7
Houve um silêncio ensurdecedor naquela sala de jantar após Harry MacCallister dizer com todas as letras que Joe McCarthy a partir daquele momento era o proprietário da fazenda de gado de Green River.
O queixo de Kristen praticamente caiu. Adam e Ben se entre olhavam como se pedissem para que um explicasse para o outro o que acabaram de ouvir. Harry sentia que seu estômago ia explodir e deseja desesperadamente por um antiácido. Joe encarava a nuca firme e rígida de Fiona com seus olhos estreitos enquanto ela apenas olhava para frente em direção a Harry, mas não o enxergava mais e Reese sorria com satisfação.
— Isso só pode estar errado. — Kristen foi a primeira a quebra aquele silêncio incômodo e estendeu seu corpo sobre a mesa retirando das mãos de Harry o papel que ele segurava todo trêmulo. — Não é possível! — ela disse assim que constatou que o que o advogado disse era verídico.
— É possível sim. — Fiona focou seu olhar em Harry que deixava expresso em sua feição que sentia muito. Ela levantou-se e encarou Joe que estava em pé logo atrás de si. — Fico feliz que tenha sido você que ele escolheu para ficar com a fazenda de Green River.
Ela pousou gentilmente a mão sobre seu ombro e começou a ir em direção a entrada principal quando Harry a fez parar momentaneamente.
— Fiona ele te deixou a caminhonete.
Sem que os outros presentes vissem ela sorriu com desdém e saiu porta a fora. E então não havia mais silêncio naquela sala. Kristen, Adam e Ben falavam praticamente juntos sobre o absurdo daquele testamento. Joe pegou o papel que Kristen abandonou sobre a mesa, nele continham belas palavras ao seu respeito e também sobre as suas outras filhas e para Fiona apenas aquela linha.
"Para Fiona Calloway deixo minha caminhonete Ford F-100 modelo 1985."
Não havia menção a palavra filha como fizera com as outras, apenas um nome jogado, como se não significasse muita coisa. Havia tanto afeto nas menções dos outros e absolutamente nada por esse.
— Isso definitivamente não está certo. — Kristen insistia nessa tecla quebrada. — Desculpa, Joe sei que papai tinha muito apresso por você, mas Fiona é filha dele. Ele só podia estar fora de si. Isso pode ser anulado? — Kristen encarou Harry.
— Receio que não, quando ele realizou o testamento estava em plenas faculdades mentais, como eu e as testemunhas aferimos.
— Mas Joe pode não aceitar, não é?
— Não é bem assim. — Harry começava a recolher seus papéis, caneta e guardar dentro de sua pasta de advogado que tinha gravado o seu nome. — Ele pode doar a ela, mas a propriedade após a morte de Robert já passou a ser dele.
— Você vai fazer isso, não é? — Kristen encarou Joe com desespero.
— Só se ele fosse um completo idiota. — Reese passou pela a irmã e parou diante de Joe. Pela sua pequena estatura contra os um metro e oitenta e cinco de Joe ela parecia uma criança diante dele. — Meus parabéns! — ela lhe estendeu a mão e ele mecanicamente retribuiu o gesto e aquilo a agradou ainda mais.
Do lado de fora Fiona acendeu um cigarro e encarrou aquele vasto território com o seu gramado ainda verde. Raio pastava tranquilamente mais adiante. Os peões seguiam em seus afazeres. Tudo seguia como sempre fora, nada estava fora da ordem e era assim que devia ser independente de quem fosse o dono daquele lugar. Ela seguiu até a cerca recém pintada de branco até onde Raio estava. Assoviou para ele que imediatamente respondeu o seu comando e veio para perto da cerca recebendo afagos em suas orelhas.
— Nem você ele deixou pra mim. Nem você. — ela lhe beijou o focinho.
— Patroa! — Bruno se aproximou correndo. — Precisamos que venha até o celeiro... Está tudo bem?
