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Dia 17 • Poesia

AS AULAS TERMINARARAM e eu comprei um sanduíche de frango e maionese e sentei-me numa mesa afastada das outras, bem próxima a janela que dava-me uma ótima visão do que estava acontecendo fora da escola.

Até que ouvi um baque e vi algo sendo colocado sobre a mesa. Olhei pra frente e vi um Gregory sorridente, com os fios de cabelo presos num rabo-de-cavalo tão lindo de dar inveja e estava cheirando muito bem.

— Oi? — Eu disse a ele, que colocou a mochila na mesa e tirou o seu celular de um dos bolsos.

— Oi, Steph. Como vai? Trouxe isso pra ti — Greg apontou para a tigela transparente que continha bolachas de chocolates e outras red velvet.

— Obrigada — agradeci, puxando a tigela para perto de mim e tirei uma bolacha de lá. — Mas o que te trouxe aqui?

— Eu quero ficar com você — explicou ele, como se fosse a coisa mais normal da vida.

— Por que? — Questionei e Greg ergueu o seu olhar até mim e deixou o celular no canto.

— Porque gosto de estar com você, óbvio — respondeu-me e eu suspirei, dando uma mordida na bolacha de chocolate.

— O que você sente quanto está comigo? O que faz você gostar de estar comigo? — Perguntei-lhe e Greg abriu um sorriso enorme.

— Quando estou contigo, eu ouço uma música maravilhosa no fundo — Greg falou. — E acho que se tornou a minha sinfonia favorita.

Senti as minhas bochechas esquentarem e abri um sorriso totalmente involuntário.

— Você só está falando isso porque o Dylan não está aqui e está sem ninguém para conversar — eu rebati e Greg revirou os olhos.

— Você está mesmo difícil, Steph. E eu não estou falando isso porque o Dylan não está aqui, mas é verdade que eu não tinha mais ninguém para conversar. Com o Luke fora e o Timothee no futebol, só me restava você. E você está sem a Emily também.

Ah, sim, Emily estava fora do país. Ontem após o funeral da avó Gretta, Emily despediu-se de mim pois estaria numa viagem até França e só voltaria no domingo. Ela foi com o seu namorado, o Luke, para o noivado da Peggy, a sua irmã mais velha. E isso resultou em mim sozinha na escola, O Gregory sozinho também, porque o Dylan ainda estava muito sentido com a morte da avó Gretta e mesmo que eu também estivesse, tinha que prosseguir com o pequeno e curto tempo que me restava.

— Quais são seus planos para essa tarde? — Gregory perguntou-me tirando-me dos meus devaneios e eu a olhei confusa. — Eu quis saber se tem alguma coisa agendada para essa tarde.

— Ah, me desculpa. Eu vou ao clube de livros na biblioteca, faz muito tempo que não vou lá e acho que será uma boa distração na minha vida.

— Você se importa se eu for contigo?

A sua pergunta me pegou de surpresa, mas eu sorri e neguei com a cabeça.

— Claro que não, podes vir. Vai ser bom ter um conhecido por lá.

— Pera aí, eles não são seus amigos? — Greg indagou e eu fiz uma careta negando com a cabeça.

— Só conheço de nome a maioria deles, mas não sou amiga deles.

— Ok.

Terminei de comer a minha sanduíche e beber a minha Coca zero. Guardei as bolachas na mochila e ao lado de Gregory, saí da escola até ao estacionamento dos alunos.

O carro de Andrea estava estacionado bem próximo ao portão de saída. Eu entrei no banco de passageiro e Gregory entrou no de motorista. O som do carro ligou-se e a voz de Justin Bieber em What Do You Mean? era a única coisa que se ouvia.

— Estou planejando um concerto novo — Greg disse quando já estávamos na estrada a caminho da biblioteca. — É num bar simples, frequentando por motoqueiros e quase em decadência, mas — ele olhou para mim. — É um lugar vintage e ótimo para aproveitarmos e gravarmos um videoclipe para Quase Nunca — Greg explicou. — Ainda não falei com o restante da banda, queria explicar a eles ontem mas faltou oportunidade.

