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Capítulo quatro

Sentada no sofá da casa onde sou capaz de andar de olhos fechados sem esbarrar em qualquer móvel, tantas foram as vezes que terminei meu dia aqui, assisto Henrique, agachado perto da parede, repor a comida da sua cria, sacodindo a vasilha para atrair sua atenção. Encaro sua boca, na tentativa vã de reconhecer a música que está murmurando, coisa que faz com muita frequência, os fones sempre presos aos ouvidos. Leitura labial não é uma das minhas fortes habilidades, então, como sempre, sou incapaz de decifrar seus lábios.

— Algum pedido especial para o jantar? — ele pergunta, encarando-me por entre os cílios, erguendo-se do chão.

— O que tu preferir — declaro, sacodindo um ombro, acompanhando seus passos conforme se aproxima e desce a boca em direção ao meu rosto.

— Menos berinjela — implica contra a minha bochecha.

— Não entendo como tu gosta desse treco — reclamo. Nada posso fazer para controlar o arrepio que me sobe a nuca quando ele, acidentalmente, tenho certeza, arrasta a barba rala pela minha pele ao rir da minha aversão ao seu vegetal preferido.

— Escolhe alguma coisa pra gente assistir, não demoro.

Ele se afasta e segue para a cozinha. Henrique perde o casaco no meio do caminho, cuidadosamente pousando-o nas costas de uma cadeira antes de encaixar o fone novamente no ouvido. Encaro suas costas enquanto some do meu campo de visão e continuo com o olhar perdido naquele ponto vazio da casa por alguns segundos mais, até que minha atenção é atraída pelo aranhado na minha perna, por sorte coberta pela calça jeans.

O miado agudo me atinge junto com outra patada quase inofensiva da bola de pelos que declarou guerra a mim anos atrás. A gata preta ciumenta e possessiva me acerta cabeçadas, em uma tentativa clara e inútil de me expulsar do sofá. Rio quando pula no meu colo e fica de pé, as duas patinhas da frente apoiadas no meu peito, os dentes afiados mastigando meu cabelo.

— Por que tu me odeia, Alexia? — pergunto inutilmente. — O que eu te fiz, criatura?

A única resposta que recebo é outra reclamação em forma de miado antes que ela saia, deixando-me coberta de pelo, e vá em direção à sua comida.

O ritual é o mesmo toda vez que me vê. Como se apenas para demarcar território e garantir que eu saiba que ela chegou primeiro e essa é sua casa, Alexia me recepciona com patadas e mordidas inofensivas, antes de, algumas horas depois, decidir que meu colo é sua cama e que é aqui que ela dorme agora.

Sem me dar ao trabalho de limpar o pelo da roupa, ligo a televisão e começo a saga infinita de procurar algum filme que será ignorado por completo. Encontro o aplicativo ainda do mesmo jeito que deixei, semanas atrás.

— Por que parece que só eu uso esse treco? Tu paga assinatura mensal pra que se não assiste? — grito, ouvindo uma risada em resposta.

— Não gosto de assistir TV — Henrique explica da cozinha.

Faço um uni-duni-tê entre os filmes de ficção científica e sigo até onde ele está. Henrique nota minha presença segundos depois, olhando-me por sobre o ombro, e indica com a cabeça para que eu me aproxime.

— Não é porque você é a palestrante mais famosa do Rio Grande do Sul que vai ficar bancando a madame — implica, estendendo-me um tomate.

— Tu sabe que não precisa aparecer em toda palestra que dou, né? — questiono, apanhando uma faca para começar a trabalhar no tomate. Com as mãos cobertas de salsinha, ele toca a ponta do meu nariz.

— E perder a oportunidade de te ouvir falar sobre coisas que não entendo? — brinca. — Brilhante como sempre — murmura, acariciando minha bochecha com o dorso da mão.

O auditório estava lotado até a última cadeira. Mesmo com as luzes baixas, consegui ver alguns rostos conhecidos de alunos, de colegas antigos, e Henrique, sentado na primeira fileira, como faz em cada palestra que dou.

Após uns bons quarenta e cinco minutos em um monólogo ininterrupto, sentei-me comportada, ouvindo os outros membros da mesa encerrarem a noite de palestras no planetário da universidade federal da cidade.

