𝓣𝓱𝓮 𝓞𝓷𝓮 𓂃 🌙
"O Sol vermelho está ofuscando"
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"Sangue. Essa é a cor, não pode pintar, não tente. Vermelho, temos que fugir. Luz, seja a luz. O sol vermelho está ofuscando.
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⎯ Mia, Mia? ⎯ fala minha mãe me despertando de meu sono. ⎯ Já chegamos. ⎯ tiro meus fones e desço devagar do carro.
O lugar é vivo. A casa velha é grande, faz parecer que estou em um cemitério. A floresta densa me faz querer fugir, só vejo o verde das árvores arredondando todo o local. Será possível viver aqui?
A casal era um típica "mansão" velha, não sei ao certo. Parece ser uma mansão, porém menor. Muito menor. Era completamente de madeira, assim como casas americanas, pouco tijolo e mais madeira. Tinha uma aparência rústica e vintage. Minha bisavó iria amar esse lugar. Tenho medo de pisar no chão mofado e a casa cair.
(☆☆☆)
Depois de ajeitar minhas coisas em seu devido lugar, eu vou ao banheiro tomar um banho quente.
Ligo o chuveiro e adentro aquela água caindo como uma pequena e curta cachoeira. Toda vez em que a água toca a minha pele eu me arrepio, assim sentindo uma calma fluir. Estava precisando disso.
Saio do banho relaxante e visto algo confortável como uma blusa cinza com mangas longas e uma calça preta em que eu havia comprado antes de vim.
Saio do meu quarto e vou até a cozinha onde encontro minha mãe cozinhando algo.
⎯ Isso é sopa? ⎯ falo ao sentir o cheiro da comida.
⎯ Sim.⎯ ela dá um meio sorriso.
⎯ De novo! ⎯ reclamo.
⎯ eu gosto. ⎯ Ela fala simples.
⎯ mas eu não. ⎯ me sento a sua frente.
A casa ainda estava cheia de caixas, suja e com poucos móveis. Ainda não nos instalamos direito. Na sala espaçosa que era no mesmo local que a cozinha tinha dois pequenos sofás, janelas em toda a extensão da parede esquerda, uma mesa de jantar ao lado do balcão em que partia a "Cozinha" da sala. Algo simples porém legal.
⎯ Só sinta o gosto. ⎯ ela pega uma colher e pega um pouco da sopa e me dando para provar.
⎯ O mesmo gosto de sempre. ⎯ falo ao provar.
⎯ Como!? Eu adicionei mais coisas.⎯ ela rapidamente começa a olhar a receita.
⎯ Vou olhar um pouco o local.⎯ falo me levantando da cadeira.
⎯ fique somente na frente de casa, já está de noite.
⎯ Tudo bem. ⎯ dou um sorriso para ela e então saio.
Piso na grama de fora da casa. Olho para o céu e está cheio de estrelas e uma linda lua cheia iluminando tudo. Admito que nessa situação o fim do mundo é melhor do que a cidade.
Vou andando devagar pela grama sem tirar meu olhar do céu. O ar aqui é tão puro, acho que não será difícil viver aqui.
Sinto que tem alguém me observando então olho para todos os cantos mas a única coisa que vejo são as árvores e a escuridão da floresta.
Essa sensação não é nem um pouco boa, isso está me deixando nervosa. Sinto algo se aproximar, continuo e continuo olhando porém nada. O que é isso? Existiria alguém mais nesse fim de mundo? Por que estou sentindo algo tão ruim?.
Aquilo começou a se aproximar mas eu não conseguia ver nada. Quem é?
⎯ Tem alguém aqui?!⎯ chamo.
⎯ Responda!⎯ exijo.
⎯ Por favor apareça.⎯ peço.
Nada. Ninguém responde, estou ficando com medo. Existe vários relatos de morte em florestas ou perto dela. Essa sensação é horrível.
Escuto um barulho de galho quebrando então olho com mais atenção. Que seja somente um animal, que seja somente um animal!
⎯ Quem está aí!⎯ grito.
⎯ Mia! ⎯ grita minha mãe de dentro da casa me assustando. Coloco minha mão no peito esquerdo tentando me acalmar depois do susto. Meu Deus.
Saio de lá e vou para dentro novamente.
