✧Chapter 01 ✧
" Quero recordar que a vida é um sonho
E em meu coração sempre guardarei um lugar
Se por acaso eu te encontrar
Ao despertar"
— La Vida Es Un Sueño — Soy Luna.
Karol Sevilla
Era mais um dia comum na rotina da minha vida, o despertador tocou, me levantei e em seguida acordei a minha filha pra ir até a escola.
Ela estudava o dia todo, num colégio aqui perto da vizinhança, isso me ajuda bastante, afinal dá tempo de procurar um emprego despreocupada.
Dava aula numa escola de balé, mas por falta de orçamento a prefeitura cortou.
Faz 6 meses que estou nessa situação, a reserva do meu dinheiro acabou e não sei realmente o que fazer.
Morava numa vila chamada "Horizonte Azul" , era bem parecida com a que Valentina morava com a família no Reino Blue Water.
Fazia 4 anos que morava aqui, por estar mais perto do meu trabalho, escola da minha filha e a vantagem de poder economizar mais com o transporte.
Era um lugar muito pequeno, havia a sala, cozinha, banheiro, um quarto e uma pequena lavanderia.
Onde eu morava com os meus avós, eram numa ala de empregados, eles trabalhavam numa casa rica na fazenda do vilarejo, optei em obter a minha independência, afinal tenho uma filha e as coisas não eram como antes.
Soube que alguns meses atrás, ambos meus avós se aposentaram e estão viajando pelo mundo, finalmente estão realizando o sonho de conhecer várias partes do mundo.
A casa estava quase sem móveis, aos longos dos meses por necessidade tive que vender o sofá, televisão, armário e o guarda roupa.
Olho dentro do armário da pia da cozinha e percebo que estava vazio, toda a comida que tinha, havia acabado.
Me segurei pra não chorar imediatamente, não tinha nada pra dar pra minha filha comer e não tinha um trocado no bolso.
Pela primeira vez entendi o que a Valu passava, ela dizia que eu era sortuda por morar numa boa casa e ter as melhores comidas todos os dias.
Minha filha veio com um típico sorriso sonolento, Stella Sevilla era o nome dela, foi um dos maiores sustos da minha vida e ao mesmo tempo a melhor coisa que aconteceu.
Por causa dela, tive que amadurecer mais cedo e perceber que a vida não era como num conto de fadas que imaginei.
Ela era fruto da amnésia que tive, a cinco anos atrás, estava voltando de uma festa com uns amigos e sofri um grave acidente de carro.
Todos que estavam comigo morreram na hora, dizem que foi uma milagre estar viva, mas sofri uma grande consequência, não me lembro de nada que aconteceu naquele dia.
Tudo que sei, foi o que me contaram, então não sei com quem posso ter me envolvido na festa, pra ter ficado grávida de primeira.
Por muito tempo me martirizei por não me lembrar de nada e tentei achar diferenças nela, pra ver se me lembrava de quem podia ser seu suposto pai.
Porém,nada dela me fazia me lembrar dele, ela possuía cabelos castanhos compridos lisos, olhos negros como a noite e uma pele clara, mas ao mesmo tempo bem bronzeada.
Ela só não puxou os meus olhos verdes e o meu cabelo ondulado, mas mesmo assim, sua personalidade era igual a minha.
— Filha, hoje você vai ter que tomar café na escola, esqueci de comprar algo para tomarmos café — menti.
Ela nada disse, afinal já estava acostumada, apenas concordou com a cabeça, indo vestir o uniforme e escovar os seus dentes.
Fiz o mesmo que ela, me troquei vestindo uma camiseta branca com a estampa do rosto do Mickey, calças jeans num tom claro e um all star preto.
Me encaro no espelho, nem me lembro a ultima vez que cortei os meus cabelos, eles estavam quase chegando na altura da cintura e o loiro que usava antes não se fazia presente, deixei ele natural.
Alguns minutos depois...
Havia deixado a minha filha no colégio, estava caminhando pela praça e vejo uma adolescente passando por mim, ela usava o uniforme escolar e parecia estar atrasada.
Ela me fez lembrar do passado, na época que estudava no ensino médio, a vida era tão mais fácil, meus pais me dava tudo que pedia,vivia uma vida cheia de luxo e o principal nunca faltou comida na mesa.
Não podia continuar nessa situação, minha filha merecia mais que isso, me sentei no banco da praça e com as mãos trêmulas disquei o número da minha mãe a cobrar.
Estava na hora de retornar para o meu antigo lar, os meus pais agora estavam estabilizados.
Meu pai foi inocentado das acusações de negligência a quase dois anos atrás e lhe devolveram a gerência do hospital da minha família.
Minha mãe estava se dando muito bem com a confecção em sociedade com a mãe da Valentina e do Michael.
Dei apenas dois toques no seu número e aguardei a sua ligação, em cinco minutos ela retornou e respirei fundo.
" — Oi, mãe — falei.
— Oi, minha filha — falou — Que voz é essa? Aconteceu alguma coisa? — perguntou preocupada.
— Mãe, cheguei no fundo do poço, não tenho comida em casa e nem dinheiro, andei vendendo alguns móveis para pagar o aluguel, faz seis meses que estou desempregada — respondi, desabando em lágrimas.
— Porque não me disse isso antes, filha? — perguntou surpresa.
— Achei que podia resolver sozinha, já sou uma adulta — respondi.
— Todas as vezes que perguntei como estava, disse que estava tudo bem — me lembrou — Mas agora, vou lhe mandar um dinheiro e vai vir pra cá com a minha neta — falou decidida.
— Obrigada, mãe — agradeci.
— Não precisa agradecer, você é a minha filha e a minha casa sempre está de portas abertas pra você e a minha neta — me lembrou.
— Irei me organizar aqui e lhe avisar, assim que estiver tudo pronto — avisei.
— Tá bom, filha — concordou."
Encerrei a chamada, seco as minhas lágrimas e volta para o cortiço, por sorte consegui algumas caixas, então comecei a embalar algumas roupas dentro da caixa e com a ajuda de minha vizinha.
O nome dela era Dona Zélia, desde de quando me mudei para cá, tem sido de grande ajuda.
Ela me tratava como se fosse sua filha e a Stella a tinha como uma avó, ela estava muito triste com a nossa ida.
Mas sabia que estava fazendo o certo, não podia continuar dependendo da ajuda dela e de alguns outros vizinhos pra sempre, tendo uma família bem de vida.
Ela era uma senhora negra que no mínimo tinha uns 50 anos e era de estatura baixa, gordinha, cabelos cacheados compridos grisalhos.
Separei em dois sacos de roupas e cobertores que iria doar e levar cinco caixas.
Os móveis que restaram iriam vender, por sorte Dona Zélia conhecia o homem que comprava móveis usados ele em um caminhão de mudança veio buscar tudo.
Ele pagou 500 reais em tudo, apesar de ser pouco, dava pra mim comprar uma passagem pra mim e a minha filha.
O meu celular despertou avisando que era hora de buscar a minha filha, nem tinha percebido o quanto a hora passou, já estava marcando 4:30 da tarde.
Ficamos praticamente o dia todo, a mudança realmente era bem demorada.
Agradeci ela e fui buscar a minha filha, ela ia sair às 5 horas, mas sempre ia mais cedo se caso eles a liberaram antes.
Uma das professoras da escola estava no portão, contei para ela que iria me mudar, então me aconselhou a pegar uma transferência com a diretora.
Fiz o que ela mandou e deu a hora da minha filha sair da escola, ela veio correndo em minha direção com um enorme sorriso.
— MÃE, MÃE, MÃE — gritava vindo me dar um forte abraço.
Pego ela no colo e a girou no ar, arrancando várias risadas, sabia que colocar o meu orgulho de lado, faria tudo valer a pena.
Seguirei a sua mãe e fomos andando, enquanto ela me contava como havia sido o seu dia no colégio.
Ela estava tão animada que ainda não tive coragem de lhe dizer que iríamos nos mudar.
Passamos na frente de uma pastelaria, entramos lá dentro e me dei ao luxo de entrar e comprar dois pastéis com recheio de pizza com suco de abacaxi natural para nós duas.
Nos sentamos na mesa, minha filha se levantou para pegar ketchup e maionese verde, já que não possuía na nossa mesa.
De repente o meu celular começou a tocar, vi que era Carolina, desde que parei de conversar com a Valentina, ela tem sido a minha única amiga.
Me arrependo das atitudes que tomei quando o meu pai foi preso, Valentina não tinha como ajudar o meu pai, afinal a realeza não podia se meter no caso e o Ruggero várias vezes tentou me convencer sobre isso, mas não o ouvi e terminei com ele.
Se eu pudesse teria feito tudo diferente, quem sabe não estaria passando todo esse perrengue na minha vida.
Parei de pensar em tudo isso e atendi a chamada da minha amiga.
" — Oi, Carolina — falei.
— Oie, Karol — falou — Já arrumou um emprego? — perguntou.
— Não, as coisas estão bem difíceis, irei voltar pra casa, minha mãe — respondi.
— Até parece que estava adivinhando, consegui uma vaga de emprego para você na escola que eu dou aula — falou.
— Muito obrigada, pela ajuda, parece que finalmente as coisas estão dando certo pra mim — falei animada.
( Vejo a minha filha chegando na mesa com maionese verde e o ketchup, ainda ela teve a ousadia de pedir mais um salgado, desta vez uma coxinha, sendo que nem comeu o pastel)
— Mas quando você vem pra cá, amiga? — perguntou.
— Pego o voo amanhã de manhã — respondi.
— Tá bom, até logo — falei."
Nem fiquei brava com a minha filha, resolvi deixar passar só dessa vez, estava muito feliz, pra algo estragar o meu dia.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro