Capítulo 16 "Não sejas um idiota por favor."
Playlist com a música citada no capitulo no link externo e na minha bio. Pergunta de hoje: Como é que será que a viagem de carro vai correr?
A minha cabeça está na mesa da cozinha e tenho os braços estendidos ao longo do corpo.
-Para de ser tão dramática. - A minha mãe pede quando me mete uma tigela de sopa à frente.
-Não vou comer.
Bato com o pé no chão e oiço a minha irmã puxar a tigela para ela. A minha mão voa para o seu pulso e puxo a tigela para mim de novo. Endireito-me e bebo a sopa antes que mais alguém resolva aproveitar-se.
-Posso ficar contigo esta tarde?- A minha irmã pergunta-me.
-Não ficaste comigo esta manhã?- Ela cora e percebo que estou a ser má. Meu Deus tenho saudades dela e estou a deixar que o meu mau humor se ponha no caminho.
-Claro, o que é que queres fazer?
Ela anima-se imediatamente e nem pisca quando Tyler lhe salta para o colo.
-Podemos fazer bolos ou assim... pensei em ir para a neve mas sei como detestas o frio.
Olho para cima a pensar. Sim ela tem razão odeio o frio e neve deixa-me desconfortável. A minha senta-se à nossa frente e parece babada a olhar para nós.
-Como é que podem ter saído ambas de dentro de mim e serem tão diferentes.
-Mãe!- Eu e Elena emitimos barulhos de desconforto.
-Não façam essa voz!
-A Julieta foi feita ao sol, e a Elena foi feita provavelmente num dia gelado, é por isso minha querida. - O meu pai entra na cozinha e eu e a minha irmã voltamos a fazer um barulho enojado.
-Então conseguiram arranjar o carro?
-Não, são as mudanças, ele vai ter que mandar alguém, mas disse-lhe que podia passar cá a noite se quisesse.
Arregalo os olhos.
-Preciso de ir à igreja! - Abano a cabeça e sinto uma pancada forte nas costas.
-Fizeste alguma asneira?
Os meus pais olham para Jam como se ela fosse maluca e para ser honesta faço o mesmo. Quando é que decidi que ela podia namorar como meu irmão mesmo? Oh pois é, não decidi! O Harry e o Gabriel entram na cozinha e sentam na mesa enquanto a minha mãe lhes dá sopa. Harry olha para a tigela como se fosse a coisa mais sedutora que já viu na terra e sinto-me ligeiramente ofendida. O meu telemóvel toca e a minha irmã chega-lhe antes de mim.
-Uh! Quem é Mr.Pella? Tem um nome sexy...
Todos os olhos estão em cima de mim e oiço um "só podem estar a brincar" vindo do outro lado da mesa.
-É o meu chefe, tudo calado.
Respiro fundo e tenho tantos pares de olhos em cima de mim que a matemática não funciona neste preciso minuto.
-Mr.Pella.
-Julieta, como está?- Como estou? Podia estar melhor...
-Bem, e o senhor?
Ele suspira e oiço Ryan ladrar ao fundo.
-Bom o Ryan está bem. - Ele ri-se e acabo por imitar. - Mas estou a ligar-lhe porque decidi que segunda feira o Samuel vai com a Samantha por isso preciso de si ás sete.
-Ás sete? Tudo bem...- Ainda estou meio incerta em relação a ter que ser a sua secretária, mas não vou dar parte fraca, para além disso sou capaz de lidar com ele.
-Não fique nervosa.
-Não estou. - Minto.
O riso dele é alto e vejo a minha mãe a sorrir para mim.
-Tudo bem Julieta aceito isso, até segunda.
-Até segunda Mr. Pella e os meus cumprimentos ao Ryan.
-Ele senta a sua falta de certeza.
-Que indelicadeza! - Namorisco. Merda! - Até segunda.
Desligo e está toda a gente a olhar para mim.
-Vou trabalhar mais cedo segunda. - Pisco os olhos.
-E provavelmente até mais tarde. - O Harry comenta e inclina a cabeça.
-Talvez! Se te vir na cozinha lá em cima digo "olá" prometo.
Sim, se estiveres lá enrolado com a Megan Simpática vou ter a certeza de te dizer "olá" para que te lembres com bastante clareza do que andas a fazer.
-Sim, talvez esteja na cozinha...- Ele rouqueja e apetece-me atirar-lhe a tigela à cabeça.
Gabriel diz alguma coisa e todos recomeçam as suas conversas, mas a minha mente está na sua provocação.
-O teu chefe é simpático querida?- A minha mãe senta-se ao meu lado e reparo que estão todos a olhar para mim, tirando Gab e Harry que estão a falar baixo.
