Capítulo 7
Ully
Os dias tem ficado cada vez mais nublados e parece que o sol resolveu se esconder,está um pouco frio por esses dias e por essa razão estou com minha calça jeans azul escura e um moletom branco,tenho ficado longe de casa por esses dias,a maior parte do tempo estou pelas praças ou em algum restaurante qualquer,não é que eu me sinta sozinha lá, só me sinto melhor aqui fora. Hoje conto com a presença de Faille e Patch junto a mim,ao que parece nunca estou realmente só,o que eu aprecio as vezes. Não tive coragem de contar a Patch sobre minha visão com o tal estranho de cabelos de fogo porque acredito que também éramos íntimos, de que maneira,ainda não posso afirmar.
— Está congelando aqui fora. - digo olhando para ambos os lados para checar se ninguém está prestando atenção a maluca falando com o nada.
— Devia ver como é no Alasca. - diz Faille fazendo um gesto de "isso não é nada".
— Você quer que eu busque um casaco mais quente pra você? - Patch se prontifica. — Vai ser um pulo rápido.
— Não,não precisa mas obrigada. - lembro de imediato que talvez essa seja a oportunidade perfeita — Hum,na verdade você pode buscar pra mim? É um preto com listras azul. - Eu não queria realmente o casaco mas quero perguntar a Faille sobre uma coisa e Patch não deve estar por perto.
— Claro,volto já. - diz ele e quase me sinto culpada por faze-lo ir até lá sem ser realmente necessário.
— Não tenha pressa. - digo antes que ele se vá,assim que tenho certeza que já está longe o suficiente pergunto a Faille: — Você me conhece também,estou certa?
Ela estreita os olhos mas responde.
— Pode-se dizer que sim. Não tanto quanto certas pessoas. - ela fala olhando para onde Patch tinha saído.
— Por favor,quero te perguntar uma coisa,mas não quero que comente nada com Patch,tudo bem?
— Depende da pergunta,se for algo que te ponha em perigo,serei obrigada a falar,sabe como é,coisa de amiga.
— Não é nada assim. Não sei ao certo como devo perguntar,você sabe se eu me envolvi com alguém além de Patch no passado? Uma pessoa de cabelos ruivos,pelas suas feições acredito que era um anjo também mas não tenho certeza,os olhos eram de uma cor rara,um caramelo muito claro.
Faille arregalou os olhos.
— Porque está fazendo essa pergunta? - um fio de esperança nasce dentro de mim.
— Você o conhece?! Por favor,me diz quem é ele e porque está nas minhas lembranças. Acredito que nos conhecíamos e ele estava sozinho...
— Pare! Não sei como se lembrou disso mas acredite quando digo que você está melhor agora,esqueça isso.
Não havia muito tempo até que Patch voltasse e eu não podia me dar por vencida.
— Faille,estou desesperada para saber qualquer coisa que você tenha a me dizer sobre ele. Como se sentiria se de repente todos os que são importantes para você fossem apagados das suas lembranças? Por favor,vocês precisam entender que isso é uma decisão minha,minha vida e meu passado. Você me entende? - Ela parece estar pensativa e indecisa sobre o que fazer.
— O nome dele é Razvan e ele é...
— Aqui está seu casaco,nossa você tem muitos mas encontrei o que pediu. - Patch me entrega o casaco e se senta ao meu lado. Nota o clima súbito de silêncio pairando no ar. — O que houve? Porque estão com essas caras?
— Faille estava me ajudando com uns pesadelos que ando tendo. Me disse para não ter medo,esquecemos os pesadelos com o tempo.
Patch olha para Faille e depois para mim e observo suas feições relaxarem.
— Você quer que eu durma com você hoje? - Patch pergunta e sinto minhas bochechas queimarem. Sei que não havia nenhum indício de malícia no pedido,ele realmente só queria ajudar mas não conseguia parar de corar.
— Sim,eu gostaria. - respondo quase em um sussurro. Faille limpa a garganta e diz que vai tomar um ar em qualquer outro lugar.
Patch me abraça por trás, mas no momento que percebe o que está fazendo, se retira rapidamente dali.
— Desculpe-me,as vezes esqueço que suas lembranças foram apagadas. Não foi de propósito. É que...sinto saudades. - ele sussurrou a última parte de uma maneira que deu pra perceber o quanto ele sentia. Meu estômago deu um pulo tão grande que senti minhas pernas enfraquecerem. Não consegui dizer outra coisa que não fosse:
— Porque você soltou?
— Achei que estivesse desconfortável - ele parecia surpreso.
Dessa vez eu o abraço por trás.
— Sabe, Patch. De vez em quando me pergunto,você vive cuidando de mim, mas quem cuida de você? - Ele abriu a boca mas não disse nada.
— Você está tão...diferente. - Finalmente disse.
— Estou? - solto uma risada. — Bem não tem como eu saber,não me lembro da minha antiga versão. Eu era uma chata?
Ele sorri com isso.
— Não,longe disso. Quero dizer que parece estar mais séria,só isso. Bem,vamos? Está ficando mais frio aqui fora.
Patch cumpriu o pedido e realmente dormiu comigo,sem malícia,sem segundas intenções,apenas me deu um beijo de boa noite na testa e me observou dormir. Razvan,me sinto culpada por estar pensando nele agora, mas ele também é uma parte de quem eu sou,de quem eu fui. Não tem como simplesmente esquecer,ou melhor,não queria esquecer uma segunda vez,assim como não queria esquecer Patch e as lembranças perdidas. Será que devo contar a ele sobre Razvan? Eu não sei o que fazer,tenho medo que isso o magoe e não quero isso. Ele tem sido tão paciente,tão bom para mim. Não quero fazer nada que o prejudique,deveria realmente esquecer dessa visão do menino de cabelos de fogo? Não,me corrijo,do homem de cabelos de fogo. Na visão, sentia que ele precisava de mim e se ainda precisa? Sinto Patch passar as mãos pelos meus cabelos,os acariciando. Razvan,você ainda está sozinho? Em meio a pensamentos,adormeço.
— Para! Ouço suas gargalhadas ecoarem. — Você não é uma criança,não vou fazer isso,se você se esconder,vai apodrecer onde estiver. - Ele sempre dizia isso mas sempre entrava na brincadeira,por mim. Quase podia ver ele revirando os olhos quando ouço:
— Bate palma.
Quando ele me encontra diz:
— Qual é a graça se sempre escolhe os mesmos lugares para se esconder?
— Raz. - digo em repreensão mas logo um sorriso invade meu rosto.
Acordo no meio da noite e Patch ainda está acordado ao meu lado,me pergunto se ele realmente precisa dormir.
— Outro pesadelo? - pergunta. Não sei por quanto tempo terei que esconder isso dele.
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