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⚜️Boa leitura, xuxu!⚜️
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Assim que passou pelos enormes portões do castelo, avistou dois pontinhos coloridos, um verde e um rosa. Logo deduziu que fossem as suas irmãs mais velhas, Cristal e Jade. Quando completou 7 anos de idade, recebeu de seus pais uma pulseira com várias pedras azuis. Foi exatamente nesta data que se deu conta que a pedra presente ali, tinha o mesmo nome que o seu, da mesma forma que as suas irmãs também haviam ganhado pulseiras idênticas, porém com suas respectivas pedras. Os nomes das três princesas mostravam exatamente como o rei e a rainha as viam, como joias preciosas.
Desde que cada uma recebeu a sua pulseira, nenhuma tirava do braço, e isso, além de significar o amor que os pais tinham por elas, também se tornou um símbolo da amizade das irmãs. Após descer do carro, elas se abraçaram. Foram exatos 5 anos longe, apenas se vendo por chamada de vídeo, o abraço era mais do que esperado por todas elas.
— Nem acredito que está realmente aqui. — disse Jade, a irmã do meio.
— Pra ser sincera com vocês nem eu estou acreditando. Foi a viajem mais longa de toda a minha vida.
— Precisou a ameaça de uma guerra pra que você voltasse. — A mais velha soltou magoada.
— Então é mesmo verdade? Eu até cogitei isto, mas não via como isso poderia ter acontecido.
— Como não via como, Sá? O reino de Nobbeanyth nos odeia há séculos.
— Mas somos mais fortes do que eles e estamos muito mais bem servidos de alianças do que o rival. Não? — com medo do que 5 anos longe possam ter feito, ela começou a andar em direção a entrada do palácio, sem nem escutar a resposta da irmã.
Andando pelos corredores percebeu que tudo continuava igual. Quadros dos seus antepassados espalhados pelos corredores, junto com algumas flores que eram trocadas a cada 3 dias. Uma parede de espelho em frente a escada, que foi uma forma da sua mãe garantir que todas as princesas desceriam com graça e elegância. Sentiu saudade de casa, e estar de volta, mesmo que nessas condições, a fez muito bem.
Assim como todas as princesas, Safira queria experimentar da sua liberdade, e como era a 3ª de três filhas, tecnicamente não tinha tantas obrigações com o reino, muito embora era a que mais se envolvia com tudo até completar 18 anos e decidir seguir o seu sonho de fazer gastronomia. O seu pai, Rei Yaedal VIII, não gostou muito no início. Ficar longe da sua filha favorita era doloroso demais, e por mais que não admitisse com facilidade, era ela quem colocava juízo em sua cabeça. Safira era como um filho que nunca teve.
Desde pequena se interessava pelos assuntos do reino e sempre estava com o seu pai nas reuniões, mesmo que por um longo tempo não entendesse nada do era dito naquelas salas cheias de gente. Com o tempo ela foi se adaptando, e com 16 anos ganhou um acento a mesa — coisa que as outras filhas não tinham. Quando o rei ia treinar tiro ou lutas com espadas, ela ia junto, e quando adquiriu idade suficiente, aos olhos do rei, ganhou a sua primeira arma e espada.
Safira sempre foi uma eximia estrategista, embora preferisse nunca as colocar em prática. A mãe não teve muita participação na educação da filha, mas a que teve fez uma grande diferença na vida da princesa. Graças a rainha, sua filha mais nova adquiriu o hábito da leitura, já que todas as noites lia para as três garotas. Seu gênero preferido era o romance, e por isso ela vivia sonhando em encontrar um amor arrebatador, cheio de jogos de sedução, passeios no meio da noite e beijos de tirar o fôlego ao pôr-do-Sol. O Rei considerava o coração pacífico de Safira o seu maior defeito, enquanto a Rainha se orgulhava do trabalho maravilhoso que havia feito.
— Safira? — escutou o seu nome e foi tirada do transe.
— Papai! — foi correndo e se jogou em seus braços. Ela não imaginava que sentia tanta saudade de estar assim, abraçada com o seu pai.
— Como foi a viagem? — afrouxaram um pouco os braços para que pudessem se olhar.
— Bem demorada, achei que não iria chegar nunca. Mas estou aqui. – Sorriu. — E por falar em estou aqui, Vossa Majestade pode me dizer o porquê de toda aquela escolta do aeroporto até o palácio?
— Ele pode sim, mas antes acho que você tem que abraçar mais uma pessoa, mocinha. — A Rainha falou aparecendo nos corredores.
— Mamãe, que saudade! — foi até a Rainha Dalila e lhe abraçou forte. — Tenho tanta coisa para te contar.
