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Capítulo dezoito

Não acho que eu tenha visto Jéssica tão agitada e furiosa assim antes.

Tive vislumbres diversos de seus dias ruins, e ela pode se tornar surpreendentemente assustadora quando parece a ponto de descontar em um desavisado qualquer toda a punição por todos os males do mundo.

Agora, contudo, contrariando tudo que um dia pude prever, esforço-me para evitar que uma risada me escape. Como sempre fui particularmente ruim nessa tarefa, falho logo nos primeiros segundos, e isso parece apenas alimentar seu furor.

Em definitivo, não era a reação que eu esperava para um pedido de casamento. Sendo Jéssica a estrela do show, não deveria ser surpresa que não seguisse qualquer roteiro pré-determinado.

Assisto-a, de pé à minha frente, andando de um lado ao outro com os pés descalços sobre a grama ainda úmida pela chuva de dois dias atrás, as mãos agitadas movendo os cabelos.

— Jessi... — chamo, e ela para, girando o corpo na minha direção, o dedo em riste apontado para mim.

— Não — diz, praticamente batendo o pé no chão.

Franzo o cenho, outra risada nervosa escapando-me sem que eu possa fazer qualquer coisa para evitá-la.

— Não, você não quer se casar comigo? — pergunto, genuinamente perdido diante da sua reação.

Preparei-me, ou ao menos tentei me preparar, para uma possível negativa. Uma dispensa educada. A constatação de que é muito cedo. Mas não havia como verdadeiramente me preparar para isso, e a ansiedade começa a se reverter em medo real.

Jéssica bufa, revirando os olhos.

— Não, tu não pode me perguntar uma coisa dessas assim, agora! — protesta. — Eu vou viajar em menos de um mês, Henrique!

— Você está planejando se mudar para o Chile e não disse nada? — questiono, um tanto desorientado.

— Claro que não — resmunga, esfregando o rosto.

Então, ela entra em um monólogo apressado, e não tenho certeza se consigo acompanhar o que quer que diga. Ainda sentado no mesmo lugar, estendo uma mão, tocando sua canela, e Jéssica para de falar, olhando para mim.

— Eu realmente não estou conseguindo te acompanhar aqui — digo, e ela respira fundo, acenando em concordância, entendendo o que estou pedindo, porque não é a primeira vez. Às vezes só é difícil de conseguir colocar sentido em cada mínima palavra do que quer que ela esteja tentando explicar quando desembesta a falar desse jeito, agitada.

Jéssica vem até mim, montando em meu colo, as pernas abraçando minha cintura, as mãos indo ao meu cabelo, a boca descendo à minha, quente e macia. E respiro aliviado com o gesto, entendendo que, o que quer que seja essa reação dela, não é um não.

— Eu não quero ficar longe de ti, guri — sussurra contra a minha boca. — Desde que eu fiquei sabendo que ia ter que fazer essa viagem, estou procurando isso aqui de motivo para não ir.

Surpreso, porque é a primeira vez que ela diz isso, afasto o rosto o suficiente para encará-la. A confusão deve estar estampada em minha expressão, porque ela logo se explica:

— Tu sabe que não compartilho dessa vontade de dominar o mundo e ser a pessoa mais bem-sucedida do universo — comenta, chacoalhando os ombros um pouco. — Minha ideia de felicidade é estar com a unha feita, minhas corridas em dia em casa às seis da tarde.

— Mas você estava animada com a pesquisa — comento, e ela move a cabeça, concordando.

— E tô mesmo. Gosto do que eu faço, gosto muito. Só não é minha vida inteira. Essa coisa de virar a noite trabalhando e virar referência na área... Só não é pra mim — explica.

Com as mãos apoiadas em sua cintura, acaricio-a por cima da camiseta, ainda sem entender direito o que está acontecendo.

— Tudo bem... — digo, incerto.

Jéssica suspira e pressiona os lábios em uma linha fina. Ela fica em silêncio por alguns instantes, e sei que está procurando a melhor forma possível de se explicar.

