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𝒒𝘂𝗮𝗿𝗲𝗻𝘁𝗮 𝗲 𝒔𝗲𝗶𝘀. onde anda você

❛ e por falar em saudade, onde anda você? onde anda os seus olhos que a gente não vê? onde anda esse corpo? que me deixou morto de tanto prazer. hoje eu saio numa noite vazia, numa boêmia, sem razão de ser. da rotina dos bares, que apesar dos pesares me trazem você ❜
onde anda você, toquinho & vinicius de moraes












Conto os meus passos como uma lista de mercado. Acordo, tomo um café da manhã mixuruca, corro voltas na minha quadra, vou para a faculdade, presto atenção em todas as aulas, volto para casa de carro, ignoro as mensagens que Jude me mandou alguns dias atrás, ou suas ligações antes disso. Chego em casa, almoço, estudo a tarde toda (ou finjo que estudo), à noite janto, e volto para o computador.

Quando se tem um coração partido, é de se esperar que ele demore de se recuperar, mas na minha família tudo sempre foi muito prático, até porque, o mundo continua girando mesmo que um homem tenha me machucado. A faculdade não para, os sonhos não param - por mais que alguns fiquem mais doloridos - e a minha vida continua caminhando. As pessoas continuam trabalhando, eles continuam jogando. É um jeito mais fácil de lidar com as dores emocionais.

Então mesmo que eu ainda sonhe com ele, tenha dificuldade de tirá-lo das minhas perspectivas de futuro e continue amando cada traço do seu ser, o planeta continua girando. Não parece, mas a ciência diz que sim. Apenas tenho dificuldade de entender que o sentimento de que o meu planeta gire mais lento por estar longe dele é apenas um sentimento. Nada disso é concreto. Não é uma verdade. É o meu coração se auto sabotando mais uma vez.

Pauso a música que tocava no meu fone, enquanto eu observava minha agenda pelo computador, no quarto escuro. A música em questão era de uma playlist de Djavan, mas tudo me lembrava ele nas letras. A porta de correr chama a minha atenção e então Isa aparece, me fazendo sorrir.

Mesmo que ela não more aqui efetivamente, sempre está presente.

— Oi. — Está sorrindo, talvez complacente demais. Não quero me sentir uma coitada que precisa de atenção.

— Pode entrar, eu já tô acabando.

— Não precisa. É que Vini tá vindo aqui pra uma noite de filmes. Ideia dele.

— Por que exatamente? — Fico confusa. Geralmente ele não faz planos tão íntimos que não incluam todos. Ele sempre quer unir todo nosso grupo, e esses são os momentos em que conversamos.

Tenho evitado conversar no nosso grupo justamente por isso. Evitei até mesmo o convite de conhecer um bar brasileiro que Vini nos chamou.

— Ele quer te ver, Bella. — Ela cruza os braços, encostada na moldura da porta.

— É que eu tenho medo dele contar pra Lucas. Ele se preocupa demais. — Respiro fundo, encostando minha coluna na cabeceira atrás de mim e tirando os fones de ouvido.

— Ele é seu irmão, óbvio que se preocupa. E Vini também vê você como uma irmã mais nova. É normal que eles se sintam assim.

Uma vez, quando eu e o meu ex terminamos, os pais dele fizeram questão de tentar que ficássemos juntos de novo e foram até a minha casa para que ele me pedisse perdão. Na primeira palavra errada, Lucas deu um soco nele. Nunca foi temperamental, mas é territorialista e protetor. Não posso impedir, também socaria alguém se fizesse algo de errado com ele.

E eu também sei que as meninas acham que eu não estou lidando com tudo isso da melhor forma. Óbvio que odeiam Jude tanto quanto meu ego o odeia, mas ainda sim acreditam que não dá para ignorar alguém que está tão próximo. Na verdade, não acham que eu deva ignorar o problema em si, e sim lidar com ele, mas é muito mais fácil fingir que nada aconteceu e colocar toda a poeira por baixo dos panos.

— Mas minha vida tá seguindo. Não precisam se preocupar.

— Ninguém tá falando que não deve seguir. Mas você pode sentir sua dor também. É permitido, não tem regra pra superar alguém tão importante. Não precisa ser forte o tempo todo.

— Eu sei de tudo isso, mas é muito difícil fazer acontecer. A teoria é linda, Isa, mas a prática não. No momento em que o meu celular me lembra de uma foto legal entre nós e me faz querer chorar, eu só excluo a foto e volto a estudar. É tão mais simples...

— Isso não vai diminuir a dor, entende isso? Você só tá escondendo ela. — Se aproxima aos poucos da minha cama, sentando nos lençóis bagunçados. — Quando você percebeu que amava Jude, foi muito antes de admitir. Você escondeu os seus sentimentos e no que deu? Só cresceu, porque ele não deixou de existir, você só ignorou.

