não viu o vídeo, que eles mandaram para sua mãe. — o tal desconhecido conversa com ela em Espanhol, isso indica que se conhecem. Mas o fato de ter mencionado a mãe dela, é o que chama minha atenção.
— Você quem é? — pergunto. Ele então direciona sua atenção a mim.
— Ele é meu primo. — Izabel responde de maneira rápida não dando tempo para que ele responda.
Volto minha atenção a Izabel, que por algum motivo sabe-se lá qual, está mentindo. Ela pode não saber, mas eu investiguei sua vida, e sei que não tem primo. Sua mãe é filha única, e o pai é desconhecido.
— Primo. — repito sua resposta e vou até o sofá sentando analisando a situação a minha frente. Isso será divertido. — E o que seu primo está fazendo aqui? E porque ele acha que você vai precisar da minha ajuda? — pergunto a ela, que se mostra confusa.
— Eu não sei, mas ele já está indo embora. — ela responde balançando a cabeça, como se só pensasse nisso agora.
— E porque você se escondeu quando entrei? — olho para ambos que se encaram.
— Você vai precisar de dinheiro se pretende ajudar sua mãe. — continuo tentando chegar a uma lógica do que está acontecendo aqui.
— Eu não preciso dele... — Izabel volta a responder quase gritando. Levanto a mão.
— Não seja mal educada. — corto Izabel que está nitidamente tensa não sei se pela minha presença ou a do suposto primo. — Seu primo sabe falar. — sorrio para o babaca, fazendo sinal com a mão para que prossiga. — Explique o que está acontecendo, e principalmente onde eu entro nessa história. — ele se aproxima sentado-se no sofá a minha frente.
— A mãe da Izabel vem tentando entrar em contato com ela há alguns dias, mas ela não responde as mensagens, não atende as ligações, e com o que aconteceu de último. — ele coloca uma das mãos na boca, como se segurasse para não chorar, respira fundo olhando para Izabel. — Sua mãe está desesperada Izabel, eu sei que vocês não se dão bem, mas a M não tem nada haver com isso, é só uma criança inocente. — diz por fim, esticando o celular para mim.
Izabel que treme sem conseguir se controlar, se aproxima de onde estou, então noto a marca vermelha em seu rosto. Abro o vídeo, e uma menina aparece na imagem.
— Ai meu Deus. — o grito de Izabel ao meu lado me deixa com um zumbido no ouvido. — Eu não posso ver isso. — ela vira o rosto, não querendo ver.
Volto minha atenção ao vídeo, aonde uma menina por volta dos 11 anos, está amarrada, com marcas roxas pelo rosto e braços. Ela chora, implorando por ajuda. Mas ela recebe um puxão de cabelo e tem sua boca amordaçada. Não consigo ver a pessoa, somente os braços e mãos quando coloca a mordaça em na boca da menina, mas uma tatuagem chama minha atenção em seu punho. Então uma voz estranha é ouvida. Pedindo uma quantia em dinheiro para libertar a garota, caso contrário ela irá morrer. O vídeo acaba quando a pessoa que fala dá o prazo de dois dias, para que tudo seja feito. Olho para o lado vendo Izabel que agora me encara chorando.
Que merda é essa?
Olho para o tal sujeito que me encara, com certa apreensão.
Isso tudo está muito estranho.
— Quem é a menina? — pergunto, mas somente para ganhar tempo tentando pensar em algo.
— Minha irmã. — ela fala. Penso por um minuto lembrando que realmente tinha uma irmã no relatório, e com a conversa deles dois sobre a tal M.
— Certo. — coloco o celular na mesa com cuidado e aproveito para observar os punhos do sujeito, que não tem nenhuma tatuagem. — Porque exatamente eu teria que ajudar? — olho para Izabel, que dá de ombros, mas quem responde é o suposto primo.
— Pela quantia que estão pedindo de resgate, ela não tem. — olho para Izabel. Como ele sabe que ela não tem? — E como vocês dois estão juntos, é algo que qualquer pessoa pensaria. Que você a ajudaria. — isso tudo só pode ser brincadeira, penso.
— Estamos juntos. — repito o que ele falou com um certo sorriso nos lábios, olhando para Izabel e vejo que ela está confusa.
— Eu não estou... — seguro seu braço, para que olhe para mim, então faço sinal para que fique quieta.
— Deixa seu primo falar Izabel, não seja mal educada. — pisco para ela.
— E porque as pessoas pensariam que estamos juntos? — insisto nas perguntas, ele parece ter todas as respostas prontas.
