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9

—Tão bela quanto sua mãe foi um dia. — dona Philomena olhava para Fiona com admiração sentada em sua mesa na cozinha de sua casa. — Sente-se e tome café comigo.

— Obrigada novamente pela acolhida Sra. Philomena.

— Não precisa agradecer.

— Claro que preciso, e eu podia ficar em um dos alojamentos...

— De forma alguma a deixaria com aqueles trogloditas, nem Ted permiti que ficasse ali. Nos primeiros dias sim, mas depois o trouxe para cá e ele ficou exatamente onde você está no quarto que era para ter sido dos meus filhos, mas o destino não quis assim.

— Sinto muito.

— Deixe disso, estou muito velha para lamentar os caminhos que a vida me levou.

— Gostaria de fazer o mesmo.

— Ainda é muito jovem linda garota, há muita água para rolar debaixo dessa ponte. — dona Philomena encheu uma caneca com café e também lhe passou um prato com alguns pãezinhos doces.

— A senhora conheceu a minha mãe?

Desde que chegou até lar e viu o rosto amigável de dona Philomena no dia anterior ficou com vontade de fazer essa pergunta. Durante sua vida Fiona nunca demonstrou tanta curiosidade sobre sua mãe como estava acontecendo nesse momento, talvez pelo fato de Robert se negar veemente em falar sobre ela e de Joe durante sua juventude nunca se aprofundar quando era questionado. Respondia sempre com poucas palavras e mudava de assunto. E agora após a ida de Robert e o que havia acontecido na leitura do testamento ela tinha necessidade de saber quem foi a sua mãe para assim descobrir quem Robert havia sido para ela.

— Ah! Sim Cora. A doce e espevitada Cora.

— Podia-me falar sobre ela? Meu pai nunca o fez e Joe... — Fiona faz uma pausa lembrando-se do que tinha acontecido entre eles e sentiu seu estômago revirar tudo sobre o olhar atento de Philomena. — ninguém nunca quis falar sobre ela para mim e minhas irmãs eram tão pequenas que mal se lembram de também.

— Posso te contar muitas coisas sobre Cora. Não era uma garota do campo, digo de fazenda, ela gostava da cidade, de livros, de filmes. Uma boa aluna também. Ah esqueci-me de dizer fui professora há muitos anos e dei aula para sua mãe, para Randy... — agora foi à vez de Philomena fazer uma pausa e seus olhos ávidos piscaram momentaneamente como se buscasse peças de um quebra cabeça em sua memória. — e Robert. Ele não era tão bom aluno assim, nasceu para ser fazendeiro, mais do tipo que coloca a mão na massa.

— Sim! Meu pai gostava de lidar com os animais e detestava as contas, a burocracia dos papeis, de toda forma nunca deixou que eu tomasse conta disso, mesmo doente ia para seu escritório e ficava lá por horas fazendo os inventários. Teimoso.

— Por demais e ciumento também.

— Joe contou que ele era possessivo com ela.

— Sua mãe era uma alma carismática, atraia olhares por onde passava e um homem como Robert tem dificuldades em lidar com isso, acredito que a vida de Cora ao seu lado não foi fácil diferente do que teria sido com Randy.

— Segunda vez que menciona o nome dele. Ele esteve no funeral do meu pai. Foi estranho.

— Então os boatos são verdadeiros ele esteve por lá.

— Sim veio falar comigo, disse que se eu precisasse de ajuda era para procura-lo. Como se ele soubesse o que meu pai iria fazer.

— Olha Fiona, foi e não foi uma surpresa o que Robert lhe fez. No final não achei que ele fosse capaz de tamanha crueldade com quem não tem culpa de nada.

— Não estou entendendo o que a senhora quer dizer.

— Pensei que Joe fosse lhe contar.

— Me contar o que?

— Já passou da hora de você saber a verdade.

— Está me deixando nervosa.

— Robert não a deixava que chamasse de pai não é? Ouvi rumores sobre isso. Perguntou-se por quê?

— Perguntei a ele e ele me disse que não era meu pai.

— Ele não mentiu Fiona. Robert não é seu pai.

— Isso ficou claro depois do testamento. Questionei Joe sobre isso e ele desconversou, disse que não tinha como ter certeza, mas a senhora tem. Sabe quem é meu pai.

— Randy Boone ele é o seu pai e por isso ele foi te oferecer ajuda e deveria aceitar.