— Meu querido Bruno tenho uma notícia para lhe dar.
— Não me despeça!
Sempre que alguém lhe falava que tinha notícias para lhe dar Bruno pensavam em ser sobre a morte de alguém ou que seria demitido, como seu Robert já havia falecido só faltava à segunda opção.
— Não posso fazer isso, não mais.
— O que aconteceu?
— Fizemos a leitura do testamento do meu pai e ele deixou essa fazenda para Joe. Ele agora é o seu patrão então recomendo que se esforce porque ele é muito mais exigente do que eu e meu pai juntos, se bem lembro quando ele estava aqui no seu papel tudo aqui andava em perfeita ordem.
— Patroa...
— Fiona, sou apenas Fiona.
— Não estou conseguindo entender.
— Bruno, meu pai me deixou de herança apenas a caminhonete, eu não sou dona e tão pouco sua patroa. Ele deixou esta fazenda para Joe McCallister então de agora em diante qualquer problema que tiver é com ele que deverá resolver.
Da mesma forma que ela fizera com Joe antes de deixar a casa do seu pai, passou sua mão no ombro de Bruno e seguiu em direção à sua única propriedade a caminhonete Ford F-100 modelo 1985 que Ted havia deixado como nova e partiu.
— Bruno viu Fiona?
Joe encontrou com Bruno próximo a cerca em que Raio pastava tranquilo do outro lado. O rapaz não conseguiu se mexer após a notícia que Fiona havia lhe dado.
— Ela disse que a fazenda agora é sua. Isso é verdade?
— Receio que sim. — Joe o encarou com seriedade e o rapaz lhe olhava ainda confuso.
— Porque seu Robert fez isso?
— A única pessoa que poderia te dar essa resposta está enterrado colina acima. Agora me diga onde está Fiona.
— Ela saiu com a caminhonete.
— Disse para onde ia?
— Ela nunca faz isso patrão. Devo chama-lo assim de agora em diante?
Joe não respondeu fez meia volta e seguiu para o seu caminhão e como Fiona fizera também partiu. Horas se passaram. Joe rodou por toda Green River e nenhum sinal de Fiona e aquilo lhe preocupava, quando retornou para fazenda Reese e sua família já haviam partido, apenas Kristen permanecia ali aflita sem notícias de Fiona.
— Encontrou ela?
Kristen correu até o caminhão assim que Joe estacionou.
— Rodei por todos os lados e nada dela, talvez tenha deixado a cidade.
— Foi até a periferia?
— Passei por lá.
— Nada da caminhonete dela?
— Não. Há alguma razão para ela estar por lá?
— Então... — Kristen passou as mãos pelos seus cabelos loiros totalmente em desalinho e isso não era nada comum para ela sempre tão impecável. — Deveria, mas Ted já está em outra...
— Ted?
— Um mecânico com quem ela estava saindo.
— Me dá o endereço dele que vou até lá.
— Não adianta. Terminaram. Ele está saindo com Jennifer, ela esteve aqui no velório não vi ele.
— Ela continua não te atendendo no celular.
— Nada. Já não sei mais o que faço.
— Nos resta esperar. — Joe disse enfiando a mão no bolso traseiro de sua calça jeans sacando seu maço de cigarros. Levou um a boca e acendeu.
— Por favor, me dê um.
Joe estendeu o maço para Kristen e acendeu quando ela o levou até a boca.
— Ben vai me matar se me ver fumando, mas tô preocupada demais.
— Reese?
— Já foi. Adam queria ficar, mas ela praticamente pediu o divórcio caso ele quisesse ficar.
— Esse pelo jeito faz tudo que ela quer.
— Cada casal tem sua vida Joe.
Kristen não gostou daquela observação, afinal, não fazia muito diferente de Reese em relação a Ben, a diferença estava que o amava diferente de sua irmã que ainda vivia com Adam apenas por aparências, há muitos anos a garota do meio de Robert já tinha deixado de amar seu marido se é que um dia o amou de verdade.