-Bom, ele é um pouco rígido, mas nunca me tratou especialmente mal.
-Não está a dar-te trabalho a mais?- O meu pai pergunta genuinamente interessado.
-Não. Deu-me um bom projeto.
Quase que o esganei por isso, mas o meu pai não precisa de saber sobre isso. Sinto os olhos do Harry em mim e quando penso em olhar para ele forço-me a ficar quieta. A minha irmã pergunta-me como é que ele é, e Jam também parece genuinamente interessada.
-Han...alto, cabelo preto, olhos azuis...normal.- Encolho os ombros enquanto a minha irmão procura algo no telemóvel. Ela mostra-me uma fotografia de vários homens engravatados e vejo-o imediatamente, os olhos azuis hipnóticos e os lábios cheios. A linha do maxilar é de morrer, e ele tem um semblante sério que me faz lembrar de todas as vezes que o fiz rir.
-Qual é?- Ela pergunta e tem um brilho nos olhos.
-Este.- Aponto a revirar os olhos.
-Mamma Mia!- A minha mãe diz quando faz zoom na cara dele.
-William Pella, 29 anos, estudou em frança e quando regressou foi editor chefe da GQ, ficou noivo de uma tal de Joanne e terminaram em 2013, o pai comprou a empresa onde atualmente trabalha e é um dos britânicos solteiros mais cobiçados do momento, especialmente pela resistência que mostra em ser visto acompanhado.
-É um idiota se me permitirem. - O Harry diz e Jam revira-lhe os olhos.
-Estás a gozar? Ele é lindo, e este corpo? Se eu trabalhasse com ele e não tivesse o Gabriel já estava a tentar engata-lo e para além disso deve ser podre de rico!
-Ele é um pedaço de céu.- A minha mãe diz e o meu pai emite um rugido antes de sair da cozinha o que a leva a ir atrás dele.
-Vamos ser sinceros Jam para ti todos os rapazes na faculdade foram lindos!
-Hey!- Gabriel repreende.
-O tipo é um otário do pior.- Ele passa os dedos pelo cabelo.
-Só dizes isso porque ele não gosta de ti.- Cuspo.
-Digo isto porque ele te quer debaixo dele e tu deixas que ele faça o que quer contigo.
Levanto-me de repente.
-Vamos ter esta conversa outra vez?
-Não, mas admite, ele é um idiota para meio mundo ali!
-Ele nem sequer me ia dar um projeto.- Reviro os olhos.
-E agora vai dar, isso não é prova mais que suficiente?
A minha irmã agarra-me a camisola e olha para o Harry.
-Não discutam, outra vez não por favor.- Ela implora. Os olhos azuis são meio chorosos e passo-lhe a mão pelo cabelo.
-Está tudo bem Elena.
-Desculpa Elena.- O Harry pede e cala-se finalmente.
O silencio é horrível e sinto-me mal por ter que fazer isto com plateia, mas se o Harry não parar de falar ninguém o cala, e ele desenvolve as teorias da conspiração.
-Vamos lá a ver Julieta, ele tratou-te mal?- Gab pergunta e abano a cabeça.- Então vamos esquecer que existe um chefe, uma empresa e trabalhos e vamos fazer os bolos que a Elena disse que queria fazer ok?
Gab é mais novo que eu um ano, mas de alguma forma assim que se tornou um adolescente parece que me roubou o papel de irmã mais velha, ele é calmo, ordenado e silencioso como o meu pai, algo não muito típico em italianos. Elena sorri e Jam aperta-lhe a mão.
-Ainda há bolo da aniversário?- Pergunto e Gab ri-se enquanto abre o frigorifico e tira o prato que mete à minha frente.
-Como vais comer o bolo, vais ficar responsável por cortar os biscoitos.
-Fixe, vou comer metade da massa.
O telemóvel do Harry toca e fico em silencio, todos se começam a mexer, e ficamos apenas os dois sentados a olhar um para o outro. Quando ele vira o telemóvel para baixo sem olhar pergunto-me se esta é uma tentativa de fazer as pazes.
A luz do sol irrompe pela janela da cozinha e olho para a minha mão que aquece como calor suave da luz. Levanto os olhos e reparo que estamos ambos a olhar para minha pela.
-Parte os ovos.- O meu irmão dá uma taça ao Harry.
Ele vota a focar-se e observo-o a partir os ovos de forma metódica. Ele parece concentrado no que faz e quando me levanto e vou até ao armário lembro-me de algo...
