Capítulo 2
Ully
Chutava o carro com tanta força que parecia que a qualquer momento deslocaria uma perna. Não sabia o quão eu era forte mas quando senti o carro quebrando sob meus pés,soube que tinha algo mais. Algo a mais em mim.
Não tenho tempo pra pensar nisso agora.
Preciso dar um jeito de sair daqui,rápido.
- O que está havendo?! - berra um dos policiais vendo que eu conseguia quebrar uma parte de seu carro e abrir um buraco pra rua. Ele esbugalhou os olhos. - Mas que merda está fazendo garota?
- Me soltando. A menos que vocês dois tenham provas de que realizei realmente um ritual ou sei lá o que. Não mereço estar aqui. Então... - Chuto a porta do carro a fazendo voar pelos ares, liberando minha passagem. - Tenho que ir.
Me joguei para fora do carro e cai rolando no chão,não tem problema os ferimentos iriam se curar mesmo. Meu objetivo é sair daqui.
O policial da meia volta no carro para tentar me pegar de novo. Eu poderia correr mas certamente ele me alcançaria. Se eu pudesse usar minhas asas... Já estaria livre daqui a muito tempo. Mas não posso arriscar ser pega,são as regras.
Preciso pensar em alguma coisa.
Meu coracão pulando junto comigo, tentando fugir do que quer que seja isso. Meu cerebro tentava pensar em alguma coisa para me tirar dessa furada.
Nada.
Espera... O que ele está fazendo aqui? Porque diabos estava me perseguindo?
Ele me irritava.
- O que está fazendo?! - grito ainda correndo para o menino de pele bronzeada a minha frente,ele estava correndo em minha direção. Mas o que...
Assim que ele chega perto o suficiente,me surpreendo com o abraço repentino que recebo. O que ele estava fazendo? Eu tinha que correr.
- Confia em mim e segura.
Estranhamente eu sabia exatamente do que ele estava falando,talvez fosse porque eu também possuia asas. Me agarrei nele e vi suas grandes asas negras me envolvendo como um cobertor. O gesto perceu tão...certo.
Logo já estavamos voando.
Bem, ele estava.
- Espera,não podia ter feito isso. Eles com certeza viram você. Isso não é bom. - digo nervosa e ele apenas sorri.
Que sorriso bonito...
- Relaxa. Estou invisivel aos olhos humanos,não podem me ver e nem a você,considere isso um dos meus dons.
- Ter essa habilidade seria incrivel. Você pode me ensinar?
- Não adianta te ensinar,mesmo que eu quisesse você não possui esse dom.
Penso sobre issso.
- Você parece saber muito de mim. É estranho mas... - Não sabia se podia confiar nesse cara ainda. Sair falando de suas experiencias de vida não era nada sensato.
Por isso ela se calou.
- Hum. Algumas coisas não mudam mesmo. - ele parecia estar rindo de uma piada particular.
- Hum. Obrigado por sua ajuda mas pode me deixar em um canto afastado e eu me viro.
- Não se preocupe,te levarei em casa.
- Lá eu não posso ir, com certeza a policia deve estar me procurando lá. Vou ficar em um hotel ou coisa assim. Deveria me surpreender de você saber onde é a minha casa?
- Não.
Fiquei olhando diretamente para ele. Parecia bem descontraido mas seu olhar escondia algo. Podia ver, claro como a água.
Aquele cara além de bonito é misterioso.
Ele me deixou em um hotel.
- Já pode ir. - disse quando o vi lá parado.
- Vou esperar você entrar e ter certeza de que está bem. - disse firme.
- Você é muito estranho. Claro que estou bem. Aqueles caras cometeram um erro.
- Ei sei que sim. Mas eles não. Posso ficar com você, se preferir.
Silêncio.
Não queria que ele ficasse.
Me sentia um pouco estranha perto dele e o fato de saber quem sou e ser e entender o que sou,é mais estranho ainda.
Tudo estava de cabeça para baixo.
Quando foi que minha vida mudou tão radicalmente?
Não me lembro.
- Não mas obrigado por tudo. - respondo por fim.
Ele assente e solta um suspiro.
- Fique com isso então. - ele me entregou um colar que parecia ser duas asas abertas. Muito apropriado.
- Aqui dentro tem um rastreador,não é?
Era só o que me faltava.
- Não preciso de um rastredor pra achar você, Ully. Isso é para sua proteção.
Olhei para o cordão em minhas mãos.
- O que você é afinal, meu anjo da guarda?
Ele ergueu as sombrancelhas.
- Infelizmente não. Agora entre,eu tenho que ir.
Por instinto,dei um abraço e o agradeci mais uma vez.
Ele me mandou entrar outra vez e entrei.
No quarto do hotel minha mente estava pipocando.
Sou um anjo curador.
Sei que preciso fazer isso.
Mas e esse anjo que vem me ajudando? Alguma coisa nele me deixa tão ligada. Não sei como achar a palvra pra explicar isso.
No quarto do hotel em frente ao espelho. Me olho e abro as minhas asas brancas..
Estranho.
De alguma maneira sei que não estavam aí há tanto tempo mas era como se eu tivesse nascido com elas.
Preciso dar um jeito de voltar ao hospital o mais rápido possivel.
Tem pessoas lá que ainda precisam de mim.
A vontade que eu tenho é de sair daqui agora e ir para lá mas não posso. Não posso nem mesmo voltar pra minha casa. Quem dirá lá.
Hurg! Odeio ser inútil.
Do que adianta ter asas se não posso usa-las? Que desperdicio.
E ainda tem aquele cara bonito.
Porque ele me ajudou afinal, já disse que não é meu anjo da guarda.
Ligo o chuveiro no quente e vou tomar um banho relaxante que dura pouco.
Logo começo a sentir uma forte pontada na cabeça. O que...
Me senti tonta e fraca.
O cordão em volta do meu pescoço começou a brilhar. O que tinha naquele colar? Pensei enquanto segurava minha própria cabeça.
Imagem. Uma ùnica imagem.
Era eu caindo do predio do meu tio e aquele cara estranho me salvando.
- Aaaah!
Minha cabeça passou de uma dor fraca para uma insuportavel. O que estava acontecendo comigo?!
Minha mente sem saco algum estava tentando lembrar de algo, talvez até entender.
Mas só continuava aparecendo aquela cena que parecia tão real.
Só parecia.
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