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Capítulo 21


Nunca fiz isso, mas nesse capítulo em especial gostaria que lessem ouvindo essa música. Quando eu escrevi após quase dois meses do anterior - já devem imaginar o motivo de ter demorado tanto - era essa música que embalava a minha escrita e ela caiu perfeitamente com os sentimentos que serão relatados abaixo. 

https://youtu.be/Oextk-If8HQ


               Cada vez que levantava o rosto, Maria constatava que a fila para ganhar o seu autógrafo só aumentava. Sentiu um calafrio por conta da responsabilidade para a qual não estava preparada. A história de vida de um homem estava em sua posse e agora o mundo inteiro a conheceria. Até um estúdio de Hollywood entrou em contato para negociar a entrada daquele relato nos telões. Ganharia a legenda: "baseado em fatos reais" e foi justamente naquele momento que se questionou se tinha feito a coisa certa.

Talvez Ethan Lewis não quisesse tanta exposição.

O dia estava radiante. Céu sem nuvens, de um azul quase cristalino. Suas mãos suavam e não era por conta do calor que ainda fazia naquela época do ano. Alguns dias depois a temperatura cairia consideravelmente, porém Maria não desfrutaria do frescor daquele lugar. Havia se passado quatro meses da execução de Ethan, agora levando o título carinhoso de seu pai. Matias não demoraria a chamá-la até seu escritório e despejar em seu colo tudo que Ethan havia lhe instruído a fazer. Diego estava sem reação. Aquela garota simples agora era herdeira de muitas posses. Conseguiu ver o medo em seus olhos, e por conta disso não a soltou um minuto que fosse de suas mãos.

— Srta. Santiago, esse era o último desejo de Lewis. Se quiser posso dar entrada na papelada e você terá também o seu nome, e não somente todos os seus pertences. — Matias falava com ela de uma forma diferente das outras vezes, talvez por conta da saudade que sentia do amigo.

— Agradeço, mas vou recusar. Queria ter tido enquanto ele era vivo, agora perdeu o sentido. — Maria não sentia que aquilo era muito justo. Ele era seu pai, porém não foi seu pai de fato e em breve estaria casada com Diego e receberia o nome dele dali em diante. Assim supunha.

— Entendo. Eu ainda sou o procurador dos negócios do haras, posso continuar sendo, a menos que queira colocar outra pessoa no lugar, afinal a mocinha não deve saber como aquilo tudo funciona.

— Acredito que nunca saberei — respirou fundo. — Nunca nem sequer cheguei perto de um cavalo, imagina ser dona de vários! Diego, o que acha disso?

— Ethan confiava nesse homem, acho que podemos lhe conceder o mesmo — Diego, pela primeira vez desde que entraram naquela sala, pronunciou-se.

— Sr. Myers, por mim tudo bem. Acho que serei mais uma visita por lá. Sinceramente, não me vejo morando naquele lugar, por mais incrível que seja. Acredite, Diego, o lugar é de cinema! E também... Não sei... Ainda não me sinto parte disso, talvez nunca sinta de fato.

Essas últimas palavras foram ditas com muita tristeza. Quando saiu daquela sala em que viu seu pai perder a vida, seu primeiro destino foi parar na casa de sua tia Rosa e lhe contar que tudo acabara. Que toda aquela proteção havia se mostrado inútil. A tia soube da verdade e nunca se perdoou por ter mantido a menina afastada daquele homem. Mas na carta que ele havia lhe enviado, ele pedia justamente o que foi feito. Maria demorou certo tempo para perdoar e devolver em seu coração o lugar que a tia ocupava.

Matias, nesse encontro, entregou-lhe a urna que continha as cinzas de Ethan. Disse a ela que ele havia lhe pedido que fossem jogadas em sua propriedade, perto do local em que domava os cavalos para as competições. Ficava próximo de algumas árvores bem velhas. Eram gigantescas. Seu lugar favorito no mundo. O lugar em que ficava com Peter, e mais tarde com Gabriela. A garota não se sentia no direito de fazer tal coisa. Matias insistiu. Então, além de vários papéis constando que era dona de tudo que aquele homem possuíra, levou consigo o que sobrou de sua forma humana. Cinzas dentro de uma urna. Maria levaria muito tempo até realizar aquele desejo.

Foi recebida de volta ao Recanto das Corujas como uma rainha. O casarão estava todo enfeitado com flores. Nos quartos arrumados, um perfume doce invadia e uma cozinheira estava à sua disposição. Nem Ethan teve tanto aparato como a filha estava tendo naquele momento. O senhor já de idade, que meses atrás havia lhe confidenciado histórias sobre o patrão, achando que a moça era apenas uma repórter, encheu-se de felicidade quando as suas suspeitas se confirmaram. Entendeu o motivo que o levou a ser uma língua frouxa com ela. Era filha dele com a mexicana. E como gostou daquilo.

