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Desculpa a demora pessoal, a correção deu problema no aplicativo🤦🏼♀️ mas consegui resolver a tempo!
Vocês bateram mais de 200 comentários no último capítulo em? Eu amei, continuem assim! Me senti deveras feliz.
Falando nisso, peço que votem muito (nesse e nos outros capítulos, se puderem né?) pra história alcançar mais pessoas, quem sabe não chegamos aos 30K antes de 2023 acabar, hm?
(Sonhar não custa nada...)
Enfim, queria dizer também que eu to triste pra caralho com a ida dos meninos, to escrevendo isso no dia que saiu a notícia e não consigo parar de chorar...
Mas vamos aguentar firmes até 2025!
(Diz eu n conseguindo dormir de tristeza...)
Boa leitura! Amei os surtos de vocês no último capítulo kkkk, repitam aqui, já que vai ter motivo! 😏
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Jimin teve exatos três dias para padronizar em sua mente quais eram as aulas que compartilharia a mesma sala com Jungkook. Quer dizer, não que ele estivesse ansioso para isso, na verdade, havia colocado em sua mente que estava sendo cuidadoso, apenas.
Além de geometria, uma das aulas importantes dentro da matemática em geral, também tinham estatística, ética e economia juntos. No final, Jimin chegou a conclusão que Jungkook passaria mais tempo dividindo a sala com ele do que com Hoseok e Namjoon, os quais só tinham matérias exatas em comum.
Durante esses três dias, Jimin não conseguiu desgrudar os olhos do moreno a quem se designou a não encará-lo uma vez sequer em nenhuma das aulas que tinham juntos, e isso deixou um sentimento estranho no loiro, fora que ter Taehyung babando nele ao seu lado não ajudava em nada, e era o tipo de sorriso que indicava imaginação, e isso deixou Jimin irado, ele só não sabia o porquê.
E não era culpa de Tae, porque ele perguntou umas três vezes a mesma coisa: “Não tem problema se eu der em cima dele, mesmo?” e Jimin respondeu em todas às vezes que não, não tinha problema algum e fazia isso do modo mais desinteressado possível, mas o castanho não era idiota, ele via perfeitamente como o amigo apertava os lábios e afiava os olhos como um gato arisco toda vez que alguma garota chegava perto do Jeon, mesmo que somente para perguntar algo sem importância.
Não era o tipo de reação que se tinha quando os sentimentos pelo ex namorado já estão bem enterrados.
Então Taehyung decidiu testar algo, mas não agora, apenas na oportunidade certa. Ele podia ser um puto sem muitos escrúpulos quando se tratava de sexo, mas nunca arriscaria a amizade com Jimin por um pau, em hipótese alguma.
— Como assim Jeon Jungkook está “estudando” aqui!? — Sooyoung arregalou com os olhos com as palavras de Taehyung. Todos estavam no meio do corredor principal, aproveitando um horário vago entre as aulas para colocar o papo em dia antes de partirem para seus devidos prédios e salas, o único momento entre os quatro, numa quinta feira.
— Não só estudando, ele agora dorme em um quarto ao lado do nosso, junto com aquele cara gatinho que estuda música. — Taehyung era o responsável por situar a todos das novidades, já que Jimin estava ocupado demais rabiscando o caderno, fingindo que aquele assunto não o incomodava.
Mas incomodava pra caralho.
Jungkook o ignorava como se o machucado fosse ele, como se ele tivesse o pleno direito de fingir que Jimin não existia e que não estavam dividindo o mesmo espaço. E ele poderia dizer que isso era injusto, mas porra, o que esperava? Depois de três anos, Jimin queria que Jungkook fosse até ele e implorasse de joelhos pelo seu perdão?
Sim.
— Como você está com isso, Ji? — A voz de Soo o chamou atenção, ela estava ao seu lado, grudada nele.
Jimin sorriu meigo antes de esticar o braço e puxá-la para encostar a cabeça sobre seu peitoral, a deixando quase deitada em cima de si enquanto passava o braço sobre o colo acima dos seios dela, a abraçando.
— Estou bem Soo, isso não me incomoda, de verdade, tudo ficou no passado. — plantou um beijo nos fios negros enquanto respondia, convincente até demais.
— O que vai dizer se ele por acaso tentar falar com você? — Jin questionou, jogando no chão limpo com a cabeça deitada no colo do irmão mais novo. — Sabe, a história de vocês tem furos pra caralho, eu não acharia estranho se ele resolvesse fechar alguns.
— Ou abrir mais. — Soo contrapõe, atenta. — Não sei o que pensar disso, mas porra, só pode ser algum tipo de provação ou desafio, já se passaram três anos e de repente ele volta como um fantasma.
— Ele não vai fazer nada. — Jimin cortou a linha de pensamentos dela assim que a voz findou. — Ele não… olha, nem se comporta como se me conhecesse, ele meio que age…
Todos os pares de olhos se viraram para a entrada do prédio que estava a uns trinta passos de distância, onde puderam ver o motivo daquela conversa andar casualmente no corredor. Roupas pretas cobriam o corpo musculoso e o cabelo estava molhado, ele tinha um caderno em mãos e segurava a mochila pelo ombro. Jimin parou de respirar quando notou o andar elegante e seguro de si, passando por eles até um dos armários.
Em questão de segundos, Jungkook trocou dois livros de dentro da mochila por outros dois que estavam guardados no armário, o fechou, olhou algo no celular e deu meia volta, pelo mesmo caminho que veio, dando aos quatro a visão de suas costas bem desenhadas e pernas robustas.
Jeon olhou na direção dos quatro por uma fração de segundo, parando em Jimin e o modo íntimo em que ele abraçava Sooyoung, a quem já tinha consciência da presença na faculdade, e então desviou, como se fossem invisíveis.
— … desse jeito. — Jimin então terminou sua fala de antes, provando aos seus amigos o quanto Jeon estava indiferente a sua presença.
— Ok, isso foi estranho pra caralho. — Tae pontuou, observando o resto do grupo em silêncio. — Mas isso é bom, não é? Significa que ele não vai ser um pé no saco e incomodar você com o passado, basta fingir que também não o conhece e fica tudo bem.
Mal sabia Taehyung que somente a presença de Jungkook o incomodava com o passado.
— Concordo, não é tão difícil, vocês têm algumas aulas juntos, mas e daí? Continue vivendo sua vida de modo natural. — Seokjin complementou. — Ou você quer falar com ele?
