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Prólogo

Minha história não é como nos contos de fadas.
Sarah,minha mãe, não morreu quando eu nasci, meu pai não era um homem devasso e eu não sou uma pobre garotinha de laço no cabelo.
Acho que pra conhecer minha história,tenho que contá-la do começo, mas como eu era uma criança, vou deixar mamãe fazer as honras.

Então apertem os cintos e respirem fundo,vamos começar!

Memphis, Tennesse.

1995

Subo as pressas os degraus que davam acesso as hospital!

Há duas noites,Lucy,está com muita febre!

Ela chama o nome do pai repetida vezes... Desgraçado!

Graças a Deusa, ela só tem cinco anos e não entendi o que ocorre a sua volta,não faz ideia do que está acontecendo conosco.

- SOCORRO! POR FAVOR ALGUÉM ME AJUDA! - grito com minha vinha desacordada nos braços. - UM MÉDICO, POR FAVOR!

Chamo por alguém até sentir a garganta queimar. Logo uma mulher,médica suponho,aparece e vem até mim.

- O que aconteceu? - pega Lucy nos braços e observa seu rosto. - Ela está muito quente! UMA MACA!

Três homem trazem o objeto e põem minha menina deitada sobre a mesma. Desenrolam a toalha que pus para baixar a temperatura do seu corpo.

- Ela.. - engulo o choro - Começou a ficar quente e.. Ajuda minha filha, doutora!

- Calma! - a mulher fala enquanto examina a criança. - Vamos levá-la para um quarto! Agora!

Grita para um dos enfermeiros e eles seguem caminho pelo corredor.

- Mamãe está aqui,Lucy!

Sento na poltrona e desabo em lágrimas.
Não posso perder Luh,ela a tudo que me resta.
Nem todo o dinheiro que tenho no banco,as jóias,propriedade!
Nada disso importa se ela se for..

...

Algumas horas se passam e a tal médica volta,ela está com uma prancheta na mão direta, olhos baixos e semblante triste.

Bel¹, não...

- Desculpe,não me apresentei. Sou a doutora Madson, senhora..? - pergunta se aproximando.

- Dobrev.. Carbonell! - engulo em seco ao pronunciar meu nome de solteira. - Como a minha filha está?

Olha para mim e força um sorriso.

- Vai ficar bem.. Ela está em observação. - por que aquilo não me conforta? - A Lucy passou por algum trauma recentemente?

Respiro fundo. - Sim! O pai saiu de casa há uma semana,está sendo difícil pra ela.. Eles eram muito ligados, entende?

- Perfeitamente. - analisa a ficha - Sua filha teve o que chamamos de : Febre emocional.

- Tudo culpa dele.. - sussurro para mim mesma. - Isso é grave?

- Não a princípio! Quer dizer,se sofrer alterações pode provocar danos cerebrais..

- Meu Cernunnos²! - volto a chorar e sento na branca poltrona.

- Calma! - se agacha e pega minha mão - Farei o possível e o impossível para que ela fique bem, sim?

Concordo com a cabeça e seco minha lágrimas com a barra do moletom.

- Lucy é forte.. Vai se curar.. - repito aquilo como um mantra.

Alguns Dias Depois..

Dias se passaram e nada!

Nem uma melhora,nem um sinal de esperança.

Ontem ela acordou muito fraca,balbuciou algumas palavras sem sentidos e voltou a dormir..

Essa é a nova rotina de Luh: Dormir,acordar,bebê água e dormir novamente.

Estou cansada. Não dormo,não como.. Não respiro!

Me livro desses pensamentos e entro entro no quarto onde ela estava.

Como sempre dormindo.

Caminho até sua cama, abaixo a proteção e sento na beira do coxão.

Passo as mãos no seu rosto angelical,como é linda; pele morena,cabelos castanhos, olhos verdes.. Iguais os de Paul.

Levanto,pego minha bolsa, tiro uma fita de áudio K7, Paul me mandava essas fitas enquanto estava em missão em Granada e Lucy adora todas elas, e um Walkman.

- Mamãe! - ouço a doce voz e me viro.

- Oi, meu amor.. - me aproximo e dou un beijo na sua testa - Como está se sentindo?

- Bem.. - sua voz era quase um sussurro. - Onde o papai está?

