Capítulo 07
Sorrio ao ver a alegria do meu irmão estampada a cada movimento que ele fazia, a cada abraço que recebia e porra, talvez eu seja uma bichinha como ele diz, porque nesse exato momento eu dou as costas para essa cena, indo em direção ao banheiro para ninguém me ver chorar.
Tranco a porta, me sentando na privada com as mãos na boca, torcendo para que ninguém sinta minha falta.
Tento secar as lágrimas, mas sei que elas não vão parar de cair. Só eu sei o que eu faço pra esse garoto ter uma boa vida, a vida que eu nunca pude ter.
Ser a mãe que ele nunca teve, ser o pai que o abandonou e ser o irmão que esse idiota merece.
—Cara, você já pode parar de chorar logo? -Noah diz atrás da porta. —Não vai sobrar bolo para você.
—Vai se foder. -Murmuro alto o suficiente para ele ouvir. —Se meu pedaço não estiver lá, você vai sair daqui todo quebrado.
Ele ri, mas não diz nada. Suspiro antes de jogar água no rosto e abrir a porta, o encontrando com um sorriso zombeteiro.
—Feliz aniversário adiantando. -Ele me entrega uma caixa vermelha. —Você é um careta que não gosta de nada, então finja que gostou e sorria, a Jade que escolheu.
Ele olha para a morena que estava sentada ao lado do meu irmão, falando alguma coisa pra ele enquanto segurava um caderno que o tinha dado.
—Devo me preocupar? -Analiso a caixa com cuidado.
—Não, está livre de baratas. -Ele diz com uma falsa firmeza. —Abre logo.
—Você sabe que meu aniversário é mês que vem né? -pergunto abrindo a caixa e olho para o objeto dentro da caixa, surpreso.
—Eu não vou poder vir mês que vem, então aceita, agradeça e sorria. -Ele suspira. —A Jade está olhando.
Noah justifica, eu forço um sorriso, mas eu definitivamente estou feliz. Pego o porta-retrato que tinha uma foto minha, com o Noah e meu irmão em frente à oficina, no nosso primeiro dia de trabalho.
—Eu sempre fui gostoso assim? -Brinco analisando a foto, ainda com um sorriso bobo.
—Verdade, por que era eu que lavava os carros? -Ele zomba, olhando para Jade que vinha na nossa direção.
—Feliz aniversário adiantado. -Ela diz parando ao lado do Noah.
Meu amigo é de fato um grande sortudo.
Tirando as partes que ele as vezes acorda todo pintado, ou quando baratas brotam dentro das suas coisas.
—Obrigado. -Agradeço, vendo-a sinalizar para um pacote que eu pensei que era para o meu irmão. —Espero que seja uma TV.
Brinco indo em direção ao pacote, já tendo uma ideia do que poderia ser.
—O aniversário é meu e ele que ganha presentes? -Meu irmão reclama, vindo para o meu lado.
—Se reclamar mais, pego os seus. -Murmuro, abrindo o pacote. —Droga, não é uma Tv.
Brinco, mas não escondo o quanto eu estou admirado pela pintura na minha frente.
—Eu fiz com sal, por isso essa textura. -Ela explica assim que me vê passando a mão pela tela.
—O Phillipe não é bonito assim. -Ed diz também passando a mão por cima da tela.
—Você que é invejoso por não ter saído bonito. -Implico com ele. —E vocês não precisavam fazer isso.
—Precisavam sim. -Ed exclama antes que eles tivessem a chance de dizer algo.
—Eu queria alugar um salão, comprar um videogame para o Ed, mas o Noah não deixou. -Jade bufa.
—Que bom, seria triste ter que recusar.
—Eu falei que ele era uma careta. -Noah se defende, passando o braço pelos ombros delas. —Você esqueceu da parte em que o Ed mandou uma mensagem secretamente para você comprar o boliche para ele e que você ia fazer isso.
—Ela ia? -Ed e eu falamos juntos.
—Ué gente, ele pediu. -Ela dá de ombros com se isso fosse absolutamente nada.
—Você pediu isso para ela? -Olho para o meu irmão indignado, enquanto ele a olhava totalmente admirado.
—Ainda dá tempo? -ele me ignora, se aproximando dela.
—Eu fui proibida. —Ela suspira. —Mas posso comprar um vale presente pra você ir de graça por todo o ano.
—Eu quero.
—Não quer nada. -Concerto ele.
—Deixa de ser chato. -Noah diz. —Deixa-os resolverem sobre isso, preciso falar com você.
Ele sai de perto da namorada, que sorri de um jeito estranho, quase meigo.
Esse negócio de gente apaixonada é tão estranho.
—Se ela me der mesmo, podemos ir hoje? -Ele praticamente implora com os olhos brilhando. —Eu juro que eu lavo a louça todos os dias e....
—Tá bom. -Finjo que ele me convenceu na parte da louça. —Mas vou te pagar depois.
Falo para Jade, que torce o nariz, mas não diz nada.
—Não sei como seu irmão te aguenta. -Noah diz caminhando para o lado de fora. Bufo enquanto o sigo.
—Só estou tentando ensinar algo bom pra ele. -Murmuro, fechando a porta quando saio.
—Mas não precisa ser tão duro, ele é um bom garoto. -Ele se senta no primeiro degrau e eu faço o mesmo. —Você sabe que eu não vim hoje só porque é o aniversário do Ed, não é?
—Meu irmão ficaria ofendido se ouvisse isso. -Ironizo. —Mas eu já desconfiava.
—Como você está se sentindo em relação a isso, você ainda tem aqueles surtos em relação a... você sabe? -Ele abaixa a cabeça.
—Sobre minha mãe morrer no exato dia em que meu irmão nasceu? -Pergunto firme. —Já faz anos que eu não surto, você deveria saber que eu estava bêbado em todas as vezes.
—E eu continuo me preocupando, ainda mais se acontecer na frente do Ed de novo. -Ele suspira alto.
Tombo a cabeça para o lado, sabendo como meu irmão se sente em relação a essa merda. Meu pai fez questão de culpá-lo todos os dias enquanto ainda estava com a gente.
E sei que isso o afetou pra caralho, mas fica difícil de perceber o quanto isso continua o afetando, o pirralho está cada vez mais parecido comigo e sabe esconder o que sente melhor que eu.
—Ele só viu uma vez e depois eu não fiz mais. - Respondo como se estivesse me defendendo.
—Eu não estou te julgando, cara. -Noah me encara. —Mas se por acaso você se sentir mal ao ponto de quebrar tudo de novo, você pode me ligar. Eu não vou me importar de pegar um avião ou vir correndo para cá.
—Tudo bem, mas já falei que não vai acontecer de novo e você trouxe lembrancinhas de lá?
Mudo de assunto, querendo que esse ar mórbido saia.
—Claro, está lá no carro.
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