Quando, depois de quase outra hora inteira, o local irrompeu em palmas, estalei o pescoço, parcialmente aliviada por poder ir para casa. Talvez dar palestras seja uma das minhas partes favoritas — falar sobre o que sei e ter a certeza que consegui transmitir ao menos um pouco do que me fascina traz uma satisfação que pouca coisa na vida é capaz de equiparar. Um banho de piscina em uma noite quente de primavera e uma taça de vinho são concorrentes de peso.

O vinho sei que posso arrumar em algum lugar por aqui.

— Acho muito difícil que tenha alguma coisa do que tu não entenda. Cabeçudo — resmungo, arrancando-o uma risada baixa.

As horas seguintes passam rápido demais. É sempre essa a sensação que tenho quando estamos assim. Cozinhamos, comemos, ignoramos o filme na televisão. Conto sobre o fim de semana e sobre a discussão com Viviane, mas omito o que ela me disse, a acusação sobre odiar minha mãe. Não só porque ela está errada e eu não a odeio, mas porque essa é o pedaço da minha vida que Henrique não conhece, e não estou com a menor disposição de trazê-lo à tona hoje. Ouço-o falar sobre trabalho, sobre os planos para o Natal, quando vai voltar para o Rio de Janeiro por algumas semanas para visitar a família que não vê há alguns meses.

Quando ele recolhe os pratos e segue para a cozinha, não me passa despercebido o comprimido que toma, e a vontade de esganá-lo é real: para alguém que briga comigo com tanta frequência por aparentemente negligenciar minha saúde, ele parece ignorar com maestria o tanto de dor de cabeça que parece ter. Diante da careta que sei que tenho no rosto, ele recosta na bancada e estende uma mão para mim.

Contrariada, vou até ele e esqueço logo qualquer motivo para estar brava quando sua mão me toca a cintura, subindo por dentro da camiseta.

Veja bem, estou cumprindo a promessa que fiz a mim mesma e me comportando feito uma mocinha, fazendo meu perfeito papel de amiga. Não me saiu da cabeça a pergunta de Rebecca e, mesmo que eu seja culpada de estar tentada a pular no pescoço dele a cada segundo que estamos juntos, comprometi-me a respeitar quaisquer limites de amizade.

Eu desisti por um momento, essa é a verdade. Mas, quando percebeu que eu não estava tentando devorá-lo, nem me aproveitar da sua pobre inocência, ele então pareceu relaxar, pareceu estar tão mais confortável perto de mim. Seus toques ficaram mais frequentes, seus sorrisos ficaram mais abertos, e eu fiquei mais confusa.

Quando ele, após sairmos da palestra, dirigiu até sua casa, declarei guerra à sanidade e aceitei que jamais vou entender esse homem.

A dinâmica sempre muda quando estamos aqui.

É como se essa casa fosse seu porto seguro, o único lugar no mundo em que se sinta completamente à vontade. É aqui que Henrique inverte os papéis e vem até mim. Foi aqui nosso primeiro beijo, foi aqui nossa primeira noite. Foi aqui todas as noites depois daquela primeira, aqui que qualquer centelha de esperança sempre foi acendida, porque aqui Henrique me quer.

Seus olhos tremeluzem sobre mim, como se não tivesse certeza de para onde olhar. Com uma sobrancelha arqueada, alcanço sua mão que já toca minha pele a escorrego até minha lombar. Seus dedos hesitam antes de espalmarem minhas costas, mas o fazem, e logo sobem pela minha coluna, roçando minha pele daquele jeito que me faz arquear o corpo.

E espero.

São três anos dessa dinâmica, então sei onde estamos indo.

Ele não me decepciona.

Sua boca alcança a minha e deixo que conduza o ritmo. Quando estamos juntos, seja na versão de amigos próximos demais que Henrique gosta com tanta frequência, ou na sua versão mais rara disposta a me levar para a cama, ele não se opõe a fazer o que quer que eu decida, não se opõe a qualquer lugar que eu queira ir. Não se opõe, também, a qualquer que seja o ritmo que eu tente estabelecer, mas, com o tempo, aprendi que deixá-lo controlar traz um resultado muito melhor.

O beijo se torna profundo, seus lábios moldando os meus, seu braço puxando-me para perto. A outra mão vai ao meu pescoço, prendendo-me contra si, enquanto começa a andar pela casa, atravessando os cômodos até chegar ao seu quarto. Rio contra sua boca quando ouço o miado de Alexia em algum lugar, mas meu riso morre quando minhas costas acertam o colchão, quando seu corpo cobre o meu, quando sua boca começa a descer pelo meu pescoço.

