Capítulo 46 "Posso só dizer o quão furioso estou?"
Sexta tive a minha ultima frequencia às 15 por isso não houve capitulo, mas cá está ele!
Queria falar-vos de algo que tenho pensado bastante bem: como sabem estou na faculdade, e preciso de "material" então este verão para além de escrever aqui pensei em começar um blog. Super chill, nada de beleza ou pelo menos não focado isso. Mais pensamentos, coisas que faço, as minhas coisas da faculdade. Não sei se sabem mas fiz uma entrevista e uma reportagem. A reportagem foi no concerto do Niall e esta sexta feira vou publica-la no blog se quiserem ir lá ver o link está na minha bio e também aqui.l
Ia ficar tao contente!
Boa leitura e love you all
A hora de almoço é sempre a mais calma. William saiu para um almoço e Sam e Samuel tinham algo combinado. Apanho o cabelo e viro-me na cadeira, apanho o meu saco com a comida e coloco-o em cima da secretária. Antes do pequeno tomate cherrie chegar à minha boca Megan salta para fora do elevador.
-Nem na hora do almoço estou descansada. - Poiso o garfo e levanto-me.
-Megan.
-Olá Julieta, preciso de deixar aqui esta papelada para o teu chefe assinar.
Estendo a mão e quando agarro a pasta de papel pardo ela não deixa ir. Olho para ela e vejo o sorriso estranho que tem na cara.
-Sim? -Será que ela ficou ainda mais irritante desde a ultima vez que falámos?
-Estás sozinha?
Espreito debaixo do braço e viro a cabeça para trás.
-Assim...de primeira vista parece-me que sim.
Encolho os ombros.
-És tão engraçada. Aposto que é isso que o teu chefe vê em ti...
O Harry contou-lhe? Sinto as minhas bochechas ficarem vermelhas e a temperatura dentro do meu corpo sobe.
-Sabes por esta altura, com a dimensão dos sentimentos do Harry por ti e a sua capacidade de ser irracional pensei que o escritório todo já saberia...uma pena que nem isso ele tenha conseguido fazer como deve ser.
-Do que é que estás a falar?
Da minha experiencia com mentiras o melhor que tenho a fazer é tentar não perceber nada do que ela diz e negar. Merda estou tão tramada se ela contar a alguém.
-Oh Julieta! Achas que o Harry descobriu sozinho que andavas enrolada com o William? Os homens têm a verdade à frente do nariz e não percebem. Achas-te tinhas sido cuidadosa? Há sempre a alguém a olhar para nós querida, sempre!–Ela senta-se na secretária de Sam e cruza as pernas.
-Agora temos de fazer aqui alguns ajustes certo? Porque por esta altura era suposto já toda a gente ter percebido e parece que tu és mais esperta do que eu te dou credito. O que eu quero dizer mesmo é que se torna injusto eu e tu competirmos uma contra a outra, sendo que tu já és da família entendes? Por isso ou tu sais pelo teu próprio pé ou eu vou precisar de enviar umas fotografias à direção.
Ela tem fotos. Achei que assim que alguém soube o medo me ia paralisar, mas em vez disso encontro-me a pensar em como é que alguém se sente quando tem a vida de outra pessoa nas mãos.
-Megana simpática... o que é que aconteceu com o teu apelido carinhoso?- Pergunto-lhe enquanto volto a pegar na minha taça com salada. Levo um tomate à boca e fico à espera.
-Megan simpática?
-Um apelido que o Harry e eu te demos.
-Julieta diz-me a verdade tu gostas sequer dele?
-Dele?
-Do Harry?
Coloco outro pedaço de alface na boca e aceno que sim com a cabeça.
-Não te importa sequer que ele tenha ido para a cama comigo?- Ela parece descrente.
-Eu fui para a cama com o William.- Encolho os ombros. Só há uma maneira de a vencer.
-Pareces demasiado descansada em relação a isto.- Ela sacode o telemóvel à minha frente.
-São fotos bonitas?
Estou a sentir-me uma idiota. Tenho medo e cada pedaço de comida que ponho na boca encontra-se difícil de chegar ao meu estomago.
