SEIS MESES DEPOIS

Existe um provérbio chinês que diz assim: "Uma linha invisível conecta os que estão destinados a se encontrar, apesar do tempo, do lugar, apesar das circunstâncias."

Apesar do tempo, Jack está aqui, olhando para mim. Imagino que ele esteja lembrando de tudo o que dissemos um para o outro há alguns meses atrás, enquanto eu ainda estava passando por uma situação complicada. O homem de cabelos castanhos desvia o olhar para algum ponto no chão.

— Eu não sabia que você é o amigo do Scott. — Falo, quebrando o gelo e obtendo seus olhos atentos em mim novamente. Scott e Brianna eram nossos amigos e nós caímos em uma armadilha.

— Eu não quero forçar nada. — Jack disse na defensiva. — Se quiser podemos só pedir um hambúrguer e ficarmos aqui conversando, está tudo bem, de verdade.

— Gosto com bastante batata frita. — Digo, sorrindo para ele. O homem parece relaxar ao ouvir a minha resposta.

— Perfeito! — Diz Jack, apontando para um enorme sofá vermelho para que eu me sentasse. Seus olhos escuros estão em mim, eles parecem um pouco mais cansados do que a última vez que vi, mas ainda continuam tão lindos quanto eu me lembrava.— Você fica ainda mais bonita sem toda aquela maquiagem borrada e sem a fantasia de Emily.

— Obrigada. — Agradeço, dando o meu melhor sorriso. — E você continua tão lindo quanto eu me recordo.

—Não lembro de você me achar lindo alguns meses atrás, querida. — Jack me lança um sorriso provocante e novamente me sinto enfraquecida por seus encantos, entretanto dessa vez eu não possuía travas e nem receios.

— Você estava muito atraente usando um avental. — Jack ri e lá está, aquela velha e maravilhosa mania, a jogada de cabelo para trás. — O convite para o jantar amigável ainda está de pé?

— Jane... — Ouvir meu nome sair daqueles lábios macios é como ouvir uma melodia doce e suave, porém ao mesmo tempo é sensual e forte. — Todas as coisas que eu disse para você na cozinha do meu apartamento continuam de pé. Cada uma delas. — Meu coração erra as batidas ao ouvir aquela frase pausadamente e mais rápido do que meu cérebro pudesse raciocinar, os meus lábios se moveram.

— Então me leve de volta para sua cozinha.

Jack sorriu tão abertamente quanto fosse possível e seus olhos negros reluziram. O homem estendeu suas mãos para mim e eu, sem dúvida alguma, me segurei nelas como se minha vida dependesse disso.

Ao passar pela porta do apartamento, reúno toda a coragem que tenho em uma atitude completamente impensada.

— Jack. — O chamo.

— Hum? — Se vira para me olhar, parado ao lado do sofá, e caminho até ele em silêncio. — O que foi, querida? — Abocanho seus lábios sem pensar.

Eu senti falta do toque quente e suave de sua boca, minha mão percorrendo por sua nuca, subindo por seu cabelo e, de tanto vê-lo jogando os para trás, sentia vontade de passar meus dedos por eles e puxá-los para mim e assim o faço. Jack solta um gemido abafado entre o beijo. Uma de suas mãos está firme em minha cintura, a outra está em minha nuca, intensificando o nosso beijo. O homem me puxa para seu colo, ambos caímos no sofá. Se eu soubesse que era tão bom não teria chorado por Richard, eu teria me entregado naquele mesmo dia para Jack.

Um som de chuva começou a cair do lado de fora, a sala está totalmente escura. Jack está completamente relaxado sob os meus braços, eu acaricio suas costas nuas com meu dedo indicador, subindo e descendo. Não quero mais planejar toda a minha vida e também não tenho planos de me casar novamente, não sei como serão as coisas daqui para frente com o Jack, mas me sinto segura. Absurdamente segura.

Eu odeio frases formadas e de efeito, mas uma vez, um homem bêbado, cujo percebo ter ganhado meu coração disse: "As coisas acontecem como devem acontecer." E ele tinha razão, as coisas saíram conforme tinham que ser. Eu não planejei ser abandonada no altar após cinco anos de relacionamento e nem tão pouco conhecer um barman que mudaria tudo literalmente do dia para noite, simplesmente TUDO ACONTECE COMO DEVE SER .