𝒕𝗿𝗶𝗻𝘁𝗮 𝗲 𝒕𝗿𝗲𝘀. amante amado
❛ quero ser mandado, adorado, acariciado, machucado e amado por você. e depois pode me mandar embora, mesmo que sejam quatro horas da manhã, chovendo e fazendo frio, amor, e me proibindo de olhar para outra mulher qualquer ❜
amante amado, jorge ben jor
Eu tenho uma tendência tóxica que me leva a imaginar os melhores cenários possíveis para certas ocasiões. É um jeito em que você se pega pensando em algo que você quer que aconteça e fantasiando sobre isso o dia inteiro, esperando - mesmo que disfarçadamente e em segredo - que aquela situação aconteça. O curioso é que um livro me contou o erro dessa idealização e que, mesmo que tudo saia bem, nunca vai se comparar a fantasia de um sonho porque a realidade é bem mais dura do que isso.
Tenho sonhado por essa noite. Desde que chegamos ao Brasil, o que não faz muitos dias, temos ido a praias, almoços em casa ou restaurantes conhecidos, mas planejamos o dia de hoje para irmos a uma boate muito conhecida aqui no Rio por ser frequentada apenas por famosos, geralmente jogadores de futebol. Não que eu me importe com o público da balada, porque eu só quero festejar com meus amigos.
Mas meu sonho não se trata do lugar, se trata exatamente de quem vai estar e das possibilidades que uma festa trás. Durante esses dias, eu e Jude não nos beijamos. "Ah por quê?" Desde o momento em que as coisas ficaram estranhas entre nós no último dia na Alemanha, e depois Jude ficou estranho. Impossível negar que não fiquei, também. Não é como se olhássemos feio um para o outro, pelo contrário, sinto que buscamos muito mais a atenção um do outro nesse momento, mas é de uma forma muito mais amigável e nada atraída.
As meninas repararam no nosso leve afastamento e eu jurei que não entendia o porque verdadeiramente. Eu entendo um pouco, acredito que as coisas ficaram no ar naquela manhã em Berlim, meio guardadas e suprimidas. Agora, escondemos nossos pensamentos e sabemos que o outro também está escondendo.
Tudo isso vem a noite de hoje, onde eu espero muito que Jude me conte o que está passando pela sua cabeça e finalmente podemos estabelecer nossa relação como ela estava. E como ele seria louco de não me beijar hoje para resolver isso logo? Estou tão bronzeada que acredito que minha marquinha vai durar dias. Os fios do meu cabelo, alisados, estão batendo no final da minha coluna. Meu vestido mini brilha pelas pérolas que estão bordadas nele. Minha maquiagem é feita com todo o empenho que tenho.
O carro que nos leva continha apenas nos, garotas, e o motorista era bem divertido. Dentro da festa, o grupo já reunido precisa ser levado para a área VIP por uma multidão de seguranças porque os engraçadinhos estavam loucos por fotos com os meninos. Sentamos no sofá reservado por Vini, que convidou outros amigos famosos que eu não era tão conhecida. A cena em minha frente era de um Jude, Trent, Camavinga e Vini conversando com um Youtuber e mais duas outras influenciadoras, Rodrygo estava no telefone e Tchouameni fugiu do alcance das minhas vistas.
Estou bebericando meu drink enquanto Lani e Dora tentavam convencer Jobe a fazer alguns passinhos de dança do Tik Tok, mas ele ria de tamanha vergonha. Me sinto estupida por perder o momento feliz com meus amigos para encarar o homem em minha frente demais. Volto a olhar o mais novo Bellingham que escondia seu rosto vermelho com ambas mãos.
— Você tem que se soltar, garoto. — Lani se levanta, buscando pelo celular para eles gravarem a dancinha.
— Ah não, por favor! — Ele está rindo sem parar.
— Por favor digo eu. — Dora puxa sua mão pra que ele levante do sofá, e mesmo que arrastado ele vai.
— Isso!
— Qual a dancinha? — Pergunto, decidida a esquecer da existência de Jude antes que eu enlouqueça.
Não nego que dou algumas espiadas no jogador e em seu look completamente preto, e as vezes nas mãos curiosas que uma das influenciadores insistem em buscar por Jude. Eu posso estar meio louca, mas vejo que ele não dá muito papo para a conversa. Não posso dizer nada, a final, somos apenas amigos e se ele quiser ficar com essa mulher, ele pode.