                — Srta. Santiago? Posso tirar uma foto ao seu lado?

As pessoas ainda a chamavam assim. Porém sua assinatura ganharia um nome a mais. O casamento com Diego aconteceu como sonhou. A Igreja católica toda enfeitada com suas flores favoritas. Margaridas. Convidados elegantes. Até Vicente compareceu para felicitar sua ex-colega de profissão, que agora alçava voos muito maiores, enquanto ele amargava naquela ilha escrevendo sobre gatos presos em árvores. O editor, na época, sentiu-se traído quando sua pupila — lembrando que ela era tudo, menos isso — decidiu que aquela história não poderia ocupar apenas uma página do jornal El Dourado. Ela tinha que virar algo grande, gigantesco como um dia foi o seu detentor. E assim nasceu seu primeiro romance, que ocasionou o desligamento com o jornal. Apenas depois da dedicatória feita e nela a menção ao nome Pablo Martinez é que voltariam a se falar. Agora lá estava ele com a esposa no altar, esperando a garota entrar.

Quando a marcha começou a ser tocada, Maria sentiu o peso de não ter Ethan lhe conduzindo, mas o tio, o pai adotivo, estava lá. Todo orgulhoso, com a garotinha medrosa que acolheu ainda muito pequena. De terno, estendeu seu braço e ela envolveu sua mão, com as unhas em uma cor clara — raramente usava esmaltes, mas o evento pedia por isso — e logo uma aliança seria depositada em seu dedo.

Diego tinha sensação de desmaio a cada piscar dos seus olhos. O rapaz, de cabelos quase pretos e olhos da mesma cor, mal conseguia conter sua agonia de ter finalmente Maria como sua esposa. A felicidade que lhe invadia quase o cegava. Então se lembrou do livro da mulher que relatava um amor parecido ao que sentia. Teve medo de repetir todas aquelas imprudências que poderiam fazer com que a perdesse. Respirou fundo, livrando-se desses pensamentos destrutivos, e então a viu. Linda em seu vestido de noiva. Apesar de ter sangue mexicano em suas veias, o lado discreto do pai foi o responsável pela escolha de um vestido, digamos, simples, para cobrir seu corpo magro e pequeno. Gabriela, se pudesse, não teria usado algo assim, certamente teria escolhido um que evidenciasse seu corpo cheio de curvas e um decote bem generoso. Maria não tinha esse corpo e muito menos uma atitude exibicionista, preferiu um vestido mais reto e com mangas curtas, porém todo cravejado de belas pedras de brilhante. Os cabelos vinham soltos e a maquiagem leve mal disfarçava suas sardas. Ethan a teria achado a mulher mais linda desse mundo se estivesse ali.

Um festão aguardava todos os convidados no final daquela noite. Uma banda foi contratada e animou os presentes até o sol despontar no horizonte. Diego e Maria não desfrutariam até o final. Seguiram para um hotel luxuoso para comemorar em grande estilo a noite de núpcias. No dia seguinte, embarcaram para a Europa. Um sonho antigo de Maria, conhecer a Espanha.

As fotos dessa viagem ainda esperavam o momento certo para enfeitar a casa recém-comprada com o lucro do seu livro, Como conheci meu pai.

Esse foi o título que ela escolheu para contar a história de vida de um homem inocente, mas condenado por não saber diferenciar os tipos de amor que um ser humano pode suportar. Ele não soube se amar. A culpa por uma fatalidade o dominou. Virou um dos seus animais adestrados e colocou seu destino nas mãos de uma mulher que há muito desistira dele. Maria jurou para si mesma que jamais faria o mesmo consigo e com Diego.

Um ano se passara desde sua estreia no ramo literário, e mesmo assim era chamada para dar palestras e noites de autógrafos pelo país e fora dele. Algo que já estava lhe cansando. Naquela noite, muito perto de sua casa, posando para fotos com os fãs, tomou a sua última decisão sobre o assunto.

               — Tem certeza de que é isso que quer? — Diego lhe olhava direto nos olhos, mostrando todo o seu apoio independente da decisão que tomaria, porque era isso que ele era, o seu companheiro nos momentos bons e nos ruins.

— Absoluta, Diego. Já passou da hora de dar paz para esse homem.

— Fico muito feliz com a sua decisão.