— Você quer mesmo alavancar a vossa carreira — comentei e Greg assentiu.

— É a meta, não? — Greg falou. — Eu sinto que meu avô estaria orgulhoso de mim por continuar com os seus passos.

— Mas no álbum eu sinto que você não é cem por cento rock'n'roll — observei e Greg concordou.

— Nem sempre seguiremos o que os nossos familiares faziam, não somos todos iguais. E a melancolia indie e o pop são elementos essenciais nas nossas músicas.

Sorri e olhei pela janela, a cidade movimentada, mesmo com um valor absurdo.

— Eu sempre quis realizar os meus sonhos — confessei a Gregory. — Mas sabe, as pessoas sempre gostam de se interferir e canalizam aquela nossa vontade de não desistir e... E nos afastamos das nossas verdadeiras essências. Não sei se você me entende.

— Eu percebo mais do que ninguém, Stephanie. O meu pai odeia a ideia de eu ser um astro do pop punk. Céus! Ele quando ouve dizer que eu fiz algo de errado ou na escola as coisas decaíram, ele bota a música em frente e diz o quão irresponsável eu sou e que sempre vou acabar sendo um fracassado como o meu avô e isso é frustrante — Greg olhou para mim e entortou o seu sorriso. — Sabes o que faço agora? Ligo o foda-se e deixo ele falar sozinho.

Gregory estacionou o carro em frente a biblioteca e nós saímos da sua viatura. O sol bateu nos meus olhos tão forte que tive que os semicerrar e entrar às pressas na biblioteca.

O cheiro a livro velho e lavanda foi como uma lufada de ar. Mesmo não gostando nem um pouco de ler livros enormes (que descobri que todo livro com mais de quarenta mil palavras chama-se "romance") e sendo totalmente devota a filmes, eu gostava da aura da biblioteca.

Caminhamos até a área do clube de leituras, mas ao chegarmos lá, encontramos jovens e alguns idosos que não faziam parte do clube de jeito algum. Ao olhar pra cima e ver a faixa: Corvos Poetas, asas negras da poesia, eu tive a total certeza que aquilo não era o meu clube do livro.

— Oi, Stephanie! — Disse uma senhora de óculos-garrafa, bem redondos e achatados.

Ela estava sorrindo, os seus olhos quase se fechando. Os seus fios de cabelo ruivo estavam presos a um coque com ganchos. Vestia um cardigan roxo e uma saia lápis verde-musgo comprida até os seus joelhos. Tinha uma aparência juvenil, mesmo eu tendo certeza que ela já estivesse na casa dos quarenta.

— Olá — eu sorri nervosa para a senhora. — O que está acontecendo e onde estão os membros do clube do livro?

— Oh, Steph! — riu a senhora. — O clube do livro acontece às quintas, tontinha. E como você já não é mais a presidente do clube, pensei que tivesses tirado um tempo daqui, já que não aparecias mais.

— Não sou mais a presidente?

Ok, eu já estava totalmente confusa.

— Espera, você não sabia? A votação aconteceu na semana passada.

— Eu não sabia, senhora... — olhei para o seu cardigan onde tinha uma placa de identificação. — Maddens, senhora Maddens. Eu não fazia ideia disso, eu não estive presente sim esses dias no clube — admiti. — Mas tive minhas razões.

— Você deveria saber que o Rocco queria o teu lugar como presidente à épocas. Você deveria estar atenta, mas sabe, não faz mal, o importante é amar a leitura — falou-me a sra. Maddens. — E que tal vocês os dois ficarem aqui para descontrair com a poesia?

— Acho que não vai dar — respondi, sentindo a minha cabeça aquecer.

Mesmo não gostando de ser a presidente do clube e principalmente não ser a maior adepta disso tudo, senti como se tivessem me apunhalado pelas costas e não existe nenhum corte profundo que não doi até a alma.

