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Capítulo 20

             Ethan ainda sentia Maria em seus braços quando o relógio começou a entrar em contagem regressiva. Tinha apenas vinte e quatro horas. Sua vida seria cronometrada dali em diante, até não ter mais ar em seus pulmões e sangue pulsando em suas veias.

— Venha até a porta e passe as mãos pela fenda — aquela voz odiosa ecoou pelo corredor imenso. — Vire de costas e coloque-as contra a porta.

Ethan escutou essas palavras por longos anos e apenas hoje elas lhe fizeram sentido. Quis recuar. Desejou gritar que era inocente, mas de que adiantaria agora? O melhor a ser feito era aceitar. A porta foi aberta e seus pés também foram algemados. O carcereiro mencionou a hora. Ethan não conseguiu reter a informação. Algo estranho lhe chamou a atenção alguns metros fora de sua cela. Uma gaiola estava montada no corredor e foi lá que o enfiaram.

— Tire toda a sua roupa.

Ethan obedeceu e ficou nu. Nu como ficou na primeira vez que entrou nos muros que o mantinham detido. Mais instruções foram ditas:

— Levante os braços. Agora mexa seus dedos. Abra a boca e balance a língua.

Esse era o procedimento. Michael observava atento seu superior ditando o que o condenado deveria fazer. Tudo isso era uma precaução. Uma revista para se certificar de que o homem condenado à morte não portasse uma arma que possibilitaria cometer suicídio. Revista terminada, outra roupa lhe foi dada. Adeus àquela que por anos lhe cobriu o corpo e bem-vinda aquela com a qual seria executado. Sua última veste. Um macacão branco muito parecido com o laranja que usou na primeira vez que pisou seus pés dentro do presídio. Novamente, as mãos foram algemadas. A gaiola foi aberta e de lá seguiram em direção à van que lhe levaria com segurança até a ala destinada à sala de execução.

Foi o momento de silêncio que Ethan mais apreciou.

Os funcionários da penitenciária não são obrigados a participar de tais atos. Para isso são voluntários. Michael quis. Sentiu que seu ídolo precisaria ter alguém próximo no momento final. Porém, caminhando logo atrás, desejou parar. Pensou em desistir. O percurso não era exatamente longo, mas pareceu uma eternidade para aqueles dois homens. Ethan, ao deixar a van, agradeceu pelo calor que subiu pela sola do seu tênis e beijou-lhe a face. Essa foi a sua despedida do sol. Ele olhou direto para o astro-rei até seus olhos não aguentarem mais. E assim, cego por aquela luz quente, entrou na unidade de execução.

"— Por que que teve de ser assim? Eu desejei tanto um pai! E você esteve o tempo todo aqui, desejando ter uma filha!"

A voz doce de Maria ao pé de seu ouvido, durante o único abraço que tiveram, acolhia Ethan em sua caminhada. Sua última milha. Seus últimos passos seriam desfrutados como uma dádiva.

Os dez dias haviam se passado desde que o Governador assinou os papéis de sua execução. E foi durante esse período que decidiu pela injeção letal. Ethan não queria sentir dor. Mas estava sentindo a maior de todas que já teve em sua vida, e as agulhas ainda nem tinham lhe tocado a pele. Durante esse tempo, conseguiu o que jurava ser impossível, conhecer sua filha, dizer que lhe amava e imaginar que ela poderia sentir o mesmo. O tempo era curto demais para ter certeza. Se tivesse tido mais tempo, Maria teria lhe amado como merecia. Ela também sabia disso, e por esse motivo não queria estar lá presenciando o pai perder a vida por algo que não fez.

Corredores passavam e Ethan continuava andando, até que foi colocado diante de uma cela muito menor que aquela em que viveu seus últimos tempos. Um cubículo que só seria reaberto na hora da execução. Do lado de fora, estava Michael, mudo e olhando para o nada. Enquanto Ethan, sem ação, permaneceu em pé até a primeira visita.

Momento de confissão de pecados. O capelão arrastou uma das cadeiras próxima à porta da cela de Ethan, e pelo buraco em que suas mãos eram inseridas para colocar e tirar as algemas, pôde observar o homem com um olhar temeroso. O seu papel naquele momento é de oferecer consolo para essas pessoas que o relógio deixou de marcar. Começou a preparar a morte espiritual de Ethan. Esse homem da fé só deixaria aquele lugar quando o óbito fosse confirmado.

Conversaram. Na verdade, ouviu mais do que falou. Contou para o homem de preto sobre a filha. O quanto era bonita, determinada e inteligente. Confidenciou-lhe todo seu orgulho pela garota. Ressentiu-se e ao mesmo tempo agradeceu àqueles que lhe deram tal educação. Sabia que não teria feito melhor. Foi uma conversa franca como há muito tempo não tinha com outra pessoa.

Quando anoiteceu e lhe foi permitido dormir, tentou. Falhou. Ele seria executado dentro de algumas horas e não achou justo perder seus últimos momentos dormindo. Isso ele faria por toda a eternidade dentro de instantes. Michael dormiu na troca de turno. Queria estar inteiro para ver o amigo no seu último momento. Gostaria de poder trazer Maria para perto e deixar que se despedissem, algo impossível. Mesmo que ela estivesse lá, Ethan jamais saberia. O vidro só permitia visão de um dos lados e não era onde Ethan estaria. Maria, do conforto do seu lar, agarrada aos braços gentis e acolhedores do namorado, também não dormiu.