— Acho que... — Percorre a ponta da língua pelos lábios antes de suspirar. — Acho que estou cansada de sentir como se não tivesse família nenhuma. Acho que estou pronta para criar uma só minha — completa com a voz mais baixa.

Mantenho uma mão na sua cintura, com a outra acaricio seu rosto.

— Não sei se quero ir. — Ela se desvencilha do meu pescoço, escorregando as mãos pela própria barriga, pousando os dedos ali por um instante antes de abraçar a si mesma. — Sei que é importante, mas sempre que paro pra pensar nisso, não consigo pensar em nada que vá me fazer mais feliz do que a vida que eu já tenho aqui.

— São só dois meses — comento, um tanto cauteloso, absorvendo o desabafo inesperado, temendo não estar perdendo algum detalhe que Jéssica esteja tentando mostrar em gestos e não em palavras.

Ela solta uma risada baixa e assente.

— Eu sei. E eu vou nessa viagem, e vou terminar meu doutorado e dar entrada no pedido de aumento mais do que merecido que aquela faculdade está me devendo faz tempo — debocha.

Puxo-a para mais perto, e Jéssica se acomoda contra meu peito, o rosto apoiado na curva do meu pescoço. Desfaço o enlace dos seus braços ao redor da própria cintura e substituo-os pelos meus.

— E quando voltar, eu caso contigo — murmura.

Respiro aliviado, soltando um resmungo baixo, os dedos afundando em seu cabelo.

— Deus, Jéssica — reclamo, a boca colada à sua cabeça.

Ela solta uma risada baixinha e se acomoda ainda mais a mim.

— Desculpa. Tu só não está facilitando minha vida em nada. Não é justo me perguntar isso agora quando já estou tendo que fazer um esforço descomunal para não ficar por aqui mesmo.

Aperto-a contra mim, ela me aperta a cintura.

— Vou perguntar de novo quando você voltar então — determino, roçando o nariz no seu cabelo. — É melhor eu esconder o anel de novo no fundo da gaveta.

Ela se solta de mim em um impulso, as mãos apoiadas em meus ombros, os olhos abertos na minha direção.

— Que anel? — pergunta, sobrancelhas arqueadas.

Nego com a cabeça, acariciando seu nariz com a ponta do indicador.

— Não, senhora. Agora vai esperar. Ninguém mandou quase me matar do coração desse jeito. Isso não se faz, Jéssica — repreendo.

O sorriso travesso com o qual ela me presenteia é todo pedido de desculpas que sei que nunca receberei, e tudo bem. Não seria ela se fosse diferente disso, e odiaria que fosse qualquer coisa diferente do que a mulher por quem me apaixonei.

— Isso é o mínimo que tu merece depois de ter me feito sofrer igual a uma cachorra por ti por anos — rebate, arteira.

Então, me beija, colando o corpo ao meu no conforto já tão familiar e desejado. A lembrança do que parece ter sido uma outra vida passa rapidamente por minha mente, e decido que valeu a pena todo aquele tempo de incerteza e insegurança, porque seja lá que caminhos tortuosos tomamos, eles nos trouxeram até aqui.

E aqui é exatamente onde quero estar até o fim dos meus dias.

Sei que não terei um segundo de silêncio pelos próximos dias quando acordo com as costas doloridas pela posição desajeitada no colchão fajuto improvisado no quintal e consigo ouvir, daqui, os gritos eufóricos das duas mulheres vindos de dentro de casa. Sento-me, esfregando o rosto. Conforme me aproximo da porta dos fundos aberta, tentando colocar sentido na conversa, constato que são três vozes, na verdade: o timbre agudo de Rebecca preenche o lugar, um tanto robótico, denunciado estar ao telefone.

Quando entro na sala, encontro minha mãe e Jéssica no sofá, sorrindo para a tela do celular. Quando me vê, com um sorriso pequeno nos lábios, Jessi vira a tela do aparelho para mim.

