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Capítulo 2 - Voltando no tempo

(1842 palavras)

Vamos até o ano de 2004

Primeiramente, devo desculpas por interromper minha prévia narrativa, mas preciso que você, leitor, compreenda bem o que aconteceu aos meus protagonistas ao longo de suas vidas. Prometo, piamente, contar todos os detalhes que eu detiver, afinal não almejo criar um novo debate a la Capitu – ou sequer tenho competência para tal. Apenas me recuso a ser promotor ou defensor dos meus personagens. A culpa ou inocência de cada um caberá somente a você.

Leitor, na verdade, para deixar as coisas mais intrigantes – caso a história não lhe cative o suficiente –, tenho um desafio a lhe propor. Eu estou nesta história, em parte, a minha história. Não sei se sou homem ou mulher, bom ou mau, minha voz não vai ser lida. Todavia, eu apareço entre essas palavras. Será que você seria capaz de me achar?

Dito isso, permita-me te levar para o início dos anos 2000. Que época! Os carros coloridos, trânsito mais comedido, o boom tecnológico – com celulares ficando cada vez mais acessíveis –, as inúmeras comédias românticas tão bobas e ilusórias que permearam o imaginário popular... Início de um novo milênio que nutria sonhos sobre o quão avançados estaríamos no amanhã. 

Nesse cenário era factível ver crianças brincando nas ruas que ainda não eram asfaltadas de seus bairros e os mais velhos se aglomerando nas calçadas para fofocar da vida alheia. E, talvez – e é realmente um mero talvez –, algum desses pares de olhos intrometidos tenha capitado o que vou lhe contar agora.

Um jovem rapaz não mais interessante do que qualquer outro rapaz, ao voltar do seu primeiro emprego não mais interessante do que qualquer outro emprego, vê uma jovem mais pitoresca do que qualquer outra já vista esperando na parada do ônibus com tamanho acaso que o surpreendeu. 

Não soube explicar a priori o motivo de tamanha comoção. Porém, ao observar ela por mais de cinco minutos, conseguiu entender que, além de toda beleza física que o encantou, ela se movimentava como se dançasse a miúda, perdida em seus devaneios. Aquela mulher sorria lendo "O Código Da Vinci" e usando apenas um dos dois fones, seu MP3 guardado no bolso traseiro do jeans apertado.

Por, ao menos 10 minutos, nenhum ônibus passou. Ora, o jovem poderia a perder de vista a qualquer minuto por agora. Todavia, a timidez do rapazote não o deixava ir em frente. Que trouxa! Podia quase escutar a voz de sua irmã zombando. Tentando criar coragem, ele se pôs em um desafio. Caso o primeiro ônibus chegasse e ela não embarcasse é porque era um sinal divino, então teria que falar com aquela mulher de cabelo longo ébano que alcançava o cós do jeans.

E lá estava. 1525. Levava para a zona mais precária da cidade. Era o ônibus dele. Mas o jovem sequer notou, reparando se ela ia entrar nele ou não. Ora! A aposta dele consigo não era se o ônibus fosse para si. Era para ela. Não estava trapaceando! Ou era isso que ele tentava se convencer.

A mulher não embarcou.

O destino deu seu aval. Não mais se contendo, decidiu agir antes que o próximo ônibus agisse primeiro e findasse esse romance platônico que cultivava no seu desejo. Ele se aproximou de maneira desajeitada, tentando pegar qualquer informação no livro para puxar assunto.

— Dan Brown. — Ele ficou confuso se tinha pronunciado correto. — É bom?

— O livro ou o autor? — A mulher abriu um leve sorriso, olhando-o de cima a baixo. Um barulho chamou sua atenção. — É bacana, estou gostando. Meu ônibus. Até.

— E-eu também pego esse. Fala do quê tanto? O-o livro?

Ela ficou surpresa com ele. Nunca o vira até aquele dia. Era até um rapaz bonito, constatou. Uma camisa social, calça jeans, sapatos limpos. Verdade que a mochila gigante que carregava era meio surrada, mas a vida de ônibus não era fácil. Aquele cara não parecia pertencer àquele ambiente, tal qual ela própria.

— Quem quer saber? — O sorriso no canto do seu lábio foi milimetricamente calculado para cativar o olhar do outro.

— João Carlos. Joca para os mais íntimos. — O rapazote de seus vinte e quatro anos estendeu a mão de forma cordial, dando suporte para ela entrar no ônibus. — E a senhorita?

— Sara. Um prazer em lhe conhecer, Joca. — A mulher de vinte anos articulou bem a boca para falar aquele apelido.

Os dois sentaram na porção traseira do ônibus. Por sorte, essa era uma das primeiras paradas da rota, ou seja, sempre vinha vazio. Enquanto Sara desatava a falar sobre a sinopse daquele livro, João só pensava que teria que andar um quilômetro, no mínimo, até chegar em casa. Mas, vendo Sara tão empolgada, ele tinha certeza que ia valer a pena.

— Por que nunca te vi antes na parada? — Sara sondava se era uma visita única naquele transporte ou se seria mais um condenado à mesmice.

— Comecei a trabalhar hoje no escritório de contabilidade. Moura e Rubens.

João Carlos era um rapaz dedicado, isso era o que todos diziam. Começou a auxiliar seu pai – um peão de obra – com meros 14 anos. Largou os estudos quando entrou no ensino médio e fazia jornada tripla para trazer dinheiro para casa, para que sua irmã pudesse ter melhores oportunidades do que ele teve. Vendeu DVD's na rua, já tinha sido atendente em restaurante, fazia entrega de comida. Era um homem de variados ofícios.

