𝒔𝗲𝗶𝘀. quanto querer
❛ ai, quanto querer cabe em meu coração. ai, me faz sofrer. faz que me mata, e se não mata, fere ❜
samurai, djavan feat. stevie wonder
Existem dias que, mesmo com mil olhares que te julgam, outros mil desejando o absoluto pior para o seu futuro, existe um positivo maior que favorece o seu triunfo.
O que favoreceu o meu triunfo hoje possuía uma pele bronzeada, um sorriso contagiante - que quando abria, sorria até mesmo com os olhos - e um jeito doce de se expressar. Aquela vergonha no ar, como quem fica sem jeito só de saber que eu estou olhando para ela enquanto dá risada das suas amigas.
Não pretendo esconder.
— Então, minha casa, né? — Vini silencia o conjunto de vozes que conversavam sobre mil assuntos em um só círculo.
— É a melhor opção. — Dora dá a sua opinião. Percebo que, aos poucos, as meninas se entrosam.
Ainda estávamos dentro do estádio, na área familiar dos jogos. Onde os jogadores viam seus pais, esposas e filhos após uma partida. Hoje, nós 5 estávamos apenas acompanhados das meninas. Era pouco aconchegante para um espaço onde crianças ficariam. A parede cinza fazia degradê com o chão branco, mas tudo que eu via era seu olhar cor de mel.
— Então eu vou chamar o motorista... — Ele conta a quantidade de pessoas. — Vamos em dois carros.
— Pode ser com o meu carro. — Camavinga se pronuncia, meio atordoado a conversa.
— Melhor. Mas vamos descendo para o estacionamento. — Rodrygo completa.
— Vinicius, se não tiver no mínimo uma quadra na sua casa, nós estamos indo em vão. — Luana acompanha o jogador e faz ele rir, engatando em uma conversa sobre qual dos dois vai ser melhor contra o outro.
Alanis cochichava alguma coisa no ouvido de Dora, e Bella estava acompanhando elas, um pouco conservada. O que estava me deixando maluco, porque ela parecia bastante extrovertida quando a conheci, e se a razão fosse eu, me mataria ali mesmo.
— Sou o motivo dessa sua timidez? Porque se for, eu posso ir embora. — Me aproximei dela, atraindo sua atenção. Óbvio, com um sorriso no rosto.
Não queria deixa-la ainda mais deslocada do que parecia. Sei que poderia estar sendo bastante convencido no momento, mas a possibilidade existia e eu tinha que pegar a minha chance.
— Não não! Não, por favor. Não se incomode com isso.
— Mas então sou eu.
Ela me olha de canto, envergonhada mas risonha sobre meu comentário. E é isso que ela faz, da risada e concorda levemente com a cabeça.
Bom, eu já sabia, agora só bastava mudar isso.
— Mas eu juro que passa. Alguma hora.
— Vou adiantar esse processo. Eu sou basicamente o intruso aqui, se você parar pra pensar. Você é amiga das meninas, e conhece os caras há mais tempo que eu. Eu que deveria estar envergonhado.
— Você está silencioso, não está envergonhado? — Ela realmente parecia curiosa.
Com o passar da caminhada, com as mãos em meus bolsos da calça, seguindo o grupo de pessoas mas levemente afastados para conversar, era perceptível que nossos amigos tinham um complô a favor de nós.
— Quer dizer... Um pouco por suas amigas. — Rimos juntos, a forma com que digo é de quem tem medo. — Tenho a sensação de que vão falar mal de mim em português há qualquer momento e tudo que eu sei são xingamentos.
Ela da risada, uma daquelas que parecem sinceras porque ela ainda possui um riso no rosto.
— Elas provavelmente vão.
— É, eu percebi.
— Mas eu prometo que não são coisas ruins.
— Não são? — Aquela curiosidade boa surge no meu corpo, como quem recebeu uma notícia e quer uma confirmação pra agradar o ego.