Há dois dias recebi a notícia, ninguém sabia. Passei a noite chorando sozinha, então todas saíram para suas vidas normais e eu fiquei em casa para receber meus pais em um almoço. Jude apareceu e foi o primeiro em que eu lidei com a situação, logo o problema em si. Meus pais chegaram e eu ignorei novamente, até que de noite, quando todas as meninas já estavam em casa, eu contei tudo que precisava contar. Elas foram bem tolerantes e tranquilas, como sempre.

No dia de ontem, todas foram bem atenciosas, mas ainda sim, percebendo que eu não queria ser tratada como se meu mundo tivesse acabado. Jude chegou perto de ser o meu namorado, mas no final das contas, não foi. E me parece a primeira vez que eu realmente aceitei que não teríamos mais nada. Em toda nossa história existia aquela possibilidade que cresceu todos os dias, enquanto ele era a água e a luz daquela plantinha. Quando brigamos, eu internamente sabia que tínhamos volta. Agora não.

Isso não significa que o sentimento não exista mais, que a saudade não bata no peito que nem martelo e prego. Que eu não queira responder ele. Isso apenas significa que enquanto eu lido com isso, não existe a possibilidade de voltarmos mais à não ser um milagre.

Um milagre que a pequena versão de mim tem pedido de joelhos no chão para o universo, uma moedinha no chafariz, uma estrela brilhante, ou um cisco caído.

De qualquer forma, ter o apoio delas nesse momento só reafirma o quanto eu ganhei no amor, não romântico. Mas ainda estou repleta de amor. O amor delas e o amor da minha família. Sei que não estou sozinha, mas também mentiria se dissesse que um dos amores que eu mais queria deixou um espaço vazio no coração. Eu confesso também que planejei um futuro com Jude. Um inaudível, no imaginário. Apenas para mim mesma até que estivéssemos realmente juntos. A falta dele nesse cenário machuca.

Mas eu me recuso sofrer da mesma forma que sofri da primeira vez.

Quando Isa sai, esperando que eu me arrume para Vini chegar, não organizo o minha cama, apenas pego uma blusinha e um short jeans, tomo um banho e faço uma trança desleixada - já que o meu cabelo não está me ajudando hoje. Faço minha skin care e saio do quarto, vendo quase todas reunidas no longo sofa da sala, aberto como uma cama. Me aconchego entre Alanis e Dora, observando Top Gun passar na TV.

Lu abre a porta para Vini, que usava uma capa de chuva completamente encharcada. Essa semana Madrid estava enfrentando fortes e leves chuvas, mas estava difícil ver o céu azul. O jogador tira os sapatos e corre até o sofá, se jogando em cima de nós como gosta de fazer para perturbar.

— Sai de cima de mim. — Falo, abafada.

— Vou ficar aqui, cabeção. — Me alerta.

— Eu vou ficar sem ar! — Empurro seu corpo, mas nada acontece.

— Você não manda em mim. — Ele repete, então abraça minha cabeça e o abafado fica pior.

Escuto as meninas rirem porque amam ver Vinicius me fazer sofrer.

— Sai! — Insisto mais uma vez e ele finalmente sai, sentando em minha frente, de costas para a televisão.

— Você tá atrapalhando o filme. — Alerto, tentando esquivar do seu olhar esperançoso que lhe conte algo.

— A gente não vai assistir filme agora. Vamos esperar as pizzas que eu pedi chegarem. — Pega o controle e pausa.

As meninas não protestam. Sei que isso é um esquema para que eu abra minha boca.

— Eu não concordei com isso.

— Não tem que concordar. — Ele e Lucas tem o mesmo jeito de lidar comigo. — Vamos, fala comigo.

— Você já sabe. — Dou de ombros, evitando seus olhos e então encarando a TV atrás dele.

— Eu não escutei nada de você, e aconteceu com você, então não, não sei. — Está sério, coisa difícil de se ver com esse cara na minha frente.

— Ele deve ter te contado, não precisa mentir.

— Jude se recusa a se comunicar comigo, ou com Trent. Ele tá tipo... Completamente focado no futebol. Tá fingindo que não tem um machucado na perna-

— Ele não tá cuidando? — Sou mais rápida que o final das suas palavras.

— Só quando é obrigado pelo time.

— Pelo o que eu entendi, Aure disse que ele tá ficando sozinho em casa essa semana porque Denise tá na Inglaterra. Mas isso tudo ele soube por Jobe, porque ele não tá falando. — Lu complementa.

— Eu não sei o que aconteceu. Só sei que vocês estão sem se falar. — Vini completa.

Um silêncio se instaura, porque provavelmente esperam que eu diga algo, ou pelo menos raciocine as coisas. Olho para os lados e as meninas fingem que não estavam me encarando naquele mesmo segundo, mexendo no celular ou olhando para o nada. O silêncio me incomoda, então quebro com algumas palavras orgulhosas.