— Vai dar sim — Greg interviu e eu o olhei confusa. — Eu sou um compositor e acho que a poesia irá me ajudar a melhorar muito e olha, você está precisando mesmo de relaxar, Steph. Foi muita informação para uma só pessoa — Greg acarinhou a minha mão direita enquanto sorria de um jeito tão lindo e o meu coração pulou uma oitava.

— Está bem, mas só porque você me convenceu — eu disse nervosa, o meu coração acelerado e as minhas mãos trémulas.

Nos sentamos no lado esquerdo, na última fileira e fomos entregados panfletos sobre o clube: Corvos Poetas.

— Boa tarde explendidos corvos atrevidos a expressar as suas belíssimas e eloquentes emoções em forma de poesia — sra. Maddens falou no microfone. — Temos cá conosco dois visitantes, a Stephanie, ex-presidente do clube do livro dos adolescentes e o seu namorado — eu engasguei-me com a minha própria saliva. — Está tudo bem?

— Sim, está — respondi, controlando a minha tosse. — Mas nós dois não somos namorados. Somos bons amigos — expliquei-lhe.

— Ah, me desculpa. É que me pareceu o seu namorado — justificou.

— Não tem problema algum — Gregory respondeu e eu o olhei incrédula. — Até porque parecemos um casal feliz.

Abaixei a minha cabeça de vergonha quando começaram a olhar para nós os dois. Podia ouvir a risada de diversão do Gregory mas eu não estava gostando nem pouco.

— Voltando ao que eu estava dizendo, o amigo da nossa querida membro do clube, é compositor e eu queria pedir-lhe para vir contar-nos um pouco sobre sua experiência como compositor, já que a poesia e a música se assemelham. Se for possível, o jovem aceita? — Sra. Maddens olhou esperançosa para Gregory que olhou pra mim a espera de uma resposta, mas eu apenas dei de ombros.

Gregory levantou-se da cadeira e foi até a frente onde encontrava-se a senhora Maddens no palco improvisado. Ela entregou-lhe o microfone depois de agradecer-lhe pelo apoio.

— Boa tarde a todos, eu sou o Gregory Peterson, tenho dezassete anos e sou compositor e vocalista da minha boyband chamada Ratos de Academia.  Eu quando criança acreditava que um compositor, era um poeta e acho que as duas coisas não fogem muita uma das outras. Eu amo compor uma música, da mesma forma que amo ouvir um vinil de poesia enquanto jogo solitário no meu computador de mesa — ouviu-se risadas e eu continuei atenta ao Greg e a forma como os seus lindos lábios emolduravam-se a cada palavra que ele diziam — Na poesia nós exprimimos os nossos sentimentos, mas eu faço isso compondo uma música. A diferença que eu acho que exista entre composição e poesia, talvez seja de não existir um poema ruím. Não existe literalmente um poema horrível, sabem o porquê? Porque cada poesia é de uma forma ou outra sentimentos de um autor, as emoções, a força do autor está presente lá, seja explicitamente ou não, mas são os sentimentos de alguém. E nenhum sentimento, opinião ou valor de uma pessoa é ruím, por mais maldosa ou impiedosa, é a sua opinião e devemos respeita- lá, única coisa que devemos fazer é nos distanciar dessas coisas porque oh meu Deus, ninguém quer um terrorista por perto — gargalharam e eu soltei uma risada. — Ou vamos transformar a pessoa, não desistir dela. A sua poesia poderá ser o meio de comunicação mais íntimo que teremos. Diferente da composição que hoje em dia encontram-se músicas artificiais, algumas bem ruins, como se a pessoa tivesse a maior preguiça e só procurasse velhas rimas e misturasse uma a outra. Vemos casos hoje em dia de músicas com mais de dez compositores, mas adivinhem? Não há nenhum sentimento, não há nenhum contexto, apenas rimas e um ritmo potencialmente viral, mas eu acho que cada compositor deveria visitar um grupo de poesia, escutasse a poesia, tentasse perceber o que realmente deve-se fazer ao compor uma música. Eu não sou perfeito e erro muito, minhas músicas? Nem sei se são boas o suficiente, mas garanto que tudo o que escrevo sai do meu coração.