— Já falei demais. — Ela nega, olhando para frente. Encerra o assunto, adiantando seus passos para chegar nas amigas.
— Ah não! — Dou risada.
Isabella ainda vestia a camisa do Real Madrid, com meu número e nome. Essa cena, dela caminhando mais na minha frente, dando risadinhas para mim e essa roupa, com certeza já estiveram em algum sonho meu. E se não, agora estaria.
Reclamo comigo mesmo por ainda não ter feito aulas de direção, pra poder leva-las. Os homens foram em um carro com o motorista de Vini, com exceção de Camavinga, que levou as meninas em seu carro até a casa do jogador de camisa 7.
Era um casarão, de verdade. Provavelmente porque conviver sempre em família e gostar do que sua própria casa pode experienciar.
— Ok, vocês gostam da vida noturna. Um jogo que acaba 10 horas da noite e ainda saem pra curtir... — Alanis observava a casa também, como a maioria das meninas que não conheciam o espaço ainda.
Todos os caras já conheciam, inclusive eu.
— É porque a gente tem pouco tempo pra curtir, tipo... O tempo todo. — Tchouameni faz todos rirem. Ele não estava errado.
— Ainda mais com os próximos jogos que vem aí... — Comento baixo. Me sento no sofá depois que Rodrygo faz o mesmo.
— Jude, não. Me ajuda aqui com as bebidas. — Levanto logo em seguida. Não pude nem me aconchegar demais. — O que vão querer?
Todos falam algo. Cerveja, Ice, até mesmo vinho. Menos Bella, que se recusava a beber algo além de água.
— Então, água? Tem certeza?
— A última vez que bebi passei vexame. — Ela diz quase pra dentro, de tanta vergonha, dando risada de si mesma. — Eu estava evitando.
— Mas é porque você não tinha os amigos certos pra te ajudar.
— Não mesmo...
— Agora. Se você quiser alguma bebida, pode ser pouca. — Eu digo, e ela só aceita seu destino de aproveitar.
— Pode ser uma Ice, então.
Vini e eu comemoramos a pequena conquista e seguimos para a cozinha dele sozinhos. Eu sentia que tinha um motivo para eu, especificamente, ter sido chamado. Camavinga ainda estava em pé conversando com as meninas quando eu tive que levantar para vir ajudar.
A sorte dele é que sou prestativo.
— Desembucha. — Olho para ele, que soltou uma risada alta com minhas palavras.
— Eu vi você conversando com Bella lá no estádio. — Ele recolhia algumas bebidas e colocava dentro de um cooler. Acho que ficaríamos do lado de fora da casa dele. — Não falei nada no carro porque não sabia se comentava ou não.
— É, a gente se falou. — Eu o ajudava a colocar o gelo dentro do recipiente.
— E aí? — Ele resmungou, querendo saciar sua curiosidade. O sorrisinho depois me ajudou a entender que ele apoiava a ideia.
— E aí que foi até positivo. Falei que ela não precisava ficar com vergonha. Não comentamos sobre a blusa, ou sobre as flores, mas... Ela parecia mais solta depois disso de qualquer forma.
— Mas você vai falar, não é? — Ele parou de fazer as coisas, colocando a mão na cintura.
— Vou, vou. Eu só não quero... Encher o saco dela. — Continuei colocando gelo.
De longe escutamos uma gritaria animada, e o barulho da bola de futebol batendo na trave. Provavelmente, já estavam jogando na quadra da casa.
— No tempo dela, irmão.
— Isso aí. — Ele pede ajuda e carregamos o cooler para fora da casa, onde estavam todos.
Na varanda, havia uma mesa onde apenas Bella estava sentada, dando risada da cena deles jogando. Vinicius pegou algumas cervejas e adiantou seu passo para dentro da quadra, entregando para todos e voltaram a fazer qualquer besteira.
— Por que não tá lá jogando? — Pego duas Ices, entregando uma a ela.