Cada um terminou seu cigarro em silêncio e Kristen retornou para dentro do casarão enquanto Joe ficaria de tocaia na varanda esperando qualquer sinal da caminhonete de Fiona despontando pela estrada e já era madrugada quando isso aconteceu.
— Por onde andou? Porque não atendeu o telefone? — Joe chegaria correndo ao lado da caminhonete que Fiona terminava de estacionar próximo ao celeiro.
— Calma! — Fiona cambaleante desceu aos tropeços sendo amparada por Joe.
— Está bêbada? Não devia ter vindo dirigindo dessa forma.
— Eu não devia nem ter nascido e aqui estou.
— Vamos parando com isso.
Fiona se soltou de Joe e seguiu em direção até o seu chalé. Ele ia logo atrás a observando trançando as pernas e por muitas vezes achou que teria de lhe tirar do chão.
— Se me permitir gostaria de dormir por algumas horas.
Joe a deixou e voltou para seu caminhão também precisava de uma noite de sono o dia seguinte exigiria muito de todos.
Kristen quando acordou na manhã seguinte foi surpreendida com um café da manhã farto que só sua irmã Fiona sabia fazer e ela estava ali com a barriga inexistente grudada no fogão fazendo os famosos ovos mexidos que ela aprendera fazer ainda criança com Joe.
— Quase nos matou de preocupação ontem. — Kristen parou ao seu lado e lhe abraçou e naquele ato tentou lembrar em sua mente quando foi à última vez que tinha feito aquilo.
— Eu precisava tomar um pouco de ar. — Fiona não retribuiu o abraço, apenas permitia que a irmã o fizesse. Ela ainda não sabia processar suas emoções desde que ficou sabendo o que já lhe era óbvio que seu pai nunca a amou e que a menosprezava para não dizer odiava.
— Claro! Mas podia ter retornado minhas ligações.
— Bom estou bem.
— Está mesmo Fiona?
Kristen se afastou alguns passou e encarou Fiona lhe observando de cima a abaixo e então pode ver olheiras profundas em volta de seus olhos.
— Eu sinto muito pelo que ele fez.
— Sabe Kristen... — agora seria a vez de Fiona a encarar. — Não sinta. Não há motivos para isso. A propriedade era dele e ele tinha o direito de deixar para quem desejasse.
— Mas é errado! Você é filha dele.
— Já começo a ter dúvidas sobre isso. Ele nesses últimos anos vivia me dizendo para não lhe chamar de pai porque eu não era filha dele. Acho que tivemos a prova de que ele estava certo.
— Isso é um absurdo! Então você é filha de quem? Do vento? É como ele dizer que mamãe teve um caso e isso seria o mais completo absurdo.
— Será mesmo?
— Eles se amavam! Lógico que é!
— O que nós sabemos deles? Apenas aquilo que ele nos contou. Eu nunca a conheci e você e Reese eram tão pequenas para poder se lembrar de como ela ou eles eram quando estavam juntos. Tudo que ele nos contou pode ter sido invenção de uma mente perturbada e ressentida que criou a fantasia de um amor perfeito que pode não ter existido.
Kristen a encarava incrédula de tudo que havia ouvido. Era para ela naquele momento impossível acreditar que seus pais não tinham um casamento perfeito e repleto de amor. As histórias que seu pai havia lhe contado por toda a sua vida não podiam passar apenas de delírios e invenções de um homem amargurado que fantasiava sobre o amor que havia perdido. A filha mais velha estava errada, porém Fiona também não estava totalmente certa. Robert e Cora viveram um grande amor, mas não por todo tempo. Robert não soube dosar seus anseios, desejos e vontades e com isso perdia Cora para sua ira e ela buscou alento em outros braços e o encontrou, apenas não teve força para lutar por esse novo amor já que ele significava ter de abandonar suas duas filhas aos cuidados de um homem que se enchia de raiva. Ela temia que o ódio o tomasse este fosse destinado a aquelas pequenas criaturas. Por elas voltou sem saber que outro ser crescia em seu frente e quando soube já era tarde demais. Robert no começo acreditou que era seu, apenas soube que não podia ser o pai daquela criança quando o dia do parto chegou com dois meses de antecedência e um lindo bebê de quase três quilos e quarenta e oito centímetros chorava sobre o peito de sua esposa.
