Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 8


      Maria atravessou os muros de concreto e arames farpados, mais segura que das outras vezes. Dessa vez, não achou tão constrangedora a revista e entendeu perfeitamente todas as regras e alertas de conduta que deveria tomar dentro daquela sala, sentada de frente para Silencioso.

Ethan perceberia essas mudanças. Desde o primeiro passo. Aqueles olhos castanhos não saíam dos seus. Maria o encarava, porém de uma forma diferente, não tinha mais medo, agitação ou ansiedade. A garota estava serena, tranquila, poderia jurar que sabia de coisas que ainda lhe seriam ditas.

— Boa tarde, Ethan — Maria despejou, assim que sentou à sua frente.

— O que aconteceu? — Ethan perguntou. A curiosidade lhe divertia.

— Como assim? — um juntar de sobrancelhas mudaria momentaneamente o seu semblante confiante para dar lugar a incertezas.

— Percebeu a forma como me chamou? — Ethan tinha um sorriso sincero no rosto, gostou de ter sido chamado daquela forma por ela.

— Esse é o seu nome, não é mesmo? — deu de ombros, mas sabia exatamente o que aquilo significava: aproximação.

— Certamente, Srta. Santiago — Ethan desviou o olhar, porém o sorriso permaneceu em seus lábios.

— Vou preparar o gravador e então podemos continuar...

— Não tenha pressa.

Maria não respondeu. Apertou os olhos e continuou com o manuseio do pequeno objeto em suas mãos. Gravou a data e colocou novamente no centro da mesa. Ethan acompanhava cada pequeno gesto também em silêncio, algo extremamente fácil para ele depois de vinte anos quieto. O que contradizia muito com seu passado. Apesar de ter ficado órfão de mãe muito cedo, teve de aprender a chamar atenção de outra forma. Ethan era conversador e um excelente contador de histórias. Seu pai tinha muito orgulho de toda aquela criatividade e os homens das fazendas em que trabalhava adoravam escutar o que o garoto tinha a dizer. Isso intensificaria em sua adolescência.

Nesse encontro, relataria a fase mais importante de sua vida, da qual sentia mais saudades. As competições infanto-juvenis acabaram; Ethan seguia para a carreira profissional. Uma carreira de muito sucesso, diga-se de passagem.

Maria observava aquele relato com muita atenção. A voz do homem à sua frente sumia em vários momentos decisivos, retornando intensa nos mais brandos. O relato era tão detalhado que a repórter quase conseguia visualizar as cenas de Ethan em cima daqueles cavalos tentando se manter preso a eles. Quase podia ouvir os sons das arenas de rodeios gritando por Lewis. Podia sentir o cheiro do seu suor misturado com o perfume das mulheres que o saudavam. O sabor da cerveja apreciada no momento de comemoração no final da competição. E os toques de Caroline sobre o seu corpo.

— Lembro-me como se fosse hoje, o orgulho que causei em meu pai quando ganhei minha primeira competição internacional. Era um domingo ensolarado. O sol ardia em minhas costas. Por mais grossas e protetoras que possam ser nossas camisas xadrez, elas nem sempre conseguem amenizar o queimado ardido. Essa foi a minha primeira campanha internacional, nunca imaginei que poderia sair desse país e acabei rodando meio mundo com apenas dezessete anos. Meu pai não pôde estar comigo nas principais competições. Senti muito a sua ausência, ele era meu treinador, mas também era de outros competidores. Oficialmente, nos registros, meu treinador era um amigo de infância dele. Como ele era contratado de outro competidor não poderia estar vinculado dessa forma comigo. O seu nome de fato só ficaria registrado no meu último ano como competidor.

Maria percebeu nesse momento uma ponta de ressentimento crescendo nos olhos amendoados de Ethan. Aquele homem significou muito em sua vida. Estava curiosa em saber se o pai viveu para ver o filho atrás das grades, porém não ousou perguntar. Na verdade, apenas escutava o que era dito. Estava completamente fascinada por sua história.

O pai de Ethan treinava o filho em suas horas vagas. Sempre com o entardecer já apontando. Esquecia toda a dor física e cansaço e passava seus mais satisfatórios momentos dando instruções para aquele garoto cheio de vida e esperança. Houve lugares em que não podiam realizar os treinos, os senhores não permitiam, e mesmo assim seu pai dava um jeito, levando-o para outros locais de treinos, muitas vezes gastando o dinheiro que não possuía. Mas o homem fazia sem pestanejar. Desde a primeira vez que vira o filho montar em um cavalo arisco e acalmar uma criatura muitos metros maior do que ele, soube que tinha um talento nato e que a sua única função era lapidá-lo, e assim Sr. Lewis fez. E com muito orgulho, viu seu filho sagrar-se campeão por três anos consecutivos. O rapaz poderia ter seguido em frente, sua carreira ainda era promissora, teria ganhado muito mais competições. Só que ele queria um lar.