Cheira a limão e canela, alguém está a fazer chá quando me empoleiro no balcão para ir buscar um pacote de açúcar ao armário de cima. Oiço o barulho da chaleira ao longe, mas o meu foco está no pacote. Meto um joelho em cima do balcão, no entanto assim que tento dar impulso um par de mãos segura-me no lugar. O cheiro fresco e mentolado faz-me rir. Ele empurra-se para cima de mim e a sua parte da frente fica espalmada contra as minhas costas. Ele mexe-se devagar contra mim e paro de rir. O nariz dele traça-me a pele do pescoço e sinto o arrastar torturante dos lábios dele. Tento virar-me, mas não consigo. Ele está a prender-me.
-Harry.- Sussurro.
-Hum dolcezza?- A voz dele é baixa arrepia-me a pele.
A boca dele abre-se no meu pescoço e sinto uma das suas mãos circundar a minha cintura e empurrar-me com mais força contra ele. O meio das minhas pernas palpita em antecipação e vejo os nós dos meus dedos ficarem brancos com a força que faço na bancada.
-O que é que estás a fazer?- A minha pergunta quebra-se ao meio quando os dedos dele percorrem o meu estomago até ficarem em cima do fecho das minhas calças.
Ele engole em seco e todos os seus dedos, um de cada vez batem levemente por cima da ganga. A minha cabeça encosta-se ao seu ombro e ele sorri quando esfrega a ereção crescente contra o meu rabo.
-Não faço ideia, podes passar-me o açúcar?
A voz dele desce algumas notas e viro a cara para ele. Eu estava a tentar chegar ao açúcar antes de ele me interromper de forma grosseira. Ele sorri para mim e estica o outro braço, não tirando a mão do tecido quente da minha roupa. O açucareiro é deixado longe e franzo a testa quando ele afasta a mão daquilo que me pediu.
-O açúcar por favor. - Volta a pedir, mas abano a cabeça.
-Nem pensar, estavas com ele na mão!
-Eu sei que sim. - Ele faz pressão com os dedos e engulo em seco. Que merda é que ele está a fazer? - Mas podes por favor passar-me o açucareiro?
Quando me estico para apanhar o pacote de açúcar a mão dele desce mais dois centímetros, os meus olhos descem para onde ele tem a mão e ele ri-se baixinho quando me movo rápido para puxar o pacote de açúcar e ao mesmo tempo ele desce a mão enterrando-a no espaço entre as minhas coxas. Inclino-me para a frente e suspiro, e quando espero que ele faça algo ele solta-me e agarra na chaleira de chá. Arregalo os olhos quando percebo que ele está apenas a manter-me na borda.
-És um idiota.- Esfrego a cara com as mãos geladas e viro a cara para o ver mexer o chá e beber um gole na minha caneca. A minha caneca?
-Não sou.
-Porque é que me fazes isto?- Pergunto.
Ele aproxima-se e vejo a sua maçã de adão trabalhar o liquido quente. Ele é alguma máquina? Quem é que bebe chá como se fosse água, aquilo não estava a ferver?
-Para ter a certeza de que voltas.- Ele beija-me a bochecha mas eu afasto-o.
-É isso que queres? Saber que vou voltar?
Ele abana a cabeça e depois encosta-se à mesa. A maioria das pessoas não tem tanto controlo como ele, e posso sentir que estávamos ambos a gostar da proximidade.
-Na verdade, o que quero é que tu saibas que precisas de voltar.
Sorrio e aceno com a cabeça.
-Aposto qualquer coisa em como não volto.- Lanço-lhe a minha mão e ele agarra.
-És muito querida, mas viste bem o teu estado? - Ele ergue a sobrancelha e eu baixo o olhar até ao meio das suas pernas.
-E tu? Já viste o teu? - Voltamos a olhar um para o outro e ele sorri.
-Tudo bem, vamos ver, o primeiro que procurar o outro perde. A valer qualquer coisa.
Ele sai da cozinha e depois dou-me conta da bela asneira onde me estou a meter. Abro a porta da cozinha e vejo-o parar a meio das escadas.
-Já a desistir dolcezza?
Ele abana a cabeça e sorri para mim, mas sorri com aquele sorriso meio torto que me deixa zangada pela arrogância que carrega. Eu ia apenas dizer que não valia qualquer coisa, mas o olhar na cara dele limpa os pensamentos.
-Não, vinha só ver se já estavas a chorar.
Fecho a porta e encosto-me à madeira fria. Se ganhar posso fazer com que ele faça qualquer coisa que eu quero! A porta da frente abre-se e eu grito. É Jam.
-O que é se passa? - Ela pergunta, o cabelo laranja em chamas.
-Nada, porque é que haveria de se passar alguma coisa. - Desencosto-me da porta.
-Estás vermelha e tens um olhar estranho.
