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Parte 2

Música: Sam Tinnesz - Heart of the Darkness 


***


Sempre ouvi dizer que a infância é a melhor fase das nossas vidas, bom, pelo menos a primeira melhor fase.

Tenho vinte e sete anos e caminho pelo Aeroporto Internacional de Heathrow envergando a farda que desejei desde que me entendo por gente.

Parece maluco uma pessoa conseguir alcançar tão cedo e no auge da sua vida aquilo que sempre quis até ao momento? Bom, para alguns sim, mas não para mim.

Sempre tive uma ideia bem clara do que queria conquistar. Planos definidos, metas traçadas, mas como sabem, não é só a meta que interessa porque é a jornada que nos transforma.

E a minha jornada ainda agora começou.

- Suazilândia. – Oiço. – Já viste bem? – Andrew aparece ao meu lado, a olhar atento para o monitor com os voos. – Eu nem sabia que essa palavra existia, quanto mais que era um país!

Rio.

- Não é a primeira vez que voamos com um destino estranho. – Observo.

- Meu amigo, mas isso não é muito difícil, metade do mundo é estranho.

Rimos.

Lembro-me do dia em que deixei tudo para trás para seguir o meu sonho. A ansiedade, o entusiasmo, o orgulho, a ambição... Anos depois, continuo a sentir o mesmo, porque todos os dias me apaixono um pouco mais pelo que faço.

- Já tens o plano do voo? – Pergunto-lhe.

- Já. Fui ao escritório. Suazilândia perdida no meio da selva. – Exala. – Onde anda a Sophie? Está na hora.

Ouvir o nome dela provoca-me calafrios. Recordo o seu cheiro, o seu sabor...

Para, Mike! Cabeça no trabalho!

Encolho os ombros.

- Ainda deve estar na casa de banho.

Andrew estuda-me por momentos e depois suspira.

- Bom, pelo menos é ela. Imagina, ir para a Circolândia com a megafónica da Rachel!

Gargalho. Não queria imaginar esse cenário.

Andamos em direção ao pórtico de segurança para staff acompanhados pela funcionária da companhia de handling que nos representa. Há oito meses que faço voos com Andrew. Tempo suficiente para saber o que posso esperar dele.

- Acho que querias dizer Suazilândia. – Corrijo.

Ele olha-me de lado. – Foi o que disse. Qualquer dia temos passageiros para a Infernolândia.

Gargalho pela sua frustração.

- Secalhar Lucifer dá gorjetas.

- Se Lucifer desse gorjetas não era o dono daquela merda lá em baixo.

Bom, ele tem o seu ponto de vista.

- Como está a Anne? – Pergunto-lhe.

- Está bem. Fomos jantar à casa dos pais dela nas minhas folgas. Juro que o pai colocou alguma coisa na minha bebida.

- Mais provável ter sido a mãe, na comida.

Andrew detém-se quando se preparava para entrar na carrinha que nos vai levar ao avião.

- Eu sabia!!! Aquilo tinha um sabor estranho.

Passo-lhe à frente a rir. – Eles adoram-te! Seriam incapazes de te fazer uma coisa dessas.

- Não te rias! Passei o resto da noite com as tripas às voltas! Cheguei a ponderar ligar para a sede para mandarem outro gajo contigo.

Rio. – E tu ias perder a oportunidade de conhecer a...

- Infernolândia? Circolândia... - Sugere, no mesmo instante em que Sophie aparece.

- Estamos atrasados! – Diz.

- E de quem é a culpa, Senhorita? – Pergunta Andrew.

- Minha não é! – Responde bruscamente.

Sophie entra na carrinha e estranho-lhe a atitude.

- Alguém acordou com as garras de fora. – Riposta Andrew. Bato-lhe ligeiramente no braço para que se cale. – Ela adora-nos, não te preocupes.

Será que ela está furiosa por causa da rececionista? Mas ela saiu bem-disposta do quarto.

- Sabias que existe um país chamado Suaz... - Detém-se e olha-me. – Como é que é mesmo?

- Suazilândia. – Digo, contendo um sorriso.

- Isso. – Ele ri.

- E se fosse a ti tinha cuidado.

― Por quê?

― É um país em regime monárquico.

- Vamos transportar realeza?! Mas essa gente não tem aviões próprios?! – Saímos da carrinha e entramos no avião. – Inacreditável! Nem avisam um gajo da importância da viagem nem nada.

― Por algum motivo nos avisaram de que era um voo top secret para a tripulação.

― E eu a pensar que ia levar a Adele ou o Ed Sheeran.