Essas horas da noite são as mais tensas para aqueles guardas. É nesse período em que acontecem as tentativas de suicídio. Foi um verdadeiro alívio para Michael quando retornou e encontrou Ethan ainda respirando, enquanto o dia clareava e as pessoas entravam em suas rotinas diárias. Procedimentos importantes começavam a ser realizados dentro daqueles muros protegidos pelos arames farpados. Deu-se início aos testes dentro da câmara da morte.

A cama, especialmente projetada para essa finalidade, é testada. Nela consta uma maca adaptada com dois braços e várias amarras por toda a sua extensão. Verificam se o telefone está em pleno funcionamento. Isso é muito importante, afinal se ele tocar a execução é suspensa. Infelizmente isso não aconteceria com o condenado 0000989345. O Governador, o único autorizado a parar o que acontece naquela sala, receberia pessoas importantes no exato momento em que Ethan deixaria de existir.

Faltavam apenas cinco horas para que tudo acabasse. Maria tomava seu banho e Diego já esperava com o café da manhã pronto. Se ela quisesse estar lá, tinham que sair dali em menos de 30 minutos. Ethan também estava sentindo a água quente preenchendo o seu corpo. Aproveitou cada minuto daquele banho. Suas mãos passearam por todo pedaço de pele que possuía. Apoiou no azulejo azul e abaixou a cabeça. A água fez o resto. Levou suas lágrimas. Seus lamentos e ressentimentos. Estava purificado de alguma forma. Sentiu-se pronto.

Ele tinha direito a uma ligação. Pensou em Maria. Ligou para Matias. O homem já estava no prédio. Também não conseguiu dormir direito. Ouviu de Ethan a verdade.

— Foi ela e não eu. Durante esse tempo todo você tinha razão, caro amigo. Assumi a culpa dela e agora estou indo ao encontro dela e de Peter. Cuide de Maria. Faça-a aceitar a propriedade. Se ela quiser vender, ajude nesse processo. Preciso ter certeza de que ela terá uma vida confortável de agora em diante. Tudo que me privei tem de ter um significado. Conto com você.

Matias garantiu que tudo isso aconteceria, nem que fosse a última coisa que faria na Terra. E de fato, foi um ato complicado de acontecer. Quando leu o testamento para Maria, ela não conseguia acreditar que era dona do Recanto das Corujas e de tantas outras propriedades que Ethan acumulou antes de ter a vida tomada pelo egoísmo de um amor que não tinha mais sentido, apenas vaidade.

Aquela história de escolher a última refeição de fato existiu, porém no estado do Texas ela já não estava mais em vigor. Assim sendo, a última refeição feita por Ethan duas horas antes de ter a sua vida retirada foi a mesma que era servida para os detentos comuns daquele presídio. Porém isso não o impossibilitou de apreciar cada molécula que lhe foi colocada na boca.

Enquanto Ethan terminava sua última refeição, as pessoas que testemunhariam a execução começavam a chegar à penitenciária. Na grande maioria, voluntários ou membros da imprensa. Essas pessoas estão lá para confirmar que o indivíduo foi mesmo executado. Alguns parentes das vítimas e dos próprios presos, separados em salas diferentes. No caso da execução do condenado 0000989345 não havia ninguém da parte de Gabriela. Da dele, apenas Matias. Maria ainda não havia chego. E qual espaço ocuparia? Isso era uma incógnita.

Faltava agora uma hora para o coração de Ethan parar de bater e é nesse momento que o executor entra em ação. Ele é quem ministra as doses das drogas que serão injetadas dentro de seu corpo imobilizado. Ele precisa checar tudo para garantir que saia da forma correta. Ethan conversava tranquilo com o padre. Soube das coisas do lado de fora daqueles muros, pediu por isso e o homem da fé atendeu. Até alguns risos que camuflavam seu nervosismo eclodiram.

Passos. Mais de um. Vários. Todos sincronizados, como se estivessem marcados, eram escutados quando o relógio na parede diante de sua cela marcou trinta minutos para sua execução. Suas suspeitas se concretizaram quando teve diante do seu rosto a face do diretor do presídio. Não restava mais escapatória.

Lá estava ele, com a sua equipe de contenção, olhando Ethan direto nos olhos. Sentiu pena do homem. Gostava do preso, também duvidava de sua culpa. Como um homem da lei, devia cumprir com a sua função.

— Está na hora, Ethan. — Normalmente não dizia o nome dos homens que conduzia a tal destino, mas esse sempre foi diferente. — Não teremos problemas?

— De forma alguma — Ethan respondeu tranquilo.

— Muito bem. Abram a cela.

Com o pé direito, Ethan deixou para trás a sua vida. Seus momentos felizes e tristes. Sua infância sem a mãe. A adolescência cheia de promessas ao lado do seu pai. A paixão avassaladora e o amor doentio. A perda do sangue. Esperança. O encontro com a tranquilidade e a volta do furacão. A perda de identidade. Seu número. O que seria de agora em diante? Nada.