— Ele vai poder se fundir com tudo que mais amou nessa vida, e de certa forma o terei também aqui dentro de mim.

— Meu amor! Você o tem dentro de você. Ele é você. Ela é você. Os dois juntos te fizeram e eu sou muito grato a eles por terem se amado. Criaram essa pessoa especial, lutadora e determinada. Acredito que ambos estão lá em cima, abraçados, te olhando com carinho.

O sol ainda os brindava naquele dia de doação. Os funcionários do Recanto das Corujas deixaram a garota e o marido sozinhos. O local era aquele. Perto das grandes três árvores de carvalho que estavam ali desde muito antes dos colonizadores chegarem. Diego deixou que ela caminhasse em direção à colina, sozinha. Encostou suas costas contra a cerca pintada de branco. Alguns cavalos chegaram próximos. Diego acarinhou a crina de um deles sem tirar os olhos da sua amada.

Maria seguia sua caminhada com a urna que continha as cinzas de Ethan pressionada contra o seu corpo. Sentiu novamente o único abraço que recebeu daquele homem. Lágrimas teimosas rolaram por sua face. Não podia simplesmente chegar ali e jogar o que restou daquele homem contra o vento. Sentou entre aquelas árvores e as palavras que ele disse voltaram em sua mente:

— Fugíamos, Peter e eu, para o pé daquelas árvores e ali teríamos o nosso momento pai e filho. Caroline quase não nos dava espaço. Peter nunca teria vocação em montaria. Puxou para ela. Mas ele gostava de contar histórias, como eu. Então, ali, esperando o dia ir embora, ele viajava em sua criatividade enrolado em meus braços. Acredito que nossas gargalhadas chegavam até aos ouvidos da mãe...

Essa lembrança sempre lhe causava inveja, afinal o contato que teve com ele sempre fora limitado por uma mesa de metal e algemas apertadas. Sem falar no medo e na repulsa que lhe dominou a maior parte do tempo em que respiraram o mesmo ar.

— Desculpe-me! Eu teria amado ficar assim com você. Como ela também amou — sem perceber, conversava com ele depositado em seu colo. Fechou os olhos novamente e a voz doce retornou para seus ouvidos:

— Gabriela gostava tanto de ficar entre aquelas árvores que, se pudesse, dormiria e acordaria com os pássaros lhe beijando o rosto. Muitas vezes tive de levá-la de volta para casa presa em meus ombros. Ela era tão pequena... Uma mulher linda e gentil...

Maria abraçou com mais força aquele objeto que mantinha Ethan ainda próximo de sua realidade. Ela devia, mas não queria. O momento já havia passado. Levantou sem muito esforço. O sol começava a ficar cedente. Estava indo atrás de seu descanso, abrindo espaço para a Lua iluminar aqueles campos verdejantes. Maria teve seu momento no lugar favorito de Ethan, e assim o soltou. As cinzas fizeram um arco sobre sua cabeça e o vento, antes tímido, resolveu se exibir e levou o homem bom para todos os lados. Estava espalhado para a eternidade.

Voltar ao Recanto das Corujas sempre era difícil para aquela menina. Mas aos poucos conseguiu se permitir desfrutar daquele lugar e das pessoas que ainda o compunham. Sentia que devia a elas. Aquele era o ganha-pão de diversas pessoas e Ethan ficaria contente se uma pessoa de seu sangue desfrutasse daquilo que lutou tanto para conseguir e não pôde usufruir. Maria tentaria. Soube das histórias que agora eram contadas sem medo de serem mal interpretadas. Conheceu também melhor Gabriela, a mãe que a tia escondeu. Tia Rosa falava abertamente da irmã mais velha com saudades e respeito. Maria gostou daquilo e um dia levou os tios para conhecerem o lugar em que a mãe fora feliz, mesmo que por pouco tempo.

E nos dias em que o coração apertava, corria pegar a caixa dentro do baú de Diego e de lá resgatava as fitas com o áudio de Ethan. Algo que sempre a fascinou: a maciez de sua voz. Muitas vezes se sentiu envergonhada por ter pensado que ele fosse um ser das trevas que disfarçava sua asquerosa voz com aquele tom acolhedor. Nesses momentos, escutando o pai falar sobre sua vida, sentia-se conectada. Sentia seu sangue locomover em suas veias de forma diferente. Apertava o play e se teletransportava para aquela sala rude em que o conheceu. Em que se uniram. Ele estava ali, diante de seus olhos mais uma vez.

— Meu pai se chamava Noah e minha mãe Mary...

— Interessante. Praticamente o mesmo nome que o meu.

— Sim. Exatamente como o seu.

Fim.


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