— Saiu em todos os jornais e revistas, tempos atrás. — ele fala dando de ombros, mas fica nitidamente nervoso quando percebe que olho para ele sorrindo. Esse é um dos prazeres que tenho, em ver o nervosismo que causo nas pessoas, e olha que agora nem sei o porque. — Olha, eu não sei, ok? Somente vim fazer um favor para a mãe da Izabel...
— Que é sua tia, já que vocês dois são primos. — falo apontando de um para o outro. Ele demonstra impaciência. Pego meu celular e mando uma mensagem para Abul.
— Eu não tenho nada haver com isso, se ela ou você vai ajudar ou não, isso não é problema meu. — a forma como ele olha para Izabel é como se suas palavras tivessem um domínio sobre ela. — Minha parte eu fiz, me arrisquei vindo até aqui, agora a consciência é sua Izabel. O destino da sua irmã está em suas mãos.
— Não sabia que essa veia dramática, atingia outros membros da família, Izabel. Você nunca falou nada. — ironizo.
— Eu não posso fazer nada. — ela chora olhando para os lados procurando alguma coisa e vai em direção a bolsa. Tirando o momento em que ela olhou o vídeo por um minuto, percebo que seu nervosismo se dá mais pela presença dele. — Eu tenho que falar com Jamal.
— Quem me garante que esse vídeo é verdadeiro? — pergunto a ele enquanto Izabel pega seu celular.
— Eu não tenho como garantir nada. — me responde. — Como eu disse eu só...
— Só está fazendo um favor. — o encaro sorrindo. — Essa parte eu já entendi. — recebo uma mensagem de Abul, e me levanto indo em direção a porta.
— Não consigo falar com ele. — Izabel fica nervosa largando o celular no sofá, irritada por não ter conseguido falar com seu namoradinho. Reviro meus olhos. Mulheres. Vou até a porta abrindo.
Converso com Abul em árabe deixando instruções para que não deixe o primo de Izabel sair deste quarto, até que novas instruções sejam dadas.
— Ligue para sua querida tia, e avise que se eles entrarem em contato novamente, eu quero uma prova de que a garota está viva. — Izabel para o que estava fazendo e me encara. — O vídeo é uma gravação Izabel, quem garante que ela já não esteja morta? — ela fica pálida com o que falo.
— Meu Deus, mas que mal ela fez? É só uma criança.
— As vezes crianças pagam por atitudes dos grandes. — falo sem pensar.
— Como você pretende ter uma prova viva daqui? — olho para o projeto de meliante, e sorrio.
— Esse problema não é meu, eu tenho o dinheiro que eles querem, então continue sendo o bom moço e fale com ela para avisar a eles, que essa é minha exigência. — me aproximo de Izabel. — Você vem comigo. — falo com ela.
— Eu? — não respondo somente seguro em seu braço e olho para primo.
— Você fica aqui até que eu resolva algumas coisas. — falo para o sujeito que tentou vir em direção a Izabel, mas Abul o impediu, o que o deixa nervoso. — Relaxa primo. — sorrio para ele. — Tenho que resolver algumas coisas antes da nossa partida para a Espanha.
— Ir para a Espanha? — Izabel pergunta confusa. — Eu não vou para a Espanha. — Izabel retruca quando saio do quarto a arrastando pelo braço. — Me solta! — ela fala assim que fecho a porta deixando os dois lá dentro. — Dá pra me soltar? — ela tenta soltar o braço que seguro com força aliviando o aperto quando chegamos aos elevadores.
— De tudo o que vi e ouvi naquele quarto, só tem uma coisa que eu queria muito entender. — falo soltando seu braço a encarando com raiva. — Porque diabos você está mentindo? — ela fica surpresa. — Sua mãe é filha única, seu pai é desconhecido, então de onde saiu esse seu primo de araque?
— Eu não te devo explicações. — responde me deixando com mais raiva. — E outra eu não vou com você a lugar nenhum. — ela se afasta, mas a seguro novamente a colocando dentro do elevador assim que as portas se abrem. — Me solta caramba.
— Ah você vai sim. — aperto o botão direto para garagem. — Porque seja lá no que for que você está metida. — seguro seu rosto virando para que eu possa ver melhor a marca vermelha, que provavelmente é resultado de um tapa, ela vira bruscamente tentando evitar que eu veja. —Não vou deixar você sozinha.
— Como se estar com você fosse melhor. Você é tão escroto...
— Meça suas palavras Izabel. — alerto de maneira rude, alterando a voz. — Eu não sei o que é pior, um idiota qualquer querendo arrancar dinheiro do meu bolso ou você mentindo diante dessa situação. — as portas se abrem e saio com ela indo em direção ao meu carro.