⎯ Faz Tempo que estou te chamando!⎯ ela reclama.⎯ onde estava?.
⎯ Aqui em frente.⎯ falo devagar tentando me recuperar do susto.
⎯ Euem, ficou surda agora?.
⎯ Aconteceu algo?⎯ mudo a conversa.
⎯ A sopa tá pronta!⎯ ela coloca um grande sorriso no rosto enquanto aponta a colher para mim.
⎯ E lá vamos nós. ⎯ me sento a sua frente e começo a comer.
Meu olhar não saía da janela nem um segundo se quer. Por que sinto algo tão ruim?.
(☆☆☆)
Acordo com o brilho do sol da janela me encomodando. Me levanto com dificuldade e tento me equilibrar por causa do sono.
Vou ao banheiro e tomo um banho quente. Agora sim estou acordada. Depois Do banho visto um vestido branco com algumas bolinhas pretas e faço um rabo de cavalo. Por que estou me sentindo nos anos 70?
Desço e vou até minha mãe que está tricotando no sofá.
⎯ Bom dia! ⎯ falo para a mesma que retira sua atenção do tricô para mim.
⎯ Bom dia. ⎯ ela dá o doce sorriso de sempre.
⎯ O que vamos fazer hoje?.
⎯ Vamos no mercado aqui perto comprar algumas coisas... vamos andar um pouco pelo vilarejo e é isso.
⎯ Nossa, super interessante.⎯ falo em sarcasmo.
(☆☆☆)
Depois de comer algo eu e minha mãe saímos de casa e fomos até o único e famoso mercado desse vilarejo.
⎯ Deveríamos levar maçã? ⎯ ela pergunta ao ver as maçãs.
⎯ Claro, eu amo ⎯ ela coloca.⎯ Não esqueça da melancia! ⎯ a lembro.⎯ é minha fruta preferida.
⎯ Pode deixar. Aliás, pode pegar o sabão para mim?⎯ assinto e saio a procura do sabão.
Finalmente acho o sabão em uma prateleira bem distante da aglomeração de pessoas. Analiso todos procurando o que minha mãe usa.
Quando acho escuto uma conversas de duas senhoras. Uma aproximadamente de 59 anos e a outra 64, por ai.
⎯ Ficou sabendo? ⎯ fala a senhora de 64 ansiosa.
⎯ O que?⎯ pergunta curiosa a senhora de 59.
⎯ Chegaram pessoas novas na casa cercada pela floresta, parece que é uma mulher e uma garota. ⎯ A senhora de 64 sussurra.
⎯ Naquela casa? ⎯ a senhora de 64 concorda com a cabeça.⎯ elas são muito corajosas, as histórias daquela casa não são brincadeira.
⎯ Você ainda escuta essas histórias? ⎯ pergunta a senhora de 64 com idgnição.
⎯ Não acho que isso seja brincadeira. A última família que morava lá relata até hoje ter ouvido vozes e uivos. A filha mais nova ainda fala que via lobisomens por lá. ⎯ fala a senhora de 59 assustada.
⎯ Isso é tudo historinha para criança não fazer bagunça.⎯ A senhora de 64 sai do local.
Como assim lobisomens? E eu pensando que lia muito livro sobrenatural. Saio de lá e vou até onde minha mãe estava que já era o caixa.
⎯ Por que demorou tanto? ⎯ ela pergunta colocando as coisas no balcão do caixa.
⎯ Eu sou nova aqui, não é fácil achar as coisas. ⎯ Finjo um sorriso. Não seria bom ser taxada como fofqueira no meu primeiro dia na vila por escutar estórias loucas de duas senhoras.
(☆☆☆)
Ao chegar em casa a gente guardou tudo e fomos andar um pouco pelos lugares.
⎯ Mãe.⎯ chamo sua atenção.
⎯ Sim?.
⎯ Quando a senhora comprou essa casa, por um acaso ouviu relatos de famílias que viveram lá antes de nós, que relataram coisas como ter visto lobisomens lá?.
⎯ Lobisomens? Você não disse que estava cansada dessas histórias?.
⎯ É... estou.⎯ por que eu perguntei mesmo?.
