Dia 14 • O rapaz da minha vida
JÁ PAROU PARA PENSAR que nunca deve-se fazer pesquisas absurdas no Google? Tipo, qual é a cor do sol ou qual é o número de telefone pessoal da Ariana Grande. Mas bem, eu ainda fazia isso e a pergunta não era uma dessas, apenas me defendendo aqui, mas foi:
O que significa sentir um frio na barriga quando alguém sorri, e faz pequenos gestos bondosos com você?
E adivinhem? Várias respostas de sites de romance apareceram na página inicial do navegador. Uma página dizia:
“SENTIU AQUELE FRIO NA BARRIGA GOSTOSO QUANDO O RAPAZ TIROU A CAMISA? DESCUBRA SE ESTÁ APAIXONADA COM UM QUIZ FÁCIL”
Saí dele sem me dar ao trabalho de responder as questões, mesmo que estivesse com uma pulga atrás de orelha por nervosismo. Quando rolei mais outros sites, descobri uma coisa: todos diziam a mesma coisa, só mudavam as palavras e a organização de texto e eu segundo eles, estaria a gostar dessa pessoa.
E aí que começava o problema. Eu não podia gostar do Gregory Peterson.
E para comprovar a minha tese, eu preparei uma mini-lista para enumerar os meus argumentos:
1. Eu e ele começamos com o pé esquerdo, diferente de mim e do Parker.
2. Se eu terminasse com ele, seria alvo de chacota no Tik Tok pelas futuras fãs dele se ouvissem um álbum que ele escreveu sobre mim.
3. O final feliz só poderia ser com o Parker, para termos um final adequado.
E sem o Parker, o final feliz não seria o que eu estava arquitetando desde o meu segundo dia na vida da Stephanie.
Só que era impossível seguir essa lista a cada story que Greg publicava. Quando acordei essa manhã, o sol batendo no meu rosto e queimando os meus olhos, eu puxei o celular que estava por debaixo da almofada e entrei no Instagram. Ele tinha publicado na story uma foto dele recém-acordado. E puta merda, como era possível alguém ficar tão bonito ao acordar?
Os seus olhos estavam semicerrados e os lábios entreabertos. Os lábios de Gregory eram tão atraentes que me peguei passando os dedos na tela sobre a imagem deles. Dizer que desde ontem, as borboletas na barriga e a sensação de paz no abraço de Gregory me tornou a sua stalker impossível era totalmente verdade.
Por exemplo, ele só começou a sua conta na rede social em dois mil e vinte e só publicava vídeos covers de músicas que bombavam nas plataformas naquele ano e inclusive, um dos vídeos tem mais de cinquenta mil acessos. Greg de antigamente era mais magro e o cabelo era mais curto. Mas foi em dois mil e vinte dois que ele melhorou e ficou bonito para caramba. Tipo, aqueles Glow Up que você no Tik Tok e fica tipo: merda, como isso é possível? Pois, isso aconteceu com o Gregory.
Tinha uma foto dele com uma ruiva de azuis e sardas no rosto. Eles sorriam um para o outro e Greg tinha uma marca de batom na bochecha esquerda. Ao ler a legenda me dei conta de quem se tratava:
Sempre nós até o infinito @GregoryPeterson__2
Quem publicou a foto foi a sua ex-namorada, a Tiffany e pelo o que eu vi nas suas redes sociais, ela morava em Londres desde o ano passado e namorava uma estrela de cinema. Urgh! Acho que foi duro para o Greg ser trocado por alguém que parece ter saído de um comercial de cuecas da Calvin Klein.
Depois disso tudo, eu tive uma ideia genial que poderia me ajudar a matar a atração que eu estava sentido pelo cacheado. Eu ia contar tudo de uma vez por todas ao Parker. Como dizem, colocar as cartas na mesa.
Era a única solução para eu não me desviar do meu foco na missão. Eu tinha que resolver logo e seria o melhor para mim e para o Greg, pois se eu ficasse com ele, seria por um curto período de tempo. Eu só já tinha dezasseis dias em terra.
Eu: Podemos nos encontrar no indiano às sete da noite?