-Espero que tomes uma decisão rápida senão as fotografias vão parar aos emails de toda a gente.
Não digo nada.
Quando ela sai e oiço o barulho do elevador a fechar largo a taça com a comida e sento-me. Merda. O que é que vou fazer? Faltam alguns dias para as entrevistas, não há maneira de ela esperar. O elevador volta abrir-se mas desta vez é William. Levanto-me rápido e saio para a saída das escadas. Fecho aporta devagar e quase que o posso ouvir a passear pelo escritório. Quando falámos mais cedo esta manhã quase não fui capaz de manter a compostura. Passeia noite em casa do Harry e depois estava a beijar William e a minha cabeça parece dividida em mil e cada parte quer uma coisa diferente.
Agora a Megan está a chantagear-me e sinto-me perdida. Se acontecer mais alguma coisa acho que a minha vida se transformou numa novela mexicana.
-Julieta?
Viro-me e Sam está a olhar para mim.
-Sam! Precisas de alguma coisa?
Os olhos azuis dela demoram algum tempo em mim. Acho que o meu sorriso nervoso não a está a comprar.
-O que é que estás aqui a fazer?
-Escondida.-Sussurro.
-De quem?
Abano a cabeça e sento-me nos degraus. Ela agarra a maçaneta e antes de entrar olha para mim nervosa.
-Sabes que podes dizer que não certo? A qualquer coisa, podes dizer que sim, ou que não.
Os meus olhos perdem-na quando fecha a porta e as palavras delas ficam marcadas aferro na minha cabeça.
Quando chego a casa no final do dia não tiro as botas. Sento-me no sofá e encaro o papel de parede feio. Posso que dizer que sim, e que não. Apoio os cotovelos nos joelhos e esfrego a cara com as mãos. Eu amo o Harry. Estou magoada e tenho um medo de morte de me envolver com ele outra vez. De me magoar tanto que aferida desta vez nunca pare de sangrar. Mas gosto do William, ele faz-me sentir segura e amparada. Com o Harry é o limite todos os dias. É decidir dez minutos antes que vamos fazer uma viagem até a um sitio longe. É aparecer em Itália sem sequer avisar. A campainha toca e levanto-me. Estou vestida quando a minha vizinha da frente surge com uma caixa debaixo do braço.
-Rose. Queres que fique com o teu porquinho da índia?
Ela abana a cabeça.
-Não, estou de mudança Julieta, deixei-te um bilhete debaixo da porta. Andavas tão ocupada que raramente te via.
Merda.Ela vai-se embora?
-A sério? Vou sentir a tua falta. Vais para onde?
-Consegui um lugar numa academia em Londres, aluguei um aparamente mais pequeno.
-Isso é incrível, parabéns!- Dentro da caixa está o maldito porquinho da india. Vou ter saudades dele.
Abraço-a depois vejo-a descer as escadas. Aceno e retiro-me silenciosamente. Olho à minha volta e deixo-me cair no sofá. Talvez eu devesse deixar o William e o Harry. Talvez este ridículo triangulo amoroso seja culpa minha. Puxo uma goma comprida do saco perto do cadeirão e mordo com força. Passei tantas anos sozinha... tudo bem acho eu, só preciso de pensar melhor nisto.
O meu vestido azul escuro cai-me pelo corpo e calço as botas. As pequenas bolas brancas no tecido do vestido relembram-me que este foi um dos primeiros conjuntos que usei para ir trabalhar. Achei mesmo que ia ser um novo começo.Apanho a minha mala e enquanto como uma banana pelo caminho vou relembrando aquilo que tenho para dizer.
Passei os últimos meses à espera deste momento. O metro está cheio e uma criança com a mãe sentam-se à minha frente. Ela tem uma mochila com um monte de princesas da minha época e a mãe parece preocupada com ela que lhe segreda ao ouvido. A música estoira-me nos ouvidos e tento descontrair-me. Odeio mudanças. Noah Kahan relaxa-me sempre e desde que comprei o pacote premium do spotify já não preciso de ouvir música que eles acham que gosto. Odeio e amo o spotify. Na minha estação caminho lentamente tentando não tropeçar na multidão de pés que se mistura com os meus.