Me a jeito na cama.

- O papai vai vir logo! - minto e ela baixa os olhos. - Adivinha? Mamãe trouxe o lion!

Lion é como ela chama o aparelho de som,por ser velho e ter sobrevivido a uma guerra.

- Posso ouvir música? - pergunta olhando para a porta.

Olho na mesma direção,Madson - meu único apoio nesses dias - observava a cena com um sorriso mínimo nos lábios.

- A Lucy pode ouvir música, doutora?

- É claro. - sorrir abertamente - Mais ouçam baixo!

Sai,Luh e eu nos olhamos,vou para seu lado e encosto nosso ombros.

Ponho sua fita favorita; Eletric Night Orchestra Vol.1.

Ponho os fones,aperto o botão e Mr. Blue Sky, invade nossos ouvidos.

Ela balança a cabeça no ritmo da melodia.
Sorrir e murmura alguns trechos da música.

É tão bom vê-la feliz!

Sorrindo sem preocupações!

- EU AMO O CÉU, MAMÃE! - grita para que eu ouça.

- POR QUE? - pergunto o que sempre perguntava quando ela dizia aquilo.

- PORQUÊ ELE É AZUL!

- O QUE TEM LÁ?

- ANJOS! - deita a cabeça no meu colo. - Os anjos são puros..

Afago seus cachos.

- São meu amor.. Todos são puros e trazem paz! Como você.

Olho seus olhinhos e os vejo marejados.

- Te amo mamãe.. - sua mãozinha toca meu rosto.

A pego e beijo a palma. - Também te amo!

Sorrir e após alguns segundos começa a tossir compulsivamente.
A endireito nos meus braços.

- Lucy! Lucy,respira! - ela tenta puxar o ar,porém ficava cada vez mais vermelha. - SOCORRO! SOCORRO!

Seu corpo treme e os olhos reviram. Uma espuma começa a escorrer da sua boca.

- SOCORRO!

...

- Coma? - derramo lágrimas - Minha filha está em coma? Como?

- A febre causou uma lesão cerebral.. - Caroline,Madson, põe as mãos nos meus ombros - Não podemos fazer nada.

Me viro e a encaro.

- Quanto tempo?

- Não sei.. Dois dias, uma semana. Lesões no cérebro são imprevisíveis.

Olho para ela,pelo vidro da UTI, e encosto a mão no mesmo.

- Preciso de um telefone!

Vou até o corredor leste e paro em frente ao telefone que ficava na parede.

Ponho uma fixa e disco o número decorado na minha cabeça.
Em alguns segundos o Ben atende.

- Bar do Ben,em que posso ajudar? - Bar do Ben,é o lugar que Paul sempre vai quando quer esquecer do mundo,e Ben é o melhor amigo dele.

- Benjamin! Sou eu,Sarah! - pode ouvir Come Together ao fundo. - Preciso falar com Paul!

- Paul, não está! - parece que eu estava vendo o filho da puta fazer sinal de silêncio para o amigo. - Quer deixar algum recado?

- Eu sei que ele está aí! Ben,a minha filha vai morrer então passa o telefone para o idiota do meu "marido" !

Espera..

- Sally? - meu corpo treme ao ouvir sua voz me chamar pelo apelido. - O que aconteceu com Luly?

- Ela.. - tomo ar - Ela não está bem..Paul, nossa filha vai morrer!

- Como assim? O que houve!

A música para.

- É sua culpa! Ela teve febre por que você saiu de casa! A febre foi alta e ela sofreu uma lesão cerebral, agora minha filha está em coma e pode morrer a qualquer momento! Já estou sem você.. - soluço alto - Não posso ficar sem Lucy! Por favor venha o mais rápido possível!

- Onde você está? - pergunta nervoso.

- No Saint Frances! Aquele próximo a estrada duzentos e quarenta.

- Chego aí em uma hora.. Não! Em vinte minutos!

Desliga.

Ponho outra ficha e ligo para Joanna.

Depois de encerrar a ligação,vou para a frente do hospital.

Vinte minutos depois, Anderson para o carro na frente do mesmo.

Corro até ele e o abraço forte!

- Obrigada!

- Eu amo você, nunca te deixaria só!

Seu braço em torno da minha cintura enquando o outro trás minha cabeça para perto do deu peito.