Como pode tudo mudar assim de uma hora para outra?
Eu estava bem com tigrão nos entendemos depois do que havia acontecido de manhã, tive um bom êxito na reunião, fui inclusive elogiada por Zayn pela observação que fiz. E podem ter certeza que receber qualquer que seja o elogio vindo dele, é muito. Eu estava feliz, e só queria tomar um banho e, comer umas bobagens, enquanto assisto a um filme qualquer. Nunca imaginei que uma vidinha pacata como essa fosse me fazer feliz.
Então surgiu o Vasco, de onde aquela praga saiu?
Como entrou no quarto sem que ninguém notasse?
— Tem certeza que ela é mesmo sua irmã? — olho para o lado ao ouvir a voz de Mustafá.
Era só um pedido fácil de se cumprir. Não me meter em confusão. Tão simples. Agora me vejo entre as duas pessoas que jurei a mim mesma não chegar perto.
— Izabel?
— Sim, ela é minha irmã. — respondo olhando para ele que dirige enquanto saímos da garagem do prédio. — O que você está fazendo aqui afinal? — questiono.
— Pelo que vejo evitando que você se meta em uma enrascada. — fala pegando o celular. — Quem liga pro seu... Como é mesmo? — ele olha para o alto de forma divertida. — Tigrão... Isso é tigrão. — ele ri debochando do modo como chamo Jamal. — Quem liga, eu ou você? — Mustafá pergunta, mas não espera que eu responda, faz a ligação, logo em seguida conectando ao sistema do carro.
— Pra onde estamos indo? — questiono quando começamos a ir em direção oposta a cidade. Ele não responde, somente dirige entre os carros.
— Alô. — escuto a voz de Almir.
— Almir, é Mustafá se você estiver perto da minha irmã, se afaste preciso conversar com você e seria muito bom que seu segurança esteja junto. — há um silêncio, e posso ouvir cada batida do meu coração acelerar ao imaginar ter essa conversa com eles todos juntos. Puta que pariu.
— Pronto. O que aconteceu pra você me ligar?
— O que está acontecendo é justamente o que eu também gostaria de saber. — Mustafá me olha sério. — Talvez começando por saber o que o primo de Izabel esteja fazendo aqui em Dubai. — ele sorri ao falar isso.
— Ela não tem primo. — fecho meus olhos ao ouvir a voz do Jamal. — De quem exatamente estamos falando?
— Que ela não tem primo, isso nós sabemos, mas talvez ela queira falar para você quem é o sujeito que estava com ela no quarto.
— No quarto dela? — eu consigo sentir a surpresa na voz dele ao repetir essa parte.
— Sim no quarto, eu acabei sem querer interrompendo algo entre os dois. — tento socar ele por estar usando dessa situação para me jogar contra Jamal.
— Seu babaca. — ele somente sorri.
— Ela está aí? — sinto todos os meus músculos tremerem. Mustafá faz sinal para que eu fale. — Izabel?
— Estou. — engulo em seco. — É o Vasco Jamal, não sei como ele entrou lá. Quando cheguei, ele já estava dentro do quarto me esperando. — e de repente sinto um desespero tomando conta do meu interior.
— Como ele entrou lá, Izabel?
— Eu não sei. — respondo nervosa.
— Como ele entrou em um dos hotéis de vocês e invadiu o quarto sem que ninguém percebesse, é serviço seu. Só quero saber com quem exatamente estou lidando, já que o filho da puta, ou seja lá quem for, está tentando me arrancar dinheiro. — Mustafá fala parando o carro no acostamento e eu aproveito para pegar seu celular desconectando do sistema. — Izabel. — ele grita quando abro a porta do carro e saio.
— Jamal quero falar com você. — me afasto do carro o máximo que posso. — Só com você, por favor... tira do viva voz. — espero por um momento.
— Pronto.
— Eu juro que não faço ideia de como ele surgiu lá, até parece que ele brotou do chão como um passe de mágica, você tem que acreditar em mim. — percebo que estou chorando novamente. — Eu não liguei para minha mãe. Não fiz nada dessa vez. — falo tudo tão rápido quanto posso.
— Calma Izabel. — ele fala em um tom baixo e tranquilo, que consigo ouvir até sua respiração. O que também me acalma. — Eu acredito em você, agora respire fundo e me fala o que ele está acontecendo aí?
Mustafá como sempre dando seu toque especial em tudo que toca.
😬
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