Você! — Rebecca praticamente grita, o dedo em riste do outro lado da tela. — Como você tem coragem de não ter me contado? Como você tem coragem de ter contado para o Calebe e não ter me contado? — protesta, e me aproximo devagar, recostando no braço do sofá ao lado da Jéssica.

— Você não conseguiria guardar segredo da Jéssica nem se a minha vida dependesse disso, Becca — digo, sentindo minha própria voz um pouco arrastada, a mente ainda um tanto enevoada. Sorrio, ou acho que sorrio, quando ela continua reclamando, entre parabenizações, reclamações e planejamentos avançados demais. Limito-me a acenar com a cabeça e deixo que Jéssica se encarregue de qualquer comunicação verbal, porque não posso garantir que qualquer frase longa que me atreva a dizer vá fazer lá tanto sentido agora.

Sinto sua mão, pousada na minha coxa, apertar-me de leve, e desço os olhos para ela. Jéssica molda "banho" com os lábios e indica o cômodo com a cabeça. Assinto, beijo sua testa e despeço-me de Rebecca, levantando-me. Lanço os olhos para minha mãe, notando-a silenciosamente assistindo à nossa interação com um pequeno repuxar de lábios. Não sei qual aprovação ela está me dando quando acena discretamente com a cabeça em positivo, mas, mecanicamente, retribuo o gesto.

Quando chego ao banheiro, encontro, em cima da pia, um copo de água e um montinho de comprimidos ao lado, junto com um post-it, onde está escrito "Sem ficar bravo comigo" na letra nada redonda de Jéssica.

Passados bons quarenta minutos depois de tomar os remédios e tomar um banho demorado, decido que não, não estou bravo. Talvez ficasse, em dias normais, porque combinamos que ela não interferiria nos remédios; e, no geral, Jéssica cumpre sua parte. Mas, com cabeça já mais clara após tomá-los e conseguir terminar de acordar de vez, facilmente entendo que ela previu a confusão que estaria na casa quando eu acordasse.

Então, quando volto à sala, encontrando-a ainda pendurada no telefone com Rebecca, minha mãe imersa em uma conversa animada com as duas como se fossem amigas de longa data, limito-me a erguer seu queixo para mim para depositar em seus lábios um beijo curto. Seus olhos se fecham por um segundo e um sorriso bonito desponta em seu rosto.

— Obrigado — sussurro, e ela me acerta com as íris escuras brilhantes. — Chá?

Jéssica assente, gargalhando em seguida quando Rebecca grita um "eca!" pelo telefone, e me afasto, finalmente indo dar bom-dia à minha mãe.

Não me demoro perto delas; apenas o suficiente para fazer o chá de Jéssica, o café com leite da minha mãe e trocar a comida de Alexia. Volto à varanda, munido do diário.

Quando me sento na cadeira, olhando o céu azul, abro o caderno. Pela primeira vez em muito tempo, a única coisa que quero escrever na seção destinada a como estou me sentindo é "está tudo bem".

— Vinho? — ofereço quando ela entra na cozinha, a toalha pendurada nos ombros, o cabelo ainda úmido.

Jéssica faz uma careta e abana a cabeça em negativo. Estranho, mas minha atenção é desviada quando ela impulsiona o corpo para cima e senta-se em cima da bancada.

Fecho a geladeira e vou até ela, arrancando a toalha dos seus ombros e subindo-a ao seu cabelo. Ela faz um bico manhoso, e balanço a cabeça, secando o excesso de água dos fios.

— Você é impossível — murmuro, e ela solta um suspiro prazeroso quando meus dedos substituem a toalha em um massagear delicado em seu pescoço.

Não demora um minuto inteiro para que eu tenha uma Jéssica manhosa enroscada em meus braços, as pernas separadas para acomodar meu tronco, o rosto apoiado no meu ombro. Então, ela solta uma risada baixa.