— Um dia, chegando de uma competição importante, meu corpo ainda latejava de dor... Era praticamente uma miragem... Nunca tinha visto uma garota tão linda como aquela... — as pausas começaram a se intensificar, a voz embargada. Estava entrando na sua história com o grande amor de sua vida: Caroline. — Seus cabelos balançavam com a brisa do outono. Longos cabelos loiros. Ela retirou do bolso de sua jaqueta verde um daqueles elásticos para prender os cabelos. Amarrou com todo o cuidado, mas alguns fios na parte de trás ficariam soltos...

Foi inevitável para o homem sorrir ao relatar com tantos detalhes o primeiro contato que teve com aquela garota que viria a ser sua esposa. Maria estava admirada com tanta precisão de detalhes. Estaria inventando ou realmente aconteceu daquela forma? Maria não teria como saber. Ethan sabia.

— Seu cavalo já estava selado, apenas aguardava ser montado. Caroline não tinha muito jeito para a coisa. Na segunda tentativa conseguiu montar. Lembro exatamente o suspiro de vitória que ela emitiu quando conseguiu. Ela tinha apenas quinze anos...

— Você tinha quantos nessa época? — Maria acabou interrompendo aquele relato.

— Não sou tão mais velho do que ela, apenas já tinha vivido demais. Uma bagagem maior. A nossa diferença de idade não era o que mais pesava. O pai dela não queria que a sua única filha se relacionasse com o filho do treinador. Eu podia ser um campeão internacional, mas continuava sendo o filho do treinador. Entende?

— Perfeitamente. Pelo que li, o pai dela era um homem muito importante naquele lugar.

— Sr. Anderson tinha outros planos para a filha. Ele nunca me perdoou por tê-la levado embora. Mesmo prometendo que daria para ela mais do que ele dava. Nunca deixei faltar nada para Caroline, nem mesmo quando...

Ethan parou. Seus olhos lhe traíram. Uma lágrima se desprendeu e escorreu pela sua face. Nas primeiras vezes que se encontraram havia uma barba rala, que naquele dia estava feita. Maria conseguia ver todo aquele rosto sem obstáculos. Mesmo com as expressões de idade bem acentuadas, Lewis era um homem muito bonito.

— Quer fazer uma pausa? — Maria questionou. Talvez mais por ela, precisava ir ao banheiro, além do que sua barriga começava a indicar que um café da manhã mal tomado e um almoço ignorado estavam pesando.

— Podemos continuar... — Ethan analisou melhor a garota à sua frente. — Melhor fazer essa pausa, parece cansada. Se preferir, pode retornar outro dia.

— Sr. Lewis, não podemos prorrogar tanto assim, sabe que faltam apenas duas semanas.

— Tem razão, estou em contagem regressiva. Bata na porta e chame o oficial, faremos uma pausa.

Maria fitou-o por alguns instantes, olhando aquele rosto. Poderia ter sido amiga daquele homem, era o que sua mente lhe dizia. Teria tanto para lhe ensinar sobre a vida e obstáculos. Mas e se tudo que ele lhe dizia fosse a mais pura mentira? Já não acreditava mais nessa possibilidade, não depois de ter ido até a sua propriedade e falado com pessoas que o conheceram antes de ser um monstro, antes de ser Silencioso.



        — Preciso agradecer, Srta. Santiago. — Ethan a olhava sério.

— Pelo quê? — Maria retribuiu com o mesmo olhar, porém acrescentando uma pitada de desconfiança.

— A mudança em sua postura. Estava mais aberta e receptiva a tudo que lhe contei. Posso até jurar que não houve pré-julgamentos da sua parte, como aconteceu das outras vezes. Posso saber o que influenciou essa mudança? — Maria não podia ver, mas o homem à sua frente comprimia com força as suas mãos algemadas embaixo daquela mesa fria e reluzente.

— Digamos que comecei a fazer a minha lição de casa sozinha — respondeu com um levantar de sobrancelhas, achando graça de si mesma pela falta de empatia que mostrou nas primeiras vezes. Na verdade sentia-se uma tola por ter se deixado influenciar tão facilmente pelo seu editor.

— Espero que seu professor não fique decepcionado.

— Posso lhe contar um segredo? — o corpo de Maria veio ligeiramente para a frente, encostando na barreira de metal, e dessa forma conseguiu enxergar as manchas mais escuras dentro dos olhos de Silencioso.

Ethan sorriu. Seus olhos se iluminaram. Maria pôde ver um lampejo de felicidade crescendo em sua fisionomia. Aquela reação poderia ter assustado outra pessoa, não mais essa garota. Maria prosseguiu:

— Estou pouco me importando com ele!

E pelaprimeira vez, Silencioso viu o sorriso de Maria Santiago.    

xXx

Como estamos até aqui? Me contem! Não me deixem ansiosa mais do que já sou! 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro