𝒐nze. vem morena
❛ e o coração, de repente, bota o sangue em alvoroço. vem morena pros meus braços. vem morena, vem dançar. quero ver tu requebrando, quero ver tu requebrar ❜
vem morena, luiz gonzaga
Sair da zona de conforto é terrível. Assusta e deixa a gente desconfortável.
A minha zona de conforto é minha casa. Não necessariamente no Brasil, mas estar dentro de casa fazendo nada é a coisa mais óbvia que Isabella Tolentino pode estar fazendo. E eu não sou antissocial, pelo contrário, sou uma das mais extrovertidas, mas não quer dizer que eu queira socializar constantemente. Desde que eu vim para Madrid, estou sendo desafiada a lidar com essa questão. E não por culpa das minhas velhas amigas, mas porque nossas novas amizades estão sempre nos chamando para fazer algo. Eu até arranjaria uma desculpa para negar a saída de hoje, por exemplo, mas o clube está comemorando o triunfo da La Liga - liga espanhola.
Reis da Espanha, como Jude insiste em mandar há cada 5 minutos.
A questão é, esses garotos estão bebendo desde que o dia começou. Até lembra minha família, repleta de pessoas super animadas e prontas para tomar uma cachaça se você chamar. Então eu não sei se vou estar preparada para acompanha-los. Como os jogadores ainda estavam usando calça social - mesmo que com a camisa do time - resolvi ir arrumadinha. Uma mini saia preta, com uma meia calça e cardigan de pelo branco - com uma blusa preta de manga por baixo para quando sentir calor. Pegamos um Uber na porta de casa, direcionado até a boate em que comemoravam.
Dessa vez, os homens do Real Madrid alugaram o espaço para festejarem com suas esposas, familiares e amigos. Ou seja, seria uma festa mais íntima. Me deixando não só nervosa por conhecer todas aquelas pessoas importantes para os meninos, como também ser vista como alguém próxima deles. Com certeza calcularia meus passos.
Ao chegar no local, direcionamos nossos passos até o segurança da festa. O homem, vestido de preto, estava acompanhado de mais uma frota de amiguinhos, prontos para atacar qualquer fã engraçadinho que quisesse entrar ali. Paparazzis estavam sentados na calçada do outro lado da rua, cansados de esperar pela festa acabar e fotografar qualquer resquício que sobrará desses jogadores.
— Boa noite. — Cumprimento gentilmente o homem, já que geralmente sou eu a mãe do grupo. Ele não me responde, apenas mexe sua cabeça positivamente como resposta. — Nós somos convidadas de Vinícius Júnior.
— Seus nomes, por favor. — O homem liga o tablet em suas mãos, me olhando de canto.
— Isabella Tolentino, Alanis Nunes, Isadora Gross, Luana Campos e Izadora Moraes. — Listo nossos nomes, na ordem em que estávamos, lentamente, para que ele tivesse tempo de compreender.
Ele procura por nossos nomes na lista com título "Vinícius Júnior", mas nega com a cabeça após alguns segundos torturantes. Meu coração acelera nesse momento, porque uma coisa é não ter um nome, mas todos já me deixa preocupada.
— Tem certeza, moço? — Pergunto, por garantia, mas ele afirma positivamente, quase descrente de que realmente fomos convidadas por Vini.
— O que houve? — Isa me aborda, já que elas estavam levemente afastadas de mim para esperar que eu resolvesse.
— Nossos nomes não estão na lista. — Digo, tentando achar alguma solução rápida.
— Vou ligar para ele. — Luana busca pelo telefone, tentando o celular de Vinícius.
Meu pé já estava batendo no chão de ansiedade e eu roía minhas unhas como sinal de desconforto. Eu não sei porque fazia tanto caso sobre isso, mas acho que o fato de que do outro lado da rua ter jornalistas desesperados por uma manchete, me incomodava ainda mais. A ligação nem se quer finaliza, então busco pelo meu celular a fim de ligar para Jude.
— Bella! — Ele exclamou, do outro lado da linha, respondendo rapidamente quando o chamo. — Onde você está? Já chegou? — Diz em espanhol, o que me faz rir nesse momento de nervosismo.
— Já sim, mas nosso nome não está na lista do Vini. O moço não quer deixar a gente entrar. — Conto o problema, com todos os olhares das minhas amigas em mim.