— Não temos nada pra falar e se tivéssemos, o mínimo que ele poderia me dizer é que sente muito pelo que fez no passado e blá blá blá, não estou interessado em ouvir isso. — virou o rosto para o lado, começando a ficar realmente impaciente pela atitude de Jungkook, e confuso demais com a sua própria opinião.
E somente isso o fazia ficar com raiva do moreno, porque estava tudo certo dentro de si antes dele chegar, tudo fluía bem, e agora apenas a presença dele era o bastante para desregular sua pressão sanguínea e fazê-lo não ter certeza de suas convicções ou agir com clareza. E Jimin odiava pensar na possibilidade que estava voltando a agir como o adolescente bobo de dezesseis anos.
— Jimin, talvez seja uma boa ideia falar com ele, quem sabe vocês não fecham esse ciclo de uma vez e pronto, todos saem satisfeitos.
Jimin franziu o cenho para Sooyoung quando ela tirou a cabeça de seu peito para encará-lo, aquela sugestão vinda logo dela, era um tanto estranha.
— Não vou atrás dele buscando uma conversa, isso já seria humilhante demais. — negou. — Nem pensar!
— Tudo bem então! Mas você não nos engana nem um pouco gato, tá na cara que você se incomoda com o fato dele te ignorar desde que chegou. — Seokjin tomou a frente, começando a se levantar. — Nem que seja só um pouco.
— É, ele foi um filho da puta, mas até eu estaria curioso a respeito de como ele está depois desses três anos sem notícias suas se fosse você. — Tae deu de ombros.
Jimin ergueu uma sobrancelha.
— Você sabe que ele foi um filho da puta e mesmo assim tem interesse nele?
— Só porque você disse que não se importa.
— E não me importo!
— Então pronto, assunto resolvido.
Seokjin e Sooyoung se entreolharam rapidamente, como se deixassem claro um para o outro: “ele se importa sim”, mas não disseram nada a respeito. Mesmo preocupados, todos os três tinham consciência de que Jimin já era um adulto e sabia se virar sozinho. Óbvio que uma aproximação com o Jeon, na opinião deles, não seria bem vindo, mas estavam instigando uma conversa porque acreditavam que isso ajudaria Jimin a encerrar aquilo de uma vez por todas em sua vida.
Estava óbvio também para os três que ainda existia sim, algo ali no meio, mas Jimin teria que descobrir e posteriormente aceitar, sozinho.
— Ok, você sabe o que faz, não vamos mais tocar no assunto, mas pense bem. — Sooyoung deu fim ao assunto. — Vamos Jin? — chamou.
— Vamos, já tá na hora. — ambos se levantaram, ajustaram as mochilas e se despediram rapidamente, partindo para o prédio de medicina, deixando Jimin e Taehyung sozinhos.
Estes que não demoraram a arrumar as próprias coisas e saíram para o restante das aulas, em silêncio e sem mais comentários. Porém, por dentro, Jimin tentava digerir o assunto.
Será que deveria tentar uma conversa?
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Quanto mais tempo passava naquela universidade, mais Jungkook tinha certeza que queria voltar para casa.
Odiou o lugar, odiou as pessoas – fora seus amigos – e odiava viver sob a constante presença de Jimin onde quer que fosse.
Ele parecia estar em todos os lugares e isso era demais para si, principalmente quando estava grudado ao cara de bandana quase sempre. Não queria ficar perto dele, não queria saber dele, mas quanto mais tempo se passava, mais coisas apareciam.
Ele definitivamente não era o mesmo. Agora era um cara popular, requisitado, as pessoas o tocavam e ele gostava, lançava sorrisos com segundas intenções e piscadelas marotas a torto e a direta, não duvidava que a qualquer momento ele acabaria beijando alguém no meio do corredor.
As pessoas sabiam seu nome e o cumprimentavam quando ele passava. Realmente, ele não era o mesmo Jimin, e para Jungkook, vê-lo agindo assim não poderia ser mais estranho.
E havia visto tudo isso e mais um pouco em apenas três dias.
Estava quase desistindo e pedindo a Yoongi para voltarem pra casa, mas ele sabia que não poderia fazer isso nem se quisesse. Eles foram transferidos, não existia mais nenhuma bolsa ou vaga em Busan para finalizar os cursos quando só faltavam dois anos para acabar. Ou seja, se Jungkook desistisse da bolsa, provavelmente teria de trancar a faculdade também, até o próximo ano, no início de outro semestre.
Mas nem fudendo!
Deu duro pra caralho para conseguir suas notas em administração e provar para o pai que tinha inteligência o suficiente para dirigir uma multi-nacional, mesmo que não fosse preciso, e não deixaria a presença de Jimin incomodá-lo ao ponto de fazê-lo desistir de um ano de sua formação só para não ter que encará-lo.
Ele nem era tudo isso, não merecia esse sacrifício.
Jeon podia aguentar, já passou por coisas piores, situações mais incômodas e chatas, isso não o fez desistir de nada ou dar um passo para trás.
Estava fazendo isso por Yoongi, e devia muito a ele, Jimin que se lasque, era só ignorar, fácil, ele poderia fazer isso.
E para isso, precisou ficar com raiva.
Raiva era a única coisa que o faria se manter longe de Jimin o suficiente para rejeitar qualquer tipo de aproximação, e não foi tão difícil conseguir esse sentimento, graças as fofocas que rolaram soltas pela faculdade a respeito do loiro, das quais essas, Hoseok estava lhe esclarecendo nesse momento.
Jungkook ficou com raiva de seus amigos no primeiro momento por terem escondido aquela informação, mas bastou um dia pensando nas razões deles e, em vez de brigar, os agradeceu.
O afastamento era preciso, do contrário Jungkook nunca teria evoluído tanto em três anos. Não teria trabalhado em si próprio para seu crescimento como fez e aprendido as lições que a vida lhe ensinou de maneira dolorosa.
Quando a situação estava horrível no primeiro ano, pedia aos céus que aquilo passasse de uma vez, pois era uma dor extremamente angustiante. Mas agora, agradecia por ter passado por tudo aquilo e conseguido se levantar, pois, sem sacrifícios, não há vitórias e a sua foi ter amadurecido sem precisar de ninguém para ter motivação, Jeon fez por si mesmo e havia pagado seus pecados.