— Uau! — Fiona que antes estava com o corpo todo atento ao que dona Philomena falava o relaxou na cadeira deixando seus braços caírem em direção ao chão, como se um peso imenso desprendesse do seu corpo. — Todo mundo esse tempo todo soube que ele era meu pai, ele mesmo sabia e me deixou ser criada por aquele homem que me odiava? E agora que ele se foi simplesmente vem me oferecer ajuda? Qual o problema de vocês?

Fiona sentindo que ia vomitar deixou a cozinha de dona Philomena e saiu porta afora buscando ar. A velha senhora não se levantou, permaneceu onde estava e seguiu tomando o seu café da manhã. Não podia fazer nada para aliviar o que Fiona estava sentindo naquele momento e a menina tinha razão permitiram que ela sofresse nas mãos de Robert por tempo demais. Eram tão culpados pelo seu sofrimento quanto ele. O que ela podia agora era apenas lhe dar respostas caso assim ela pedisse.

O sol subia com vontade de brilhar, de se fazer presente na vida dos moradores de Green River e Fiona o observa debaixo dos seus óculos de sol que escondiam toda a sua revolta diante do que havia sido revelado. Pisou um pouco mais fundo no acelerador e o motor correspondeu prontamente ao seu pedido deixando rastro de poeira que se estendeu por toda a rodovia. Da propriedade de dona Philomena até a fazenda de gado de Randy Boone levava apenas vinte minutos, pouco para afastar todo o rancor que ela estava sentindo por um homem que havia visto poucas vezes em toda sua vida.

Tal como a propriedade de Robert os portões que permitiam acesso à sua fazenda estavam abertos e Fiona seguiu sem empecilhos em direção à sede principal daquela fazenda maior e mais bem cuidada da que crescera e podemos dizer também mais próspera. Randy em Green River era o principal rival nos negócios de Robert era o Fiona sabia dele até então, jamais poderia suspeitar que também fossem rivais na vida e no coração de sua mãe.

Ela encarava aquilo tanto com admiração quanto com repulsa. Antes de descer da sua caminhonete deixou os óculos escuros sobre o console, olhou pelo espelho retrovisor ajeitando seus cabelos os amarando novamente de forma mais firme em um rabo de cavalo e desceu seguindo até a entrada em passos firmes e raramente andava dessa forma. Fiona fechou o punho e bateu duas vezes, o barulho da grande porta de madeira ecoou e ela esperou por resposta que veio mais rápido do que o esperado. Sentiu como se ele a estivesse esperando.

— Faz quarenta anos que te espero. — Randy diz a Fiona assim que abriu a porta de sua casa.

— Não deveria, não acha?

— Não devia ter feito muitas coisas, e essa sem dúvidas e a que mais me arrependo.

— Por quê?

— Ela me pediu e eu tolo, ferido e amargurado respeitei. Por favor, entre Fiona essa conversa vai ser longa e difícil para ambos.

Randy afastou completamente a grande porta de entrada para o seu lar. Um lar de apenas uma pessoa. Era assim que ele vivia ali após a morte de sua esposa alguns anos. Não tiveram filhos, ela não podia de toda forma Randy não se importou com isso e lhe foi fiel até o final. Fiona entrou ainda tímida e com aperto no peito, quando partiu para o rancho de Randy Boone estava com tanta raiva que mal se reconhecia e quando ele abriu aquela porta descomunal de tão grande sentiu-se intimidada e retraiu como sempre fazia, como sempre fez com Robert.

— Posso te oferecer uma bebida?

— Não acha que é cedo para isso?

— Não para o que vamos conversar, mas tem razão, vou pedir que nos tragam um suco.

— Não precisa eu estou bem.

— Então se sente, está me deixando nervoso.

A casa da fazenda de Randy Boone não era como as outras da região. Nada tradicional com suas varadas e feita de madeira. Era moderna e afrontava Green River com tamanha modernidade. Começava pela sua construção toda de concreto e com vidraças imensas. Na sala de estar onde estavam naquele momento não precisaria que nenhuma luz fosse acessa, a luminosidade vinda do sol era suficiente para permitir toda a claridade necessária por conta da parede de vidro que se transformava em portas balcão permitindo acesso para área externas e elas estavam abertas de onde podiam sentir uma leve brisa tocando em seus corpos quentes. Era um cômodo muito amplo de conceito aberto, salas se integravam a esta. Fiona sentou no sofá maior, exageradamente maior, essa foi a sua impressão e Randy sentou-se no sofá menor ao seu lado de costas para essas portas de vidros e sua imensa fazenda de gado. Fiona ao observá-lo podia ver alguns daqueles animais pastando ao fundo.