— Como ele ousa? Vou resolver isso. Não sai daí. — Jude volta a falar em inglês e encerra a chamada logo em seguida, mas saber que ele estava vindo já aliviava meu coração.
— Ele tá vindo. — Afirmo, e então suas feições estão mais tranquilas.
Dois minutos se passam e um Jude, usando calça social, camisa do Real Madrid e óculos escuros, chega do lado de fora da festa, antes com uma feição fechada mascando chiclete - digna de capa de revista - e segurando um copo plástico vermelho na mão. Quando nos avista, abre um sorriso e vem abraçar todas nós. De repente ter usado o cardigan me pareceu uma péssima opção pelo calor.
— Minhas meninas! — Fala em espanhol, então todas começam a rir pelo fato de que o garoto aparentava estar completamente bebado.
Ele deixa um abraço e um beijo em todas, mas comigo, não desgruda o corpo, com o braço no meu ombro. Passamos pelo segurança e o garoto ao meu lado só dá uma piscadinha para ele, significando que estávamos liberadas.
— E aí, campeão? — O sorriso que ele tinha se abre ainda mais.
— Você quer? — Ele sugere a bebida em seu copo, com cheiro e cor duvidosa.
— E o que é isso? — Olho para cima, onde seus olhos brilhavam como nunca.
— Eu sei lá. — Ele ri, explicando a razão de estar tão solto. Jude já deve estar bebendo há muito tempo e misturando tudo que pode o dia inteiro.
O que me surpreende de verdade é que nossa interação não é estranha, mesmo depois da situação que passamos na minha casa. Quando o filme acabou, os garotos foram embora na madrugada - sem ceder a nossa recomendação de dormir ali - e pouco nos falamos após isso. Mas eu acho que o álcool está o ajudando a relevar o climão que ficou.
— Deus que me livre. Eu passo. — Faço cara feia.
— Querem? — Jude sugere o copo, e Isa bebe o líquido em resposta. — Ela é muito mais divertida do que você.
— Com licença. — Me desvencilho do seu braço, notando que estou sendo observada pelo garoto enquanto caminho de costas na direção do Vini, após ter percebido sua presença.
O jovem está sentado ao lado de Valverde, dando risada de alguma coisa que o uruguaio contou em seu ouvido. No momento que me vê, abre os braços para me abraçar.
— Você tá sem moral comigo, nem venha.
— E por que isso? — Ele não entende o motivo, mas não deixa de me abraçar.
— Porque nosso nome não estava na lista. Me fez passar vergonha, velho! — Dou risada, e ele acompanha a situação.
— Ixe, me esqueci mesmo! Po, foi mal. E tu entrou como? — Ele para de me abraçar, voltando ao riso comum.
— Jude foi buscar a gente. — Aponto para o garoto, que buscava bebida para todas as garotas no bar, inclusive, caminhava na minha direção com uma Ice.
— Acho que esse cara nunca bebeu na vida. — Vini fala no meu ouvido, me fazendo rir ainda mais. — Pelo menos ele fica mais solto pra dar em cima de voce sem vergonha. — O garoto balança as sobrancelhas, me fazendo rir.
— E ele tem vergonha normalmente?
Era incrível como em menos de um mês, Jude já sabia do meu gosto. Dei risada com a cena, dele fazendo uma dancinha com a bebida em mãos. O Bellingham foi uma surpresa em cheio pra mim, porque ele é completamente diferente do que imaginei. Em muitos quesitos.
— Pra tirar essa cara de emburrada. — Ele chega, entregando a garrafa em minha mão, após abrir na minha frente com a boca.
Deus, me ajuda.
— Cachaceiro. — Resmungo.
— Jude Bellingham não está normal. — Dora abraça meu corpo quando todas chegam até nós.
— Vocês que são sem graça. — Ele diz, fazendo aquela dancinha estranha ao lado de Vini, com os dedos indicadores para cima.
— Não sabe nem dançar. Uma semana no Brasil, ou ele passa mal, ou sai com molejo e tudo. — Dora faz todos rirem com o que diz.
Aos poucos, começamos a ter conversinhas sobre o dia. Jude e Vini contavam sobre fatos engraçados da comemoração, a gente dava risada de tudo e a voz embriagada deles trazia ainda mais humor. O que me deixa em choque por alguns segundos, que também não para a conversa que o grupo tinha, é o fato de que eu estava no mesmo espaço de Luka Modric.
— O que houve? — Jude sai da agrupação, meio preocupado com meu afastamento, chegando mais perto para poder entender o que eu diria.
O som estava verdadeiramente alto e todos estavam precisando falar em um tom bem mais elevado que o comum.
— Eu nunca estive tão perto de Luka Modric em toda minha vida. — Aponto para o homem loiro, que estava sorrindo para sua esposa e conversava com outros integrantes do clube.
— Vai lá falar com ele. — Ele abre um sorriso, desejando que eu vá por conta própria, me dando um leve empurrão.
— Não mesmo! Não. — O olho espantada, rindo pela audácia de suas palavras. — Sou uma mera mortal perto desse homem.
— Você vai deixar de conhecer seu ídolo? A chance da sua vida, Bells. Bora lá, eu te levo. — Ele começa a andar, pegando em minha mão.
— Jude. — O repreendo, mesmo que isso não o pare, mas prefiro acompanha-lo porque seria uma cena bem feia tentar ficar pra trás.
Meus pés acompanham os seus, logo atrás. Jude entrelaçou nossas mãos pelo salão de festas, com aquele jeitinho erguido dele, como um modelo na passarela. Eu, seguindo-o, só cumprimentava de longe algumas pessoas que me olhavam, que carinhosamente faziam o mesmo.
— Luka! — Jude solta minha mão, abraçando o homem de lado. — Conheça Isabella, sua fã número um.
— A famosa. — Ele diz tranquilamente, arrancando uma risada consciente de Jude, e uma bem desajuizada da minha parte. Óbvio, eu não entendia o que Luka queria dizer, e só de pensar que ele havia escutado algo sobre mim, fico meio maluca.
Jude me olha sem jeito, depois de ver a confusão nas minhas expressões.
— Ela mesma. — O mais novo completa.
— Oi, senhor Modric! É um prazer te conhecer. — Mostro minha mão para cumprimenta-lo, e ele retribui o gesto. — Eu sou muito sua fã.
— É um prazer também te conhecer, Bella. — Ele sorri, meio tímido. Acho que é seu jeito.
— Posso tirar uma foto com você? — Pergunto, meio nervosa.
— Claro, claro. Jude, tira nossa foto, por favor. — Ele aponta para mim.
Jude pega o próprio aparelho, se posicionando em nossa frente. Eu fico ao lado do meu ídolo, que me abraçou como eu o abraçava, respeitosamente. Eu sorri para foto e o homem também, e em alguns segundos, ela já havia sido tirada.
— Pronto. — O garoto completa, com um sorriso no rosto.
— Muito obrigada! — Agradeço ao loiro enquanto me afasto, acenando para ele.
— Por nada, Bella! — Ele acena de volta, e então me reúno a Jude.
— Comigo ninguém tira foto. — Ele resmunga, me fazendo rir.
— Espera aí. Tira uma foto nossa, então.
Jude pega o celular da minha mão, esperando que eu me ajeitasse. Ele posiciona a câmera em uma selfie, então sorrimos para a foto. Logo em seguida, ele me entrega o aparelho de volta. Abri sua galeria, observando as imagens sem acreditar que eu realmente havia tirado uma foto com Modric. Já havia conhecido vários ídolos pelo Lucas, mas nunca tão longe quanto cheguei a ver simplesmente o Luka. Favorito as melhores, enviando para mim mesma.
Jude estava distraído no momento, observando a festa meio sério enquanto bebe o líquido no seu copo, respeitando meu momento, então não vê quando abro seu aplicativo de mensagens para compartilhar as imagens. O contato "Bells" com um coração branco é um dos primeiros, já que o liguei recentemente. Saber que era assim que meu número estava salvo me deixou feliz. Completo o envio e entrego o celular a ele, que não se incomoda com o fato de que eu estava com o seu aparelho em minha posse.
— Quer mais? — Ele pega a garrafa vazia em minha mão, já que eu havia posto um fim naquela bebida.
— Quero. — Caminhamos até o bar, onde Jude troca a garrafa por uma cheia, me entregando uma nova, aberta por ele novamente, e enche seu copo com alguma mistura que eu não compreendo.