Só queria viver sua vida em paz com os planos que tinha e sem passar por cima de ninguém para isso, apenas.
Então, para que continuasse assim, deveria se manter longe de Jimin, o máximo que conseguisse.
Um tanto contraditório quando parava para pensar que apenas uma porta os separava durante a noite.
— Bom, o que eu sei é que ele descobriu que gosta de mulher também, e ficou com a Sooyoung. — Hoseok explicava de maneira baixa para Jungkook, ambos sentados na área verde da faculdade na hora do almoço. — Eles tiveram um caso durante um tempo e depois ele começou a ficar com muitas pessoas em festas, saídas, essas coisas, com Taehyung. — Jeon ergueu uma sobrancelha. — Taehyung é o cara de bandana que tá sempre do lado dele, o bonitão de sorriso quadrado. — Hoseok tinha um ar meio sonhador enquanto falava de Tae, algo que Jungkook notou. — Eles meio que mantém uma amizade colorida agora, depois que a Soo se interessou por mulheres, pelo que eu saiba, agora são só amigos. E tem o Seokjin, irmão do Taehyung, estuda medicina com a Sooyoung, e alvo dos sonhos eróticos do Namjoon.
Uma ruga se formou no meio das sobrancelhas de Jungkook. O nome Taehyung e Seokjin não era muito estranho, mas ele tinha certeza que nunca conheceu pessoas com esses nomes.
Mas outra coisa lhe chamou mais atenção.
— Namjoon curte homem agora? — ergueu a sobrancelha, um sorriso ladino aparecendo. — Isso sim, é uma coisa inédita pra quem passou a vida inteira gritando aos quatro ventos o quanto gostava de boceta.
— O único hétero entre nós mesmo é só o Yoongi, mas eu ainda desconfio. — Hoseok deu risada.
— Espera só ele ouvir isso. — Jeon sorriu também, terminando de comer o almoço.
Quer dizer então, que além de amigos, Jimin e Sooyoung tiveram um caso?
Era uma informação surpreendente, e Jungkook não sabia se ficava impressionado ou enjoado com aquela revelação.
Porra, ele costumava transar com aquela garota e ela odiava Jimin, agora o loiro transava com a mesma e pareciam ser melhores amigos, pelo que viu mais cedo no corredor, essa era a razão de parecerem tão íntimos ao ponto de estarem colados.
Então, ele não estava tão errado no passado a respeito de Jimin ter outros gostos, seu medo antigo tornou-se realidade.
Jimin também transava com Taehyung, que é um cara, e sobretudo, é com quem divide o quarto, que estava bem ao lado do seu.
Isso sim, o deixou enjoado e um tanto incomodado, porque não queria acordar de madrugada e ouvir gemidos ao lado de sua cabeça, gemidos esses que ele já ouviu.
Que já foram seus.
Balançando a cabeça, Jeon respirou fundo enquanto mastigava a carne frita e pôs seus pensamentos em ordem. Jimin transou com outras pessoas, muitas. Ok, Jungkook também havia se deixado levar algumas vezes em Busan, eles não tinham mais nada, estava tudo certo, fora que o moreno não tinha mais nada a ver com o fato do loiro transar ou não transar com quem bem entendesse.
Não era exatamente isso que o deixava com raiva, apesar de ainda sim, o incomodar.
Era o fato de Jimin ter seguido em frente mais rápido do que ele próprio jamais conseguiria.
E não ter ligado nenhuma vez para o tranquilizar e dizer que estava bem, nem que para isso dissesse com todas as palavras para o esquecer.
Jeon só queria isso, uma garantia de que ele estava bem, notícias para que não se preocupasse a toa, mas não, foram três malditos anos se perguntando onde o garoto estava e ele estava aqui, beijando pessoas desconhecidas, indo a festas, curtindo a vida de um universitário normal enquanto Jungkook estava afundando em uma depressão desgraçada e fodida pela falta que ele fazia em sua vida.
Era isso que o deixava puto.
Somente precisava de um telefonema, somente um, e todas as preocupações que Jeon guardava dentro de si e que só serviam para fazê-lo sentir-se ainda mais culpado seriam dispersas, e enfim, poderia seguir sua vida normalmente.
Não, Jimin não fez nada disso. Ele nem mesmo se importava em como Jungkook ia ficar depois de sua partida, isso nunca foi uma prioridade na vida dele e foda-se o Jeon e seus sentimentos. Ele foi embora, sem mais nem menos e o deixou para trás com dúvidas, choros, crises de abstinência e um coração em pedaços.
Enquanto ele estava da faculdade que sempre quis, rodeado de pessoas e vivendo lindamente pleno, como se o que eles viveram não significasse nada, como se o choro e os pedidos do jogador por uma única resposta que fosse, não significasse nada.
Como se Jungkook não significasse nada.
Pois bem, era isso não era? Jimin havia mudado radicalmente, seus princípios já não pareciam ser os mesmos. Jungkook também mudou, e muito, em vários sentidos.
O principal deles era ser constantemente indiferente a qualquer coisa que resolvesse querer abalar seu emocional. Ele simplesmente ignorava até não o afetar mais, foi o que aprendeu a fazer durante os três anos.
E Jimin estava ameaçando seu emocional, por tanto, o ignoraria.
Se Jimin o ignorou por três anos inteiros, conseguiria sem esforço ignorar por mais dois.
Depois do almoço, Jungkook se despediu de Hoseok para seguir até o próprio dormitório, precisava urgentemente de um banho e se sentar na frente do computador já instalado para revisar os relatórios e orçamentos da Jeon technology, documentos esses que seriam necessários na próxima reunião que teria com seu pai e os acionistas da empresa, na próxima semana.
Um barulho de notificação o chamou atenção.
Pianista de araque:
Tive que vir até a cidade, quer alguma coisa?
[13:22]
Me:
Chocolate.
[13:22]
Pianista de araque:
😒🙄
Sério isso?
[13:23]
Me:
Muito sério.
Aliás, vou te passar uma lista!
[13:23]
Não havia muitas opções de chocolate nos restaurantes e lojas de conveniência que achou espalhadas pela faculdade, mas a preguiça de dirigir até o centro de Seul o impedia de comprar seu estoque de doces, e já que Yoongi estava lá, não lhe custava muito.