— Dona Philomena me disse que é meu pai.

Fiona entrou no assunto sem rodeios, estava exausta demais para preliminares desnecessários.

— Fico feliz que ela tenha facilitado essa parte para mim.

— Facilitado. Que bom! — Fiona não conseguiu disfarçar seu desdém diante aquele comentário.

— Você me fez uma pergunta e lhe devo mais do que uma resposta. — Randy arqueou seu corpo mais jovem e saudável do que Robert para frente apoiando seus cotovelos em seus joelhos e olhou dentro dos olhos de Fiona, era o mesmo formato dos olhos de Cora a diferença é que não havia tanta tristeza como podia observar em Fiona. — Tem certeza que não quer uma bebida?

— Absoluta. — Fiona endireitou as costas e endureceu mais ainda seu olhar.

— Eu preciso.

Randy se levantou e seguiu rápido até o lado oposto em que estava e onde ficava um belíssimo aparador com bebidas em cima. Pegou o copo de uísque e se serviu. Caminhou de volta só que dessa vez não sentou e com o copo em sua mão deu um gole pequeno encarando a vastidão de sua propriedade. Fiona não o observava mantinha seu olhar fixo na mesa de centro a sua frente tentando se acalmar, estava a muito pouco de explodir e exigir explicações e quando estava preste a fazer isso à voz grossa dele ressoou: — Ela me pediu para que não contasse a verdade a Robert. Ela me pediu para que ele pensasse que você era filha dele. Cora escolheu voltar para Robert e eu respeitei a sua vontade.

— Então se ela te pedisse para pular de uma ponte...

— Eu faria. Eu faria tudo que ela me pedisse. Não espero que entenda, nem eu entendo o amor que tinha por ela, simplesmente ficava inerte a tudo que ela desejava.

— Pois é não adiantou muito porque ele sabia que eu não era filha dele e não sei se sabe ele fez da minha vida um inferno por causa disso.

— Essa é a parte da qual eu me arrependo e não tenho como me desculpar com você. Se Cora soubesse que ia morrer...

— Eu acredito que ele seguiu com farsa porque era orgulhoso demais para admitir que a esposa o tivesse traído, mas você?

— Um covarde. Não tenho outra palavra para me definir senão essa Fiona. Eu amava sua mãe de tal maneira que não interferi nas suas escolhas mesmo sabendo que ele a machucava, mas ela gostava dele, sempre gostou, foi ele quem ela escolheu por mais de uma vez. Confesso que não aceitei muito bem quando ela voltou para ele depois do que ele lhe fez. E muito do que acabei deixando com que acontecesse com você veio por que estava com raiva da decisão dela.

— Joe me contou que ele batia nela.

— Ele bateu nela uma vez e ela saiu de casa e veio até mim. Ficou aqui comigo por três meses e então voltou. Acredito que mais pelas suas irmãs do que por ele. Bom foi o que ela me disse e eu insisti, implorei na verdade que ela pedisse o divórcio e trouxesse as meninas. Acredito que Robert a tenha ameaçado tirar as filhas, ele faria isso e por medo de perder para ele, Cora voltou.

— A vida é surpreendente. Hoje finalmente estou conhecendo meus pais. Minha mãe. O homem que me deu o nome e me humilhou por toda a sua vida e você meu pai biológico. E o que vejo aqui são excessos, principalmente de amor. E era exatamente o que não tive. Amor.

Randy fechou os olhos o apertando o máximo que podia. Aquela revelação de que sua única filha crescera sem saber o que é amor lhe doía mais do que um soco no estômago.

— Eu sinto tanto!

— De que adianta sentir agora?

Era uma pergunta que Fiona jogava, mas sabia que não tinha resposta. Ela se levantou e seguiu em direção à porta que permitiu a sua entrada.

— Fique. Você não tem que ir embora.

— Eu não te conheço, você pode ser meu pai, mas eu não te conheço, não dá para simplesmente ficar e dizer que está tudo bem porque não está.

— Eu sei disso e por isso peço que fique para nos conhecermos. Eu preciso te conhecer Fiona e reparar todo o mal que deixei que aquele homem te fizesse.

— Preciso pensar.

Randy foi até ela e segurou firme em suas mãos.