- Onde ela está?

- Na U.T.I.. Vamos? - estendo a mão para ele, que a pega e segue comigo até o leito da nossa filha.

Colocamos as roupas devidas entramos para vê-la,talvez pela última vez.

- Oi,amorzinho.. - Paul fala passando a mão enluvada nos cabelos dela. - O papai tá aqui! Papai tá aqui..

Seus sussurros eram quase inaudível.

- Eu te amo! Se você ficar bem,eu prometo que não vou embora! - nunca o vi chorar - Nunca mais!

Isso não pode continuar!

Não!

É minha filha,eu não vou deixá-la morrer sem ao menos tentar.

- Fica com ela,eu volto logo. - murmuro em seu ouvido e saiu da sala.

Ando pelos corredores e encontro Joanna Lancaster sentada em uma das poltronas.
Ela estava como sempre: confortável e sem se importar com nada a sua volta,absolutamente nada.

- Sarah C. Lancaster! - anuncia se levantando - Quanto tempo! Devo dizer que você não mudou nada.

- Digo o mesmo. Só que você parece mais.. Bruxa!

- Acertou em cheio! - ela sorrir e chega mais perto. - Por que me chamou?

- Minha filha está morrendo. Preciso de ajuda.

Ela gargalha na minha cara.

- Não! Não vou ajudar a filha de um DOBREV! - nunca vi Joanna tão alterada. - Eles são católicos e caçadores!

- Anna,por favor.. É a minha filha!

- A família dele nos caçou por séculos! - o azul dos seus olhos estavam borrados pelas lágrimas. - Ele te caçou!

- Nos amamos! - limpo minhas lágrimas.

- Eles são preconceituosos,maldosos e caçadores!

- Calma! Você não precisa me ajudar! - nos encaramos - Apenas me libere! Deixa eu fazer o feitiço!

Ela parece pensar até que decide se pronunciar.

- Tudo bem.. Até porque vovó te proibiu de fazer magia por que você se casou com um Dobrev.. Se prometer ficar longe dele,eu quebro o selo.

- Feito! - nem penso e dou a resposta. - Sabe onde anda Rowena?

- Sua mestre? - fala com desdém - Não faço ideia!

Que droga!

- Tá! - pego as chaves do meu Mustang - Vou pra casa dá um jeito nisso.

Parto em direção a saída.

- Sally! - me viro para ela - Cuidado.

Aceno e sigo caminho.

Chego na minha antiga casa,a que eu morava antes de casar com Paul.

Caminho até a sala,pego os materiais e retiro o tapete.

Ao abaixar sinto uma pontada muito forte; o selo foi quebrado!

Corto o braço e ponho o sangue em uma cuba.

Com a ajuda de um pincel,desenho um pentagrama invertido no chão.
Ponho uma vela em cada ponta e ascendo as mesmas.
Sento no meio da estrela,espalho pó de cemitério vindo dos túmulos e não da terra,com ossos de um gato preto faço a letra L.

Ergo a cuba e sussurro o feitiço.

- Et beatos vos vocatis me magister tenebris .. ..

Um vento forte invade a sala,não posso parar!

- Et beatos vos vocatis me magister tenebris ... Et beatos vos vocatis me magister tenebris!

Tudo se acalma.
Espero algo acontecer..

- Atrás de você! - me viro em direção a voz.

Encontro um homem, de terno, no canto da sala.

Levanto e fico a sua frente.

- Por que me conjurou? - pergunta em uma voz grave.

- Não é com você que quero falar! - matenho a voz firme - Onde está Lúcifer?

- Meu senhor não atende tão tarde.

- Sem o chefe, sem negócios! - ergo uma sobrancelha para ele.

O demônio começa a tremer e abre a boca. Grita enquanto um fumaça preta sai de sua garganta.

O homem cai.

Tento ir até ele, mas sou impedida por um dor aguda na minha cabeça. Levo as mãos a testa e tombo um pouco pra trás.

" Então quer tratar de negócios comigo? "

Era ele falando na minha cabeça!

- Sim.. Direto com você!

" Gosto da sua ousadia!"

- Vamos deixar o flerte pra depois. Vai me dar o que eu quero?

" E o que seria isso?"