— Pois então vamos conversar todos no jantar. Safira deve estar cansada da viagem e acredito que queira tomar um banho.
— Ah, então é por isso que to sentindo esse cheiro horrível? — Cristal brincou fazendo todos rirem.
— Na verdade, irmã, esse mau cheiro deve ser a sua boca perto do nariz. — Revidou a ofensa.
— Você me deve respeito. Sou mais velha do que você.
— Meninas, deixem de discussão. Isso não são modos de 2 princesas.
— Vai cozinhar para a gente, Sá? Espero que sim. 5 anos estudando gastronomia, é o mínimo que pode fazer após ter deixado a gente todo esse tempo tendo que suprir com as expectativas do nosso amado pai.
— Falharam miseravelmente. — O Rei entrou na conversa.
— Confessa, papai, o senhor estava com saudade de ganhar na esgrima. — Safira fez chacota e olhou para irmã. — Sim, irei cozinhar para a gente hoje. Vou só tomar um banho e desço para a cozinha.
— Podemos te ajudar. — Safira sorriu e subiu para o seu quarto.
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Com uma guerra a frente, e sem saber o que esperar dela, o reino de Nobbeanyth precisava urgentemente de mais aliados. O Primeiro-Ministro de Mirca, uma monarquia parlamentarista que se encontra na América do Sul, há um bom tempo, vinha fazendo investidas para que a sua única filha, Miranda, se casasse com o príncipe de Nobbeanyth.
É claro que, em pleno século 21, ninguém mais se une a alguém por casamento arranjado, mas essa parecia ser uma saída muito boa para o Rei Joaquim.
— De onde tirou isto? — o príncipe Dimitri, que não desperdiçava uma oportunidade de falar que nunca iria se casar, esbravejou indignado com a proposta que o Rei acabara de fazer-lhe.
— Precisamos de alianças, e uma com Mirca é uma ótima oportunidade.
— Então quer dizer que o senhor não me escuta quando eu falo para não começar uma guerra, e no final de tudo ainda quer que eu me case?!
— Escute aqui, Dimitri. Você tem 30 anos, acha que nunca irá se casar?
— Não se eu puder evitar. Eu vi o que o amor faz com as pessoas, meu pai. Eu vi o que ele fez com o senhor. O amor é a pior fraqueza de um ser humano, e me desculpe, mas o Rei, melhor do que ninguém, sabe que eu odeio fraquezas. Um casamento nunca esteve nos meus planos, e não será agora que irá entrar.
— Mas quem está pedindo pra você amar a sua esposa? Só quero que se case! São negócios, Dimitri. São alianças que precisam ser feitas. — O príncipe tentou rebater, mas o rei foi mais rápido. — Isso não está em discussão. Eu só estou te informando que em duas semanas a senhorita Miranda chegará. Vou dar um tempo para que vocês se conheçam antes de se casarem. Eu respeitei o seu capricho por um bom tempo, mas nunca considerei que seria para sempre. Você vai agir em favor do que for melhor para o reino. O seu futuro reino.
— Como queira, Majestade. — Fez os cumprimentos a contragosto e saiu do gabinete.
Com os punhos cerrado, pegou um dos enfeites que ficava no corredor e o arremessou contra a parede. Não iria se casar, e se não podia decidir sobre isso, faria com que Miranda escolhesse isso por ambos.
Dimitri era o tipo de homem que tentava ao máximo não se importar com as pessoas, pois acreditava que assim evitaria decepções e mágoas. Apenas o seu bem-estar importava, entretanto, era muito leal as pessoas que amava, e com amava eu me refiro a consideração. Havia perdido a capacidade de nutrir tal sentimento por alguém, na mesma noite em que viu a sua mãe pela última vez.
— Alteza? — uma das empregadas do castelo, que passava na hora, escutou o barulho do vaso se chocando com a parede.
Pensou em se aproximar, mas conhecia o temperamento do príncipe o suficiente para saber que o melhor era se afastar e esperar que ele saísse do corredor. Depois que canalizou todo o seu estresse nos móveis do palácio que achou pela frente, resolveu que precisava distrair a mente e foi ter com os soldados. Estava com muita raiva, mas precisava descontar em quem realmente merecia: O Rei Yaedal.
— Senhor. — um dos soldados falou e todos fizeram uma reverência.
— Como estamos com relação a guerra? Me atualizem!
— Não estamos vendo nenhuma movimentação estranha aos arredores do reino. Parece que o Rei Yaedal não está se mexendo.
— Ou está e apenas não estamos vendo. Não quero esperar para o que vem por aí, vamos planejar um ataque, ainda que pequeno. Assim eles terão que agir em defesa e pausar o que estão planejando. A melhor defesa, é o ataque.