Depois de andar pelo local voltamos para casa. Até que aqui não é ruim, o lugar é pequeno então os lugares são fáceis de achar e não tem perigo de roubo ou coisas desse tipo como tem na cidade. Aqui as coisas são mais vivas. E pelo o incrível que pareça, tem sinal!.
Minha mãe foi para o quarto dela e eu decidi ficar na varanda. Chegando lá olho para o céu que está anoitecendo. Aquela visão é a mais perfeita do mundo. O fato de que o céu pode conseguir essas várias tonalidades de cores é impressionante.
Vou para a grama e me deito olhando o céu. Isso é tão especial.
⎯ Corra... ⎯ escuto um sussurro.⎯ Corra... saia... ⎯ O que é isso?
Me levanto e olho ao redor mas não tem nada. Estou ficando doida? Aquela história daquelas senhoras deve ter me deixando paranoica.
Me deito novamente e começo a olhar para o céu. Por que sinto algo tão estranho. Aish, isso é tão agonizante.
⎯ Fuja...⎯ Aquele sussurro retorna.
⎯ Quem é você!?⎯ me levanto de uma vez e grito.
⎯ O sol vermelho está ofuscando...⎯ Depois desse sussurro o local começa a ficar escuro.
Olho para cima e vejo o Sol da cor de Sangue. O que é isso?! Momentos atrás ele estava tão amarelo e brilhante sumindo pelo horizonte.
Aquilo era atormentador, Nunca vi o Sol daquela cor, poderia jurar que era uma enorme Bola de Sangue.
Uivos preenchem o local e o Sol fica cada vez mais vermelho. O que está acontecendo!?.
⎯ Corra! ⎯ uma voz alta grossa toma o lugar do sussurro e a única coisa que eu soube fazer naquele momento foi correr floresta adentro.
O quanto mais eu corria mais eu sentia algo atrás de mim e isso me fazia correr mais e mais. Acabo tropeçando em um tronco assim indo ao chão, os uivos aumentavam cada vez mais. Me levanto e volto a correr seguida de um sentimento de que ainda tem algo atrás de mim.
Acabo ficando sem saída ao ver um enorme lago com uma cachoeira gigantesca. Olho para o céu e aquele sol da cor de Sangue estava sumindo pelo horizonte. Os uivos estavam ainda mais altos e aquele sentimento estava maior. Tem algo atrás de mim.
Me viro rapidamente e vejo 3 lobos. Como assim aqui tem lobos!? Dou passos discretos para trás e sinto aqueles lobos se aproximarem mais. Meu pé esquerdo acaba tocando a água assim eu paro, um dos lobos se posiciona na frente e seus olhos de amarelos passam para vermelhos cor de Sangue como o Sol.
⎯ Não fique com medo criança.⎯ O QUÊ!? De onde essa voz rouca está saindo?.⎯ Prometo não machuca-la.
⎯ Quem é você!? ⎯ grito para essa voz.
⎯ Estou bem a sua frente.⎯ olho para a minha frente mas a única coisa que vejo é o lobo... não pode ser.
⎯ Não... não pode...⎯ falo fraco, Antônita.
⎯ Pode. Acredite, você está escutando minha voz.⎯ Aquele lobo se aproxima mais e não tem como eu ir para trás. Eu não sei nadar.
⎯ Por favor não me machuque.⎯ meus olhos marejam. Já estava sentindo o medo me consumir, um nó se formou em minha garganta e o desespero estava para rasgar minha garganta.
⎯ Eu não vou te machucar. Não precisa fugir.⎯ sua voz fica mais densa e do nada ele avança mas algo se debate com ele o fazendo ir longe.
Com o impacto fecho meus olhos, escuto grunhidos de dor e rosnados. Não consigo em nenhum instante abrir meus olhos, estou com muito medo.
Depois de um tempo aqueles grunhidos e rosnados param e do nada começo a escutar barulhos de ossos se quebrando. O que está acontecendo!?
Abro meus olhos devagar e não consigo ver muito bem por causa da escuridão, vejo algo na minha frente se contorcer inteiro, o barulho de ossos se quebrando era atormentador e além desse barulhos, gritos misturados de grunhidos de dor tomam o local. Aquilo toma uma aparência de um homem, alto e forte. Abro meus olhos por completo e vejo que aquele homem estava ofegante e suado e... pelado!? Coloco minhas mãos no rosto rapidamente.
