A Profecia
O que aconteceu com Connor me perturbava um pouco, já que aconteceu tão recentemente, as marcas nos meus braços estavam aos poucos perdendo a cor, e voltando ao tom natural, o sol brilhava, mas a temperatura estava agradável, uma brisa leve preenchia o dia, primavera era uma de minhas estações preferidas, era tudo calmo e bonito, estava na beira do jardim observando as flores que foram plantadas para a rainha, dizem ser suas favoritas, as crianças do Palácio brincavam ao fundo, então ouvi passos se aproximando.
- Olá. - Disse sem me virar para ver quem era.
- Olá? É só isso que tem a me dizer? - Francis perguntou com um tom de irritação.
- Depende, o que quer que eu diga? - Virei para encará-lo.
- O que aquele homem estava fazendo em sua cama? Soube que tentou defendê-lo. - Francis sustentava o olhar.
- E o que isso importa para você? Há pouco tempo você estava com outra em seus braços. - Voltei a olhar para o jardim.
- Sim! Eu errei! O que posso fazer, já me desculpei. Espere... Fez isso para me irritar? Não acredito. - Neste momento o interrompi.
- Acha mesmo que faria isso pra te irritar? Sou honrada, tenho um país pra cuidar, preciso dessa aliança meu povo está a mercê da Inglaterra, e você nem se importa, não demonstra o menor interesse em casar comigo.
- Também tenho um país pra cuidar! Tenho que escolher a melhor aliança.
- Não é esse seu objetivo e sabe bem disso! Isso é apenas uma desculpa para você, eu estou em perigo aqui, me arriscando por uma aliança que só vai acontecer se a França precisar, se não tiver outra opção.
- Não é verdade Mary. - Francis baixou o tom de voz.
- O rapaz... Está morto, tentei defendê-lo porque uma de minhas ladys era o amor da vida dele, tenho que descobrir quem tentou fazer isso comigo... - Baixei o olhar para as marcas, o vestido que usava tinha um leve véu sobre os braços, mas não escondia totalmente.
- Ei, nada vai te acontecer, estamos do seu lado e iremos te proteger. - Francis pegou em meu braço e olhou as marcas. - Logo irão sumir, e nunca mais terá marcas assim de novo, será tudo como nós planejamos.
- Como nós planejamos? E como nós planejamos? - Perguntei intrigada com a frase. - Será que algum dia será capaz de me amar? Se não fosse uma aliança, se fossemos livres, ainda assim se casaria? Faria isso?
Francis foi se aproximando de mim, tão próximo que podia sentir sua respiração, uma sensação de paz me inundou, seus olhos de um azul intenso como o céu de verão, olhavam para os meus, não sabia o que Francis queria, ou o que eu mesma sentia, queria apenas guardar aquele momento comigo...
- Faria? - Perguntei novamente, e Francis pareceu voltar a sí, porém não se afastou.
- Não. Eu... Eu não faria. - Então se virou e se afastou de mim a passos largos, não podia negar que ele me deixava confusa, mais do que fiquei em qualquer outro dia em minha vida.
◇ ◇ ◇
- O que pensa que está fazendo? Olhe para eles, Francis está se encantando por ela! - Ela falava com preocupação, estavam em um aposento reservado, e observavam Mary e Francis conversar no jardim.
- Não sei o que houve, mas com o preparado não havia nada de errado.
- Aposto que foi aquele garoto idiota, pensei que me seria de alguma ultilidade. - Disse ela revirando os olhos.
- Idiota, idiota e morto. - Ela o encarou. - Tudo isso para proteger a mulher que ama, protegê-la de você.
- Sabe que faço o que for preciso, suas visões mudaram? A profecia continua intacta?
A Bela o mal consigo carrega
O amor ou ódio desperta
Apenas para um há lugar em seu coração
Mas no fim, três vidas terminaram...
- Se unir a Francis em matrimônio, acabara com três vidas.
- Com acabar você quer dizer...
- Não sei... Não consigo ver mais que isso. Sinto muito... - Ele a abraçou, sabendo que para o que estava por vir, não há consolo suficiente...
Kenna
Era hora do jantar, e nós estavamos jantando na varanda de Mary, era uma noite agradável, eu estava faminta, então logo de início limitei-me a comer enquanto Mary e Greer eram as que mais conversavam, Mary estava preocupada com o que aconteceu, não é pra menos, seria estranho se não estivesse.
- Muito bem, temos de pensar, quem faria isso com você? Quem não quer que a aliança entre a França e Escócia aconteça? - Perguntou Greer.
- Alicia! Coloca ela na lista. - Falei.
- Ela sem dúvida quer a aliança. - Disse Lola.