— Claro. Só saiba que essa porta está aberta para você a qualquer hora, apenas abra. E o que você precisar me peça.

— O que eu preciso agora ninguém pode me dar, de toda forma obrigada.

Fiona removeu sua mão da dele e voltou para sua caminhonete partindo ainda cheia de incertezas dentro do seu peito.

Quantos e quantos anos haviam se passado deste a última vez que Fiona esteve no bar do Wayne e agora estava ali intercalando shots de tequila com garrafas de cervejas. Esse foi o seu destino depois que saiu da fazenda de Randy e soube toda a verdade sobre sua concepção e o motivo de Robert lhe odiar tanto. Era filha de uma traição e toda vez que o homem que conheceu como seu pai a olhava ele via essa traição lhe afrontando, mostrando o quanto foi incapaz de ter feito a esposa feliz a fazendo buscar alento em outros braços e que talvez só tenha voltado por medo de perder as outras filhas e não porque o amava. Fiona era para ele a demonstração de que Cora havia deixado de amá-lo e por conta disso negou amor aquele ser que ela trouxe dentro de si de outro lar. E com esses pensamentos Fiona pedia uma dose atrás de outra, até sua fala ficar desconexa e seus movimentos mais letárgicos.

— Obrigado por vir Ted. — Wayne estava na exterminada do balcão próximo à entrada do seu bar recebendo Ted. — Não sabia para quem ligar.

— Fez bem em ter me chamado. Onde ela está?

— A coloquei sentada na mesa dos fundos longe de todos quando ela quase apagou.

Wayne saiu de trás do balcão e foi com Ted até as mesas mais afastadas do bar. Naquela hora do dia o movimento era quase inexistente, bem diferente da noite e Wayne desejava que Ted a tirasse dali antes que isso acontecesse. Fiona não merecia ser vista daquela forma por ninguém. Ted a avistou e seu coração quase sangrou. Fez sinal para Wayne que daria conta daqui por adiante. Com todo cuidado se aproximou e percebeu que ela dormia. Na verdade estava desmaiada de tão bêbada.

— Fiona? — ele a chamou tocando em seus cabelos que escondiam sua face que estava apoiada na parede ao seu lado. Ele afastou algumas mechas e pode ver sua boca aberta em meia lua. — Vamos te tirar daqui.

Ted tentou acordá-la, totalmente em vão e mesmo se conseguisse duvidava se ela saberia o que estava lhe acontecendo. Tomou-a em seus braços sem precisar fazer muita força e pela saída dos fundos seguiu para a caminhonete dela estacionada próximo de onde estavam. Colocou com cuidado do lado do passageiro e a cabeça dela pendeu pra trás que ele ajeitou deixando de lado apoiada no acento alto da caminhonete. Buscou sua moto e a colocou na caçamba e então partiu a levando para sua casa. Poderia ter a levado para a propriedade de dona Philomena a distância seria a mesma, mas de alguma forma ele queria estar com ela quando acordasse.

Depois que ela partiu no dia anterior e fez a ligação para sua protetora arrumar-lhe um lugar em sua casa ao invés dos alojamentos e não conseguiu mais parar de pensar em Fiona e no que tiveram e quando Jennifer veio até a sua casa atendendo ao seu pedido teve certeza de que não podia mais se enganar. Era Fiona quem amava.

— Está tudo bem? — Jennifer sentou exausta na cadeira da mesa da cozinha deixando sua bolsa cair ao chão onde imediatamente Apollo correu para cheirar. — Não Apollo, sai daí. — ela puxou a bolsa para cima e acomodou sobre a mesa. — Tô morta de cansada, tem uma cerveja?

Ted desde o momento que abriu o portão para ela não disse uma palavra. Ela passou por ele lhe dando um selinho e seguiu direto para a cozinha ignorando os apelos dos cachorros por carinho e atenção. E agora vendo como ela falou com Apollo percebeu tanta diferença entre as duas. Fiona desde a primeira vez que esteve ali até o momento de sua partida jamais os ignorou e nunca lhes negou carinho.

— Aconteceu alguma coisa? E minha cerveja? — Jennifer chamou a atenção de Ted estalando seus dedos depois que percebeu que ele não se mexia apenas olhava para um ponto fixo no chão entre ela e o cão.

— Tá aqui. — Ted pegou a garrafa de cerveja na porta da geladeira e entregou para Jennifer e voltou para o seu lugar encostado na pia.