Quando minha blusa deixa meu corpo e sua boca não tarda a alcançar meu seio, mordo o lábio, suspirando em antecipação.

Henrique não sabe trepar. Não sabe dar uma rapidinha em algum lugar, não sabe foder como se nada importasse. Não. Ir para a cama com esse homem é injusto em todos os parâmetros possíveis, porque Henrique não sabe fazer nada além de amor.

As preliminares são infernalmente longas e, junto com as reações cruas e incontroláveis do meu corpo, me arrancam qualquer resguardo que eu possa ter sobre meu coração. A cada beijo, mordida, toque e apertão, ele me transporta ao paraíso que é meu inferno particular. Ofego, gemo, suspiro e me entrego, sem que eu possa fazer nada para evitar, sem que eu queira fazer nada para evitar.

Cada centímetro da minha pele que é tocado parece ter sido lambido por fogo; pinica, queima e implora por mais.

Afundo as unhas no lençol quando sua boca me alcança entre as pernas, sabendo que não existe a menor chance de que eu seja capaz de fazer durar. Não quando ele sabe tão perfeitamente o que fazer. Não quando, desprovido de qualquer vergonha, pediu tantas vezes que o guiasse, que o ensinasse exatamente o que gosto, como gosto, onde gosto. Não quando sua língua me acerta com a pressão perfeita, e seus dedos a acompanham, estimulando o ponto exato que aprendeu a alcançar.

Não quando meu corpo se rende a ele, pele estática, coração acelerado, gemido involuntariamente escapando pelo garganta, suor e prazer.

E quando tento alcançá-lo, não porque minha alma é benevolente e quero retribuir o favor, mas porque é insuportável vê-lo ainda vestido, Henrique mais uma vez me prende à cama, lábios, dentes e dedos incansáveis que me fazem questionar o quanto mais disso meu corpo é capaz de aguentar sem se partir em milhares de pedaços.

É um questionamento banal. Já estive aqui antes, muitas vezes, sob sua atenção torturante e libertadora, submersa no prazer interminável. Sei que meu corpo é capaz de aguentar muito mais e de bom grado. E é o que faz, mais vezes do que consigo contar.

Livro-o da camiseta quando tenho a chance. Faço com que seus jeans tenham o mesmo destino no chão do quarto um instante depois. Liberto-o para os meus olhos, mas é sua mão que envolve a própria ereção, e choramingo contra seus lábios pela a injustiça que é.

Os beijos ficam mais duros e, por uma razão que já deixei de tentar entender há muito tempo, meu prazer em muito começa a vir da imagem tentadora e erótica que é assisti-lo se estimular enquanto me beija em todos os lugares que consegue alcançar, os gemidos baixos e roucos invadindo o quarto.

Quando ele finalmente decide ter piedade do meu corpo em chamas e me toma para si, invadindo-me com facilidade, afundo os dedos nas suas costas e agarro-me a ele como se dependesse disso para respirar, ainda que seja exatamente o que está me tirando o ar. E quando, mais uma vez, perco o controle do meu corpo e me desfaço debaixo dele, Henrique continua, estocando em um ritmo torturantemente lento, indo fundo, apertando-me.

Até que me agarra pela cintura e inverte posições, sentando-se no colchão e fazendo com que eu monte sobre ele, e sei que agora é hora do meu show. Cavalgo, acelerando o ritmo conforme seus gemidos se tornam mais irregulares, com suas mãos apertando com força meu quadril. Henrique joga a cabeça para trás e fecha os olhos, os lábios entreabertos, a respiração descompassada, e me apoio em seus ombros para me equilibrar enquanto rebolo em seu colo, ciente de que não existe a menor chance de outro orgasmo me atingir, não depois das repetidas doses de prazer da última hora, deliciando-me por agora ser a vez dele.

Quando minhas coxas começam a doer pela posição após muitos minutos, vejo seus olhos se entreabrirem ao sair de cima dele e me ajoelhar entre suas pernas. A palma da sua mão vai ao meu rosto enquanto prendo o cabelo em um coque.

— Jessi... — chama, mas não tenho certeza se ele sequer sabe o que está tentando me pedir. Porque Henrique aprendeu como desvendar cada pedaço do meu corpo, mas constantemente esquece o quão boa aluna também sou.

Eu também sei exatamente do que ele gosta e, quando minha boca o alcança, seus olhos se fecham e um gemido alto escapa da sua garganta.