Todos nós presentes aplaudimos a Gregory e ele fez uma pequena vénia e agradeceu a todo mundo. Eu me senti orgulhosa do Ursinho.

— Foste bem — eu disse a ele, quando sentou-se novamente ao meu lado. — Não sabia que podias falar coisas tão bonitas.

— Eu literalmente escrevi músicas sobre términos, acha mesmo que eu não sou bom com palavras? — Greg indagou.

A senhora Maddens retomou ao seu posto e agradeceu a Gregory pelas suas doces palavras. Enquanto a conferência ainda acontecia, Greg não parava de me encarar e sorrir.

— O que foi? — Perguntei-lhe e ele deu de ombros.

— Os teus olhos estão brilhando tanto, como o mar num dia extremamente quente e gostoso de se ir a praia — Greg observou e eu corei.

Quando a reunião do clube acabou, a senhora Maddens veio ter connosco e aproveitou pra fazer um convite a Gregory, que disse que pensaria na proposta de entrar no clube Corvos Poetas.

Saímos da biblioteca e entramos no carro. Era tão estranho o facto de sempre que entrássemos num carro e estivéssemos sozinhos, não conseguíamos trocar sequer uma palavra um com o outro, apenas ouvia-se a voz do locutor de uma rádio que decidiu passar música Country pelo resto da tarde.

Eu observava Gregory, a maneira que os seus lábios estavam entreabertos e os fios de cabelo de frente soltos, e a maneira como os seus braços fortes se contorciam enquanto ele dirigia. Os seus olhos brilhantes, o seu perfume que me transportava para outro mundo.

Gregory era a definição da perfeição em terra e ninguém poderia me tirar isso da cabeça.

Gregory estacionou o carro em frente a casa da Stephanie e eu o encarei.

— Muito obrigada, Ursinho — eu agradeci com um sorriso meigo e ele assentiu, aproximando o seu rosto ao meu e beijou a minha bochecha direita.

— Eu que agradeço, Rainha do Gelo — ele bateu com o seu dedo indicador o meu nariz e eu abanei a cabeça expandindo o meu sorriso.

Ao olhar para frente, pude notar a presença do Parker, que vestia i habitual casaco do time, calças de ganga e tênis branco. Os seus fios de cabelo estavam bagunçados (não conhecia esse estilo dele, ou talvez estivesse saindo de uma briga). Mas o que ele estava fazendo aqui?

— Você marcou alguma coisa com ele? — Greg questionou e eu neguei com a cabeça.

— Por que você acha que eu marquei algo com ele? — Indaguei.

— Bem, vocês pareciam próximos no dia do concerto da empresa — Greg justificou e eu ri com aquilo.

— Eu conheço o Parker sim, e admito que pensei que fossemos próximos — senti uma pontada de dor ao lembrar-me da sua confissão crua. — Mas meio que não mantemos mais contacto.

— Vais precisar que eu fique contigo? — Gregory perguntou-me e eu o olhei incrédula.

— Posso ser delicada, mas também sei ser explosiva e sei me defender. Não preciso de ajuda com ele — garanti e Gregory assentiu.

— Está bem, Steph. Até amanhã — Greg despediu-se de mim e eu saí do carro.

Quando a viatura saiu do meu campo de visão, pude me concentrar no loirinho em minha frente.

— Oi, Parker Thompson — cumprimentei-o rispidamente.

— Oi, seguidora do Da Vinci — respondeu ele em tom de deboche. — Sabia que amei tanto a tua pintura, e o meu pai também amou tanto ao ponto de me mandar pintar sozinho o carro pra cor original?