Passou pelo térreo do prédio e viu alguns caras espalhados pela cozinha, conversando sobre algo provavelmente engraçado, já que as risadas eram altas.
— E aí Jeon! — um dos homens o cumprimentou com um sorriso. Se lembrava bem, o nome dele era Alex, também estudava admiração. — Umas gatinhas da gastronomia deixaram umas pizzas aqui, vai querer?
Era estranho o modo como Jungkook não era mais tão sociável como antes, e mesmo assim, as pessoas ainda se aproximavam de si com extrema facilidade. Algumas garotas vieram conversar consigo durante os últimos três dias, e elas pareciam bem… curiosas, principalmente a respeito do motivo de sua transferência de faculdade, porém, Jungkook não queria entrar em detalhes com ninguém desconhecido a respeito disso.
Era inteligente o suficiente para saber que algumas pessoas são bem interesseiras, quer dizer, sua personalidade poderia ter mudado para algo mais introvertido, mas ele ainda era Jeon Jungkook, herdeiro único de um grande rede de empresas e inegavelmente lindo, no auge de seus vinte e um anos, e solteiro.
Ele deu um sorriso forçando muitas vezes durante esses três dias enquanto recebia números de celular que jogava fora na primeira lixeira que encontrasse.
Podia estar sozinho, mas não estava a perigo e muito menos necessitado.
— Claro. — respondeu com um sorriso.
Mas os caras eram legais, lhe tratavam de igual para igual.
Após experimentar um único pedaço de pizza que de acordo com Alex, veio de uma das meninas da área de gastronomia, e até estava bom, mas precisava subir e começar o trabalho.
Se despediu dos outros e começou a subir as escadas rapidamente, o suor do dia começando a incomodar em suas roupas e a bolsa pesava em seu ombro com os livros.
Jungkook alcançou a porta do dormitório e começou a tatear os bolsos da calça à procura da chave.
— Merda! — exclamou enquanto enfiava a mão em todos os compartimentos da bolsa, perdendo a paciência ao perceber que não havia nada além da chave do carro. E então, revisando o que fez pela manhã antes de sair, se tocou que a chave do quarto ainda deveria estar em sua mesa de cabeceira. — Mas que porra!
Ainda sim, tentou abrir a fechadura duas vezes, com a pequena esperança de que talvez Yoongi não tivesse trancado a maldita porta, mas estava enganado. Um suspiro de frustração rompeu seus pulmões à medida que deixou a testa bater na madeira, lentamente.
— Quer ajuda? — e então, uma voz o fez abrir os olhos e virar o rosto para o lado, enxergando com clareza o rapaz loiro se aproximando.
Olhando-o agora, Jungkook pode notar os mínimos detalhes dele com mais clareza do que gostaria.
Jimin usava um estilo de cabelo um pouco mais comprido e armado que antes, mas ainda sim, um loiro bonito e iluminado. Os braços estavam livres e amostra por conta da regata preta que cobria somente até onde os ombros terminavam, pareciam mais tonificados com músculos menores que os seus, um bronzeado dourado tomava conta da pele bonita e limpa. O rosto em um ângulo perfeito que o moreno conhecia bem, a boca vermelha e cheinha, o nariz de botão ainda era o mesmo, agora com um pequeno ponto de luz enfeitando um dos lados, sutilmente delicado; os cílios longos que evidenciaram as bolotas azuis. Jimin tinha vários brincos e piercings enfeitando às orelhas, assim como Jungkook. Ele parecia mais alto também, mais forte, mais adulto.
Incrivelmente mais gostoso, e esse foi um pensamento que Jungkook espantou na mesma velocidade em que apareceu.
Ele estava falando consigo, foram apenas duas palavras, iniciando um contato que Jungkook não queria.
— Não. — respondeu, um tanto sem emoção, puxando o celular do bolso para chamar Yoongi e pedir-lhe a chave, porém, achava pouco provável, já que a cidade ficava longe de onde estava, e a ideia de esperar lhe deixou ainda mais estressado.
Jimin levou poucos milésimos para estudar o moreno por completo. Pouca coisa mudou. Ele ainda tinha cabelo preto, curto e sobrancelhas bonitas, olhos escuros, agora mais sérios e lábios perfeitos, a mesma pintinha embaixo da boca. Porém, o formato do rosto o deixará mais homem do que Jimin se lembrava, assim como os ombros largos e o peito robusto, parecia maior em tamanho, em quase tudo, na verdade, e…
Puta merda, ele fechou o braço de tatuagens…
E fez um piercing na sobrancelha.
O primeiro detalhe o loiro ainda não havia notado, pois, Jungkook estava sempre de casaco durante as aulas, mas vendo agora, controlou sua vontade de morder o lábio quando desceu os olhos pelos braços bonitos e musculosos.
Não soube o que lhe passou pela cabeça para oferecer ajuda, viu o moreno forçar a porta e sacou de primeira o que aconteceu, ainda sim, não tinha nenhuma obrigação, entretanto, tentava se convencer que ajudaria qualquer um naquela situação, já que também havia passado por ela algumas vezes, não era somente por Jungkook, e nem a sua vontade absurda de decifrar o motivo da indiferença com sua pessoa.
Ficar trancado do lado de fora não era legal.
Por isso, mesmo com a negação vinda do mais alto, o loiro retirou um grampo que prendia uma mecha loira de seu cabelo no lugar e se aproximou da porta em que Jungkook estava, ainda mexendo no celular e o ignorando. Se ajoelhou rapidamente, causando um pequeno susto no homem ao lado, que se afastou com dois passos.
— Que diabos está fazendo!? — Jimin ouviu a voz soar de cima, grosseira e desconfiada.
— Ajudando.
— Não pedi a sua ajuda.
— É, eu sei.
O loiro esboçou um meio sorriso, nenhum pouco abalado pela grosseria do mais velho, a voz dele estava mais grossa e potente, era bom de ouvir. Porém, ele não disse mais nada e virou o rosto totalmente para o lado oposto enquanto Jimin posicionava o grampo na fechadura da porta, se preparando para ouvir os tais “click 's”.
Começou a ficar incômodo e estranho.
— Não precisa fingir que não me conhece, sabe disso, não é? — Jimin disse, ainda ajoelhado, concentrado em sua tarefa. Estava tentando iniciar algo, seus amigos lhe disseram para tentar.
Se desse errado poderia colocar a culpa neles.