Me sinto ainda pior por estar odiando ela e tudo sobre ela. Eu não deveria. Não é muito feminista da minha parte.
Aprendo a dança com a música "Kehlani" e fazemos a dancinha com Jobe, e é um momento tão divertido que por alguns segundos esqueço daquelas unhas vermelhas em sua blusa preta e o sorriso perfeitamente alinhado que parecia ter milhares de dentes todas as vezes em que Jude fazia qualquer comentário e estou e volta a minha loucura.
— Preciso beber. — Aviso a Alanis, sentada no sofá.
— Honestamente, eu também. — Ela se levanta, pegando minha mão e caminhando até o barman.
Minha amiga faz o pedido de algo que não entendi exatamente, já que estava tentando focar na música que preenchia meus ouvidos. Olho ao redor, louca para tirar meus pensamentos de um único foco e achar outra coisa para ocupar a minha mente. Percebo que não vejo Lu nem Isa há um bom tempo.
— Cadê as meninas?
— Foram ao banheiro. — Lani responde, me entregando uma das taças.
— Vamos buscar elas. — Seguro sua mão, que caminha comigo em direção a um corredor, cuja únicas portas eram dois banheiros masculino e feminino.
Isa sai do banheiro sem Lu e fecha a porta atrás de si, sorrindo e nos encaminhando em direção ao retorno da festa.
— Cadê- — Começo, mas então percebo tudo. Ela estava lá dentro com alguém, e antes que eu conclua meu pensamento em palavras, Isa da uma risadinha para comprovar. — Olha só...
— Vamos deixar ela se divertir.
— Eu quero dançar. — Alanis avisa, e então bebo mais goles do meu drink, percebendo que estava tão doce que não percebia o álcool.
A área VIP ficava em um andar superior, com vista para a pista de dança e o DJ. Decidimos curtir ali mesmo para não ter nenhum problema. Começo a beber minha segunda taça sorrindo, abraçando as meninas e me soltando aos poucos. Em alguns minutos Vini, Rodrygo, Trent, Camavinga, Jude e seus acompanhantes de mais cedo se juntam a nós.
A música de funk antigo me anima, quer dizer, geralmente me anima, porque começo muito feliz, principalmente por ver Trent e Alanis juntos dançando no grupo, mas logo percebo as graças que aquela maldita influenciadora jogava para o inglês. O álcool começa a agir no meu organismo e esqueço de apertar stop.
Acredito que a última coisa que me lembro antes de tudo virar um borrão é do sorriso de Jude em minha direção, e depois Vini me incentivando a virar alguma coisa.
— Deixa eu falar com ele! — Isabella quase grita com Alanis, com a voz embriagada e lágrimas de unindo em seus olhos.
— Você não vai falar com ele. — A amiga responde, entregando água para a garota que já havia derramado outros mls no sofá em que estava sentada.
— Mas eu quero!
— Você só vai falar besteira agora. — Isa comenta, acariciando os fios da amiga que cansou da agressividade de tentar falar com o garoto e relaxou, quase chorando.
— Só não deixa ele beijar aquela vadia. — Ela murmura. — Tipo, Deus me perdoe por chamar ela assim, nem é justo com ela, mas não deixa. Eu sou feminista! Mas eu ponho um fim no meu feminismo no momento que aquela piranha tocar nele de novo.
— Ok, ok. Eu não vou deixar. — Alanis a tranquiliza, mas tudo aquilo é da boca pra fora, como se você tentasse convencer uma criança de que está tudo bem - quando na verdade ela acabou de quebrar um braço.
— Eu estou tão confusa!
— Eu sei, amiga. Eu sei. — Ela pede que a amiga beba mais água.
— Gente. — Dora corre até o grupo. — Lu está vomitando no banheiro.
— Meu Deus. — Isa e Alanis correm atrás dela para ajudar.
A verdade é que ninguém estava bem naquela festa e beberam muito mais do que podiam. O único que estava "bem" era Vinicius, Jobe e Tchouameni. O primeiro porque era incrivelmente forte para bebidas alcoólicas e os outros dois porque não estavam bebendo. Ou seja, eram bebados cuidando de bebados.
Jude não se safava desse padrão. Sentado do outro lado da festa, jogado no sofá, olhando para o teto brilhoso, ele se reafirmava que não podia ir falar com Isabella no momento.
— Eu não posso. — Jude fala, sozinho.