Então, quando fez 19 anos, e sua irmãzinha passou no vestibular de direito, ele se matriculou no EJA. Um ano e meio depois, veio a boa nova: aprovação em ciências contábeis. Agora, cursando o quarto período, tinha conseguido contrato de um ano de estágio em uma das melhores empresas de contabilidade da cidade.

— E você? Qual empresa? — A ausência de reação dela, fez João Carlos sentir que precisava puxar seu assunto.

— Eu vim visitar meu pai. Ele é dono da loja de carros no final da rua.

Sara, por sua vez, era conhecida pela educação ímpar. Falava inglês e alemão. Estudou nas melhores escolas, fazia uma universidade particular de renome e de mensalidades gordas. Nunca conheceu a necessidade e sentia orgulho do quanto o pai provia para toda a família. Ela sabia se portar em qualquer lugar de forma exemplar. Desde pequena, fora ensinada a fechar as pernas e cruzar os pés quando se sentasse, a ângulo exato do seu sorriso a ser ofertado de acordo com seus interesses, o quão ereta deveria ser sua postura.

Aquela mulher de 20 anos foi criada para saber as palavras certas a se dizer e a quem dizer. Sua mãe garantiu isso. Sendo assim, ela, ao avistar alguém que trabalhava na empresa de um amigo de seu pai, viu a oportunidade de procurar a fundo se era alguém a se gastar interesse ou se deveria se recolher.

— São carros caríssimos. Se eu passasse lá para fazer uma simulação, teria o privilégio de ser atendido por você?

— Vai ter que ir para descobrir, Joca. — Sem querer, ela se viu rindo mais do que deveria. Então avistou que passaram por uma parada. — Qual ponto você desce?

— Daqui a umas três paradas. — Ele falou o primeiro número que veio a cabeça.

— Esse não é seu ônibus, certo? — Sua risada era como o barulho de sinos de igreja, algo sagrado que deveria soar até o fim dos tempos.

— Nada. — Ele admitiu, constrangido com o sorriso dela. — Mas pegaria 100 ônibus errados se tivesse o privilégio de conversar com você. 

Sara baixou a vista, percebendo o quando a voz grave dele era potente e que ele era um homem de características fortes. Lábios retos, barba rigorosamente feita, sobrancelhas largas e negras e olhos amendoados. Era alguém que jamais se destacaria hoje pela sua beleza, mas havia algo que dava para trabalhar e se tornaria uma obra prima.

— Como percebeu? Não me encaixo no padrão?

— Até disfarçaria pelo visual. Mas... — Sara se aproximou dele, como se fosse contar um segredo. — A próxima parada é a última da linha.

— Nossa! O tempo passou e eu nem notei. 

O ônibus parou e ambos desceram. Sara ficou encarando João Carlos, esperando que ele dissesse algo.

— Uma viagem inteira de ônibus e não vai me dizer um adeus?

— Jamais. — Ele a encarava com contemplação. — Para você, vai sempre ser um até logo.

Paquerador, de fato. Ela surpresa com essa resposta inesperada, se pôs na ponta dos pés e lhe deu um ósculo em sua bochecha. O homem perdeu o foco por um segundo, vendo-a partir em seus jeans apertados e andando de forma ritmada, como se acompanhasse uma música que ninguém poderia ouvir. Então, antes de sair da integração, ela se virou e acenou, sorrindo.

— Quem sabe da próxima vez, eu pegue o ônibus errado. Sem querer, claro!

Sara saiu do campo visual dele. Mas João Carlos continuava olhando fixamente para aquele ponto, como se a imagem daquela mulher pitoresca estivesse gravada em sua mente e qualquer movimento errado pudesse a apagar dele. O barulho do ônibus ligando o fez despertar para a realidade.

— Oh, rapaz! Vai ou fica?

— Passa perto do Bairro das Oliveiras?

— Uns dois quilômetros. Mas é o mais perto dos que vão sair daqui. — O homem estava impaciente. — Vai ou fica, meu filho? Tenho o dia todo não.

— Eu ainda vou casar com essa mulher. — João Carlos murmurou para si enquanto subia naquele ônibus, indo, finalmente, para casa.

Honestamente, meu querido leitor, como seu narrador, creio que os dois seriam mais felizes se o destino tivesse sido gentil, o ônibus fosse o 518 e ela tivesse entrado, fazendo-o perder a aposta consigo. Cada um teria seguido seu caminho. Não teria Clarinha nem Luiz. Não haveria luto. Mágoas. Certamente, Sara teria se casado com um advogado ou médico. João Carlos teria  encontrado alguém com sonhos compatíveis com o pouco que ele tinha a oferecer. 

O destino foi cruel ao permitir esse encontro, tratando esses pobre coitados como duas marionetes tragadas em uma tragédia grega que se desenrolaria aos poucos. Tão lentamente que, quando ambos sentissem que tinham que fugir, não havia mais alternativa para voltar. O 518 que iniciou essa história, seria o mesmo a destruir tão macabramente. Maldito destino!  

Talvez, se João não tivesse apostado e se resignado a sua insignificâncias, os dois seriam felizes. Se Sara tivesse aceitado esperar seu pai e esquecido que precisava chegar cedo em casa para estudar, talvez ela não conhecesse João Carlos. Se a irmã dele não tivesse passado naquele vestibular, inclusive, esse encontro - e todas as tragédias oriundas dele - não teriam acontecido. Se ele tivesse ido trabalhar naquele dia da primeira desventura... 

Mas esses "e se's" são apenas atos de auto consumação que cada um dos meus protagonistas vivenciaria após Luiz. Calma! Lá vou eu, novamente, indevidamente me antecipando.  Para tudo há seu tempo. Vamos seguir com a história desse casal?

Ah! E lembre-se da nossa aposta. Eu logo chegarei entre essas linhas que você mesmo lê.

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