— Então? O que queria me falar? — Jennifer abriu a garrafa e deu um longo gole com seus olhos fechados. — Eu estava precisando disso! Não vai beber comigo?

— Hoje não.

— Senta aqui e me conta o que aconteceu, você tá esquisito.

— Fiona esteve aqui. — Ted cruzou os braços e a encarou.

— Ah! — Jennifer apoiou a garrafa em cima da mesa e segurou em sua bolsa. — Quando foi isso?

— Hoje pela manhã.

— O que ela queria? — Agora era a vez de Jennifer seguir com o seu semblante sério.

— Ela saiu da fazenda, não vai ficar mais lá.

— Entendo. Acho que também não ficaria. Agora o que não entendo o que ela veio fazer aqui.

— Não sabia para onde ir.

— E veio te procurar. E então?

— A mandei para dona Philomena.

Jennifer manteve seu olhar sério para ele por alguns segundos e então levantou do seu lugar indo a sua direção e o abraçou. Ted que naquele momento inicial estava ainda com seus braços cruzados desfez e permitiu que a mulher se encaixasse a ele.

— Fico tão feliz que tenha feito isso e me contado. — e Jennifer tentou lhe beijar, mas dessa vez Ted se esquivou e o abraço se desfez. — O que está acontecendo? — a voz dela sairia trêmula, sabia que tinha algo de errado em tudo aquilo.

— Isso não está dando certo. — Ted afastado dela alguns passos apontava com seu dedo indicador de um para o outro.

— Até ontem estava, mas porque ela não tinha vindo até aqui. — Jennifer tornou a fechar a cara e foi até a mesa e pegou a sua bolsa.

— Não é por isso...

— Apenas pare! — Jeniffer elevou sua voz e Zeus e Apollo levantaram do chão ficando de prontidão. — Quer saber você tem razão isso entre nós nunca daria certo, afinal, é ela que você ama, então vai lá e faça bom aproveito só que se ela te recusar de novo não venha me procurar eu não sou muleta para ficar dando apoio e depois ser descartada.

Jennifer colocou a bolsa de volta em seu ombro e fez o caminho de volta da mesma agitada e rápida de quando chegou. Os cachorros a seguiam de perto e Apollo acabou entrando em sua frente quase a derrubando.

— Cachorro idiota!

— Não desconta nele a sua raiva de mim.

— Quer saber? Nunca gostei deles. Abra essa porta quero ir embora.

Ted realizou aquele pedido áspero e bruto sentindo-se mal. Levou o lance com ela longe demais para alguém que não conseguiu desenvolver afeto. Gostava dela, mas era apenas isso, passavam horas agradáveis, o sexo era satisfatório, e só, nada mais. Sem afinidades, sem emoções. Era morno e com Fiona era exatamente o oposto, sempre foi fogo desde o dia que a viu na beira da estrada totalmente perdida no fazer lhe encarando com desconfiança e depois quando viu o seu sorriso. O seu verdadeiro e mais sincero sorriso e então algo dentro dele deu um clique e soube era ela a mulher que esperou em toda a sua vida. Quando Wayne ligou dizendo que ela precisava de ajuda largou tudo e foi e faria de tudo para tê-la de volta.

Ted abriu o portão grande de sua oficina e ao fazer isso Apollo e Zeus ficaram de prontidão observando quem chegava e ele guardou a caminhonete dentro da oficina fechando novamente o portão. Não haveria consertos em carros aquele dia.

— Façam silêncio. — Ted encarou bravo seus cães assim que Apollo ameaçou latir informando que sabia quem ali estava. — Fiona está dormindo e não queremos acordá-la.

Novamente com muito cuidado a tirou da caminhonete e em seus braços a levou até seu quarto deitando-a em sua cama. Fiona esboçou um suspiro e deixou seu corpo afundar naquele colchão em que sentiu o que era amor pela primeira vez. Ted removeu o cinto de sua calça para que ele não lhe machucasse e também tirou suas botas, pegou uma coberta em seu guarda-roupa e jogou sobre ela. Saiu do quarto deixando a porta entre aberta, ele queria ficar atento ao barulho de sua respiração.

— Fiona vai dormir por um tempo e nós vamos ficar bem quietos e espera-la acordar.

Em comum acordo Zeus e Apollo ficariam de sentinela na porta daquela quarto enquanto Ted andava da sala para a cozinha repetida vezes até que decidiu fazer uma sopa para espera-la. Sabia que ela precisaria se alimentar para recuperar suas forças e encarar a ressaca.