— Você não pode. — Rodrygo aponta pra ele.
— Porque estou bebado, ela está bebada, e somos amigos. Nada de bom vai sair dessa conversa. — Ele se reafirma, mas tudo parece da boca pra fora. — Mas eu quero...
— Mas não pode! — Camavinga segura o rosto dele para olhar em seus olhos e deixar bem claro que ele não pode.
— Estou ficando louco.
— Louco de amor. — Camavinga nega com a cabeça.
— Você não pode! — Rodrygo repete como se só tivesse essa fala no seu sistema.
— Eu não posso. Não posso estar louco! — Ele se senta, piscando os olhos e encarando os amigos com medo. — Mas eu quero...
— Jude! — Camavinga senta na cadeira em frente a ele, com um semblante sério - ou a tentativa de um. — Você não pode.
— Eu não posso, mas eu quero. Quero falar com ela. Tá tudo muito louco! A gente nem se falou hoje, ela nem falou comigo. Tudo bem que eu também não falei... Mas meu Deus, eu realmente estou louco. — Suas palavras saem emboladas. Jude está alto, mas não está tão bebado quanto a garota do outro lado da festa está. — E se eu pedir ela em casamento?
Rodrygo e Camavinga se encaram porque sabem que tudo aquilo é muito sério, mas depois que Vinicius chega e murmura alguma coisa no ouvido deles, ambos se prontificam para seguir o homem em direção ao banheiro. Vini havia pedido ajuda com Trent, que também não estava muito bem no banheiro.
Agora parecia o momento perfeito para Isabella. Sem suas seguranças particulares impedindo-a, a garota se levanta e cambaleou pelo espaço, encontrando Jude sentado no sofá há alguns metros de si. Ela para por alguns instantes mas continua a andar. O homem encontra o seu olhar e se levanta automaticamente, em um clima onde ambos não conseguem tirar os olhos um do outro.
— Isabella. — Jobe se levanta, ficando na frente do irmão. — Por favor...
— Agora não, Jobe. — Ela quase empurrou o garoto, e Jude também não facilitou para ele ficar entre ambos
O mais novo desistiu e respirou fundo, se mantendo há alguns passos deles, arrependido de ter se quer saído de casa hoje porque mesmo com 18 anos parecia o mais consciente daquela festa. Seu olhar capturou o momento em que Jude segurou o rosto de Isabella e ela os seus ombros, sem dizer nada por alguns segundos. Ele sabia que aquilo tudo era estupidez porque os sentimentos estavam aflorados e aquela poderia ser uma cena de um filme de comédia.
— Me diz que você não beijou ela. — Ela pergunta, quase chorando.
— Ela quem? — Jude está confuso.
— Ela. Aquela mulher. Eu não sei o nome dela!
— Eu não beijei ninguém, Bells. Por Deus! Você acha que quero beijar alguém além de você?
— Você não quer? — Ela se choca.
— Não, não quero. E eu também não quero que beije ninguém.
— Você não quer? — Ela repete.
Uma tremenda confusão.
— Não, Bells.
Ele está segurando ela como se ela pudesse escapar. Ela não escaparia. Ela precisou fugir da atenção dos outros para grudar em seus braços. Ela não escaparia. Isabella deixa que lágrimas corram pelo seus olhos como se aquilo fosse realmente tão intenso. Quer dizer, era, mas não daquela forma.
— Por que você está estranho?
— Sei lá, a gente teve um lance tão doido na última manhã em Berlim. Ai tudo ficou estranho. Tudo que eu queria te dizer era que eu queria você só pra mim.
— Eu também! — Ela exclama. — Por que não disse depois?
— Piorou quando você me colocou em um quarto com os meninos. — Ele soa levemente bravo por um mísero segundo.
— E qual o problema? Queria ficar sozinho? Ou com os meninos de Madrid? — Ela estava tentando decifrar o enigma que Jude nunca foi.
— Não, Isabella. Eu queria ficar com você.
E as lágrimas pioram. Ela abraça ele com força e tem um sorriso em seu rosto, como se a bagunça tivesse acabado. É nesse momento que chegamos ao ponto final da festa.
— Eu estou enjoada. — Ela se separa dele.
— Ok, vamos ao banheiro. — Ele segura em seu braço e Jobe entende a situação, se aproximando deles para ajudar ela.
— Tava mais fácil fazer uma festa no banheiro. Tenho dó de quem vai limpa-lo amanhã.
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