Jeon fechou os olhos e resistiu a vontade de respirar profundamente, buscando paciência e autocontrole, pensou em não respondê-lo, mas aí poderia dar a entender que Jimin ainda o afetava o bastante para não querer manter uma conversa mínima, e não queria passar essa impressão.
— Não estou fingindo. — Jeon respondeu, encarando a parede e mantendo o tom de voz o mais neutro que conseguiu. — Eu não conheço você.
Ok, aquilo havia pegado Jimin de surpresa, tanto que se desconcentrou um pouco do trabalho que fazia na fechadura. Jeon queria dizer exatamente aquilo? Ele não o conhecia agora ou se referia ao passado também?
Deu a primeira resposta que apareceu em sua mente.
— Também não conheço você. — rebateu.
— Ótimo, estamos quites. — o moreno esboçou um sorriso de escárnio que Jimin não pode ver, e dito isso, ficaram em silêncio novamente, possibilitando ao loiro concentrar-se nos barulhos da fechadura e assim, destrancá-la um minuto depois.
Jungkook franziu as sobrancelhas ao ver o garoto se levantando e abrindo a porta de seu dormitório de maneira normal, agora destrancado. Onde ele aprendeu a fazer isso? pensou, mas não verbalizou.
Não importa, não é da minha conta.
Porém, Jimin não se moveu para ele pudesse passar, permaneceu ali, o olhando enquanto ajeitava novamente o grampo nos cabelos.
— O quê quer? — foi instintivo.
Jimin pensou por um instante antes de responder, enfiando as mãos no bolso da calça de um jeito despojado. Respirou fundo e se arrependeu quando o cheiro masculino tão conhecido por si, adentrou suas narinas.
Deus…
— Taehyung está interessado em você.
Que porra?
Poderia dizer qualquer coisa, qualquer uma! Por que justamente aquilo saiu de sua boca? Por quê?
Se arrependeu no mesmo instante, poderia simplesmente perguntar como ele estava, ou provocar um pouco pela falta de agradecimento por ter aberto a porta, mas sua expressão continuou a mesma, não demonstrando o quão estúpido se sentiu.
Jeon ergueu a sobrancelha, tedioso.
Isso é sério?
— E isso seria problema seu, por quê…?
— Porque eu acharia muita falta de consideração sua, resolver se envolver justamente com meu melhor amigo, caso responda as investidas dele. — Jimin se sentiu um idiota no instante em que fechou a boca.
Não, não, não!
Aquilo deixou tudo mil vezes pior do que já estava antes! Por que entrou nesse assunto do nada? Qual o intuito? Fazer Jeon se afastar de Tae antes mesmo dele se aproximar? O que buscava? Marcar território?
Não fazia sentido e tão pouco era justo, Jimin sabia plenamente que não podia exigir tal coisa do moreno porque ele não era mais nada seu, sequer podia chamá-lo de amigo ou colega.
Desta vez, seu olhar se perdeu um pouco na vergonha que sentiu, e o outro percebeu.
Jungkook ficou cerca de cinco segundos olhando no rosto do outro, até soltar uma risada nada engraçada, que parecia até de descrença, antes de cruzar os braços sob o peito.
— Quem é você pra falar sobre ter consideração? — questionou, mantendo a frieza na voz. — Não vejo muita moral em você pra me cobrar isso quando está fodendo com a minha ex.
Jimin abriu mais o olhar, chocado.
Não esperava aquele tipo de resposta, pelo menos não daquele jeito. E como diabos ele já sabia? Alguém havia contato, obviamente não era um segredo para ninguém da faculdade, mas… ainda estavam na primeira semana e Jungkook já sabia dessas coisas sobre si?
Pensar nisso o deixou imediatamente em modo defensivo.
— Eu não faço mais isso! — respondeu, irritado. — E ela não é a sua ex, você nunca a pediu em namoro!
— Nesse caso, também estamos quites, o Kim não é o seu namorado. — Jeon respondeu rápido até demais, um sorriso ladino se formou em seus lábios ao deixar o outro sem réplicas. — Agora saia da frente.
O loiro fechou a boca e abriu mais os olhos, notando que Jungkook não mudará apenas no modo de agir, mas no modo de pensar também, ele não parecia incomodado com o fato de que Jimin havia ficado com outras pessoas como faria no passado, estava incomodado dele ter ido até ali para reclamar algo que não era seu direito.
Jimin estava se sentindo envergonhado por dentro, mas nunca demonstraria. Jungkook estava certo, dadas às circunstâncias, ele não tinha nada para cobrar ou reclamar, eles não faziam mais parte da vida um do outro.
Jungkook não teria porque ter consideração consigo, quando não teve por ele.
— Vejo você na festa dos calouros, amanhã. — sem ter mais o que falar, jogou no ar a primeira coisa que lhe veio à mente, virando as costas e abrindo a porta de seu dormitório com pressa.
Ele ouviu a porta de Jungkook fechar antes mesmo de pôr o pé no próprio quarto.
Estava certo, não o conhecia mais.
Mas ainda o afetava como ninguém.
Jungkook ainda tinha algo que o puxava para perto mesmo sem querer, e chegar a essa conclusão deixou Jimin chateado consigo mesmo, afinal, ele havia tido tantas experiências longe do moreno e agora todas elas pareciam irrelevantes perto do que sentia quando estava com ele no passado.
Superar um coração partido é diferente de esquecer todo i resto, e infelizmente, o loiro ainda lembrava com absoluta clareza de todas as coisas que faziam de Jungkook um padrão inalcançável de se preencher entre os homens da faculdade com quem teve envolvimento.
E foi angustiante estar tão perto dele sem ter mais aquela intimidade que seus corpos conheciam, quer dizer, parecia mais como um instinto natural, esse foi o primeiro encontro, a primeira conversa após anos sem saber nada um do outro. Era normal sentir-se tentado a se aproximar mais? Esquecendo completamente o tempo em que sentiu dor pelo que ele fez?
Jimin estava sentindo isso.
Vontade de mais, e mesmo não gostando nada da ideia de ainda querer Jungkook, não era totalmente rejeitada por si. Era absolutamente normal, o corpo humano busca pela zona de conforto quando reconhece uma, essa era a explicação, certo? Apenas algo físico.
Porém, Jungkook parecia não sentir o mesmo.
Então o que estava errado?