Cora quase sem forças ainda pode ver seu bebê. Beijá-lo e dizer que amava pouco antes da hemorragia se tornar incontrolável pela parteira que com a demora em acionarem o médico culminou em seu falecimento uma hora depois de Fiona nascer. Robert encarou a criança em seu berço ainda no mesmo quarto em que o corpo de sua infiel esposa jazia. Rejeitá-la como uma Calloway naquele momento seria deixar claro a todos em Green River que fora traído por Cora e isso o ego de Robert jamais permitiria. Fiona nasceu antes hora de um parto complicado que levou Cora. Essa a história oficial que fora contada, mas havia as histórias que eram contadas em segredos e aos sussurros sobre os dias em que Cora havia passado na fazenda de Randy Boone seu antigo colega de escola e amigo de infância e que talvez aquela criança fosse grande demais para ter nascido fora de hora, a única coisa que concordavam é que ela devia ter ido ao hospital ter sua terceira filha e isso não aconteceu e que ocasionou a sua morte.
Naquela tarde Kristen se despediu de Fiona e uma certeza nasceu em seu peito que talvez fosse a última que veria sua irmã caçula e aquilo foi o responsável por todo o seu silêncio e tristeza de volta para seu lar. Não tinha perdido apenas seu pai, sentia que tinha perdido todos os Calloway naquele feriado de quatro de julho.
O momento que Fiona adiou chegou com a partida de sua irmã mais velha. Chegou a hora de encarar a conversa que Joe a rodeou desde que acordou naquela manhã tão exausto quanto ela.
— Sente Fiona precisamos conversar.
Joe havia preparado seus famosos steaks com purê de batatas, um dos pratos que Fiona mais gostava quando viviam juntos. Ela o ajudava a descascar as batatas e a lavar os outros vegetais frescos que ele preparava no vapor enquanto as batatas cozinhavam.
— Isso está cheiroso. — Fiona sabia o motivo daquilo tudo e não era para relembrarem do passado e como já podia mais fugir sentou no seu lugar costumeiro e fez seu prato. — Ninguém faz esse purê como você.
— Não é sobre o purê que vamos conversar.
— Eu sei que não é, mas você podia esperar eu comer.
— Para você arrumar uma desculpa e fugir como fez o dia todo?
— Queria me despedir dos meus sobrinhos, estou errada?
— Tudo bem Fiona, vamos acreditar que foi isso mesmo, mas agora todos foram embora e restamos apenas nós dois.
— Sabe nunca devia ter deixado de ser isso apenas nós dois. Posso te fazer uma pergunta?
— Claro.
— Porque não me levou com você sabendo que ele me odiava?
Joe tinha resposta para aquilo, mas jamais poderia lhe contar a verdade.
— Eu não tinha como saber o que ele faria.
— Se soubesse teria me levado? Eu acredito não. O que você ia fazer com uma adolescente grudada em seu pescoço? Sei que fui um atraso na vida de todos aqui. Ela devia ter me abortado isso faria todo o sentido.
Joe socou a mesa no mesmo instante que ouviu o que ela disse. Fiona estava acostumadas com atitudes desse tipo, Robert agia assim quase todos os dias com ela e por conta disso nem se moveu continuou comendo.
— Nunca mais em toda a sua vida diga um absurdo desse! Cora estava tão feliz quando gravida de você...
— Você sabe quem é meu pai?
— Como assim eu sei quem é o seu pai?
