Capítulo 16
–Chegou cedo ontem. - meu pai murmura enquanto levava a xícara de café até a boca.
—Fui apenas pra Victoria não ficar magoada. -Dou de ombros, fingindo o máximo que posso para parecer verdade.
Mas a verdade é que eu fui pelo Philipe. por mais que seja uma merda admitir isso, Quando ouvi sobre a Victoria querer ele, eu fiquei com ciúmes e inveja também, porque ela é incrível.
E eu, só sou eu.
—Encontrou o Adam?
—Encontrei. -Respondo rápido. –Preciso terminar alguns trabalhos.
Deixo o café de lado e me levanto.
—Tudo bem, sua mãe ligou alguma vez? -Ele puxa assunto e isso me deixa um tanto surpresa, nossas conversas pela manhã geralmente são tão vagas e ele nem sequer olhava pra mim, já que estava sempre atrasado.
—Não. - Respondo-o da maneira seca, não querendo aprofundar a conversa.
Infelizmente minha mente estava concentrada em apenas uma coisa assustadora atraente.
—Você está bem?
Franzo as sobrancelhas, sem entender o porquê das perguntas.
—Claro e o senhor?
Pergunto já sabendo a típica resposta dele.
—Estou bem. Você sabe que pode contar comigo pra tudo, não é filha? - Papai fala sério demais para eu acreditar que estava tudo bem.
—Claro, pai. -Volto a me sentar. —Aconteceu algo?
—Não. -Ele se levanta rápido, indo até mim, deixando um beijo na minha testa antes de acenar com a cabeça e sair.
O sigo com o olhar sabendo que isso é mentira, mas de qualquer jeito, talvez eu nunca vá saber o porquê dele estar assim.
Era sempre assim, algo de ruim acontecia e ele ficava mais atencioso, mas nunca o suficiente para se abrir pra mim.
Então essa é a parte que eu finjo que nada está acontecendo. Suspiro enquanto me levanto da cadeira, cheia de incerteza com as coisas que se passam dentro de mim.
Meu pai iria amar que eu aceitasse o Adam de volta, seria mais seguro, sem julgamentos e talvez seríamos felizes.
Mas não consigo olhar pra ele e não lembrar do que eu senti na época.
E então mais uma vez Philipe invade meus pensamentos. Provavelmente eu não sinta nada do que um dia já senti pelo Adam.
Mas Philipe me faz sentir segura, sem medos. Eu não preciso fingir nada com ele, porque ele parece não fingir também.
Eu poderia ser como qualquer outra pessoa da minha idade, segura o bastante para fazer o que quero.
E eu raramente sei o que eu quero, mas no momento, tudo o que eu quero, é um pouco do que tivemos naquele banheiro.
Porque foi libertador. Talvez seja por isso que eu goste de ficar ao lado dele, mesmo sabendo que não é certo:
eu me sinto livre.
Paro no primeiro degrau da escada, ainda incerta do que eu deveria fazer, mas mesmo assim, escutei o lado que dizia que eu deveria, pela primeira vez, fazer algo por mim.
Meu coração batia totalmente desgovernado no meu peito, mas me mantive firme em caminhar para dentro da oficina.
Entretanto tudo que encontro é um cara desconhecido. Eu com certeza nunca o tinha visto aqui.
—Boa tarde? -O chamo, sentindo toda minha coragem ir embora. Ele olha para trás de maneira distraída.
—Posso ajudar a madame em algo? -Ele passa uma toalha na pele negra do seu rosto que brilhava pelo suor e me analisa.
—Eu queria saber se o Philipe está. -Dou um sorriso nervoso, me achando patética por está aqui.
—Não, ele saiu com o irmão hoje cedo, mas jaja chega. -O garoto suspira, parecia ter uns 17 anos. —Se quiser pode esperar ele ali.
Olho para o sofázinho que ele apontoou.
—Obrigada. -Caminho até o sofá, contrariando a minha vontade de sair daqui e fingir que nada aconteceu. —Você trabalha há muito tempo aqui?
Pergunto ao me sentar.
—Não. -Ele volta a atenção para o carro que mexia antes de eu interrompê-lo. —Faz menos de um mês, é meu primeiro emprego.
Ele não olha pra mim, mas posso ver que se formou um sorriso.
—E é legal? -pergunto cada vez mais curiosa, não só sobre o garoto, mas tudo que talvez envolva Philipe.
Eu definitivamente quero saber no que vou me meter.
—Pra mim é, as pessoas sempre falavam que trabalhar é um saco, mas aqui não. Me divirto mais aqui do que em qualquer outro lugar. -O rapaz volta a atenção pra mim.
— Por...-E antes mesmo de eu completar, sou cortada:
—Você é ruim, não a bola que estava quebrada. -O garotinho loiro diz enquanto atravessava toda a oficina até chegar a uma porta e entrar.
Olho para a entrada, Philipe me encarava surpreso e o máximo que eu fiz foi uma tentativa de sorriso.
—Espero que você não tenha acreditado no Ed, a bola obviamente estava quebrada. -Ele se defende com uma careta engraçada.
—Aposto que sim. -O rapaz que eu estava conversando antes diz. —Essa moça veio te procurar.
—Problemas no carro de novo, ruivinha? -Ele se aproxima e eu me levantando rapidamente.
—Sim...quer dizer, não, não tenho problema algum com o carro. - tento soar firme.
—Então...Eu fiz alguma merda? -Pergunta sugestivo.
—Não, Philipe. -Exclamo sem esconder meu sorriso.
—Então porquê estou tento o prazer da sua presença na minha oficina? -ele se aproxima mais.
Sorrio.
—Porque eu preciso do banheiro.
Encaro ele cheia de expectativas, entretanto ganho só uma careta confusa.
—David, porquê não mostrou o banheiro pra ela? -Ele olha para o rapaz, me fazendo segurar a enorme vontade de bater contra minha própria testa.
—Ela nem pediu. -David se defende em um tom acusatório.
—Philipe. -O chamo, fazendo ele me encarar cada vez mais confuso. —Banheiro.
Repito devagar, esperando que ele me entenda.
—Banheiro? -Philipe murmura para si mesmo. —Aaah banheiro, pera, aquele negócio?
Eu afirmo com a cabeça, mais convicta que nunca. Sorrio quando ele passa as mãos pelo cabelo, nitidamente nervoso.
—Você não sabe o quanto que fiquei imaginando isso? -ele abaixa as mãos. — Oh Chica, vamos pra quantos banheiros você quiser.
Seguro a gargalhada.
—isso é algum tipo de fetiche? -David pergunta sem entender nada e com os olhos focados em nós.
Meu Deus, que vergonha.
—Não, é que...
—Cala a boca. -corto Philipe antes que ele fale mais do que deve.
—O que é fetiche? - Ed pergunta parado em frente a porta que ele tinha entrado antes.
Rio mais ainda com a cara de Philipe, é tão fofo quando ele incorpora a função "pai".
—Quando uma pessoa tem um tipo de preferência pra algo, coisas que não são da sua conta.
O irmão dele escuta com atenção.
—Então eu tenho fetiche em boliche.
Perdoa os erros galera
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