— Foi bem feito — apressei-me a responder. — E fico feliz que tenha amado a minha arte.

— Vamos, precisamos de pintar o carro agora — Parker ordenou, segurando o meu braço direito com força.

— Me deixa, eu não vou a lado nenhum com você — tentei me soltar, mas ele me segurou com mais força ainda. — Me solta, se não eu vou gritar!

— Grite, e eu também conto toda a verdade pra todos, Molly — Parker enfatizou no meu nome e eu engoli em seco, o olhando com pavor. — Me desculpe, Molly! Não precisa ter medo de mim, eu só quero conversar com você, enquanto pintamos o carro é óbvio.

Eu ainda estava assustada, mas procurei me recompor e aceitei o seu convite. Realmente precisávamos de uma conversa de verdade.

Uau, o carro realmente estava um caos. Que orgulho eu estava sentindo de mim mesma, mas ao mesmo tempo bem furiosa por ter feito isto, pois tinha que ajudar a pintar. A garagem de Parker estava desarrumada, com muita das coisas da sua infância espalhadas pelo chão e objectos indesejáveis também, como por exemplo, uma cueca rasgada.

— E aí? O que você quer falar comigo? — Perguntei a Parker, depois de vestir um macacão branco que ele me deu pra não sujar-me.

— Eu quero tentar processar isso tudo, sobre você ser a Molly e... Como isso é possível? — Parker questionou, entregando-me um lata de spray de tinta branca.

— Bem, provavelmente você se lembra com todos pontos do nosso acidente, no dia do baile — pontuei e Parker assentiu. — Eu faleci nesse dia e acordei um ano depois neste corpo, da Stephanie, que contou-me que eu estava morta e que ela é o meu cupido e que cometeu um erro comigo e que eu tinha trinta dias para viver um romance rápido, capaz de sarar todas as cicatrizes do meu coração. E adivinha? Eu fui cometer o mesmo erro. Com ajuda da Emy, criei um calendário com coisas pra reconquistar você, como por exemplo, quando viralizei como menina da bolada, eu estava lá apenas pra ver você. Fui voluntária só pra ter contacto contigo, fui pedalar, aí meu Deus! — ri com isso. — Os meus pés doeram à noite toda por você, mas no final de tudo, descobri que não era você quem eu deveria amar com toda as minhas forças. Eu estava desperdiçando toda a minha energia em coisas que pensei que fosse amor, mas não era. Nunca foi. Nós não fomos feitos um para o outro, e em nenhum universo possível talvez poderíamos ficar juntos. Somos almas que devem viver separadas, Parker. E esse erro da Stephanie, ao unir nós os dois, levou-nos a nossa pior versão. Eu criei um ódio fictício e compulsivo e obsessivo pela Morley, uma garota linda que sempre invejei por ganhar sempre a tua atenção. Nosso relacionamento não era saudável, era tóxico e dos piores, apenas nos machucamos quando pensamos que era amor. Um jogo suicida criado pela Stephanie, totalmente sentimentalista.

Parker me olhou apreensivo e deixou cair a sua lata no chão. Aproximou-se de mim e envolveu os seus braços no meu corpo e abraçou-me.

— Eu... Também tenho culpa nisso, Molly — Parker suluçou as palavras no meu ombro direito. — Eu matei você, eu não consegui controlar as minhas emoções, eu...

— Não, Parker. A culpa não foi tua — eu disse a ele, que soltou-se do abraço e olhou-me bem no fundo dos meus olhos.

