𝒒𝘂𝗮𝗿𝗲𝗻𝘁𝗮 𝗲 𝒄𝗶𝗻𝗰𝗼. flor de lis
❛ valei-me, Deus, é o fim do nosso amor. perdoa, por favor. eu sei que o erro aconteceu mas não sei o que fez tudo mudar de vez. onde foi que eu errei? eu só sei que amei, que amei, que amei ❜
flor de lis, djavan
Eu amo Jude.
Amo cada sorriso que me dá, cada cantada que fez para me conquistar, cada suspiro cansado após um jogo, cada carinha de sono. Amo seu coração e amo sua alma, sem deixar de lado o seu cérebro. O vi se desenvolvendo como ser humano dentro de 5 meses. O vi sendo o espelho dos seus pais - e o ensinamento que eles deram - e o vi ser exemplo para o seu irmão. O respeito pelos amigos e seu amor por mim.
Como se não bastasse observar o ser humano perfeito que ele é, me senti verdadeiramente amada. Amada por aquela pessoa que amo.
A coisa engraçada do mundo é que sou lançada em desafios constantemente contra a minha paz. Algumas vezes penso que é um teste do divino - já que não sou adepta de nenhuma religião específica, mesmo acreditando em algo maior - para descobrir se sou um ser humano decente o suficiente para receber boas coisas em troca dos sofrimentos. Aliás, somos quem somos pela forma que reagimos as coisas.
Fui chamada de aproveitadora, comparada a milhares de modelos absurdas, me vi sendo associada as atrocidades mais estupidas que alguém pode ser chamado. Tudo isso em nome desse ser que eu amo.
No momento que chego em casa na noite passada, por volta das 1 da manhã - depois de acolher meus pais na cidade e então jantar em família - recebo algumas mensagens no meu Instagram. Essa conta privada de uma garota que sentou comigo durante as aulas de hoje e esteve no meu primeiro dia de aula - Elena -, me manda algumas fotos. Na explicação abaixo apenas um comentário: "Não vi nada demais, mas achei que deveria saber." Eu não respondo.
Descritivamente, Jude está sentado em uma cadeira e do outro lado da mesa está uma moça dos cabelos loiros, lisos e curtos, em um restaurante chique. Ele está usando um moletom comum, e ela, um vestido vermelho, curto, que contrasta com a pele branca de quem veio de Paris direto para cá.
Se eu fosse desenvolver meus sentimentos em palavras, teria "decepção" escrita na minha cabeça. Se puder traduzir de outras formas, me sinto uma idiota. Idiota porque amo absurdamente o cara que me fez promessas e cartas de amor. Jude, acima de qualquer outra jura, me disse com a maior sinceridade do mundo que não seria como o meu ex.
Há mais de um ano, termino com um cara que me prometeu um futuro, mas nunca me escutou. Inclusive, nessa sua história onde eu era uma mera peça que faltava para seu conto perfeito, não importava realmente quem eu fosse, apenas o que eu podia proporciona-lo: Uma personagem secundária da ideia que tinha de ter uma esposa bonita que cuidasse dos seus filhos integralmente e fosse boa o suficiente para aceitar tudo que diz, vinda de uma família rica. De extra, ele viajaria pelo mundo e conquistaria outros corações além daquele que o esperava em casa.
Hoje, me sinto exatamente como aquela garotinha aterrorizada com sua primeira experiência do que o amor não deveria ser. Fantasiar o amor por anos, desejar o príncipe encantado e então ver que tudo que amava sobre ele era uma mera projeção de tudo que merecia, mas não tinha verdadeiramente. Mas talvez esteja até pior porque eu me jurei não me entregar assim novamente.
Sempre fui uma pessoa muito prática. Quando as coisas não davam certo, buscava a minha solução em atividades que me distraíssem da dor. Siga em frente antes mesmo do luto. No momento que recebo aquelas fotos, fico em choque até que choro que nem criança. Duas horas me sentindo que nem merda, debaixo das cobertas ou no banho quente. Depois disso, estou organizando minha cama para dormir e já pensando no que faria no dia seguinte.