Henrique não goza fácil assim, e é meu desafio particular fazer com que ele perca esse controle absurdo que parece deter. Quando sua mão alcança meu cabelo e um suspiro pesado sai dos seus lábios, sinto seu gosto na minha língua e sei que venci.

E a minha recompensa é ser jogada no colchão novamente e ter meu corpo coberto pelo seu, no que sei que é somente o início de uma noite muito longa.

Parcialmente adormecida depois da canseira que levei, ouço, ao longe, seu movimento pela casa. Abro os olhos por tempo o suficiente para ver que o relógio marca quase duas e meia da manhã. Reconheço o som do chuveiro ao fundo e bufo para a incapacidade dele de simplesmente pegar no sono sem cumprir sua tão bem estabelecida rotina. Rolo no colchão e rapidamente adormeço de novo.

Quando meu despertador toca na manhã seguinte, sei que preciso levantar e ir para casa, trocar de roupa antes de trabalhar, mas ignoro. Minha primeira aula não é antes das onze e, agora, às sete, não tenho qualquer motivo para sair do conforto desse colchão.

Contudo, treinado por anos de corridas matinais, meu corpo se recusa a adormecer novamente. Levanto-me então e sigo até a cozinha. Aproprio-me de uma camisa de Henrique e parto rumo ao armário onde sei que ele estoca chás que nunca bebe. Alexia já está de pé para me recepcionar e cumpre também sua rotina de sempre: patadas, miados e cabeçadas de boas-vindas.

Enquanto a água ferve, confiro as mensagens do celular. Algumas de Rebecca, surtando com a vida e me arrancando risadas com seus áudios desesperados e gigantescos. Algumas de Viviane, que não estou pronta para responder. Uma de Calebe, avisando que chega hoje em Canoas e à noite estará aqui para visitar. Franzo o nariz, sabendo que vai sobrar para mim o trabalho sujo de contar a ele que Rebecca não volta esse mês, como ele imaginava.

Quando já tenho o líquido fumegante em mãos, sigo para os fundos da casa, com Alexia no meu encalço. Como sei que é capaz de Henrique arrancar minha cabeça se eu deixar essa gata sair, tranco a porta atrás de mim e me sento em uma cadeira no pequeno jardim que ele cultiva.

"Você gosta de correr, eu gosto de jardinagem", o velho de oitenta e cinco anos que habita o corpo de Henrique me disse uma vez quando perguntei o motivo de tantas flores. Orquídeas, em sua maioria. Pétalas brancas delicadas cuidadas com esmero.

Ouço-o acordar alguns minutos depois, mas mais de meia hora se passa antes que venha atrás de mim. A essa altura, tem uma caneca de café em mãos e está, mais uma vez, de banho tomado e perfeitamente vestido. Um sorriso tranquilo me é dirigido quando me alcança, puxando uma cadeira para perto de mim. Ele estende uma mão e hesito um instante antes de ir para o seu colo, sabendo que a possibilidade de esse clima de lua-de-mel acabar em breve é real. Deixo a preocupação de lado, contudo, quando seus lábios alcançam os meus em um beijo delicado e íntimo, um bom-dia silencioso.

— Estrelas binárias — ele sussurra contra a minha boca. Franzo o cenho. — Você disse ontem que duvida que exista alguma coisa que eu não entenda. Sua palestra ontem foi sobre estrelas binárias. Eu tenho um milhão de perguntas.

Rio e balanço a cabeça, mas ele se limita a continuar me olhando, esperando por uma explicação. Então, explico. Com o sol alto no céu, levo-o comigo às estrelas. Desmembro minha tese de mestrado em pedaços e, sob seu olhar curioso e atento, falo sem parar, derramando sobre ele todo o conhecimento de astrofísica que meu cérebro acumulou com os anos. Ao terminar meu monólogo, sua boca alcança a minha novamente, em um beijo de pura veneração.

— Então são estrelas que precisam uma da outra para sobreviver — inquire. Nego com a cabeça.

— Elas orbitam uma ao redor da outro, formam um sistema só delas. Não precisam uma da outra para sobreviver e algumas duram apenas alguns dias, mas outras vivem por mais tempo exatamente porque estão juntas. São melhores juntas, mais fortes.

Henrique afasta a cabeça, encarando-me intensamente demais por um instante.

— Gosto disso — diz por fim.