— Vamos parar com a mentira. Depois desse testamento ficou muito claro que o que ele me dizia era verdade.
— O que ele te dizia?
— Que não era meu pai.
— Sobre essa questão eu não posso te falar nada se Robert era ou não seu pai.
— Ela tinha outro homem então?
— Ela saiu por um tempo daqui sim Fiona, mas não posso confirmar onde ela esteve.
— Por que ela saiu daqui?
Joe largou de vez seu prato o empurrando para frente, suspirou e pegou no seu bolso traseiro seu maço de cigarro e acendeu um. Não imaginou que a conversa que teria com ela o levaria tão afundo para o seu passado e um do qual ele não gostava de visitar.
— Robert sentia muito ciúmes de Cora e por muitas vezes passou dos limites com ela.
— Ele batia nela?
— Infelizmente houve vezes que isso aconteceu.
— Me dê um. — Fiona estendeu sua mão para que ele lhe entregasse o maço de cigarros, ela também precisava de um alívio.
— Você é tão igual a ela. — ao dizer isso os olhos de Joe se encheram de lágrimas. — Exceto pela cor dos seus cabelos, mas de resto é exatamente como estar olhando para Cora apenas alguns anos mais velha.
— Ela morreu tão jovem.
— Muito.
— Acho que precisamos de uma bebida.
Fiona levantou do seu lugar na mesa da cozinha e seguiu pela casa adentro, passando pela sala de jantar novamente arrumada como sempre era. Nada em cima da mesa de jantar que vinha com seu tampo lustrado. Passou pela sala de estar e dessa vez não escutou o barulho da televisão e tão pouco viu uma silhueta jogada de qualquer jeito na poltrona. Estava no mais completo silêncio e breu. Ela continuou e chegou ao seu destino o escritório de seu pai o único lugar da casa que não lhe era perdida tão fácil à entrada. Fiona não podia limpar sem que ele estivesse na sua presença e por disso ali estava um verdadeiro caos de papeis sobre a mesa, eram as contas que chegavam sem cessar e que de agora em diante alguém teria de lidar com isso. Nesse momento ela ignorou suas presenças e foi até o armário que ficava as costas de Robert sempre que ali ele sentava e de lá pegou a velha garrafa de Bourbon.
— Hoje vamos beber com classe.
Fiona colocou com força a garrafa na frente de Joe e seguiu pegando dois copos limpos no armário da cozinha, estendeu um para Joe e o serviu, fez o mesmo com o seu e tornou a sentar em seu lugar. Ela daria um longo e demorado gole deixando transparecer uma careta no final quando o liquido desceu por sua garganta. Joe fez o mesmo, mas sem a careta e foi à vez dele de encher aqueles copos.
— Sabe que nossa conversa não terminou. — Joe encarava o líquido âmbar em seu copo e atrás dele Fiona.
— Sabe Joe apesar de minhas irmãs acharem tudo isso um completo absurdo eu não acho. Eu vivi com eles nesses últimos vinte anos e sei que ele não gostava de mim e se houvesse essa possibilidade não me espanto que ele tenha feito. Precisamos encarar os fatos.
— É um absurdo e o certo a fazer é te devolver.
— Você não vai fazer isso. Eu não quero. Mas quero te pedir uma coisa.
Joe balançava a cabeça em discordância e Fiona terminava de virar o seu segundo copo.
— Você pode pedir tudo que quiser.
— Raio.
— Ele sempre foi seu para reivindicá-lo. Raio eu o encontrei e resgatei ele nunca foi de Robert, era meu e quando eu te dei ele já passou a ser seu.
— Obrigada Joe.
— Agora sou eu que tenho que te pedir uma coisa.
— Diga.
— Fique. Essa fazenda não tem vida sem você.
— Você vai ficar?
— Vou.
— Então eu também fico.
Selaram aquele acordo com mais uma dose do Bourbon que Robert deixava escondido para ocasiões especiais.
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