Jimin removeu a roupa a caminho do banheiro, procurando esfriar a cabeça e se preparar para mais um turno de trabalho na cafeteria fora da universidade, não iria esperar Taehyung, já que ele chegaria um pouco mais tarde por ter coisas para resolver.
Já debaixo do chuveiro e a água morna escorrendo por seu corpo, pensando em tudo o que aconteceu nos últimos dias. Notou que em menos de uma semana seu passado inteiro voltou como uma avalanche, mas diferente do que pensava, não estava ao ponto de falecer por causa disso.
Há um tempo, Jimin acreditava que caso um dia voltasse a ver Jungkook novamente, reagiria da pior forma ao ponto de querer morrer do que permanecer perto do mesmo, no entanto, o moreno voltou e Jimin sentia justamente o contrário.
Não surtou, não chorou e tão pouco se sentiu mal por lembrar do passado novamente, estava apenas… curioso.
Inconscientemente, seus dedos percorreram o caminho da corrente pendurada em seu pescoço, agarrando o pingente.
O mesmo pingente de três anos atrás ainda permanecia intacto, a corrente ainda brilhava em ouro rosê e o pequeno bastão ainda era branco como o mármore mais polido.
As iniciais de Jungkook ainda estavam no mesmo lugar.
Jimin pensou por diversas vezes em mandar a joia de volta, porque não fazia o menor sentido carregá-la por aí, mas, a ideia de ficar sem ela assustava-o, porque nunca a tirava, a não ser nos momentos de intimidade, por respeito, mas era algo que já fazia parte de si, sempre escondido por baixo das roupas. Fora que o lembrava constantemente do que passou, momentos bons e ruins, além de manter algo de Jungkook perto.
Era estranho, sentimental e sem lógica já que não o queria perto.
Mas agora queria, não sabia em qual sentido, mas queria.
Com a toalha em volta da cintura, Jimin sentou-se na cama depois de terminar o banho, porém, algo o deixou inquieto enquanto se vestia, e ele sabia o que era.
— Eu não acredito nisso.
Murmurou para si mesmo enquanto suspirava descontente, se levantando e indo até seu armário, buscando no fundo dele algo que conhecia bem.
A caixinha vermelha estava bem escondida e longe de olhares curiosos, como Taehyung, por exemplo. E abrindo, pode ver com clareza a aliança prata ainda brilhante por falta de uso, guardada ali a tempos.
Jimin parou de usá-la assim que chegou à universidade, em uma tentativa de fazer tudo se tornar real mais rápido, porém, não conseguiu jogar fora e de tempos em tempos, conferia-a para ver se ainda estava ali.
Ela lhe trazia lembranças boas e lindas.
Apesar de doer no início, Jimin não queria esquecer as coisas que sentiu no dia em que a ganhou.
Sua primeira vez.
Os beijos e a primeira vez que ouviu o “eu te amo” sair dos lábios de Jungkook.
Pensar naquela noite fez um arrepio correr por sua coluna. Pensar no corpo do moreno junto ao seu sempre tinha aquele efeito, principalmente por estarem longe e saber que, por mais experiências que tivesse com sexo, nada se comparava a Jungkook, nunca, e sentir algo parecido com aquilo era difícil, mesmo com Taehyung.
Mas agora Jungkook estava a uma parede de distância.
Somente isso o impedia de sentir todo aquele prazer novamente, depois de três anos sem nunca se permitir.
Deus…
Ainda queria-o como antes, se não mais.
E isso era um tremendo problema.
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Jungkook embrenhou-se no trabalho naquela tarde, deixando de lado todo e qualquer pensamento onde Jimin pudesse estar no meio. Mas se questionou a respeito da tentativa dele de criar um contato, isso não era bem o esperado e nem desejado por si, queria que Jimin continuasse o ignorando para que assim ficasse mais fácil manter sua raiva a respeito dele.
Mas deixou tudo isso de lado, concentrando-se em seus milhares de relatórios para ler.
Já perto da noite, Yoongi retornou da cidade, com uma sacola imensa de coisas para si e uma para Jeon, o conteúdo se resumindo a coisas doces álgubs acessórios pras aulas de música.
— Jimin falou comigo hoje. — Jungkook soltou quando viu o amigo sair do banheiro já vestido com uma calça de moletom para dormir. Ambos já haviam jantado na cozinha conjunta a poucas horas.
Yoongi abriu mais os pequenos olhos, surpreso pela revelação abrupta.
— O que ele disse? — questionou, curioso e passando a toalha seca pelos cabelos compridos.
— Eu esqueci a chave do dormitório, e ele abriu com um grampo de cabelo. — riu baixo, não perdendo a oportunidade de alfinetar a faculdade. — A segurança daqui não deveria ser a melhor?
Yoongi deu um meio sorriso pela crítica disfarçada, pois sabia que Jungkook estava buscando um meio de tornar aquilo mais leve, não deve ter sido fácil.
— Mais alguma coisa?
Jungkook suspirou, virando-se de barriga para cima e encarando o teto.
— Disse que aquele cara, o tal de Kim Taehyung, está interessado em mim. — Revirou os olhos. — E seria muita falta de consideração minha, me envolver justamente com o melhor amigo dele.
— E você?
— Só falei que ele não tem porque exigir isso quando transa ou transava com a Sooyoung, não sei. — dispensou com os dedos, como se a informação fosse pouco importante. — De qualquer forma, não importa, a conversa não levou a nada.
— É, isso foi estranho e meio sem noção. — manejou a cabeça. — Mas ele pode estar buscando uma aproximação, não acha que seria bom vocês conversarem pra resolver de uma vez essa história?
— Não acho, algumas coisas já ficaram bem claras pra mim. — respirou fundo vendo o outro dar de ombros. — Ele mencionou uma festa dos calouros amanhã, sabe de alguma coisa?
Yoongi deitou-se na cama, vestindo uma camiseta folgada e ainda pensando sobre a situação do amigo.
— Sei que fazem uma festa na primeira sexta feira de cada semestre pra receber os alunos novos. — olhou para Jungkook. — Você vai?
— Não. — negou imediatamente.
— Qual é? Porquê? Pensei que só fosse voltar para Busan no sábado.
Jungkook decidiu voltar para visitar os pais nesse mesmo final de semana, haviam acontecido coisas demais durante um curto período de tempo e precisava de um pouco de paz, e estar com eles lhe fazia sentir isso.
