✧Chapter 20✧
"Era tão bom e agora é tão ruim
Se era amor, porque entregou o seu pior pra mim?
Era tão bom, né? Só não é mais pra mim
Que pena que a gente escreveu o pior dos piores fins."
— Carol Biazin — A Gente Só Conhece Quando Termina.
Analice Singer
Estava no meu reino, contemplando o castelo recém-reconstruído, agora tão majestoso quanto nos tempos passados.
A brisa suave carregava o perfume das flores do jardim ao redor, enquanto o brilho do sol refletia nas torres reformadas.
A nostalgia e o orgulho preenchiam seu coração, mas havia pressa em seguir seu próximo destino.
O caminho para o reino Blue Water era tão bonito quanto desafiador.
As águas cristalinas que nomeiam o lugar brilhavam como jóias à luz do dia.
Ao buscar meu noivo, o reencontro trouxe conforto e alegria, mesmo que por pouco tempo.
Ao chegar em Illéa, a separação inesperada no portão do castelo trouxe um misto de ansiedade e curiosidade.
O guarda indicou direções opostas, levando seu noivo ao jardim e você ao interior do castelo.
Ao entrar, o ambiente se encheu de familiaridade.
Os pisos de mármore refletiam a luz suave que entrava pelas janelas.
Na sala de jantar, a visão da sua tia e do esposo dela foi um alívio e uma felicidade imediata.
Ambos estavam radiantes, sentados à mesa decorada com pratos cuidadosamente preparados.
O sorriso caloroso deles encheu o espaço, e você não resistiu: caminhou rapidamente até eles, envolvendo-os em um abraço forte e apertado.
A saudade acumulada ao longo dos meses em que estiveram viajando pelo reino vizinho se dissolveu naquele momento.
Meus tios eram um casal digno dos livros, um dia queria viver um amor tão lindo como o deles.
Enquanto abraçava os meus tios, sentia a tranquilidade que só o calor de um reencontro poderia proporcionar.
Eles pareciam mais rejuvenescidos, os olhos brilhando de felicidade ao ver você ali, no castelo que agora estava tão imponente quanto nos melhores dias do reino.
Após o abraço apertado, eles lhe ofereceram um lugar à mesa, onde os pratos delicadamente preparados exalavam aromas irresistíveis.
— Você não imagina como sentimos sua falta, minha querida — Minha tia falou carinhosamente.
Seu marido assentiu, tocando levemente sua mão como se quisesse reafirmar aquelas palavras.
Enquanto eles conversavam, os relatos das aventuras deles no reino vizinho começaram a surgir, entre risos e histórias de festas e alianças feitas.
No entanto, enquanto ouvia, uma parte de você não conseguia evitar pensar no jardim, onde seu noivo aguardava.
Havia uma mistura de ansiedade e curiosidade, como se algo importante estivesse prestes a acontecer.
Meus tios, percebendo minha inquietação, então apenas sorriram compreensivos.
— Ele está bem cuidado, não se preocupe com ele — Meu tio assegurou com um tom tranquilizador.
— Mas agora queremos aproveitar um pouco de você antes de entregá-la novamente ao futuro rei — Minha tia falou num tom divertido.
Essas palavras trouxeram um leve rubor às suas bochechas.
Mesmo sendo familiar, a ideia de ser chamada de "futura rainha" parecia surreal.
O peso das responsabilidades futuras era algo que tentava processar aos poucos, mas estar cercada por aqueles que amava tornava tudo mais fácil.
Depois do almoço, meu tio sugeriu que fossem até a varanda do castelo.
De lá, a vista era espetacular: o reino de Illéa se estendia diante de vocês, suas vilas vibrantes e terras férteis iluminadas pelo sol.
Meu tio colocou uma mão firme em seu ombro, olhando para você com seriedade, mas também com carinho.
— Você sabe o que este castelo representa, não é? — Meu tio me perguntou — Não é apenas uma estrutura de pedras e cimento, ele é o coração de Illéa, agora, ele será também o lar de uma nova era para nosso povo, com você e seu noivo à frente — explicou.
Essas palavras ressoam profundamente em minha mente.
Havia um misto de orgulho e responsabilidade que lhe fez erguer o queixo, decidida a honrar tudo o que aquele momento representava.
Meu tio sorriu, parecendo satisfeito com sua expressão de determinação.
— Agora, acho que seu noivo já esperou o suficiente — Minha tia falou num tom brincalhão.
Meu tio riu, e juntos vocês começaram a caminhar em direção ao jardim.
Enquanto descia os degraus em direção ao local onde ele estava, sentia o coração bater mais rápido.
O caminho estava coberto de flores e o som suave de pássaros completava o cenário perfeito.
E lá estava ele, em pé, esperando por mim ao lado de uma fonte cercada de rosas brancas.
Seus olhos encontraram os dele, e naquele instante, o mundo pareceu parar.
Tudo o que havia passado até ali, as reconstruções, as viagens, as separações, fazia sentido.
Ele sorriu, estendendo a mão para mim, como se estivesse convidando-a para o futuro que construíram juntos.
Aceitei a sua mão sem hesitar, sentindo o calor e a segurança em seu toque.
Ruggero Pasquarelli
O jardim do castelo de Illéa parecia saído de um sonho.
As flores perfeitamente cuidadas emolduravam os caminhos de pedra branca, e o aroma doce das rosas misturava-se ao ar fresco.
Eu estava ali, ainda refletindo sobre aquele envelope perturbador com as fotos deixado sobre a mesa.
Aquele pedaço de papel parecia pesar toneladas, carregando memórias que eu tentava esquecer, mas que sempre voltavam, como um eco incansável.
" Karol" seu nome insistia em permanecer na minha mente.
Tudo com ela tinha sido tão intenso que, mesmo agora, após tanto tempo, a lembrança ainda tinha poder sobre mim. Com Analice... bem, nunca foi igual.
Não era justo comparar elas, mas meu coração fazia isso por conta própria.
Mesmo assim, eu sabia que não podia hesitar.
O casamento estava tão próximo, e Analice não merecia mais sofrimento.
Não depois do que passou com Michael na época do concurso "Tudo Pela Coroa".
A lembrança do olhar devastado dela naquela época ainda me assombrava.
Ela não podia ser abandonada no altar pela segunda vez.
Enquanto meus pensamentos vagavam entre o passado e o futuro, senti uma presença.
A empregada que havia me atendido mais cedo se aproximou, discreta como um sussurro no vento.
Antes que pudesse dizer algo, avistei Analice caminhando em minha direção.
Seu vestido azul pálido flutuava levemente, e sua expressão era iluminada pela alegria de quem não suspeitava de nada.
Vi a empregada recolhendo rapidamente tudo que havia na mesa e num impulso rápido peguei o envelope e guardei no bolso da camisa.
Apesar das fotos serem antigas, não queria que a minha noiva visse e se sentisse mal.
Afastei as dúvidas da mente, colocando uma máscara de tranquilidade.
Estendi a mão, convidando-a a segurar a minha.
Contudo, quando nossos dedos se tocaram, senti apenas frieza.
Não era a temperatura, mas a ausência de conexão, como se eu estivesse segurando uma pedra de gelo.
Foi nesse momento que as palavras de Gilbert, ditas mais cedo, fizeram sentido.
Ele sempre conseguia enxergar além das aparências.
Soltei sua mão quase imediatamente, mas mantive o sorriso, forçado e ensaiado.
— Aconteceu alguma coisa, meu amor? — perguntou ela, o tom preocupado.
— Não, está tudo bem — menti, desviando o olhar.
— O que meu primo falou com você? — insistiu, tentando entender o que me incomodava.
— Nada tão importante — menti novamente— E você? Como foi a conversa com o seu primo mais velho? — perguntei desviando o assunto.
Ela sorriu, animada, e respondeu:
— Não foi com o meu primo, foi com os meus tios — explicou— Eles me fizeram uma surpresa maravilhosa — contou.
A alegria dela era quase contagiante, mas o peso no meu peito não se dissipou.
— Isso é ótimo — respondi, forçando um sorriso mais genuíno enquanto acariciava seu rosto.
Inclinei-me para lhe dar um beijo breve, um gesto mais automático do que intencional.
Depois, recuei, mantendo o tom casual:
— Aqui está muito bom, mas preciso voltar, tenho um compromisso com a Senhora Sevilla na "Confecção AAT" — falei me lembrando do meu compromisso.
O sorriso dela se manteve, mas algo em seus olhos mostrava que ela percebia que havia algo errado.
Antes que pudesse ouvir mais perguntas ou insistências, uma sensação de urgência tomou conta de mim.
Eu sabia que, apesar da fachada de tranquilidade que tentei manter, ela perceberia que algo estava errado.
Não poderia evitar o fato de que fazia muito tempo desde que estivemos tão distantes e, de algum modo, ela merecia mais do que essas fugas silenciosas.
Mas o que eu poderia fazer?
Me aproximei dela mais uma vez, quase como se fosse uma última tentativa de reconectar, ou talvez uma despedida sem palavras.
Nossos olhares se encontraram, e naquele instante, algo se quebrou entre nós.
Não era raiva, nem frustração; era um vazio, um peso que parecia envolver tudo o que compartilhamos até agora.
Com uma expressão tensa, fui até ela e lhe dei um beijo rápido nos lábios.
Um beijo frio, sem calor ou desejo, mas que ainda carregava a necessidade de um gesto de afeição, de algo que fosse "normal".
Era o que eu esperava, mas sabia que ela não sentiria isso da mesma forma.
Quando me afastei, o peso no meu peito só aumentou.
Aquela conexão, que antes era viva e cheia de promessas, agora parecia distante, irremediavelmente perdida.
Fiquei parado por um segundo, olhando para ela.
Os olhos dela ainda brilhavam, mas não com a mesma confiança.
Não havia como negar.
Ela sabia que algo não estava certo.
Sem esperar mais nada, me virei rapidamente e deixei o jardim.
Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, como se, ao sair daquele espaço, estivesse deixando algo dentro de mim para trás, algo que talvez nem eu soubesse o que era.
Mas, no fundo, sabia que não podia continuar assim.
O coração estava apertado, e o futuro que se desenhava diante de mim parecia mais uma prisão do que uma promessa de felicidade.
Um dos motoristas me levou em segurança de volta para o Reino Blue Water, especificamente me deixou na porta da confecção.
Mandei uma mensagem para o meu segurança avisando onde estava e pedi pra me esperar aqui, a reunião seria bem rápida.
Podia ter deixado meu agente vir, porém gosto de vir pessoalmente para ver as novidades em moda e acrescentar o meu próprio estilo nelas.
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