Sento-me no cockpit e começo a preparar tudo, mas Andrew agarra-se ao telemóvel.

- Larga isso. – Digo-lhe.

- Filhos da... - Cala-se. Olha-me incrédulo. – Estes gajos aceitam poligamia!

Rio. – Estás a pesquisar o país?!

- Claro! Mas achas que me vou enfiar no meio da selva sem saber de antemão se é habitada pelo King Kong ou pelo Tarzan?

Gargalho. – Acho que não teremos de nos preocupar com isso uma vez que vamos estar lá parados umas meras três horas.

- Maldito tráfego aéreo. Aposto que até o aeroporto não é um aeroporto, mas uma pista de aterragem minúscula no meio do mato. – Diz, voltando a sua atenção para o telemóvel. – Um terço?! – Exclama. – Um terço da população é sero positivo. A mais alta taxa de contaminação do mundo! Esta gente não aprende?! Não sabe o que é um preservativo?

- Estamos a falar de um país minúsculo em África, com monarquia e clãs. O que esperavas?

Andrew fita-me. – Como sabes sobre os clãs? Eu não li essa parte em voz alta. – Permaneço em silêncio. – Seu filho da mãe! Tu pesquisaste primeiro que eu!

Rio.

- Deram-me um plano de voo também. Cheguei cedo ao escritório.

Entretanto é-nos dada autorização para descolar.

- Como estão as coisas com a tua ex? – Andrew pergunta e eu tremo. Não quero falar na Holly por várias razões.

- Calmas. Não temos falado. – Limito-me a responder.

- Ela perguntou-me por ti.

Fito-o.

A ideia de Holly perguntar por mim dá-me esperanças numa coisa em que só eu acreditava... pelo menos, na minha maneira de ver as coisas.

- Falaste com ela? – Interrogo. – Desde quando vocês são amigos?

- E não somos. Encontrei-a num café, um dia que em que saí com a Anna.

Quando Holly me perguntou quais eram os meus planos, eu tinha a resposta na ponta da língua. Foram quase duas décadas de planos e sonhos. O problema não eram os meus planos, era a maneira como ela geria os seus planos. Contrariamente a mim, ela tinha metas, mas em vez de trabalhar para elas, deixava-se levar pela vida.

- Ela perguntou-me se tens saído com alguém. Disse que sente a tua falta.

Menosprezo a observação com um riso.

- Imagino essas saudades.

- Ela parecia certa do que dizia.

Holly é uma artista nata. Dramas são com ela, tendo em conta a quantidade de vezes que ela arruína as coisas porque só pensa nela nos momentos em que deve ponderar a relação com as outras pessoas.

- Ela parece sempre certa do que diz, em todos os momentos, mesmo naqueles em que faz merda.

- Não há mesmo volta a dar?

- Não vou mentir e dizer que ela não é importante para mim e que não sinto a sua falta. Namorámos quatro anos. Ela será sempre a tal. Mas não vejo como as coisas possam melhorar se ela não começar a lutar pelo que quer a longo prazo.

- Ótimo! – Diz entusiasmado. – Porque eu não gostava dela. Não te tratava como mereces.

Rio. – E isso seria como?

- Fácil, meu amigo. O que toda a gente merece pela manhã: sexo matinal e panquecas. – Diz. Fito-o. – Pronto: Sexo pela manhã, amor, sexo, respeito, orgulho, admiração... amor e sexo. -Ri.

- O sexo era bom. – Defendo. – Muito bom, para ser sincero.

Andrew olha-me.

- Percebeste que de tudo, a vossa relação ficou definida pela palavra sexo?

- Terapia para casais nas nuvens? – Pergunto tentando disfarçar o murro no estômago que senti.

- Um bom filme para ilustrar a situação. – Brinca. – Vou dizer à Anna: Querida, quando achares que somos uma merda, vê este filme. Poupamos a consulta no terapeuta e vamos jantar fora.

Rio. Andrew tem o seu ponto de vista. Por vezes aquilo que ouvimos não é aquilo que queremos, mas é o que precisamos para abrir os olhos para a realidade.

Quando estamos muito tempo com uma pessoa e deixamos de a conquistar todos os dias, de lhe relembrar que é connosco, o melhor local do mundo, não é amor, é companheirismo, é rotina, é aceitação. Não posso dizer que não nos amávamos.... No fundo acredito que nos esquecemos do verdadeiro sentido da palavra amor pela falta de tempo e dedicação à mesma.

- É complicado. – Limito-me a dizer.

- Ninguém disse que não seria. – Murmura. – Sophie. – Chama. – Sophie!!!