— Vou no sábado de manhã, é exatamente por isso que não quero dormir tarde, vou pegar a estrada cedo. — justificou, resoluto.
Yoongi fez uma careta.
— Pelo menos uma hora cara, Nam e Hobi vão também, é só pra relembrar os velhos tempos. — Insistiu um pouco mais, arriscando.
Jungkook apertou os lábios em uma linha tensa, não querendo dizer que o motivo de não querer ir era o provável encontro que teria mais uma vez com o loiro.
Mas novamente, não perderia momentos importantes com as pessoas que gostava por causa dele, não lhe parecia justo, e vê-lo não significa que teria que trocar palavras, bastava ignorar.
— Beleza, eu vou, mas só uma hora. — deixou claro, vendo Yoongi sorrir satisfeito.
— Mudando de assunto. Eu falei com o treinador a respeito das trocas de posições já que os treinos começam na semana que vem, ele concordou, mas disse que quer falar com você amanhã, se estiver disponível.
— Tudo bem. Agora boa noite, estou esgotado. — enrolou as cobertas em volta do corpo de maneira apertada, o tempo estava frio, mas confortável.
Yoongi fez o mesmo, virando de costas para o amigo e começando seu ritual de respiração para dormir.
No dia seguinte, assim que Jungkook encontrou alguns minutos disponíveis entre uma aula e outra, se dirigiu ao prédio de esportes da universidade a passos largos, procurando o escritório do treinador.
Assim que o encontrou, bateu duas vezes na
porta.
— Entre. — ouviu, e fez o que lhe foi dito, seu rosto sendo atingido pelo ar gelado da sala.
Chun Hee Chul é um ex jogador famoso da liga sul-coreana de basquete e atualmente aposentado, eleito como melhor jogador em todos os anos atuando no Seoul SK Knights de 2006 a 2008, depois de aposentado, recebeu a proposta de virar treinador de sua ex equipe, ficando nesta função desde 2011 até atualmente, e ele vinha fazendo um excelente trabalho, o time da faculdade de Seul era um dos grandes vencedores das temporadas passadas.
Um homem de meia idade, conservado, casado e pai de duas meninas lindas.
Ele abriu um sorriso ao ver Jungkook entrando em sua sala.
— Jeon Jungkook, certo? — conferiu, vendo-o assentir. — Sou Hee Chul, treinador do time, mas você já sabe disso. — ambos riram.
— Sei sim, aliás é uma honra poder treinar o com senhor. — disse educadamente e fez uma pequena reverência por respeito. — Min Yoongi esteve aqui ontem, acho que ele deve ter comentado algo.
— Sim, você quer falar a respeito da troca de posições, certo?
— Sim, senhor.
A conversa que se seguiu, foi exatamente leve e profissional, Jungkook explicou seus motivos para querer a troca e o treinador acabou por entender, o garoto ainda era jovem e tinha comprometimento com o pai, apesar de ter ficado um pouco triste pela escolha dele. Jungkook tinha talento e se ousasse mais, poderia escrever seu nome no basquete profissional sem muitas dificuldades.
Mas escolhas são escolhas, e ele já tinha feito a dele.
Jungkook estava satisfeito com a conversa, e tendo a confirmação da troca de posições a partir do próximo treino, saiu da sala com um problema a menos em sua mente.
Só para dar de cara com outro bem maior.
Jimin estava escorado quase que totalmente nos armários, de braços cruzados e expressão divertida e zombeteira, somente um dos pés encontrava o chão enquanto o outro fornecia equilíbrio,1 apoiado nas portas de metal.
Jungkook detestou admitir que ele ficou ainda mais gostoso com aquela postura de cafajeste.
— Então, você é o novo capitão do time de basquete, hm? — apertou os olhos bonitos. — Primeiro um dormitório ao lado do meu, aulas no meu prédio e agora isso. — pausa, dando um meio sorriso. — Já está virando perseguição.
Jeon crispou os lábios, segurando uma revirada de olhos.
— Perseguição? Pensa que por acaso o mundo gira em torno de você. Sr. Popular? — provocou, fazendo uma careta para demonstrar o quanto a ideia era absurda.
Jimin descruzou os braços, enfiando as mãos nos bolsos da calça e então moveu-se até estar frente a frente com o jogador, tão gracioso quanto uma cobra.
— O mundo inteiro, não. — mordeu os lábios e sorriu. — Já você, sim.
Quanta presunção.
— Sonha. — dispensou, cruzando os braços e mantendo a distância. Aquilo não era verdade, não mais. — Para sua informação, eu fui comprado pelo time da sua faculdade, não estou aqui por escolha própria, e menos ainda por sua causa. Aliás, sequer sabia que você veio se esconder aqui.
— Esconder? Do quê, exatamente? — tornou a distância menor, ainda com um sorriso de canto. — De você?
Jungkook pensou muito se deveria entrar naquele assunto, mas porra, aquele garoto estava pedindo por isso, primeiro no dormitório e agora aqui, sendo assim, ignorou todos os avisos mentais de que deveria fechar a boca e esquecer toda e qualquer coisa que envolvesse o passado.
— Do nosso passado. — foi o que disse, firme como nunca, já um tanto cansado daquele joguinho. — O qual você tenta esconder a sete chaves, mas, querendo ou não, lembra tanto quanto eu.
Jimin soube que havia conseguido o que queria assim que Jungkook deu a abertura que ele precisava. E detestou admitir que ele estava certo.
— Ah, é verdade, eu lembro de você ter apostado minha primeira vez por 150 mil wons. — mas foi o que disse, rindo de leve em deboche, quase como uma defesa. — Isso eu lembro.
Jungkook inflou o peito com raiva.
— Eu lembro de você ter desaparecido do mapa sem mais nem menos e ter me deixado pra trás. — apertou os lábios, já cansado do tom irônico do mais novo para consigo, odiava aquilo. — Isso eu também lembro.
Jimin virou o rosto para o lado e suspirou, fechando o sorriso ao retornar o olhar para Jungkook, um tanto dividindo entre tornar o assunto uma conversa séria ou continuar com o tom ácido de provocação, só para atingi-lo.
— Isso não faz a mínima diferença agora. — deu de ombros.
— É, não faz. — Jeon concordou. — Mas estou curioso sobre o fato de você ter me esperado sair para falar comigo, o que você quer? Pelo que eu me lembre, você fugiu justamente para ficar longe de mim.