Não havia mais necessidade de algemas. Elas perderam sua função. O diretor conhecido de anos de confinamento virou-se de costas. Entre eles, dois guardas. Às suas costas, mais três. Nessa formação, caminharam lentamente até o último local que seus olhos amendoados veriam: a câmara da morte.

A luz incandescente o cegou momentaneamente. De posse de sua visão, pôde ver no centro de tudo o objeto que levaria sua existência. A maca verde clara reinava soberana. Suas pernas tremeram pela primeira vez desde que os minutos passaram a valer anos. Seu estômago, que ainda trabalhava na digestão da última refeição, embrulhou. Sentiu que ia vomitar. Conteve-se. Olhou para os lados tentando traçar uma rota de fuga. Atitude inútil, pensou. Sentiu-se um imbecil. Não por ter pensado na fuga, mas sim por ter assumido o crime da garota que lhe dava amor. E foi com a imagem do sorriso dela que se deitou naquela cama mórbida.

Foi amarrado a ela. Cada guarda voluntário ficaria responsável por uma parte de seu corpo. Michael cuidou dos braços. E em momento algum deixou de olhar Ethan nos olhos. Em seu semblante estava escrito: tudo vai dar certo. Perdão!

Ethan retribuía com complacência. Não era sua culpa. Aquele era o seu trabalho e, como tal, deveria ser executado da melhor forma. Agora estava totalmente imobilizado, porém suas moléculas se agitaram e um tremor em sua pele começou a formigar.

— Diga à garota que eu a amo e sinto muito por tudo isso — Ethan falou olhando Michael nos olhos, com pavor.

— Você terá a chance de dizer isso — Michael tentou lhe confortar.

— Não posso fazer isso. Não agora. Não dentro dessa sala. — Ethan balançou a cabeça e desviou o olhar.

Tudo pronto. Michael teria de deixar a câmara da morte junto com seus colegas de profissão. O padre entrou. Ficou na extremidade inferior de Ethan, com as mãos sobre seu tornozelo, sem o empecilho das vestes. Era dessa forma que esse homem se posicionava nessas situações. Acreditava que esse contato do tato sobre a pele trazia paz a esses homens condenados a uma morte ditada pela lei.

Maria desceu do carro sem que Diego tivesse parado apropriadamente. Correu o mais rápido que pôde. Seu coração estava prestes a sair pela garganta ao encontrar aquele ar quente vindo dos verões escaldantes do Texas. Nunca soube explicar o tempo que sua consciência apagou do estacionamento até a sala em que as testemunhas aguardavam de pé, diante do vidro unilateral em que se via Ethan amarrado. De forma brusca, afastou aqueles seres humanos sem coração e colocou-se bem à frente, com uma de suas mãos sobre a janela que contém almas. Dentro do peito, o grito ficou preso. A palavra pai ficou para sempre guardada ali como uma rachadura.

Os dois estavam alheios ao que acontecia na sala em anexo à câmara da morte. Os fios, conectados nas veias de Ethan pelos enfermeiros, levariam as drogas até a sua corrente sanguínea. O executor preparava as drogas letais com concentração. Qualquer erro no seu cálculo poderia ocasionar uma catástrofe. Era um trabalho minucioso, por isso a bateria de exames dias antes de sua execução.

— Sr. Lewis. Pode dizer suas últimas palavras — o diretor ao seu lado finalmente proferiu a frase mais temida para os sentenciados à morte.

Ethan tinha menos de quinze minutos de vida a partir daquele momento. E sua vida passou como um flash diante de seus olhos, até que parou no sorriso de Maria. O único que ela deu desde que se conheceram.

— Minha filha, nunca deixe de sorrir!

Maria desabou. Os joelhos não aguentaram seu peso. As pessoas se afastaram. Diego veio em seu amparo. Seus braços foram fortes e seguraram a sua garota. Porém, não foram suficientes para conter suas lágrimas. E com os olhos embaçados pelo líquido composto de água, sais minerais, proteínas e gordura, observou os do seu pai fechando.

O sinal finalmente foi dado pela autoridade máxima dentro daquela câmera. E o executor deu início à sua mágica. A primeira substância que entrou em seu corpo o fez dormir. Mas ainda era possível ver seu pulmão encher e esvaziar. Maria estava no mesmo ritmo que o seu. Então, entrou em cena a segunda droga, aquela responsável por paralisar todas as suas funções. Em questão de segundos a cor de Ethan mudou. Estava ficando vermelho. Estava morrendo. Ninguém falava. Ninguém ousava respirar. Até os pássaros do lado de fora daqueles muros pareciam saber o que estava acontecendo ali dentro e, em sinal de respeito, deixaram de cantar. Cloreto de potássio. Maria nunca mais esqueceria esse nome. Ele foi o responsável por parar o coração de Silencioso.

xXx

Não consigo comentar esse capítulo e entenderei se o mesmo acontecer com vocês. Espero domingo com o último capítulo. Beijos. 


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