Quando não levamos passageiros, a hospedeira que nos acompanha costuma sentar-se à entrada do cockpit para conversar, ou fica a ler um livro, tirar fotografias, o que quiserem. Mas Sophie estava na casa de banho.

- Maldita melancia em jejum. – Reclama aproximando-se. – Parece que tenho a bexiga de uma criança.

- Podia correr pior. – Diz-lhe Andrew e rio.

Sophie olha-o incrédula. – Essa tua mente é a coisa mais poluída do mundo.

- Linfen na China ganha-me.

- Ainda não aterrámos na Suazilândia. Vamos deixar a competição em aberto.

- Pelas fotografias não parece mau de todo. – Observo.

- Desde quando confias em fotografias? – Andrew fita-me. – Meu amigo, é tudo Photoshop.

#

Aterrámos há duas horas e mandaram-nos esperar no avião. Ao fim de uma hora e meia Andrew desistiu e foi para o banco de trás dormir.

- Como estás? – Pergunto a Sophie, que acabou por ocupar o lugar de Andrew.

- Estou bem. E tu?

- Também. – Limito-me a dizer. Ela está estranha e temo que os nossos encontros sejam a causa disso.

Sophie espreita Andrew e após segundos a estudá-lo, levanta-se e senta-se no meu colo.

Fodasse. Sou tão fraco. Ela torna-me tão fraco.

Coloca uma mão em cada face como se o meu rosto fosse um cálice sagrado e aproxima-se para beber dos meus lábios.

Esta mulher é perigo e eu gosto disso.

Ela é a única coisa que me puxa do pensamento "Holly é uma traidora e não viste o quão óbvio era." E me faz esquecer o mundo. Mais do que eu gostaria.

Os lábios dela tocam os meus com suavidade, como se temesse quebrá-los. Não é uma dança desinteressada, pelo contrário, ela quer tanto, que o sentimento e a vontade a proíbem de se denunciar. E eu já a conheço tão bem...

- Andrew pode acordar. – Murmuro contra os seus lábios. Beijando-os, mordendo-os. Puxando-os, e a ela para mim.

- Estás com medo de ser apanhado? – Brinca.

- Isso é um desafio?

Sophie sorri vitoriosa. – Precisas ser desafiado?

- Não. - Olho-a nos olhos. – Mas os desafios fazem as coisas acontecer.

Os seus olhos fitam-me. Como se o que disse lhe tivesse sugado o ar.

- Dois não fazem o que um não quer.

Rio.

Sophie espreita Andrew novamente. Quando se endireita sorri.

- Talvez seja melhor acordá-lo. – Diz.

Não me manifesto por instantes e ela sai do meu colo, derrotada, e senta-se novamente no lugar de Andrew.

- Devia ter feito o voo das Canárias. – Diz com um sorriso. – A esta hora estaria a apanhar sol na piscina.

- Este continente é uma perda de tempo.

- Há coisas boas. – Diz. – Todos os sítios têm coisas boas e más.

- Acredito que sim, mas quando estás num resort com praia paradisíaca, não enfiado no meio da selva.

Sophie ri. – África tem das praias mais bonitas que já vi. Só precisas dar-lhe uma oportunidade. Todo o mundo devia. Não devia ser a cor a diferenciar-nos.

- O presidente dos Estados Unidos é negro. – Recordo-a.

Sophie olha-me com compaixão no olhar, e são estes pequenos detalhes nela que me tomam o coração aos poucos. – Sim, mas ele não nasceu em África. Pensa... quantos médicos, quantos professores, quantos pintores e escritores não está o mundo a perder por fechar os olhos a todas estas pessoas? – O olhar dela esmorece. – Acho a vida tão injusta.

E por momentos, sinto a dor que ela sente.

- Anda. – Digo-lhe, levantando-me.

- Onde?

- Apanhar ar. Não aguento mais estar aqui fechado. Não nos contratam para estas coisas. – Brinco.

- Mas deram-nos ordens para esperar dentro do avião.

- O que pode acontecer se sairmos e nos afastarmos no raio de um quilómetro? – Pergunto-lhe entusiasmado. – Anda.

Abro a porta e desço.

Ergo os braços estalando cada articulação.

- Vou precisar de uma massagista depois desta viagem. – Digo-lhe quando ela desce.

- Onde está toda a gente? – Pergunta, olhando em redor.

Rodo sob os pés e percebo que não existe viv'alma. Nada de staff, nada de passageiros... É uma pista privada, mas quando chegámos estavam pelo menos doze pessoas a circular. Andrew tinha razão. Uma pista no meio do mato.