— Jude é grandinho. Sabe se cuidar e cuidar dos problemas que ele cria.

— Isabella, me conta o que aconteceu. — Vini insiste, e eu finalmente cedi a sua tentativa.

— Ok! Ok. Eu vou falar. — Respiro fundo, frechando os olhos por exatos dois segundos e então voltando a encarar o nada. — É que... Uma colega minha enviou umas fotos de Jude e a ex em um restaurante aqui em Madrid, na noite retrasada.

— Filho da puta... — Vini diz em um tom baixo, para não atrapalhar meu raciocínio.

— Daí ele apareceu aqui no outro dia e eu disse a ele que sabia. Eu não quis enfrentar a situação, ou criar uma discussão, então decretei que não tem problema nenhum ele sair com quem ele quiser porque não devemos nada um pro outro. Acabou aí. Quer dizer, ele mandou mensagens, mas não respondi.

Um silencio pairou no ar. Eu já tinha contado essa história para as meninas. Mas para Vini era novidade, e ele estava incrédulo, ainda. Como se não acreditasse que Jude pudesse ser essa pessoa, porque eu também demorei para desassociar. Aquela sombra cinzenta e pesada que eu o coloquei por tanto tempo - e deixei desaparecer - finalmente tinha se revelado uma verdade.

Todos os homens são iguais, então.

Foi como se meu lado negativo - talvez realista, agora - tivesse me empurrado em uma banheira de gelo e gritado "eu te avisei". Essa frase, irritante porém poderosa, tem me atormentado durante boas horas. Eu me avisei, realmente, mas deixei meu coração falar muito mais alto porque a verdade não desapareceu ainda: Ele está lá. Jude está fazendo morada no meu coração, agora de uma forma perigosa.

— Eu tenho que ir. — Vinicius levanta, e isso me deixa levemente assustada.

— O quê? — Alanis questiona, antes de mim.

— Hoje é o último dia de treinos antes das Eliminatórias das Seleções. Vou conversar com ele. — Ele já está na porta, colocando os sapatos de volta no pé e guardando suas coisas nos bolsos.

— Não, Vini. Deixa isso quieto. É melhor assim. — Me levanto do sofá.

— Você não vai me impedir. — Ele abre a porta, parado naquela entrada. — E precisa contar pra Lucas. Ele se preocupa. Se algo tivesse acontecido com seu irmão, você também ia gostar de saber.

Então vai embora, sem esperar uma resposta minha porque ele espera que eu conte para Lucas. E seu raciocínio faz sentido, na verdade. Me sinto na obrigação de contar para o meu irmão nesse exato momento, então deixo as meninas na sala e uma mensagem para ele dizendo "Preciso conversar."

Não demora cinco minutos e ele me liga.

— O que houve? — Aquela cara séria dele, concentrado e preocupado.

— Vini acabou de sair daqui. — Começo a enrolar. — É que... Bom, uns dois dias atrás eu recebi umas fotos no meu insta. De uma menina do meu curso que foi bem legal comigo, aliás...

— Desembucha, Isabella. — Ele me corta.

— Calma! Ela me enviou essas fotos e, descrevendo as fotos, tem uma mulher loira, sentada nessa mesa e do outro lado tem... Jude. Num restaurante chique aqui de Madrid. Pelo que eu entendi era numa área bem reservada, e essa seria a ex dele. Enfim...

— Desgraçado. Eu vou pra aí. Vou até a casa desse filha de uma mãe e acabar com a existência dele. — Ele apoia o celular em algo, e fica sentado na cama, não muito longe, pensando consigo.

— Não precisa disso... Você e o Vini são muito imediatistas. Deixa ele pra lá.

— Não, Isabella. Ele fez você acreditar. Ele me fez gostar dele, e entrou na nossa casa. Conheceu seus pais, Bella. Isso não tá certo, não.

— O que tá acontecendo? — Duda entra na ligação.

— Jude estava em um encontro com a ex dele. — Lucas olha sério para ela, que fica alguns bons segundos parada em choque.

— Eu vou arrumar as malas. — Ela sai da ligação novamente.

— Vocês não vão vir! Eu sei lidar com isso sozinha. — Ela volta a aparecer na câmera quando digo.

— Tem certeza, Bells? — Minha cunhada me olha, complacente.

— Eu amo vocês, mas tenho certeza.

— Se é assim que você quer, não vamos viajar.

— Eu te amo. Fica bem. — Lucas finaliza a ligação.

E então começo a chorar novamente, alguns segundos depois, abraçada nas minhas pernas. Não porque estou decepcionada com Jude - dessa vez - mas porque sou reafirmada seguidas vezes que posso sim ser amada, porque possuo as melhores pessoas do mundo ao meu redor. E pra além disso, aquela vozinha pessimista se cala. Choro porque sou grata demais por ter aquelas pessoas comigo, até mesmo nas piores das situações.

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