— Se me permite, General. Vossa Alteza não parece muito bem.
— Não estou! Tudo indica que o Rei acha que irei me casar.
— Casamento? – todos ali sabiam a fama do príncipe.
Ele definitivamente não era o tipo de homem que se casaria um dia, e nunca fez questão de esconder tal coisa de todas as mulheres que já havia se envolvido durante a sua vida.
— E podemos saber com quem?
— Senhorita Miranda Foster. Filha do Primeiro-ministro de Mirca. — Todos já haviam ouvido falar da srta. Foster.
— Desculpe-me o comentário, alteza, mas poderia ser pior. Pelo menos não será obrigado a dormir e acordar, todos os dias, com uma mulher feia.
— Não pretendo me casar, soldado! Nem com ela e nem com ninguém. Talvez possamos aproveitar enquanto ela estiver aqui, mas nunca saberei como é quando acorda. — o comentário do soldado o fez ficar curioso. — Mostre-me ela. Quero saber sobre sua vida, já que estará aqui no palácio muito em breve.
Ficaram um bom tempo bisbilhotando a vida da senhorita Miranda, entretanto não acharam nada que pudesse comprometê-la. As informações que tinham até então era que o Primeiro-Ministro havia se casado a mãe da sua possível futura noiva, que tinha chegado ao país 1 ano antes de se casarem. Não constava de qual país a Sra. Foster era, porém a Srta. Foster era natural de Mirca. Miranda tem 28 anos, é formada em psicologia e aparentemente nunca fez mais nada além de ser o orgulho dos pais. Fundou diversas ONGs e participa constantemente de trabalhos sociais. Um currículo realmente impecável, digno de que concorria para o cargo de uma futura rainha, e isso até Dimitri teria que concordar. Talvez se não já tivesse suas questões definidas, pudesse dar uma chance
Já estava perto de escurecer, embora ainda fosse 17h, mas como era inverno, o Sol costumava ficar menos tempo no céu.
Quando saiu da reunião com os seus soldados, bateu-se com Madalena, a chefe de cozinha do castelo. Era uma senhora de 60 anos, baixinha, de cabelos grisalhos e rechonchuda. Era a figura materna que Dimitri tinha escolhido para si, da mesma forma que Madalena o considerava um filho.
— Mandei levarem um lanche até o seu quarto. Soube que andou muito estressado, alteza. Vim procura-lo para te mandar descer e comer o bolo de chocolate que fiz especialmente para o senhor. — a senhorinha disse logo após de fazer uma reverência.
— Você mima demais esse menino, Madalena! — o rei apareceu nos corredores do castelo fazendo Dimitri trincar o maxilar.
— Majestade. — cumprimentou o rei. — Não faço por mal, é mais forte do que eu.
— A deixe em paz, Majestade. — falou com desdém. — Vamos, Madalena, estava mesmo com saudade do seu bolo. Mas pelo amor de Deus, pare com isso de alteza e senhor. Sabe que para você eu sou Dimi. — ela riu e foram abraçados até a cozinha real. Madalena era a única pessoa na vida que conseguia amansar a fera que o príncipe se tornava quando era contrariado. A única pessoa por quem Dimitri nutria afeto incondicional.
— Você e o seu pai discutiram? — ela o questionou enquanto cortava uma fatia de bolo e tirava a jarra de suco da geladeira.
— Ele decidiu que eu irei me casar. — falou sem esboçar nenhuma reação, mas ela sabia o quanto esse assunto era delicado para ele.
— E como você está se sentindo quanto a isto? — colocou o prato e o suco na frente dele, que começou a se deliciar.
— Não tenho muito o que fazer, mas não significa que ficarei de braços cruzados. Se eu me casar, ela será a pessoa mais infeliz do mundo. A minha vida continuará igual, mas a dela irá se tornar um inferno. — falou comendo um pedaço do bolo, como se o que tivesse acabado de dizer não fosse preocupante. — Hm... isso aqui está muito bom!
— Foi feito com amor, muito embora não acredite nesse sentimento. — ela segurou em sua mão. — É muito triste que você não acredite nisso por um erro dos seus pais. É o sentimento mais puro e lindo que existe. Um dia você terá a chance de experimenta-lo. — Dimitri negou. — Escute! Eu tenho fé que irá conhecer alguém que vai te fazer desejar que o amor exista. Alguém que irá penetrar nesta armadura que você colocou em volta do coração. Você merece isso.
— Desculpe-me por te decepcionar. Mas não acontecerá.
— Já vivi bem mais do que você para ter propriedade no que estou dizendo. — Dimitri riu e comeu mais uma fatia do divino bolo de chocolate.