Ted encarava os azulejos encardidos de sua cozinha constatando que havia passado da hora de fazer uma bela de uma faxina ali quando ela apareceu. Seus cabelos estavam bagunçados, suas roupas amassadas, ela encolhia os dedos de seus pés descalços como quem escondesse suas unhas com os esmaltes descascados. Não era por isso que fazia esse gesto. Fiona estava com vergonha e com muita dor de cabeça e foi um alívio quando acordou e encontrou tudo ali na penumbra.

Antes de chegar até a cozinha sentiu-se confusa quando reconheceu o cheiro naqueles lençóis. Apertou com força contra o seu rosto o travesseiro que estava embaixo de sua cabeça e sentiu o cheiro dele. Uma mistura de sabonete misturado a um pouco de graxa e querosene. Fiona amava aquele cheiro. Inalou com seus olhos fechados e com uma de suas mãos acariciou o espaço vazio no colchão ao seu lado. O lugar dele. O lugar onde o corpo dele fica e onde ela se encontra protegida e acolhida.

— Olha quem está aqui! — Fiona colocou o travesseiro de lado quando escutou um grunhido baixo, virou o seu rosto para onde o barulho vinha e lá estava ele com sua grande cabeça apoiada na beirada da cama e com seus olhos esverdeados olhando para ela. Apollo abanou freneticamente o seu rabo quando ela lhe afagou sua orelha. — Minha lindeza! Seu menino bonito! — Fiona lhe beijou perto do focinho e seguiu lhe acarinhando. — Onde está seu pai? — Apollo a encarou e olhou para a porta entreaberta como quem lhe mostrasse o caminho. — Vamos lá ver ele?

O cachorro caramelo se afastou e Fiona deixou aquela cama que só lhe trazia boas recordações e seguiu pela luz fraca que vinha da lua cheia pela vidraça da janela da cozinha. Encontrou Zeus no caminho deitado no meio do chão da sala de estar, passou por ele dando uma coçada em sua cabeça larga e agora encostada escondendo os dedos dos seus pés observa Ted absorto em seus pensamentos.

— Obrigada.

— Está com dor? — Ted ainda com o corpo arqueado para frente com os cotovelos apoiados em seu joelho a encarou com seriedade.

— Bastante.

Ele levantou lentamente e apontou a cadeira que ela costuma sentar e seguiu para o seu armário em cima de sua geladeira velha e barulhenta. Sem precisar ficar nas pontas dos pés tirou de lá uma caixa de plástico branca que tinha uma cruz vermelha impressa. Trouxe-a até a mesa abrindo e mexendo dentro do seu conteúdo. Tirou de lá um frasco alaranjado que continha analgésicos. Passou um deles para Fiona que segurou na palma de sua mão esperando enquanto ele trazia um copo com água.

— Você precisa comer também, falei com dona Philomena e ela me disse que saiu de lá sem tomar o café da manhã e acredito que não tenha comido nada no bar do Wayne.

— Não comi. — Fiona tomou o remédio e seguiu bebendo em pequenos goles a água para que não enjoasse. Detestaria vomitar.

— Fiz uma sopa para você.

Dizendo isso Ted abriu outra porta do seu armário embutido na parede oposta à geladeira e de lá pegaria dois pratos fundos, seguiu para o fogão abrindo a tampa da única panela que ali estava. Vapor saiu e uma concha entrou. Ted colocou um caldo ralo com alguns pedaços de batata em cada prato e voltou para mesa. Deixou um na frente dela e outro no lugar em que costuma sentar para fazer suas refeições e voltou para perto da pia abrindo uma gaveta e tirando de lá duas colheres. Voltou e sentou no seu lugar e estendeu aquele utensílio para Fiona que o pegou colocando dentro do seu prato.

— Sei que tá com o estômago revirado, mas você precisa comer. — Ted apontou para o prato dela com o cabo da sua colher. — Coma devagar, sem pressa que não vai passar mal.

Ele deu o início e ela o seguiu mais em agradecimento do que em vontade. Ficaram em silêncio enquanto faziam isso e também não se olhavam, quando ele percebeu que ela havia comido boa parte do que colocou em seu prato decidiu que era o momento de quebrar aquele silêncio.

— Posso saber o que aconteceu para...

— Beber igual um gambá!

Fiona deu um sorriso de vergonha com sua cabeça baixa olhando para os pedaços de batata que saltavam sobre o liquido em seu prato.