- É agora que aparecem os zombies e morremos. – Brinco.

- Não devias brincar com essas coisas. Nos filmes há sempre o idiota que diz o que vai acontecer e ninguém acredita.

Olho-a estupefacto. – Autch! Os meus sentimentos! – Levo a mão ao peito e ela ri, avançando a medo.

- Secalhar foram almoçar. – Diz. – Em Espanha fazem uma pausa após almoço para dormir a sesta. – Ri.

- E deixavam-nos a torrar ali dentro?! Também quero almoçar.

Ela encolhe os ombros e dirige-se para dentro o armazém, onde está uma avioneta e uma grande quantidade de caixas de madeira empilhadas a um canto, junto a uma parede de vidro martelado.

- É agora que aparecem os zombies? – Pergunta-me.

Encolho os ombros. – Não sei. – Aproximo-me dela. – Mas normalmente, há sempre um casal no mel. – Puxo-a para junto do meu corpo e beijo-lhe o pescoço, sentindo a sua pele reagir.

- De acordo com a sequência de um filme de terror, esses são os primeiros a morrer. E desde quando somos um casal?

Merda. ― Maneira de falar. – Desculpo. - Bom... se eu fosse morrer num filme de terror, iria querer ser o primeiro. – Ela olha-me interrogativamente. – Primeiro, porque as primeiras mortes quase nunca são as elaboradas. Segundo, não sofrem o terror psicológico de fugir ao assassino. Terceiro, morrer após sexo é melhor que morrer após correr pela vida.

Sophie gargalha.

- És tão estranho, Mike Storm.

- Estranho bom ou estranho mau?

Ela comprime os lábios e observa-me por instantes. – Ainda estou a tentar descobrir.

Sorrio-lhe porque gostei da serenidade com que me respondeu. Sophie puxa-me para ela e beija-me. Encaminho-a para trás das caixas. Mas quando lhe começo a correr o fecho do vestido ouvimos vozes e baixamo-nos.

- Quero o armamento enviado ainda hoje! – Ouvimos alguém dizer num tom furioso. – Não podem apanhar esta porcaria no armazém!

E quando ele fala o meu coração dispara e olho para as caixas. Fodasse!

- Não se preocupe, Chefe. – Diz alguém com um sotaque mais grave.

- Não me preocupo?! Idiotas! Por não me preocupar é que a encomenda está atrasada.

- Foi um erro, não voltará a acontecer. – Responde uma terceira voz.

– Pois não. – E o som de um tiro faz-me colar a mão à boca de Sophie a tempo de evitar que ela grite e nos denuncie. - Vamos, seu escroto! Preciso ir garantir que está tudo pronto antes que a tripulação me dê dores de cabeça.

- Eles tão fechados no avião, não devem dar problemas. – Consigo espreitar para ver quem fala. É um homem alto, cabelo frisado e barba. Os braços estão cobertos de tatuagens old school.

- Eu quero certezas! – Impera o que deduzo automaticamente ser o chefe. É forte, baixo, careca, e está de costas. – O armamento vai nos camiões e a droga comigo no avião.

Vejo-o voltar-se e volto a encolher-me atrás das caixas.

- Ok, Chefe. E a tripulação?

- Deixa-os no avião. Eles têm ordens para esperar lá.

- E se saírem para ver o que se passa?

- Incompetente! Se saírem mata-os!

Sophie treme e eu sinto o meu coração bater como nunca antes.

- Eles devem ter ouvido o som do tiro.

- Uhm, tens razão. Vai até lá e diz que o motivo pelo qual os estamos a manter dentro do avião é porque há rebeldes na zona.

Momentos depois oiço o barulho de um carro a arrancar, espreito e vejo o outro caminhar para a divisão atrás da parede de vidro martelado. Olho para Sophie e indico-lhe que não faça barulho e que se mantenha baixa. Ela assente, com os olhos rasos de lágrimas. Saímos com cautela e corremos para o avião. Andrew está na rua.

- Entra! – Digo-lhe ainda a correr.

- Estás parvo!? Estão p'rai uns 50 graus!

- ENTRA! – Grito.

Andrew sobe confuso e nós subimos atrás, fechando a porta.

Sophie senta-se a tremer.

- O que aconteceu? – Andrew pergunta.

Tento falar, mas o meu batimento cardíaco não o permite e ergo a mão a pedir-lhe que espere.

- Nós temos que...

Duas pancadas na porta interrompem-me. Fito Sophie, ela ainda treme. – Soph... - Murmuro. Mais duas pancadas.