⎯ Você está bem?⎯ sua voz ofegante e rouca ecoa pelo local.
⎯ E-E-Estou ⎯ falo não só com a voz trêmula mas com o corpo também.
⎯ Está tudo bem, não precisa ficar com medo. Pode tirar a mão do rosto.⎯ ele fala calmo.
⎯ Você está... pelado.
⎯ Oh, desculpe.⎯ vejo pela brechinha das minhas mãos que ele vai se afastando um pouco ⎯ espere aqui, vai ser rápido.⎯ ele some de uma vez então retiro minha mão de meus olhos.
O que está acontecendo? Olho para o chão e vejo aqueles 3 lobos no chão ensanguentados. isso foi um massacre? O que é realmente isso, por que estou confiando em um estranho pelado? Eu tenho que sair daqui.
Começo a correr pela floresta mais uma vez só que dessa vez não sinto nada me seguir então fico mais calma. Eu não parava de correr em nenhum momento e não conseguia parar de olhar para trás até que me choco com um corpo e caio no chão.
⎯ O que acha que está fazendo?!⎯ a voz daquele homem ecoa alto pelo local e ele se agacha mais para me olhar no chão. Finalmente está vestido.
⎯ Não devo confiar em um estranho.⎯ falo baixo
⎯ Que legal, você escuta a sua mãe mas esse "estranho", salvou a sua vida.
⎯ O que realmente aconteceu? ⎯ pergunto com medo.
⎯ Eu vou te levar para a sua casa, no caminho eu te explico.⎯ ele estende a mão para mim e eu hesito um pouco mas algo dentro de mim quer muito aceitar sua mão.
⎯ meu braço está cansando.⎯ Ele fala impaciente. seguro sua mão e ele me levanta do chão com força.
⎯ Então, vai me contar?.
⎯ Aqueles lobos que te seguiram não foram lobos qualquer.⎯ ele começa.
⎯ Como assim?.
⎯ Aquilo eram lobisomens.
⎯ Lobisomens?⎯ o olho com a testa franzida.
⎯ Acredite se quiser, a escolha é sua mas, prefiro que você não acredite.
⎯ Por quê?.
⎯ Isso é perigoso demais para alguém tão simples como você se envolver.
⎯ Como assim simples!? Isso foi uma ofensa sabia?.
⎯ Umhum.⎯ ele murmura sem importância.
⎯ E você? É um lobisomem?. ⎯ pergunto devagar, com um certo medo da resposta.
⎯ Sim. ⎯ ele responde simples.
⎯ Devo ficar com medo e fujir de você?.
⎯ Sim.
⎯ Mas você me salvou.
⎯ Não sou como os outros mas posso ser perigoso quanto.⎯ ele me olha sério.⎯ não entre mais nessa floresta e não saía de casa a noite.⎯ ele respira um pouco.⎯ toda vez que o Sol ficar vermelho não pense em sair de casa entendeu?.⎯ ele fala autoritário.
⎯ Por que devo obedecer um lobisomem?.⎯ ele me olha sério. ⎯ Tá, entendido.- coloco minhas mãos para cima em sinal de rendição.
⎯ Entendido mesmo?.
⎯ Sim!.
⎯ Entre agora.⎯ olho para frente e vejo que estou a frente da minha casa. Isso foi rápido.
Vou dando passos lentos em direção a minha casa e o sinto me olhar até que paro no meio do caminho e viro devagar para ele.
⎯ foi você... aqueles sussurros?.
⎯ Sim.⎯ olho para baixo.
⎯ Obrigada.⎯ dou um meio sorriso para ele.⎯ Obrigada por tudo.⎯ aceno para ele e corro para dentro de casa.
⎯ Onde estava?⎯ pergunta a minha mãe do sofá.
⎯ Depois eu explico.⎯ Subo as escadas rapidamente e vou até o meu quarto correndo.
Ao chegar vou em direção a janela que fica na frente da casa. Olho para baixo e ainda o vejo, ele olha para cima onde eu estava e o brilho da Lua cheia iluminou seu rosto onde pude ver um lindo rosto. Como assim ele é tão lindo assim?! Ele da um sorriso de lado e some pela floresta. Uau, isso é inesperado. Passo um bom tempo olhando pela janela até que acabo adormencendo.
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