— Vai se soltar hoje? — Ele me pergunta, risonho novamente. Jude estava um poço de felicidade, e eu não o culpava. Havia sido campeão no seu primeiro ano na liga espanhola, como jogador de destaque.
— Em homenagem a sua vitória. — Bebo do líquido, encostando meu corpo no bar atrás de mim, vendo Jude abrir ambos braços e apoia-lós na bancada, um deles atrás de mim, observando a festa como eu.
— Eu tô com moral, então.
— Só hoje, também. — Olho de canto, ainda meio inacreditada que Jude usava aquele óculos de sol.
Roubo o objeto do seu rosto, colocando em mim e vendo um sorriso interessado crescer em Jude. Espelho sua atitude, removendo o suéter do meu corpo porque o calor crescia a cada segundo naquele lugar, e eu sabia que com o homem ao meu lado, a tendência era piorar. Ele pega a peça de roupa e apoia em uma das banquetas.
Eu tinha um problema sério com a bebida em específico que bebia nessa noite. Por ser mais leve e gostosa, eu virava com tranquilidade, ainda mais super gelada do jeito que estava, mas era justamente aquele álcool que me fazia esquecer que eu era super fraca para ela. Em pouco tempo, já estava soltinha. Solta solta, como já dizia minha mãe.
— Você é tão mentirosa. Eu sei que eu sou seu favorito. — Ele chega mais perto do meu ouvido, falando mais alto por conta da música.
— Meu favorito? — O questiono, encarando o seu olhar. O problema foi que o garoto não voltou a sua posição normal, e o encontro bem perto de mim.
— É. — Ele sorri pretensioso, me deixando ainda mais mexida do que já estava.
— Eu acho que não. — Sussurro, pelo menos na medida do possível, de volta em seu ouvido. — Eu adoro o Brahim.
— Então porque não está lá com ele agora? — Joga a pergunta do ano para mim, como se soubesse que eu estava ali porque realmente era meu favorito.
Ninguém mais, ninguém menos, que ele mesmo.
— Estou indo lá. Agora mesmo. — Me desencosto do bar, começando meus passos na direção do outro jogador.
O efeito comum do álcool é libertar vontades que todos pretendem não mostrar ao mundo. Então quando faço esse joguinho com Jude, é puramente guiado pelos meus desejos secretos. Eu não tinha intenção nenhuma de falar com Brahim Diaz nesse momento, por mais que eu admirasse o jogador, mas o fato de querer provocar o camisa 5, e ter essa liberdade, faz com que eu vá.
Mas assim como o álcool faz efeito no meu corpo, também faz no de Jude. E a consequência disso é ter a mão segurada por ele, conseguindo exatamente o que eu queria. O que não passou na minha mente era: "Qual a minha intenção com tudo isso?" Afinal, pretendo que sejamos apenas amigos.
— Não vai, não. — Ele diz, ainda segurando aquele sorriso em seu rosto.
— Ah não? — Olho em sua direção, comprimindo meu olhar.
— Não. Você vai dançar comigo. — Ele deixa o copo em cima da bancada, e eu faço o mesmo quando o homem guia meus passos até a pista de dança, rindo durante o trajeto.
Ali, naquela área, Vini, Rodrygo, Camavinga, Tchouameni, Alaba, entre outros, junto com todas as minhas amigas, dançavam uma música de boate em espanhol. "Baila Morena" de Héctor e Tito. Chegamos já dançando de acordo com a música, mas com os corpos muito mais unidos do que com o resto do grupo.
A ordem natural das coisas é que nos aproximamos, sorrindo ao trocar olhares e acompanhar os movimentos um do outro. Cantarolar a música que ambos sabíamos, com as pessimas vozes, mas repletas de diversão no momento. Acabar a noite, dançando coladinha com Jude não estava nos planos.
Mas eu deixei que chegasse a esse ponto, então permito que continue.
Tão próximos, com uma troca tão intensa de energias, me acostumando com a sensação da sua mão na minha cintura, com alguns dedos deslizando no meu estômago, também é natural que pareça que iríamos nos beijar a qualquer instante. Bom, encaramos algumas vezes intensamente não só para os olhos um do outro, mas também os lábios, com sorrisos cheios de diversão. Mas Jude sabe seus limites comigo, e eu continuo chegando ao máximo que podia com essas regras que eu mesma fiz.
Malditas regras.
judebellingham • close friends
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