— Sou um desastre com o pé. — Ela ri comigo, agradecendo baixo pela bebida.
— Eu não acredito! Irmã do Lucas Paquetá, e é terrível no futebol?
— Eu juro por tudo que você não vai querer ver. — Ela estava rindo, mais solta. Isso me deixava mais aliviado. — Mas o garoto de ouro não vai?
— Esses caras não cansam de jogar? — Felizmente meus comentários estavam fazendo ela rir. — Tipo, eu amo futebol, mas eu acabei de jogar 90 minutos. Preciso do meu descanso. Sinceramente, uma hora dessas eu tava dormindo em casa.
— E por que não foi? — Pergunta, inocente, me olhando como se não soubesse, com os olhos brilhantes e um sorriso consciente. O questionamento na verdade era indecente.
— É... — Eu dou risada, negando com a cabeça com a audácia de uma pergunta dessas. — Porque você está aqui.
Volto a olha-la. Agora o rubor do seu rosto não disfarça que ela está escutando o que queria escutar. Por pura vaidade, eu acredito. O sorriso envergonhado ainda a declarava.
— Se você ficar envergonhada toda vez que eu der em cima de você, vai ficar vermelha pra sempre.
— Que ousadia! — Ela diz, com os lábios colados com a garrafa, antes de beber o líquido.
Faça-me o favor, Deus!
— Não sei se deveria pedir perdão pelas flores e pela camisa, por mais que você pareça estar até gostando dela... — Ri com meu comentário. — Mas desde já, digo que não me sinto nenhum pouco mal por isso.
— Você acha que eu estou chateada com isso? — Ela me olha, de verdade.
— Não, não. Não acho. Mas existe a possibilidade.
— Eu gosto muito da música, gosto muito das flores, e eu gosto muito da camisa. Não precisa pedir perdão. — Ela da um sorrisinho, mas logo desfaz. — Acho que só não quis te dar muitas esperanças porque... Não sei se estou pronta pra estar com alguém de novo.
É possível visualizar que, mesmo colocando seus limites, há uma apreensão em falar aquelas coisas por medo de me magoar. Bom, ela não está completamente errada, porque destrói meu coração escutar essas coisas, mas é ainda mais admirável escutar isso assim.
Pode parecer idiota, e os meninos vão dizer que é, mas até me da certa esperança. Acho que motiva em ser a pessoa que vai mudar isso.
— Você não tem que se preocupar com isso. Eu não estou magoado. — Declaro, mas ela me olha como quem soubesse que eu menti. — Levemente, mas eu não estou chateado! Na verdade, eu acho que deveríamos só... nos conhecer.
Levanto, deixando minha bebida finalizada em cima da mesa e ficando em sua frente.
— Você tem todo direito de me colocar na friendzone... E eu vou continuar apaixonado por você até que decida a sua hora de estar com alguém. E esse alguém vai ser eu.
— Que convencido! — Está rindo, o que já me deixa mais feliz.
— Já deixo logo claro que sou tóxico, assim de cara.
— Realmente apaixonante. — Ironiza.
— Agora vamos ver você ser terrível com os pés. — Mostro minha mão.
Ela receia por um instante, mas aceita seu destino, deixando a bebida não finalizada de lado e segurando minha mão para ajuda-la a sair de cima da mesa.
— Em minha defesa, eu era boa no vôlei. — Começamos a caminhar em direção a quadra, onde nossos amigos estavam brincando.
— Você nem tem tamanho pra isso.
— Com licença? Aposto que você é uma negação.
— Sou mesmo, nem lembro a última vez que joguei.
E entramos na brincadeira entre risadas. Para mim, esse clima, era melhor do que um "não". O que foi, se parar para perceber, mas que não é eterno. A possibilidade ainda estava ali.
❛ quis lutar contra o poder do amor, caí nos pés do vencedor para ser o serviçal do samurai. mas eu to tão feliz. dizem que o amor atrai ❜
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