— Eu tenho um transtorno, não consigo controlar as minhas emoções. Ela se aguçam demais. Quando fico zangado com alguém, furioso com alguma coisa, ou frustrado, a minha tendência é de aliviar as coisas — Parker explicou. — Só que no nosso namoro, eu sempre descarregava em você. No dia em que quase bati você, eu chorei a madrugada inteira, porque eu não passava de um monstro! Um monstro que não sabia controlar a sua raiva, um cachorro vira-lata. Sempre quis terminar com você, para o meu bem, para o teu bem. Para o nosso bem. Mas eu não conseguia. Era como se algo me prendesse a você, como se a minha vida só dependesse de ti, mas eu não te amei. Nunca te amei pra falar a verdade, eu sempre amei a Morley, sempre quis a Morley, mas eu me sentia internamente ligado a você. Todos os dias eu me culpo, eu choro pela tua morte, era para ter sido eu no teu lugar, eu que deveria pagar pelas minhas acções, eu destruí-te de todas as formas possíveis. O meu pai também me critica todo santo dia, todas as manhãs tenho que ouvir: Vou me embora antes de ser o próximo alvo. O meu próprio pai tem medo de mim, não nos falamos muito como antes de você, agora nós temos uma barreira gigante e... E ele sequer quer saber de meus sentimentos, só quer saber de mim sobre o físico e meus bens materiais, como por exemplo, o carro que você e a Emily destruíram.
Mas desde que comecei com a terapia após a tua morte já não tenho tido surtos de raiva e com ajuda da minha namorada, Morley, eu estou melhorando nesse quesito.

Envolvi Parker num abraço e deixei ele tirar tudo de dentro de si. Nós os dois estávamos destruídos e precisávamos de nos reconstruir, mas cada um devia ser o seu rumo.

— Espero que Morley volte a acender o brilho das estrelas da constelação que é o seu coração — desejei a Parker. — Independente de tudo, eu tive bons momentos com você, não podemos nos esquecer por favor, e sobre a minha morte, era o destino, não se martirize tanto, por favor. Você tem muito ainda a viver, aproveite cada segundo, cada milésimo grama de ar que entra dentro de si e respira. Faça do teu tempo o melhor para si e para quem está próximo de ti.

— Eu também espero que alguém consiga trazer a luz de volta para a sua vida, Molly — Parker sussurou pra mim. — Pois você é maravilhosa como uma baia no verão maravilhoso. E agora já entendo o porquê de você estar chateada comigo no dia da maratona de bicicleta. Me desculpe por tudo.

— Obrigada, Lábios Cor de Morango — beijei a sua bochecha.

— E então, você já encontrou o rapaz da tua vida? — Parker quis saber.

— Já, é o Gregory — contei e ele abriu um sorriso de orelha à orelha.

— Eu bem disse a você — Parker observou e eu assenti.

— Você tinha razão, Parker. E eu realmente tenho sentido coisas por Gregory que nunca senti por mais ninguém. Eu acho que estou gostando dele — admiti.

— Espero que vocês dois sejam felizes.

— Assim espero — sorri. — Mas vamos logo terminar este carro aqui porque tenho muita atividade após isso.

Terminamos de pintar o carro e quando terminamos, Parker me serviu uma fatia de bolo de chocolate e uma Coca-Cola zero. Quando terminamos de lanchar, eu me despedi dele.

— Molly! — Parker gritou quando eu já estava no asfalto da estrada onde se localizava a sua casa. — Seja feliz nesses dias que te restaram. E espero ser seu amigo durante o tempo que restou.

— Eu também espero ser sua amiga, Thompson — eu disse a ele. — Até amanhã.

Parker acenou para mim e eu retribui o gesto. Ele entrou na sua casa e eu tornei a caminhar pela estrada, o sol estava se pondo, o roxo já pigmentava o céu e as estrelas já estavam brilhando, mas a melhor estrela de todas, estava a casas atrás e foi uma grande pessoa na minha vida.

Notas do Sérgio:

Olá tudo bem? Quanta demora para sair um capítulo, não é? Bem, eu estava numa semana intensa de testes e não dava para escrever nem um bocadinho por aqui, mas já terminei, tenho duas semanas de férias, quinze dias para finalizar esse romance fantástico e espero por vocês até ao fim dele. E se você se identifica com o Parker, por favor, procure terapia, até porque todo mundo precisa de ir a terapia né?

Vemo-nos no próximo capítulo 💗🐚
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