Mandei para o Parker, enquanto me arrumava para a escola e quando já estava descendo as escadas para tomar uma chávena de leite quentinho, entrou uma mensagem no celular.
Parker: Claro. Qual seria o motivo?
Mordi o lábio inferior e desatei a digitar uma resposta.
Eu: Prefiro falar pessoalmente :-)
Parker respondeu a mensagem com o emoji do polegar para cima e eu guardei o celular no bolso do calções jeans que eu vestia. Os rapazes estavam a mesa e eu senti um aperto no peito só de saber que esse poderia ser o meu último dia com eles em vida.
— Não vais te sentar? — Mason perguntou-me e eu abanei a cabeça positivamente, arrastando uma cadeira e me sentei nela. — Estás um pouco avoada.
— Nada de especial — respondi, com um sorriso totalmente forçado e Matthew abanou a cabeça em negação.
Quando terminei de tomar o meu leite e comer uma fatia de pão barrada com manteiga de amendoim, nós saímos de casa e entramos no carro do Dylan. Quando ouvi os Ratos de Academia, eu subi o volume e desatei a cantar a todos os pulmões.
— Temos uma tietê, pelos vistos — Dylan brincou rindo e eu ri com ele.
— Eu torço muito pelo vosso sucesso — eu disse a ele, que concordou a cabeça.
Quando deixamos os gêmeos, prosseguimos para a casa do Greg e quando eu o vi parado em frente a porta, o meu coração quase que saiu pela boca e estava tão acelerado quanto uma música rap em sped up mal feito no YouTube.
Ele estava bonito, bem, ele era bonito. Mas estava três mil vezes mais bonito que o normal dele. Estava vestindo uma regata branca que estava coberta pela sua jaqueta de couro com pinos de várias bandas de rock e vestia calças jeans pretas. Os seus pés tinham botas de coturno alto pretas e quando ele estava vindo até ao carro, passou a mão no cabelo e sorriu de canto. Meu coração dançou, literalmente.
Ele entrou no banco em frente, ao lado de Dylan e sorriu para mim. O meu sangue subiu pelo meu corpo e o meu estômago parecia estar numa guerra de pequenas asas voadoras.
— Está tudo bem, Stephanie? — Greg indagou, com uma sobrancelha arqueada e eu assenti nervosa, virando o meu olhar para o outro lado.
O meu rosto estava queimando de vergonha, pois toda vez que eu espiava Greg, ele também estava olhando para mim. Será que ele também sente alguma coisa por mim?
Quando as aulas acabaram, eu e e Emily fomos até ao refeitório nos sentar com os Ratos de Academia. Conversamos muito sobre o encontro deles com o tio George que seria no dia seguinte e quando decidimos ir embora, eu fui procurar Gregory, que estava caminhando com Dylan até o seu carro.
— Greg! — Gritei e ele olhou para mim, quase fechando os olhos por causa do sol.
— Alguma coisa, Steph? — Greg perguntou, colocando as mãos nos bolsos.
— Greg... Você já... Gostou de alguém? — Greg arregalou os olhos com a minha pergunta. — Quero dizer, além da Tiffany?
— Que pergunta mais inusitada, Rainha do Gelo — Greg riu. — Mas sim, já gostei, mas infelizmente ela não está cá entre nós.
— Ela morreu? — Quis saber e Greg abanou a cabeça confirmando. — Sinto muito.
— Não precisas lamentar, até porque todo mundo sabe que eu nunca teria chances com a Molly Mackenzie — Greg falou e estalou a língua no céu da boca. — Que paixão boba.
O meu coração descompassou e a minha respiração travou. Gregory gostava de mim? Mas como eu nunca notei ele antes da minha morte?
— Tenho que ir. Falamos depois, Rainha do Gelo — Greg acenou e entrou no carro de Dylan.
O carro foi embora e eu fiquei estática, ainda pensando sobre a paixão que o Greg teve por mim. Será que ele é o rapaz da minha vida?
Não, não podia ser ele. Se fosse, a Stephanie teria me dito. Stephanie. Ela nunca mais apareceu, e isso está me dando cabo dos nervos!
