Capítulo 27
Eu estava em uma guerra interna intensa nesse momento: Ir ou não ir?
Não tem o porquê eu ir, mas eu quero ir e isso parece ser um motivo suficiente.
Não sou amiga dele, ou qualquer outra coisa além de uma colega com privilégios, muitos privilégios.
Cruzo os braços enquanto eu olho para as peças de roupas que separei caso eu fosse.
Eu tenho medo de ir e não ser recebida bem por ele, acho que aniversário é uma coisa muito íntima e eu não quero ser a intrusa.
Mas é melhor se arrepender de ter feito, do que de nunca ter feito, não é?
Bato na porta uma única vez, o irmão do Philipe abre a porta rápido, me puxando para dentro na mesma velocidade.
— Oiii. - A moça da loja de conveniência sai como um bolo enorme nos braços.
— Oi. - Sorrio sem saber como reagir. — o Ed me convidou.
Olho para o garoto que foi ajudá-la a por o bolo na mesa.
— Aaah que isso, é sempre um honra ver que as orações que eu faço pelos meus garotos dão certo, primeiro a Jade, agora você. - Ela da pulinhos de alegrias, eu automaticamente junto as sobrancelhas. — Philipe está lá em casa arrumando uma torneira que eu mesma quebrei.
A senhora diz nitidamente orgulhosa de si mesma, solto o ar que eu prendia e penso mentalmente que está tudo bem.
Eu não preciso fingir.
— Acho que a senhora fez um bom trabalho. - Sorrio olhando em volta. Era tudo simples, totalmente ao contrário do que sou acostumada.
— acho que não tem nem concerto. -Ela confessa rindo. — Meti a marreta lá.
Puta merda.
Me viro, fingindo que estou analisando todo o resto, quando na verdade não quero que vejam meus olhos lacrimejarem, e não é por inveja por ele ser cercado de amor e eu não.
Mas percebi que do pouco que ele se abriu pra mim, me fez reconhecer que ele é merecedor de tudo isso. E ver alguém se empenhando tanto para fazer outro feliz no pouco, é quase novo pra mim.
Seco a lágrima fujona, ela era totalmente de felicidade.
— Eu posso ajudar em algo? - Pergunto aos dois.
— Tem umas letras no barbante em cima da cama do Philipe, pega lá.
Sorrio animada, feliz por fazer parte disso. Entrei no quarto e não estava diferente da última vez.
Mordo os lábios, enquanto me sento na cama, sentindo todos os tipos de borboletas chatas no estômagos e todos os sintomas que muita merda vai acontecer.
Eu sei o final, sei que não vai ser bom. Nos livros sempre da merda. Ele é o meu escape e eu com certeza não deveria sentir todas essas coisas dentro de mim.
Pego o barbante com as letras, que formavam um "PARABÉNS, OTÁRIO". Sorrio, achando a coisa mais fofa do universo.
Saio do quarto, encontrando o Ed em cima de uma cadeira ao lado da porta, ele depois olha pra mim e eu consigo ver como se uma lâmpada se acendesse na cabeça dele.
— Perfeito. - Ed exclama, correndo na minha direção. — Eu que fiz, gostou?
Ele aponta para o barbante.
— Achei criativo. - Respondo sincera.
Ele pega o barbante da minha mão e dá para a mãe do Noah, que olha tudo atentadamente.
Ed volta pra mim, me puxando pela mão até o meio da sala.
— O que eu faço agora? - Pergunto sem entender.
— Fica aí até ele chegar. - Ed diz, correndo animado para a cozinha. Olho para a senhora atrás de mim, que sorria de orelha a orelha, enquanto colocava o barbante na parede.
Ed volta correndo, com um pratinho cheio de chantilly, com um sorriso travesso nos lábios.
— Entendiiiii. -Exclamo, mais animada ainda. — Eu vou ser a isca.
—Sim, espero que ele não demore. - Ed diz, lambendo um pouco do chantilly do prato. — De noite a gente vai comer pizza, você vai ficar?
Ele me olha com o típico olhar pidão,eu não faço a menor ideia do que responder. Sorrio e respondo:
— Vou dar o meu melhor pra isso acontecer. - eu nem sequer gosto de pizza, Ed sorri também e vai espiar pela janela.
Foi assim nos últimos 10 minutos, Ed falou que O Philipe disse que ele não cairia mais nisso e que era uma tradição.
Obviamente eu fiquei ao lado do Ed, quem o Philipe acha que é para quebrar uma tradição dessa?
— ELE SAIU. -Ed literalmente grita, me deixando mais nervosa e ansiosa que ele, será que eu devo fazer alguma pose? Aí meu Deus.
Respiro fundo.
— Ele tá atravessando a rua, porquê ele tá todo molhado ? - Não da nem tempo de raciocinar direito, quando a porta é aberta.
Meu coração quase pula pra fora quando os olhos claros deles me acham, franzo as sobrancelhas quando percebo que ele literalmente está pingando.
Ele pareceu não entender o que estava acontecendo ainda e quando ia olhar para o lado, o Ed ataca, sujando o rosto e cabelo do Philipe por completo.
Coloco a mão no peito, aliviada por ter dado certo. Ed e a mãe do Noah choram de tanto rir.
Philipe passou a mão no rosto pra se limpar e olha tudo em volta, sem relação alguma.
Nem fui eu que planejou, mas estou nervosa com a hipótese dele não gostar.
— Feliz aniversário?! - murmuro, esperando alguma reação dele.
— Então eu passei quase 2 horas do meu dia, tentando concertar uma pia que estava totalmente esmagada? Levei um banho que eu não queria ter levado e estou com chantilly no meu cabelo todo pra isso?
Philipe diz completamente sério, fazendo todos na sala ficarem em silêncio, todos apreensivos.
— E eu não vou ganhar nem um abraço? - Philipe completa, abrindo os braços com respingos de chantilly misturado com água, estava um completo nojo.
Todos se olham, Ed foi o primeiro a abraçar o irmão, depois a mãe do Noah. Eu fico parada observando eles, levemente constrangida.
Philipe olha pra mim, fazendo uma careta de bebê pidão.
Corro animada até eles, todos envolvendo Philipe em um abraço totalmente nojento.
Meu rosto ficou praticamente colocado no dele, Philipe teve o prazer de me olhar, sorri de maneira travessa igual o irmão a minutos atrás, antes de simplesmente esfregar o cabelo todo sujo na minha cara.
— Philipe...- Repreendo ele, me afastando do abraço. — Eu nem tive culpa de nada.
Olho pra eles rindo de mim, mas não me dou o trabalho de limpar.
— Não seria mais justo eles se sujarem também ? - Lanço um sorriso endiabrado pra ele, que entende na hora.
— Eu acho que seria uma boa ideia.

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