- Os ingleses talvez? - Sugeriu Aylee.
- Ingleses com toda certeza. - Mary estremeceu ao falar. - Querem a Escócia a todo custo.
- Nem me fale! Ingleses são terríveis. - Comentou Lola.
- Temos de vigiar todos os passos de Alicia e saber se tem algum inglês infiltrado na corte. - Greer falou baixo, temendo ser ouvida por mais alguém. - Vou descobrir quais são os servos responsáveis por atender a Alicia, suborná-los, e assim descobriremos cada passo dela.
- Ótimo plano Greer. - Comentou Lola admirada com a esperteza de Greer.
- Faça isso, diga a Mary de quanto precisa, mas certamente não será muito, servos são fáceis de subornar. - Disse a Greer, que concordou com um aceno de cabeça.
- Muito bem, já temos um plano, agora vamos mudar de assunto! - Falou Aylee.
- É que tal falarmos da festa de amanhã? - Sugeriu Lola.
A conversa se estendeu até o fim do jantar, Mary estava estranha, ela participava da conversa, mas diversas vezes a vi olhando nervosa para o jardim, como se procurasse algo que não estava lá.
- Vamos para nossos aposentos meninas. - Chamou Lola.
- Vão na frente, eu vou em seguida, ficarei para ajudar Mary a se preparar para dormir. - Falei para poder ficar a sós com Mary.
- Ok, até amanhã meninas. - Greer se despediu, e em seguida Aylee e Lola fizeram o mesmo.
- Kenna não é necessário, eu consigo sozinha. - Insistiu Mary.
- Eu sei disso, agora me conte, o que vai fazer? E não tente negar, eu vi você olhando para o jardim e sua capa está em cima da cama.
- Tudo bem, vou tentar encontrar quem me alertou sobre o vinho, preciso agradecer.
- Mary não... Pode ser perigoso!
- Se fosse pra me prejudicar não teria trazido meu cachorro de volta, e nem teria me salvado. - Mary vestia sua capa.
- Vou com você. - Fui ao armário de Mary procurando uma capa escura.
- O que? Não! Fique aqui. - Insistiu Mary.
- Preste atenção, se falar com ele pode não conseguir ver quem é, vou me esconder e tentar olhar, descobrir quem é. - Vesti uma capa marrom com preto.
- Tudo bem vamos logo então.
Mary
Kenna e eu fomos para o jardim, estava escuro, o céu anunciava que uma tempestade se aproximava. Raios iluminavam o céu, fui até o centro do jardim, Kenna se escondeu em um arbusto próximo, não sabia ao certo o que estava fazendo, afinal quem me garante que meu protetor ou protetora aparecerá? De qualquer maneira parei no jardim, de costas para o castelo, apenas observando o céu e olhando a tempestade que se aproximava, então ouvi um cavalo ao longe, meu coração bateu acelerado, minha ansiedade aumentava conforme o cavalo se aproximava, poderia ser um mero guarda, mas no fundo sabia que não era um guarda.
Ouvi o cavalo parar a uma certa distância de mim, então decidi falar.
- Quem és? - Perguntei, mas não obtive resposta. - Tudo bem, não quer falar, então me escute, obrigada por ter me alertado, e por ter trazido Starlin de volta para mim, você me salvou, meu país e eu estamos em divida com você, por favor, se precisar de ajuda, fale comigo...
Um raio atravessou o céu, acompanhado de um grande estrondo, o cavalo se assustou e pude ouvir o mesmo relinchar, em seguida saiu em disparada pelo jardim, me virei a tempo de ver o cavalo com alguém montado, não consegui distinguir quem era daquela distância, só pude ver sua capa negra se ondulando pelo vento.
Peguei na mão de Kenna e comecei a correr em direção ao Castelo.
- Você conseguiu ver? - Perguntei pra Kenna enquabto corriamos.
- Sim! - Gritou ela em resposta. Entramos no Castelo ofegantes, então paramos no corredor pra recuperar o fôlego.
- Quem era? - Perguntei me encostando na parede.
- Não pude ver muita coisa, mas era um homem, supondo que seja ele seu protetor. - Caminhavamos em direção aos nossos aposentos.
- Vamos pensar nisso amanhã, obrigada Kenna... - Abracei minha amiga, que em seguida seguiu pelo corredor em direção ao seu quarto.
Entrei no meu e em cima da cama havia uma rosa vermelha.
- Olá? Tem alguém aqui? - Perguntei com certo medo, mas não havia ninguém, me aproximei da rosa e notei que junto dela tinha um cartão, com as seguintes palavras.
Sempre te protegerei Mary...
◇
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