— O quê? — pergunto, os dedos agora no meio das suas costas em uma pressão firme nos pontos que sei que ela gosta.

— Não vejo a hora da semana acabar — diz, os lábios percorrendo meu pescoço gentilmente. — Está tudo pacífico demais. É normal isso?

Beijo o topo da sua cabeça e acaricio as costas, torcendo para a resposta ser sim. Poderia me acostumar com pacificidade.

— Não reclama — instruo, apertando-a um pouco. — Preparada para ano novo?

— Ansiosa — admite.

Minha mãe não ficou muito mais tempo depois que constatou que eu estava em boas mãos. Não estendi a discussão, porque Jéssica não pareceu incomodada. Mas eu fiquei. Não somente por deixar subentendido sua crença em eu ser incapaz de zelar pelo meu bem estar, quanto por colocar a mulher que amo na posição de enfermeira em tempo integral ao invés de aceitá-la como quem eu quero como parceira.

Não era uma batalha que valia a pena, então apenas sorri e disse que a veria em breve nas festas de fim de ano. Não para o Natal, que Jéssica decidiu passar com a prima após uma ligação chorosa de Viviane, e me recuso a passar a data longe dela, já que viaja logo após a virada do ano. Jéssica será apresentada, esse ano, ao réveillon carioca, provavelmente minha celebração mais odiada.

— Tem certeza que tu quer ir amanhã? — pergunta, tirando o rosto do meu pescoço, as mãos apoiadas nos meus ombros. — A gente não precisa ir.

Apoio as mãos na bancada, uma de cada lado do seu corpo, inclinando-a um pouco para trás, parcialmente cobrindo-a com meu tronco.

A gente já conversou sobre isso — repreendo-a levemente, arrastando o nariz no seu.

A gente está cansado de saber que tu não se dá bem com lugar cheio e barulhento — rebate.

— E eu não disse que ia ficar a tarde inteira. — Mordisco a ponta arrebitada do seu nariz. — É confraternização de fim de ano do seu setor, no meu nós ainda estamos trabalhando — implico, e recebo um beliscão na cintura. — Vou almoçar com vocês, mas é apresentação do trabalho de conclusão de curso da Mel às quatro, nem se eu quisesse poderia ficar muito tempo.

Jéssica franze o nariz, e seguro a risada, simplesmente incapaz de absorver a pontada de ciúmes que ela admitiu sentir da garota; se ela soubesse como Melissa a considera sua super-heroína particular...

Foge-me a compreensão, também, como pode haver qualquer mínima gota de insegurança no corpo de Jéssica quando ela desfila pelo mundo como se fosse dona do lugar; e realmente é. Entendo menos ainda como pode sequer achar que eu teria energia para me interessar por qualquer outra pessoa, como ainda não entendeu que eu explodiria em uma crise de ansiedade antes de ser capaz de sequer considerar olhar para os lados.

Não posso negar, contudo, que ver em Jéssica uma gota de imperfeição faz com que eu não me sinta tão inadequado, às vezes. Amá-la mesmo quando ela não faz qualquer sentido me ajuda a entender como ela pode me amar também.

Ajudo-a a descer da bancada da cozinha quando um bocejo corta seu rosto.

— Cama? — pergunto, e ela assente. Ergue os braços acima da cabeça, e puxo para cima a camiseta que veste, arrancando-a pela sua cabeça. — Combinação interessante — implico, indicando com o queixo o conjunto colorido de calcinha verde e sutiã rosa-bebê.

Jéssica dá de ombros, passando por mim, beliscando minha cintura no caminho.

— Tu já me pediu em casamento, não preciso tentar te impressionar mais — declara, sorrindo por cima do ombro, estendendo a mão para que eu a acompanhe. Enlaço os dedos nos seus e sigo-a, obediente.

Como se ela precisasse tentar.

E esse clima de lua de mel? Não é a coisa mais linda do mundo?

ai ai

Amo vocês!

Até breve <3

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