— Eu não fugi e nem estava esperando você!
— Então que porra você ta fazendo aqui!? — disse alto, irritado ao extremo dessa vez. O cenho estava franzido em puro descontentamento e os olhos escuros, assim como a boca que se apertava em uma linha quando terminava de falar. Se Jimin queria lhe tirar do sério, havia conseguido. — Por que não continua me ignorando como fez durante todos esses anos? Por que não continua fingindo que eu não existo? Você é ótimo nisso. — Jimin olhava no fundo das pedras de ônix a cada palavra dita pelo dono delas, não demonstrando sentir nada enquanto ele expressava sua raiva, mas ouvia com atenção e as engolia.— Volte para seus amigos, continue transando com a Sooyoung, continue abrindo as pernas pra aquele cara com quem divide o quarto ou com quantos outros mais, isso não seria um problema pra você, não é? Passou anos fazendo exatamente isso!
O moreno se culparia por utilizar daquelas palavras mais tarde, aquele momento estava sendo único para expressar seu descontentamento com aquela situação. Odiava perder o controle, mas estava sendo praticamente impossível continuar quieto após anos com pedras entaladas na garganta.
O loiro cruzou os braços, como um ato de autodefesa, a expressão marcada por uma raiva controlada pelas palavras de Jungkook, não acreditando no que havia acabado de ouvir.
— Quer saber? Eu deveria mesmo estar fazendo isso! Deveria ter feito isso há anos!
— Sim, você deveria!
— É, eu deveria ter aberto as pernas pro Tae quando ele pediu ou pra qualquer outro otário que quisesse me comer nesta universidade e não são poucos, mas eu não fiz! — gritou também, sentindo o olhar do moreno vacilar sobre si quando apontou para o próprio peito. — Eu deveria ter deixado eles me foderem, mas eu não consegui, nunca consegui!
O coração de Jungkook bateu mais forte, por um momento, ousando acreditar no que ele lhe dizia.
— Você tá dizend-
— Que apesar de foder pra caralho, eu nunca permiti que outra pessoa tocasse em mim desse jeito, ninguém nunca me inspirou confiança o suficiente, e a culpa é toda sua! — bateu com o punho no peito do jogador, ele sentiu a mão pesada, mas não ligou. — A culpa é sua por fazer isso comigo. Eu não abri as pernas pra ninguém, você foi o único que... — calou a boca ao se dar conta que estava perdendo as estribeiras e falando mais do que deveria, então reparou em seu peito subindo e descendo rápido, as mãos apertadas em punhos e o coração disparado. Todas as emoções à flor da pele e Jungkook só havia voltado a uma semana. — Não fale merdas que não sabe sobre mim, você não me conhece!
— Nem se eu quisesse! — finalmente o outro rebateu, mirando fundo os olhos azuis que lhe traziam tantas lembranças. Boas e ruins. — Você mudou pra caralho e eu odeio isso! Você agora age como um metido a cafajeste que quebra corações por onde passa, que flerta descaradamente como se todo mundo tivesse uma chance de ter você e deixa elas te tocarem o tempo todo. Você não é o garoto por quem me apaixonei!
— Tem certeza que é isso que te incomoda? Eu não ser o mesmo? Ou é fato de que agora você parece não querer lidar com si mesmo no passado? — o moreno se calou, não sabendo responder. — Eu ainda continuo sendo melhor, nunca apostei a virgindade de ninguém.
Jeon fechou os olhos por dois segundos, tentando amenizar a raiva e controlar-se diante daquilo. Jimin não mentiu, ele fez isso, mas já havia pago muito caro pela brincadeira e não admitia estar sendo julgado novamente por isso.
— Eu desisti daquela porra de aposta muito antes de você me permitir te ter naquela noite! — apontou para si mesmo. — Eu amei você e dei um fim naquilo assim que soube disso, mas eu nunca tive a verdadeira oportunidade de te dizer porque você fugiu de mim e me abandonou!
— Eu não acreditei em nenhuma palavra sua e continuo não acreditando! Eu fiz aquilo por mim! Eu não podia cometer o erro de desistir do meu sonho pra ficar com você, não depois do que fez!
Jeon suspirou, cansado, aquilo não levaria a nada.
— Tem razão, você cometeria um erro. — arfou pesado. — Eu não teria te impedido de ir Jimin, eu teria aceitado e vindo te visitar todos os finais de semana, como prometi que faria, mas você escolheu me deixar, totalmente. Eu teria te amado e procurado um jeito de demonstrar isso todos os dias da minha vida se fosse preciso, só pra você me perdoar. — encarou os olhos azuis, eles lhe fitavam em surpresa. — Mas isso não importa mais, você está feliz com a vida que tem e eu vou me adequar nesse lugar até o momento de sair daqui. Prometo que não vou entrar no seu caminho, assim como você não vai entrar no meu, é isso que você quer, certo? Tudo bem. Mas não venha tocar nesse maldito assunto novamente, ok? Eu paguei por tudo o que fiz e você não sabe nem metade do que eu passei, então vê se me deixa em paz!
— Eu saberia se você estivesse disposto a falar!
Jungkook riu, desacreditado.
— Não sei se você se lembra, mas não trocamos palavra alguma durante três malditos anos. — o tom de voz saia rouco e raivoso, sussurrado bem próximo de seu rosto. — Você não estava disposto a me ouvir quando foi embora e agora está? Sinto muito, mas pra mim não tem diferença você saber algo da minha vida agora quando nada vai mudar! Apenas… — respirou fundo, de olhos fechados. — Apenas esqueça.
E então lhe deu as costas, caminhando pelo corredor até a saída, a passos rápidos e decididos.
Jimin respirou fundo, com o peito cheio de emoções mal controladas enquanto permanecia estático no corredor, sentindo a caixa torácica apertar enquanto as narinas ardiam, mas se recusou a chorar enquanto encarava as costas largas do moreno, detestando admitir que ele havia lhe atingido novamente com suas palavras, e o loiro tinha certeza que isso não aconteceria, mas aconteceu.
E o principal.
Não havia gostado da promessa de Jungkook, nem um pouco.
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Vixe... os nervos desses dois parecem que tão a flor da pele em...
Tem coisas que nunca mudam mesmo kkkk
O que acharam?
Não esqueçam de votar, bjjs e até semana que vem!
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