- Está aí alguém?

Andrew interroga-nos com o olhar e abre a porta.

O homem que ficou entra com um sorriso largo. – Já pensava que tinham abandonado o avião.

O coração volta a disparar e forço um sorriso. – Acha?! Devem estar uns 50 graus infernais aí fora.

Ele inclina a cabeça. – Você parece cansado. Esteve a correr?

Fodasse.

- Três horas aqui fechados, queria que estivéssemos a ler? – Intervém Andrew. – Estávamos a ver quem conseguia fazer mais flexões.

Mas o homem continua desconfiado e olha para Sophie. – E ela, também participou?

- Comeu melancia ao pequeno-almoço. – Digo.

- Em jejum. – Reforça Andrew. – Devia ter visto a viagem para cá. Não saiu da casa de banho.

O homem faz cara de nojo e suspiro aliviado por isso. Ele olha-me. – Ia em 48.

- Isso é para meninos. – Diz.

- Bom, então acho que estou bem. – Forço um sorriso e Andrew segue a deixa.

- Quer dar o exemplo? Pago-lhe um copo!

- Não, não! – O homem nega. – Só vim ver se estava tudo bem e alertar-vos de que andam rebeldes na área. Se ouvirem barulhos suspeitos como gritos, rebentações... ou tiros... não se assustem. Eles não entrarão neste terreno privado, mas podem andar perto.

- Nesse caso, ainda bem que não pretendemos sair daqui. – Digo.

O homem olha-me e assente. – Aqui estão alguns documentos que o vosso cliente pediu para vos entregar. Ele foi resolver assuntos de última hora... por causa dos rebeldes...

- Só podemos descolar daqui a... - Andrew olha para o relógio. – ... vinte e três minutos.

- Perfeito! Mais que suficiente.

Sorrimos-lhe e ele demora-se alguns instantes antes de sair do avião.

Andrew fecha a porta novamente e fita-nos.

- Que merda foi esta?! – Pergunta friamente. E eu nunca vi Andrew assim. – Porque é que ela está naquele estado?!

- Temos que sair daqui!

- Estás maluco?

Aproximo-me repentinamente de Andrew. – Acabámos de ver o nosso cliente matar um dos funcionários.

- O quê?!

- O gajo é um traficante. Vai enviar armamento sabe Deus para onde e vai transportar droga connosco.

- Ninguém nos disse nada disso!

- Devem estar a receber dinheiro por baixo da mesa... ou talvez nem saibam. Mas se somos apanhados a transportar droga, não é só ele que vai preso... a tripulação também vai.

- Fodasse! O que vamos fazer?!

- Vamos sair daqui enquanto ainda estamos vivos! – Impera Sophie. – Ou és estúpido o suficiente para arriscar a tua vida?!

Andrew olha dela para mim.

- Ele deu ordens para nos matarem se dessemos problemas. – Confesso.

- FODASSE! – Andrew grita. – Porque é que vocês foram sair do avião?!

- Olha, porque estávamos fartos de estar aqui sem fazer nada. Podemos pensar no que vamos fazer a seguir e não no que já fizemos?

- Tínhamos ordens para ficar dentro do avião.

- E agora sabemos que o cliente é um contrabandista... ou terrorista!

Andrew leva as mãos à cabeça e começa a andar de um lado para o outro, enquanto Sophie chora.

Aproximo-me dela e abraço-a. Se eu não a tivesse desafiado, nada disto estaria a acontecer. Era apenas mais um dia de trabalho. Afinal, o que sabemos nós sobre as pessoas que transportamos? O que sabemos verdadeiramente para além daquilo que nos é dito?

- Temos de acabar o trabalho.

- O QUÊ?! – Exclamo ao mesmo tempo que Sophie.

- Se formos embora eles vão saber que sabemos. E eu não quero arriscar a minha vida ou a da minha família.

- Mas...

- Eu sou o Comandante! – Impera. – Vamos fazer a maldita viagem sem fazer asneira. Quanto mais depressa sairmos deste inferno e regressarmos a Londres, mais depressa cortamos qualquer ligação com esta gente.

- Se algo correr mal, vamos ter muito que explicar. – Digo.

- Não vai correr nada mal. – Ele diz. – Soph, consegues controlar-te e servi-los ou queres continuar a alegar que estás doente e fazes a viagem sossegada num canto?

Ela respira fundo, tentando recompor-se. – Eu consigo. Só preciso de um calmante.

- Tens vinte minutos. – Diz Andrew.

Olhamo-nos e automaticamente sabemos que este dia está longe de acabar. 

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