Eu estava com raiva de Jude. Como ele ousava ser algo além daquilo que se mostrou ser? E eu jurei que ele podia ser algo diferente além do que os homens em geral também se mostravam ser. Ele podia continuar sendo exatamente quem ele era, até aquele segundo em que vi as fotos.
Para superar a raiva, desconto tudo em cima de um almoço muito bem feito para os meus pais. Em 30 minutos eles chegariam para comer comigo e eu teria que fingir que estou bem demais. Só de ter a presença deles seria distração suficiente da sensação de ter sido feita de idiota duas vezes, quase da mesma forma.
Só fico agradecendo dessas fotos não terem vazado para o público e não estar sendo chamada de corna em todos os cantos, como se buscasse pelo lado positivo dessa histórias, relembrando que tudo acontece por uma razão.
E eu seria mesmo corna se não houve pedido algum de namoro?
A porta atrás de mim começa a destravar, mas não me importo porque só quero acabar de montar a mesa posta mais bonita que já vi - com decorações envidas pela minha mãe.
— Bom dia, Bells. — Escuto a voz de Jude e percebo a presença do homem, nesse momento inconsciente de que eu sabia qualquer detalhe da sua noite anterior, que tira os sapatos e vem até mim em busca de um beijo.
Paro o seu corpo com a minha mão sem nem olha-lo.
— Bom dia. — Respondo, ríspida e sem dó, mesmo odiando ser uma pessoa ruim.
— Bom dia... — Ele repete, provavelmente sem entender a razão da forma que falo com ele. — Como foi o jantar com seus pais? Eu vi as fotos no Instagram.
— Foi ótimo. — Acabo minha explicação por aí.
Não consigo olhar nos olhos de Jude, ou em seu rosto, ou em qualquer parte de si. Manter qualquer contato visual. Estou de costas para ele, ajustando detalhes que já foram ajustados milhares de vezes para me distrair da dor que formava no meu peito. Mas tinha orgulho demais dentro de mim buscando pelo mínimo de auto preservação.
— Que bom. — Ele se senta na cadeira que fica na ponta da mesa. Ainda não entende porque estou assim. — Queria falar sobre algo com você-
— Como foi o seu encontro?
Se contasse um resumo da minha vida, diria que sou uma frouxa. Nunca tive coragem de me defender ou colocar meus limites. Meu medo de discussões era terrível e já me colocou em diversas furadas. Só eu sabia das milhares de coisas que precisei aguentar pelo desconforto de dar a minha opinião sobre algo que me incomodava. Mas agora não tinha porque me segurar.
Deixei esse trejeito de lado.
Esse é a primeira vez que pude ver qualquer traço de expressão de Jude e sua resposta foi um choque misturado com vergonha. Acho que ele não queria que eu soubesse, até porque assim é mais fácil de esconder qualquer coisa de mim.
— Então você soube sobre isso.
— Soube. — Dou risada. Não existe uma dose de humor na minha risada. O sarcasmo está mais para um desdém sem medida. — Não vindo de você, claro.
— Olha, Bells, eu não tive nada com ela. — Se levanta, aproximando sua figura de mim. — Era o que eu ia te explicar-
— Não vai ser um problema se estiver, não é? — Respondo, ríspida e cheia de ódio.
Óbvio que vai ser um problema! O maior dos meus problemas. Ele estava em um encontro amoroso com uma mulher cuja as minhas pesquisas de stalker indicam ser uma ex inglesa, antiga o suficiente para ser insignificante na nossa história, mas aparentemente o amor dos dois foi grande o bastante para atravessar a linha do tempo e do espaço. De qualquer forma eu não iria me rebaixar em um momento desses.
Deveria ter insistido quando tive a chance, mas me deixei ceder pelas palavras bonitas e um coração machucado.
— Não? — Me pergunta confuso, talvez com um pouco de revolta em sua voz, mesmo sabendo que não deveria ter.