— Podemos dizer assim.

— Como me achou lá?

— Wayne me ligou.

— Não era para ele ter feito isso com você, pode te trazer problemas com Jennifer.

— Esquece a Jennifer e ele fez exatamente o que deveria ter feito. Você estava inconsciente quando cheguei quase te levei para o hospital ao invés daqui. Garota você bebeu pra valer.

— No meu lugar teria feito o mesmo. A proposito isso está gostoso. — Fiona apontou para seu prato.

— Quer falar sobre isso?

Fiona deu de ombros e empurrou seu prato vazio para frente. Queria fumar, mas sabia que se fizesse isso devolveria toda a sopa que havia tomado.

— Tive uma conversa reveladora com dona Philomena hoje cedo, ela não te contou?

— Não, apenas disse que você tinha saído de lá muito cedo e que não tinha tomado café da manhã. Ficou aliviada quando disse que estava aqui comigo.

— Quem não vai ficar é a Jennifer.

— Já disse para esquecer a Jennifer.

— Não dá Ted ela é sua namorada e não vai gostar nada de saber que sua ex tá dormindo aqui. Bom eu não gostaria. — Fiona levantou.

— Onde pensa que vai?

— Embora.

— Não vai a lugar nenhum. Senta aí! — Ted apontava com seu dedo, melhor dizer com todo o seu braço para o lugar que ela havia abandonado.

— Ted eu já te trouxe problemas demais, não quero mais esse na minha conta.

— Ok!. Senta, por favor! — Ted usou um tom mais ameno, mas mesmo assim Fiona permaneceu de pé. — Ajudaria dizer que eu e ela não estamos mais juntos?

Ao escutar aquilo Fiona imediatamente voltou a sentar e trazia um ponto de interrogação em seu olhar.

— É não deu muito certo para nós.

— Sinto muito Ted. Mesmo.

— Tudo bem. E não é sobre isso que quero conversar e sim sobre porque ficou naquele estado. Não suporto te ver assim Fiona.

— Ai Ted, eu só queria que tudo acabasse.

— Nunca mais diga isso! — novamente a voz dele se alterou.

— Eu nem sei mais quem eu sou, se é que um dia eu soube.

— Você é Fiona.

— O que ela é?

— Primeiro que é a mulher por quem eu me apaixonei e a única que quis me casar. Segundo é uma mulher forte, que se preocupa com todos a sua volta. Terceiro é gentil, carinhosa, educada, prestativa, linda, excelente amazonas, uma profissional dedicada. Incrível.

Ele disse tudo àquilo para ela sem piscar. Sem hesitar. As palavras saíram da sua boca com firmeza que só a certeza era capaz de proporcionar e Fiona não conseguiu suportar e começou a chorar.

— Não chora! — Ted levantou e se agachou em sua frente disputando espaço com Apollo que no momento que sua humana favorita começou a chorar colocou sua cabeça em seu colo. — Não era para você chorar.

— Você me vê de uma forma que eu não consigo. O que eu vejo é uma mulher que fez de tudo para ter afeto de um homem que sequer era o seu pai e por conta disso buscou de forma desesperada que esse vazio fosse preenchido e encontrou só traição e abandono e quando finalmente achou o que buscava... — Fiona colocou sua mão no peito de Ted. — não soube o que fazer. Simplesmente fugiu.

— Não precisa mais fugir.

— Estou tão quebrada Ted. Você viu o que restou de mim na mesa daquele bar.

— Vi alguém que precisava de ajuda e eu estou aqui para ajudar. Como acha que voltei da guerra?

— Nunca falamos sobre isso.

— Está aí. Eu simplesmente não falo porque se recordar eu vou ficar pior do que você hoje na mesa daquele bar. E pior levo pessoas comigo. Machuco. Brigas.

— Eu imagino.

— Só quem esteve naquele inferno consegue imaginar. — Ted retornou para o seu lugar e tornou a encarar os azulejos.

— Não precisamos falar sobre isso.

— Talvez aos poucos eu consiga falar sobre o que vi e fiz lá. O que sei é que antes de você os fantasmas de algumas almas que tirei vinham me visitar todas as noites nos meus pesadelos, aí sumiram. Você me trouxe paz. — ele a encarava com os olhos marejados.

— Fico tão feliz em saber disso. Você também me trazia paz.

— Quero que me deixe trazer de novo e para isso você precisa confiar em mim.