— Se ela fizer um bolo tão bom quanto o da senhora, quem sabe consiga um pouco do meu afeto. — Madalena riu e cortou mais uma fatia para ele.
— Falando em cozinhar, as novas contratações do palácio já foram feitas. Todas passaram por mim. Selecionei algumas cozinheiras e algumas faxineiras. Começam em 4 dias.
— Muito bom. Se você aprovou, eu confio. Agora deixe-me terminar isso aqui, tenho muito o que fazer ainda hoje.
— Claro. — enquanto o príncipe comia, ela o olhava com pena.
Era muito jovem para ser tão amargurado com a vida. Madalena tinha esperança de que um dia ele encontrasse o amor, mas não acreditava que a felizarda seria a Senhorita Miranda Foster e tinha seus motivos para tal pensamento. Um deles é que Dimitri já estava decido a não se apaixonar por ela, e por conhecer o príncipe desde que era um bebê, sabia que ele levava as promessas feitas, a sério, principalmente quando se tratava de promessas feitas a ele mesmo.
Resolveu deixa-lo sozinho. Com certeza a sua mente estava muito cheia para que ela o incomodasse ainda mais. Foi até a ala onde ficavam os dormitórios dos cozinheiros, ajudantes de cozinha, faxineiros e mordomos do castelo, que vinham de outras cidades e não tinha casa em Nobbeanyth. Os novos funcionários já estavam chegando e se alojando, entre eles a senhorita Felícia, que é a filha da prima da senhora Madalena.
Quando recebeu uma mensagem da sua prima dizendo que sua filha iria tentar uma vaga na cozinha do castelo, não pôde acreditar que a menininha que ela vira por fotos há anos, já estava em busca de emprego. Decidiu que iria ajudar. Assim que achou o currículo da menina, pegou para lê-lo e teve a certeza de que mesmo que ela não soubesse que era a filha da sua prima, a aceitaria. Felícia tinha um currículo impecável e era muito inteligente. Havia entrado na melhor universidade de culinária da França através de uma bolsa integral. Além disso tinha diversos cursos de especialização na área.
Avistou a sobrinha falando ao telefone, mas sem nenhuma mala em mãos, então deduziu que já havia se instalado. Se aproximou para cumprimenta-la assim que desligou a chamada.
— Olha só como você está grande! — Felícia logo de cara, ficou um pouco confusa, mas juntou 1 + 1 e logo entendeu de quem se tratava.
— Senhora Madalena? — a senhorinha assentiu. — Nossa, muito obrigada por ter me aceitado, a minha mãe falou comigo.
— Ah não, criança. Não me agradeça! O mérito é todo seu. Que currículo impecável.
— Eu me esforço bastante para mantê-lo sempre assim.
— E é por isso que você está fazendo parte da cozinha do palácio.
— Que honra! — falou sorrindo, enrugando os olhos, de tanta emoção.
Assim que Madalena se ausentou, pensou imediatamente em retornar à ligação com a sua amiga, mas achou melhor ir para o quarto terminar de arrumar tudo. Cada acomodação tinha 2 camas, mas como ainda faltavam pessoas, Felícia poderia usufruir da sua tranquilidade por mais um tempo. Lembrou de quando estava na França com Safira e as duas dividiam um apartamento. Lógico que tinham diferenças, mas se davam extremamente bem. Safira era mais na dela, mas sabia se divertir quando precisava, da mesma maneira que Felícia era mais elétrica e sabia quando acionar o freio. Eram o café e o leite, que ficavam divinamente bons juntos. A dicotomia delas ia além da personalidade. As aparências eram extremamente distintas.
Felícia tinha uma pele branquinha, do tipo que qualquer
exposição ao Sol já avermelhava suas bochechas. Cabelos compridos e lisos, que ficavam presos em um rabo de cavalo, bem cheio e preto, na maior parte do tempo. Tinha um corpo magro, e estatura alta, certamente em outra vida ela foi modelo. Safira por outro lado não poderia se vangloriar tanto no quesito altura. Não era pequena, mas também não tinha puxado a sua amiga. Com cabelos cheios e cacheados, ela era a própria imagem do poder. Sua pela marrom era pura melanina, e aparentava estar sempre bronzeada, mesmo que isso não fosse verdade. Tinha algumas sardinhas espalhadas pelo rosto, mais precisamente na região do nariz, e esse era mais um dos seus charmes. Seus olhos eram cor de mel, e a luz do Sol era possível confundi-los com verde.
A questão é que a lembrança dos seus dias na França fazia com que Felícia desejasse, mais do que nunca, a presença da sua amiga nesta nova etapa da vida dela.
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✍🏾 Autora: OI OI OI! E aí, o que acham do nosso príncipe Dimitri e da nossa princesa Safira?
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