— Não.
Há um breve momento em que ele se perde no raciocínio e estou louca para acabar com tudo isso. Por um fim nessa história porque nem a pau que vou aceitar viver isso tudo de novo por alguém em que confiei as palavras em não ser aquilo que tanto me maltratou. A "traição" de Jude - se eu puder chamar assim - é pior porque ele soube tudo que sofri da primeira vez.
— Eu não estou com ela, de qualquer forma. — Quebra o silêncio de uma forma mais direta.
— Não é o que a foto está falando... — Soei positiva, quase cantarolei.
— Foto? Bella, eu não sei de que foto está falando ou o que tem na foto, mas o que eu sei é que nada aconteceu entre nós. Não quero que acredite em uma teoria. — Posso escutar a revolta na sua voz, mas eu prometo que estou mais revoltada.
— Eu não disse isso, Jude... — Inspiro fundo e então expiro cansada, negando com a cabeça e passando a mão livre na testa, segurando com a outra na minha cintura. — Tudo que eu disse é que a foto é bem suspeita, e minha falta de consciência também não ajuda.
— Isabella, me diz porquê estamos discutindo sobre isso. Não faz 5 minutos que você me disse que não seria um problema se eu tivesse tendo algo com Eleonor, que aliás, eu não tenho, mas agora está dizendo que a foto não ajuda. Você pode, por favor, ser mais aberta comigo? — Posso ver Jude cruzar os braços e esperar por uma resposta minha, com a confusão na voz.
Eleonor. A cretina tem nome.
Sinto por alguns instantes que eliminamos toda história que vivemos. Não existiu as palavras bonitas, não existiu as promessas, ou talvez os sonhos que sonhamos juntos. Acima de tudo, não existiu o amor. Nesse momento parece que estamos naquela fase da enrolação e da linha tênue entre ser grandes amigos e permitir que o sentimento aflore.
— Então por que diabos está tentando me convencer de algo? Já não está decidido que tudo bem? Então tá tudo bem! — Se ele vai demonstrar estar revoltado, eu também.
— Porque... Meu Deus, você é importante e não quero que acredite em uma suposição sobre uma imagem do que nas minhas palavras. — Diminuiu o tom de voz, está mais tranquilo como se tentasse controlar a ele mesmo.
— Claro que eu acredito, mas... — Estou prestes a ultrapassar os limites entre o que é a verdade que vai me machucar e a mentira que vai me proteger. — Só estou falando que não é um problema. Pode sair com ela quantas vezes quiser, com quem quiser. Não precisa ficar se explicando, viu? Eu tô tranquila.
Escolhi a mentira.
— Não tem porquê explicar, não é? Aparentemente não devemos satisfações um ao outro. — Há uma calmaria em sua voz que é mais desconfortável que muito grito.
— Exatamente, você me entendeu. Agora, se me der licença, eu estou organizando o almoço para os meus pais que tão chegando logo.
Eu não olhei em seus olhos uma vez se quer. O mínimo que fiz foi trocar olhares rápidos e tão secos que poderiam ferir. Meus olhos diriam muito mais que minha boca.
— Eu... — Suspira, fundo. — Vou deixar você em paz. Não quero atrapalhar.
Concordo com a cabeça, cansada de responde-lo. Tudo que eu mais queria nesse momento era ser vista como uma pessoa tão forte que levantaria batalhões para se defender e ninguém como Jude Bellingham conseguiria destruir toda auto estima que criei durante meses com a minha psicóloga. Não há nada no meu o qual eu seja resolvida na vida, principalmente os sonhos futuros.
Eu o amo mas o carinho...
— Tchau, Isabella. — Termina, buscando pelos sapatos. — Manda um beijo para os seus pais.
Antes que meus pais cheguem, me ponho a chorar.
❛ será, talvez, que minha ilusão foi dar meu coração com toda força pra essa moça me fazer feliz? e o destino não quis me ver como raiz de uma flor de lis. e foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira. morto na beleza fria de maria [...] ❜
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