Fiona fechou os olhos. Estavam tão marejados quanto os dele e não desejava voltar a chorar. Passava sua mão sobre a cabeça de Apollo que não saiu dali e ficaria até que sentisse que ela não precisava mais de consolo.

— Robert não era meu pai. Randy Boone é.

— Como soube?

— Depois do testamento ficou muito claro que o meu pa... Robert dizia era de fato verdade. Perguntei para Joe, afinal ele conhecia minha mãe, viveu com eles lá na fazenda. Não confirmou nada. Ainda não entendo o motivo.

— Talvez porque ele não queria te magoar.

— Ele fez pior.

— O que ele fez?

— Não quero falar sobre isso agora.

— Tudo bem, conte o que puder. Mas tira esse peso do seu peito não deixa aí.

— Hoje pela manhã resolvi arriscar com dona Philomena. Ontem quando cheguei ela parecia que sabia que eu precisava de respostas.

— Ela é astuta.

— Foi professa deles. Minha mãe, Robert e Randy.

— Interessante.

— Pois é. Então eu perguntei e ela sem rodeios me respondeu. A única que me tratou com respeito nessa história. Afinal é a minha história.

— Foi para onde depois que saiu de lá?

— Fui para fazenda do Randy. Estava furiosa. Ele sabia que era meu pai e me deixou lá. — Fiona jogou um dos seus braços para trás como indicando a direção da fazenda onde cresceu. — Com ele.

— Quanta merda.

— É bem isso! Quanta merda! Ele quer que eu fique lá. Quer me conhecer. Agora ele quer ser meu pai. — Fiona disse com desdém, ainda sentia muita raiva em seu peito.

— Deve ter algum motivo para ele ter feito isso.

— Ele disse que foi minha mãe quem pediu.

— Fiona eu sei que nesse momento você está devastada e com toda razão, não é o momento, mas espere tudo isso se aquietar e volte a falar com ele. Randy é uma boa pessoa totalmente diferente do homem que te criou.

— Eu não sei ainda Ted o que vou fazer com a minha vida. Estou cansada e perdida.

— Eu sei. Eu realmente sei.

Se algo que Ted sabia era como Fiona estava se sentindo. Eram histórias diferentes, traumas diferentes, mas que geravam o mesmo resultado em suas almas. Ele seguiu:

— Fiona nós tivemos passados traumáticos, muita tristeza, muita dor, mas nós podemos ter um futuro diferente. Sei que te disse coisas doloridas e que talvez não mereça, mas eu não posso negar mais o amor que ainda sinto por você, não vou mais fazer isso. E novamente vou te perguntar se...

— Aceito.

Fiona disse aquela palavra sem hesitar. Os olhos deles atentos, pequenos e brilhantes por conta das lagrimas que ele continha deixavam para ela muito claro que ele a amava e nunca havia deixado de amar. E ela sentia em seu peito que mesmo perdida sobre suas origens ela sabia que o coração dela pertencia a ele. Unicamente a ele então não fazia mais sentido negar ou se distanciar. Não havia mais empecilhos. Robert estava morto. Jennifer não era mais sua namorada. Podia enfim ser um do outro.

— Aceita? — uma lágrima escorreu dos olhos de Ted.

— Aceito! Me desculpa eu deveria ter aceitado daquela vez, mas ele... — Fiona suspirou profundamente tentando não chorar. — Ele ainda precisava de mim e apesar de todo mal que ele me fez em vida eu jamais me perdoaria se tivesse o abandonado. Não espero que entenda isso Ted, espero apenas que me perdoe.

— Não tenho nada que perdoar Fiona. Eu amo tanto você!

Ted foi até ela. Apollo já havia se afastado, entendia que ela já não precisava mais dele e sim do seu dono que tornou a se ajoelhar na frente dela segurando em suas mãos.

— Pode repetir isso?

Ted sorriu. Fiona também sorriu. O sorriso lindo que ele tanto amava.

— Eu te amo Fiona. Amo. Amo. Amo. — ele repetia aquelas palavras afirmando com sua cabeça segurando com as suas duas mãos largas e cheias de calos no rosto delicado de Fiona.

— Eu te amo Ted! Agora eu sei que tudo estará bem.

Ela o puxou para perto segurando com forças naqueles braços que lhe chamaram a atenção naquele dia na estrada após a tempestade. No dia que ele a salvou. No dia em que tudo começaria a ficar bem. Os lábios dele tomaram o dela e finalmente ela se deixou ser amada.

Fim. 

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