- Minha filha está em coma. Quero que a tire de lá!

" E o que eu ganho em troca?"

- Minha alma? Daqui a dez anos! - falo como se fosse óbvio.

"Não.. Quero mais!"

- O que você quer?

Será que eu quero mesmo saber?

" Você saberá quando for a hora."

- Como assim?

" Corte a mão e apague as velas com as gotas do seu sangue."

A voz se vai.

Faço o que ele pediu..

No Dia seguinte..

- Sally! - Paul exclama vindo em minha direção - Ela acordou!

Me pega pela cintura e me gira no ar.

- Que bom.. - o loiro me desce.

- O que você fez? - pergunta sério.

- O que era preciso!

- Você me prometeu! - seus olhos continham decepção. - Jurou que nunca mais iria se meter com bruxaria!

- Você prometeu me amar..

- Nunca deixei de te amar! - me olha - Por que?

- Porquê, quero ver minha filha acordar! Quero que ela cresça,estude, se apaixone! Quero que ela viva!

- Eu sei! Mais iríamos dar um jeito. Eu conheci um caçador John win..

- Caçador? Ele me mataria assim que me avistasse!

- Okay! Vamos esquecer tudo isso!

- Não.. - tento não chorar - Vou pegar Lucy e vou embora.

- Pra onde?

- Para o mais longe possível!

Saiu dalí com o coração em pedaços.


Depois que a minha filha saiu do hospital. Encontrei uma casa em
Amarillo,Texas.
É uma cidade legal e a casa - apesar de pequena - é fantástica!

Passamos na mansão Dobrev,apenas para fazer as malas.
Sempre odiei esse lugar, a família de Paul me odeia por eu ser negra e quando descobriram que a noiva do filho era descendente de bruxa a coisa só piorou!

- Mamãe! Porque vamos embora? - Lucy pergunta descendo da cadeira de sua penteadeira.

- Porquê sim,meu amor!

Fecho a última mala.

- O papai não vai? - nego - Por que?

- Seu pai e eu vamos nos separar. - falo abraçando seu pequeno corpo.

- Ele não me ama mais?

- É lógico que ele te ama.. Muito!

Anderson aparece a porta. Seus olhos inchados.

- PAPAI! - Luh corre até o mais velho - Eu não quero ficar longe de você!

- Tudo bem,amor. - ele beija sua bochecha - Aqui, quero que fique com isso.

Entrega uma maleta a ela,que com dificuldades segura.

- Não é justo..

Ver minha filha chorar é desesperador!

- Escuta, você sempre vai ser a minha Gina..

- E você o meu Tommy.

Falam se referindo a música favorita dos dois; Livin' On a Prayer do Bon Jovi.

- Achei que fosse seu Johnny B. Goode?!

Sorriem juntos.

- Prefiro que seja o Tommy,por que assim poderemos ficar juntos!

- We've got to hold on to what we've got..

Ele começa..

- 'Cause it doesn't make a difference if we make it or not
We've got each other and that's a lot
For love, we'll give it a shot..

Cantam em uníssono.

- Temos que ir filha. - falo.

- Não.. - se agarra ao pai.

- Querida, eu amo você.. Quero que seja a garota que quiser ser e não a que eles esperam! - o choro dos dois era mútuo. - Você vai ser feliz.. Eu te amo,tanto!

- Vamos,Lucyr..

- NÃO!

- Meu amor,você precisa ir..

- Não papai! Promete que vai me ver,que não vai deixar de me amar e nem me esquecer?

- Prometo... Prometo!

- Não! - a pego pela cintura - Não..

- Vamos,meu amor.. - ponho ela no braço.

- A chave. - entrego a ele as chaves do meu carro - É seu.

- Não, foi um presente de casamento. Fique com ele.

Pego a maleta que ele a deu e saiu da casa.

Saiu pra nunca mais voltar!

| ¹|BEL: Deus do sol e do fogo dos irlandeses. Bel é ligado a cura,ciências e vegetação.

| ² | CERNUNNOS: Pronunciá-se Kernunnos. Deus, consorte da Grande Mãe, deusa da natureza, Senhor do Mundo.

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E aí?

Gostou?

Está ansiosa?

Espero que sim!!

Beijos,Cherry,e até o próximo capítulo❤

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