Abano a cabeça.
-Não é nada.
Ela vê um resto de chá do Harry e bebe-o. Jam não se importa com espaço pessoal, mas eu importo, por isso quando ela acaba meto a minha caneca que ele usou para lavar.
-Ouvi dizer que esta semana ainda não discutiste com o Styles! Parabéns, os vossos professores devem detestar-vos.
-Só temos um professor em comum.- Agarro o açúcar ele mete-se à minha frente.
-Passa-se alguma coisa...os teus olhos estão diferentes.
Quando me viro com as formas de biscoitos o Harry tem um pacote de açúcar na mão. O seu olhar está no meu e só acordo quando a minha irmã passa por mim a correr. Merda, estou a deixar que isto aconteça de novo. Sento-me e começo a moldar a massa que me vão passando. O Harry desaparece na sala e o ar volta a ser respirável. Assuto-me quando Jam se senta demasiado perto de mim.
-Ele é um imbecil!
Do que é que ela está a falar?
-O Harry! Como é que te enrolaste com ele?
-Jam, por amor de Deus, juro que se voltas a falar sobre isso te extraio os dentes e os vendo no mercado negro para fazerem colares!
Não olho para ela enquanto não acabo a tarefa e depois levanto-me para ir à casa de banho. O meu pai está a falar com a minha mãe quando me sento no sofá. Parecem sério e sinto-me desinteressada de quase tudo à minha volta por isso oiço a conversa dele.
-Não quero ir este ano. - A minha mãe resmunga.
-A minha mãe não vê os miúdos há anos!- O meu pai retalia e endireito-me. Vamos a Itália?
-Julieta querida, podes parar de fazer expressões com a cara enquanto falamos, quando eras pequena era querido, agora é só assustador.
Levo a mão ao peito finjo-me ofendida.
-Quero ir a Itália!
-Vês? - O meu pai aponta.
-Ela sabe lá quando é que vai ter férias!
O meu pai finge que não a ouve e volta a concentrar-se no seu livro. O mais irritante nos meus pais é que daqui a cinco segundos já estão a olhar de uma forma demasiado apaixonada um para o outro. Discutem e cinco segundos depois estão bem de novo. A minha mãe diz que sou muito dramática quando fico zangada, e que a minha avó é na mesma. Talvez, mas pelo menos sou coerente.
São dez na manhã quando toda a gente sai lá para fora e eu fico parada a olhar para os cinco centímetros de neve que há no pátio em frente de casa. Os meus all star parecem ridículos agora. Mas não estava a nevar quando sai na sexta à tarde. O Harry atira a sua mala para o porta malas e depois de se despedir de toda a gente fica parado a olhar para mim.
-Não vens?- Ele parece mais sério que ontem.
-Estou a pensar como é que vou até ai com estes sapatos. - Respondo-lhe e ele revira os olhos. - Se os teus olhos ficassem presos na parte de trás da tua cabeça eu beijava um porco.
Todos se riem do que digo e o Harry encosta-se ao carro, que agora parece minúsculo com ele lá encostado. Tiro umas botas da sapateira e seguro os ténis na mão. Despeço-me da minha família e a minha irmã promete-me contar que nota teve no trabalho.
-Vejo-vos em breve.- Digo quando me sento no lugar do condutor e tiro as botas que Gab apanha.
-Diverte-te, e não trabalhes demasiado.- Ele avisa-me e abraça-me antes de fechar a minha porta.
-Conduz com cuidado. - O meu pai diz antes de se afastar para abrir o portão. Abro o vidro.
-Não me tentem a mandar o carro de uma ponte.
A minha mãe ralha comigo e digo-lhes adeus uma ultima vez.
-Obrigado mais uma vez.- Harry diz antes de cruzarmos o portão verde.
Acelero o carro, e tento evitar que os cheiros demasiado familiares me levem daqui. As arvores mexem-se demasiado rápido e o silencio é gelado.
-Posso meter música? - Ele diz e eu aceno com a cabeça sem verbalizar o quer que seja.
Ele tira o Ipod do bolso do casaco e liga-o ao carro. É uma entrada USB instalada em vinte minutos por técnico e quando ele se debate em encaixar o fio levo as costas da mão à boca.
-É muito apertado. - Ele tenta fazer uma piada porca.
-Não sejas um idiota por favor.
Ele acena que sim e dois segundos depois os acordes de uma guitarra surgem no carro. Viro a cara para o Harry, mas ele não está nem aí. Tem a cabeça encostada e olhos fechados quando a bateria começa a acompanhar a guitarra.
"Look at the stars, look how they shine for you, and everything you do
yeah they were all yellow..."
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro