Capítulo 6 - HENRIQUE SOARES
Fico tentando entender como essa merda toda aconteceu. Luciana, vadia! Ela me paga!
Observo a mulher à minha frente: morena, magra, baixa, com o cabelo meio despenteado e blusa molhada. Não consigo ver perfeitamente seu rosto, pois a luz é escassa. De onde essa mulher saiu? Ela continua parada no mesmo lugar que levantou e me encara tão assustada quanto eu.
De repente, ela levanta uma das mãos com um celular e tira uma foto minha.
Ah, qual é! Nessa posição? Nesse estado? Mas que porra ela está fazendo?
Caralho! Não acredito que dei um mole desse!
Meus pensamentos viajam logo para os noticiários, jornais e revistas. Uma foto minha, nu e amarrado. Jaime. Lembro dele e dos seus conselhos. Puta merda, Jaime vai me matar.
O que essa mulher, que nunca vi na vida, estava fazendo? Tento amenizar os fatos através dos pensamentos. Talvez seja apenas uma fã. Quer a foto só para se satisfazer quando estiver no seu quartinho cor de rosa. Até pensar que uma foto dessas pode valer milhões e a merda acontecer.
Ela começa a andar para o lado, em direção a porta e tira mais uma foto. Oh, porra!
— Desculpe — ela sussurra para mim.
Ela vai embora? Vai me deixar assim? Serei zoado a vida inteira se um dos caras me pegar aqui!
— Ei! Por favor! Por favor! Não vai embora. Me ajude! — peço. Minha vontade é ser rude e mandar essa mulher me tirar daqui à força, mas não tenho escolha. Tento ser gentil.
Ela para no batente da porta, vira e volta a me olhar.
— Você já conseguiu o que queria, não é? Agora por favor, só pegue a chave que está no chão e abra essas malditas algemas.
Ela encara o chão como se pensasse na possibilidade. Quase perco a paciência, mas não posso esquecer que ela tem fotos muito importantes e se isso for parar em mãos erradas, fodeu!
Quando ela volta a levantar o rosto vejo seus olhos vagarem em direção ao meu pau.
Se a situação não fosse trágica, seria até engraçada, mas ela percebe o que está fazendo e fecha rapidamente os olhos com as mãos.
— Desculpe! — pede de novo.
— Você só sabe falar isso?
Ela permanece parada. Quero gritar para ela pegar logo a porra da chave.
— Bom, se você quiser, podemos bater um papinho antes de você pegar a chave — digo, controlando-me.
Ela retira as mãos do rosto, e novamente seu olhar vai direto para o membro ainda duro.
— Pelo amor de Deus, mulher, coloque um lençol em cima de mim! Por favor!
Ela faz que sim, visivelmente constrangida. Com uma das mãos nos olhos, caminha até a cama, pega o lençol caído no chão e joga em cima de mim. Abaixa novamente e pega a chave caída.
— Ufa! Obrigado. Agora, qual seria o nome da minha salvadora? — Uma pitada de deboche escapa na minha voz. — Quem é você? — pergunto, erguendo mais a cabeça.
— Eu? — Ela arranha a garganta e se afasta. — Eu não sou ninguém. Só estava na festa e... e me perdi. — Sua voz lenta e serena me faz ficar mais calmo. Ela era apenas uma menina.
— Ah! Você é uma das garotas que Fábio chamou para a festa?
— Uma das garotas? Sim, claro. Sou uma das garotas.
Ela concorda rápido demais e tenho certeza de que está mentindo. Ela não é uma das garotas e mesmo se fosse, não estaria de calça comprida e arrumadinha como se estivesse em um escritório. Mas pensando bem, até que seu sutiã aparecendo através da blusa branca molhada está bem sexy. Agora que esse pau não desce mais!
— Posso saber o seu nome?
— Ah! — Ela joga a mão para o alto. — Para quê, não é? Eu estava mesmo de saída.
— Então, você entrou no quarto, tirou uma foto minha, pelado e de pau duro e agora quer me deixar aqui?
— Aham — confirma para o meu espanto.
Que mulher é essa?
— Bom, se você quiser, não precisa perder a viagem, sabe? Eu estou prontinho. Talvez eu possa ser seu parque de diversões hoje, já que estou preso.
— O quê? — ela pergunta sem entender.
— Playground. Diversão. Você quer que eu seja mais claro?
Ela sacode um pouco a cabeça.
— Não é que... — ela sorri um pouco e logo desfaz o gesto. — Ei! Quem você pensa que eu sou?
Filha da mãe! Ela não é uma das garotas do Fábio! Definitivamente, não é!
— Você é... você é mais tosco do que eu havia imaginado, sabia disso? — Sua fisionomia mostra aversão.
Fico puto! Ninguém tem aversão a mim.
— Não sabia que você me achava tosco. Geralmente não pensam isso de mim...
— Ah, para mim já deu, viu! Eu preciso ir!
— NÃO! Não! Não, por favor. — Suplico erguendo mais a cabeça. — Não vá antes de tirar uma dessas algemas! Por favor.
— Se eu fizer isso você vai correr atrás de mim.
— Quem? Eu? Claro que não! — Claro que sim! É claro que vou!
— Olha, por favor. Eu preciso sair daqui.
— Não posso.
— Não pode? Como assim não pode? Aliás, o que você pretende fazer com essa chave? E com essa foto?
Ela ameaça dizer algo, mas fecha e abre a boca três vezes antes de começar:
— Nada. Hum... só achei engraçado e...
— Engraçado, claro. Muitíssimo engraçado. Um homem pelado sendo deixado por uma cretina masoquista. Essa foto pode acabar com a minha carreira, sabia?
Vejo o vai e vem do seu peito e ela aperta os lábios.
— Bom, só não vou dizer que fui deixado na mão porque nem isso eu consegui e, a noite mal começou e eu estou preso.
Sem mais nenhum argumento, vou mais uma vez para a mesma tática.
Tento fazer meu olhar 43. Vai que ela resolve terminar o trabalho. Eu ainda estava pronto.
— Você é muito exibido mesmo.
— E você até que é sexy com essa blusa transparente.
Ela olha para baixo assustada e cruza os braços em cima dos seios. Seu olhar é de indignação e sorrio.
— Se você parar de falar isso, eu abro uma das suas algemas — ela diz.
— Perfeito. Trato feito.
Ela caminha lentamente na minha direção e a luz ilumina seu rosto. Um belo rosto por sinal. Grandes olhos castanhos se fixam aos meus, sua boca incrivelmente desenhada me faz olhar por mais tempo do que deveria. Aparentemente, encarei por tempo demais, pois ela para no meio do caminho.
— Por que está me olhando assim?
— Hum... nada... por nada. Apenas muito agradecido pelo seu favor.
Ela recomeça e senta-se ao meu lado, na cama. Suas mãos estão trêmulas e percebo que também estão frias. Sorrio para ela e ela sorri timidamente de volta pela primeira vez.
Uma das minhas mãos é solta e de repente a porta do quarto se abre por completo. Jaime olha para minha posição na cama e agradeço mentalmente por estar com o lençol em cima de mim.
Em seguida, seu olhar vai até a mulher, que levantou rapidamente com as mãos encolhidas sobre a blusa.
— O que você fez com ela? — O tom de voz de Jaime é ameaçador.
Fico sem entender.
— O quê?
Ela joga a chave no meu peito.
— Desculpe, eu me perdi... hum... obrigada, eu preciso ir! — diz ao passar por ele, saindo rapidamente do quarto.
Jaime continua me olhando com cara de poucos amigos.
— O que foi, Jaime? — pergunto, pegando a chave do meu peito e retirando a outra algema, ficando livre.
— Essa moça é uma boa menina. Você não presta mesmo!
— Ei! O que você está insinuando? Que transei com aquela garota?
Ele fica calado, puto.
— Você não perdoa ninguém, cara!
— Não transei com ela! Não vai acreditar? — Fico enfurecido pela sua insinuação, apesar de saber que não foi por falta de tentativas da minha parte. Retiro a amarração que mantinha meus pés presos. Isso é ridículo!
— Ela estava aqui e você está pelado! Encontrei a menina precisando de ajuda na rua. Ela não é uma das suas vagabundas!
— Que merda é essa, Jaime? Porra! — Eu ia contar agora que foi a cadela da Luciana que fez isso e que aquela garota era uma doida que estava no quarto praticando o voyeurismo, mas lembro-me das fotos.
— Ok, você não fez nada. Então tente me explicar o que eu acabei de presenciar.
— Porra, Jaime! Cala a boca! A boa menina que acabou de sair tirou fotos minhas, amarrado e nu, cara!
— Hã?
— Isso mesmo! — digo, levantando da cama, pegando minha bermuda no chão e colocando-a. — Ela pegou o celular e me fotografou.
— Ah, não, Henrique, de novo essa merda?
De novo! Isso soava mesmo patético.
— Vamos! Precisamos correr atrás dela.
— Cara, você tem certeza disso, ela...
— Jaime! — Paro a sua frente e o encaro. — A foto é muito depravada!
— Porra, Henrique, você a deixou ir embora?
— Eu não sei se deu pra você perceber, mas eu estava preso, Jaime. Preso! — Levanto a algema mostrando a ele e jogo longe.
— Vamos! Ela não deve estar longe. O carro dela está enguiçado aqui na rua.
— Enguiçado?
— Eu só quis ajudar.
— Ajudar? Sei. Sei bem o tipo de ajuda que você queria dar à menina.
— Você tem a mente muito poluída, Henrique. Já disse que não sou pervertido igual a você.
Descemos a escada rapidamente e fazemos uma varredura na casa. Nada da pequena menina de cabelo castanho e olhos grandes. A menina cretina que tirou minhas fotos.
Saímos da mansão e na rua, o carro da garota está abandonado e nem sinal dela.
— Agora sim, Jaime. Agora fodeu de vez!
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