Quando entro no escritório Sam e Samuel saltam-me para cima. Tem pequenos chapéus feitos de papel de revista e um pacote nas mãos.
-Olá para vocês também.- Sorrio. Eles abraçam-me. Até Sam.
-Vai correr tudo bem, aposto que eles te vão adorar.
Sorrio e eles metem-me um chapéu mal feito na cabeça. Rio-me e abro o pacote que me estendem. É um gato roxo com o pelo em veludo. Tem cerca de cinco centímetros e aparentemente posso juntá-lo à minha coleção.
-Obrigada.-Abraço-os de volta e William sai do escritório.
Samuel esmaga-me o chapéu e tira o dele tão rápido como o colocou. William sorri e pega no chapeu que caiu.
-Parece que já lhe fizeram uma festa de boas vindas Julieta.
-Parece que sim.- Os olhos azuis dele são brilhantes e o sorriso que me dá podia fazer-me ir à lua.
-Vamos lá?
Subimos os dois no elevador. Ela brinca com as minhas botas, a ponta dos seus sapatos toca nos meus e encosto a cabeça ao seu braço.
-Vou sentir a tua falta.- Sussurra.
-E eu a tua.- Inspiro lentamente.
-Vais voltar para mim?
Encolho os ombros. Vejo o nosso reflexo no espelho e percebo que teríamos dado tão certo. Íamos ter filhos lindos e inteligente.
-Queres ter filhos William? Ele esfrega a bochecha no meu cabelo.
-Claro, um dia. E tu?
Esfrego nariz e não respondo. Não sei se quero. A dor uma vez foi demasiado dolorosa e eu nem sabia. As portas do elevador abrem-se e saímos de lá de dentro. Harry está nervoso, as palmas das suas mãos devem estar a suar e mexe na ponta dos caracóis sobre atesta.
William abre a porta e desaparece dentro do gabinete. Sento-me frente de Harry e bato-lhe gentilmente no braço. Ele olha para mim e sorri meio corado.
-Então?-Sussurro.
-Estou nervoso.
-Vais ser fantástico.
-E tu?
-Eu?
-Estás nervosa?
-Estou aterrorizada.- Riu-me ele faz o mesmo.
A covinha na bochecha dele é como uma estrela, ilumina a sala e mesmo quando Megan se senta perto de outro rapaz que lá está não me sinto intimidada.
-Vais ser fantástica.- Estende-me a mão e eu aperto-a. O toque dele é gentil, velho e novo. Acalma-me e aterroriza-me.
-Aposto que sim.
Um homem abre a porta e de meia em meia hora as pessoas são chamadas. Quando o meu nome é anunciado levanto-me. Passo-lhe a mão pelo cabelo e entro na sala. William está sentado a tirar apontamentos numa folha de papel. O pai e o irmão olham para mim assim como algumas pessoas da administração.
-Não acredito que se vai mesmo embora.- O pai de William diz e finalmente ele olha para mim.
Quando lhe contei que já tinha apresentado a minha demissão no final dos seis meses ele ficou arrasado.
-Foi ótimo estar cá, é uma empresa incrível mas não é o meu lugar. Dou alguns passos e deposito os papeis em cima da mesa. William olha para as minhas mãos e sinto o esforço que faz para não dizer nada.
-Vamos sentir a sua falta Julieta, William nunca teve uma equipa tão coesa como durante estes meses.
-Obrigada, foi um prazer.
Limpo as mãos ao vestido e retiro-me. Nem uma palavra trocada quando fecho a porta e o Harry olha para mim de forma preocupada.
-Já está?
-Rápida demais?- Brinco.
-Super. É a minha vez?
-Acho que sim. Boa sorte.
-Obrigado.
Vejo-o entrar com os slides da apresentação debaixo do braço. A Megan tinha razão em parte, eu não podia concorrer contra eles, não de forma justa.
Três horas mais tarde somos todos chamados de volta aos nossos postos com os chefes de departamento. Sam e Samuel agarra-me na mão mesmo que eu saiba que não vou ficar. Deixo-os saltar à volta e fazer prognósticos incríveis.
-Aposto que vais destronar o Pella. Vais ser a nossa nova chefe.- Samuel diz enquanto me gira a cadeira.
-Acho que ficavas melhor nesse papel.- Chuto de volta.
-Mas a entrevista correu bem?- Sam pergunta um pouco distante.
-Foi calma. William abre a porta e todos param o que estão a fazer. Os seus gestos são quase económicos e ele chama-me ao seu gabinete, antes de fechar a porta vira-se para os meus colegas.
-Nem pensem em aproximar-se da porta para ouvir.
Samuel coloca as mãos no ar em gesto de rendição e Sam parece estranha com o comentário.Ele encosta a porta e sento-me numa cadeira.
-Posso só dizer o quão furioso estou?
-Já disseste antes.
-Posso só reforçar? Tu ias facilmente ficar com o lugar.
-Eu ia facilmente sentir-me horrível...nós sabíamos no que nos estávamos a meter William, a tua vida está como sempre esteve, mas a minha? Ia ser uma corrente sucessiva de pensamentos destrutivos.
-O que é que vais fazer depois de saíres?
-Não sei bem, estou a pensar em visitar os meus avós e procurar emprego...outra vez.
Ele senta-se e apoio o queixo nas mãos.
-Vou ter saudades tuas.- Murmura.
-Ai é que está o problema, não podes ter saudades de um empregado. Está escrito.
-Eu sei, a culpa foi...
-Foi de ninguém, ás vezes é impossível Will. Queremos não fazer as coisas e sentimo-nos mal, mas o bem que sentimos quando o fazemos supera isso. Era injusto eu ficar e tu sabes isso. Quando saio e lhes digo que não vou ficar Samuel parece prestes a chorar e Sam encosta-se na cadeira a olhar para a parede.-Mas ainda vou ficar algum tempo.
-Mas aquele idiota vai ficar com o teu lugar.- Samuel cruza os braços.
- Não há ninguém com quem possas falar.
-Não. Vou-me embora e vocês vão voltar à normalidade.- Bato-lhe na brincadeira no braço mas ele parece triste. Mais do que pensei.
Sento-me perto dele e agarro-lhe as mãos.
-Está tudo bem.- Digo-lhe.- Vocês vão ser para sempre a minha dupla preferida e nunca me vou esquecer do dia em que entrei neste escritório, com uma caia de papel molhada e uma atitude engraçada.
-Não foi uma atitude de engraçada.- Sam sorri.- Foi uma atitude de "este é o meu lugar no mundo".
-Ou isso.- Aponto para ela a sorrir.
-Mas essa atitude é incrível e eu gostava de te ter aqui todos os dias.- Ele abraça-me e sinto-me tentada a chorar.
- Não quero que te vás embora.
Com as palavras dele, algo dentro de mim desabrocha. É uma flor que explode com tanta força que me sinto tonta.
-Pelo menos conhecemo-nos. Imaginam como seria triste se um dia nos cruzássemos na rua e não soubéssemos como eramos bons uns para os outros? Deixar alguém que conhecemos ir quer dizer que vivemos uma história com essa pessoa. O pior é saber que perdemos alguém que nunca conhecemos.
-Do que é que estás a falar?- Samuel afasta-se e baixinho conto-lhe o que se passou comigo.
Do bebé que perdi e que não sabia que tinha, mas que queria conhecer. Da maneira como isso me fez sentir vazia, da perda que me atingiu ainda mais por ser algo que não sabia que queria.
-Tinhas que idade?- Sam pergunta-me baixinho.
-Dezoito acho eu.- Viro-me para ela.
-Sabias quem era o pai?
-Sabia.Era o meu namorado da época. Eles parecem em choque.
-Não pareces uma pessoa que passou por tanto.
Sorrio e acaricio-lhe a bochecha.
-As pessoas são caixas de segredos, estamos constantemente a lutar contra alguma coisa. Toda a gente tem as suas histórias, os seus problemas, é só preciso ter isso em mente de cada vez que falamos com alguém.
No final da tarde quando estou a ir para casa percebo que embora a minha vida esteja feita num oito, há muito tempo que não me sentia tão em paz comigo mesma.
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