É aqui que meu coração perde uma batida definitiva, porque não estou ficando louca. Não é possível que eu esteja. Não é possível que ele venha mandando tantos sinais confusos a ponto de eu ser incapaz de ler uma situação. Não. Sei o que vejo nos seus olhos, sei o que essas íris cristalinas me dizem ainda que as palavras não saiam da sua boca.

Sentindo as mãos tremerem, como se eu fosse uma adolescente a ponto de me declarar para o menino mais bonito da escola, abro a boca, tentando formar as palavras necessárias para, de uma forma ou de outra, encerrar essa insanidade que se perpetua por tempo demais.

O celular dele escolhe esse exato momento para tocar, contudo, e, quando me mostra a tela, prometo a mim mesma que vou esganar Rebecca quando ela voltar para cá.

— Oi, Becca — ele atende. Não digo nada quando a mão dele vai à minha panturrilha. Duvido que note, concentrado na ligação, os dedos acariciando suavemente minha perna. Um suspiro um tanto frustrado escapa dos seus lábios. — Rebecca, eu preciso que você pegue seu projeto de volta, não que me arrume mais coisa para fazer — reclama. Alguns segundos se silêncio se formam, onde sei que minha amiga está falando sem parar. Henrique abre um sorriso fraco, por fim. — Quando foi que eu consegui te dizer não? — questiona, indicando-me com a cabeça que precisa levantar.

Saio do seu colo e seguimos de volta para dentro de casa. Ele alcança o notebook pousado sobre a mesa, e eu indico com o polegar que vou tomar banho. Quando volto, prendo a risada diante da sua expressão desesperada, o celular agora pousado na mesa, no viva-voz.

Eu juro que não vai dar muito trabalho — Rebecca diz do outro lado da linha. Não consigo segurar a risada. Nem ela acredita nisso.

Henrique olha para mim com o claro pedido de socorro escrito nos olhos.

— Espera um segundo, Rebecca — pede. — Jéssica, no meu armário tem uma agenda de capa preta emborrachada. Você pode pegar para mim?

Jessi! — Rebecca grita do outro lado da linha. — Por isso que você não me respondeu, sua desnaturada?

— Bom dia, Becs — grito para o telefone, balançando a cabeça. — Onde do armário?

— Não sei — ele responde, franzindo as sobrancelhas.

Dispenso-o com a mão e viro em direção ao quarto.

— Vou achar.

Passo direto pelas gavetas de roupa, porque duvido que ele tenha colocado ali. Sigo para as gavetas menores, onde já o vi revirar atrás de papéis. São três. Sabendo que Murphy é um grande fã meu, posso apostar que está na última gaveta. Ainda assim, olho uma por uma. Comprovando minha teoria, ao abrir a terceira, encontro a agenda repousando em cima de uma pilha de papéis.

Apanho-a e estou a ponto de fechar a gaveta, quando meus olhos me traem e pousam sobre o que parece ser uma foto no fundo, por baixo de tudo, apenas a ponta aparecendo.

Puxo-a e arrependimento me inunda de imediato.

Parece irreal que meu coração dispare e pare de bater ao mesmo tempo, que a garganta feche, arranhe e queime ao encarar a imagem. Trinco os dentes, segurando a foto na ponta dos dedos, trêmulos e instáveis. Sinto-me fisicamente doente, momentaneamente tonta, e sento-me no chão.

Sentada em frente a um piano, está uma mulher. Pele clara, cabelo preto preso em um penteado displicente, vestido esvoaçante, dedos sobre as teclas. Com os braços ao redor dos seus ombros, reconheço um Henrique mais novo, talvez no início dos seus trinta anos, a boca pousada na bochecha dela. Não há qualquer semelhança física entre os dois que me permita me iludir acreditando ser uma irmã, ou prima.

Não há nada, também, que indique que seja mais do que uma amiga, e isso faz com que a reação ridícula do meu corpo fique sob controle por um instante.

Até que viro a foto. Em uma caligrafia redonda que sei não pertencer a Henrique, leio:

E se algum dia você duvidar que o amor tudo suporta, lembre de mim. Com todo meu coração, hoje e sempre, Danielle.

Eu to rindo de desespero haha

Oi, meninees! Como vocês estão?

Pois muito que bem, depositem aqui seus pensamentos.  Quem vocês acham que é na foto? O que o Henrique não está contando?

Amo vocês!

Até breve <3



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