Eu não tinha um look decente para confessar ao meu ex que eu era a sua namorada morta e que vim dos mortos parar reatar com ele. Tinha até roupa para o dia em que eu partiria para a outra fase, mas não tinha para essa ocasião. E para quem se pergunta se isso faz diferença, tenho que dizer que sim.
Se eu quisesse me vingar, ia vestir roupas curtas com paletas dark e sapato alto ou botas altas. Se quisesse ir num encontro romântico eu ia vestir um vestido florido e sandálias de couro. Cada ocasião precisa de seu look. Palavras de uma designer que teve a sua colecção lançada, sim, eu.
Peguei o meu celular e liguei para a Emily quando todo o guarda-roupa já estava lançando na minha cama e nenhuma combinação dava com o que eu queria causar.
— Que bagunça é essa? — Emily perguntou assim que atendeu a chamada.
— Preciso de ajuda. O que você vestiria se estivesse para contar um segredo ao Luke? — Questionei e Emily franziu o cenho.
— O que você está aprontando, Molly?
— Vou contar tudo ao Parker — contei e minha amiga quase deixou cair o celular dela.
— O quê?! Miúda, tu estás louca?! — Emily berrou e eu revirei os meus olhos. — Molly, você tem certeza do que você quer fazer?
— Absoluta! — Respondi e minha amiga abanou a cabeça em reprovação. — Olha, Emily, eu prefiro acabar com isso tudo do que continuar aqui. Eu... Se continuar aqui acho que ao invés de fazer a transição, eu vou acabar no primeiro hospício da cidade mais perto de mim pelas coisas que vêm acontecendo.
— Quero que você mantenha contato comigo pelo menos. E por que você não me disse isso na escola? Molly, você pode desaparecer da minha vida hoje e você nem me contou cedo! — Emily contestou, a sua voz começando a mudar para um tom mais choroso.
— Nem chores, Emily. Você sabia que um dia isso iria acontecer.
— Mas me responde o porquê! Qual foi o motivo da tua decisão? — Emy protestou e eu suspirei fundo.
— Eu estou a me sentir atraída pelo Gregory e não sei como, mas comecei a gostar do sorriso dele, do cabelo dele, dos lábios dele, do seu perfume, de tudo — ri, forçadamente, mas minha amiga ainda continuava com o seu semblante sério. — E hoje eu descobri que ele gostava de mim. Sinto que posso cometer um erro e acabar sem o final feliz se eu quiser alimentar essa parte de mim que está começando a gostar de Greg.
— Você gostar do Gregory? Uau, nunca pensei nisso.
— Eu também e devo dar um fim a tudo isso hoje. A Stephanie nunca mais apareceu, eu estou por minha conta e sou muito nova para isso tudo. Eu faria dezassete esse ano, mas tudo acabou. Acho que isso é um adeus, minha Emy — lágrimas rolaram dos meus olhos e pude ver o mesmo a acontecer com a minha amiga. — Steph disse que ninguém vai se lembrar de mim após ir embora, então eu queria que você se lembrasse de cada detalhe meu nesses catorze dia que vivemos juntas amigas.
— Calças jeans e camiseta — Emily disse, em meio a soluços e eu a olhei confusa. — A combinação para hoje. Até porque você não vai precisar de muita coisa, você é maravilhosa, Molly. Eu sempre vou te amar, saiba disso.
— Eu também sempre vou te amar, Emily, espero que você saiba disso.
Limpei as minhas lágrimas e encerrei a ligação. Esse seria mesmo o meu último dia como Stephanie se tudo desse certo.
Vesti o que a minha amiga me disse e me encarei no espelho, com o rosto marcado por lágrimas, mas só passaria um corretivo e ficaria bonita novamente.
Enchi a minha bolsa com dinheiro e meu celular e a pendurei no meu ombro direito. O espelho estava quieto, e eu queria tanto que a Stephanie aparecesse e me dissesse se eu estava para fazer a coisa certa ou não.
Desci as escadas até a sala e encontrei todos reunidos no sofá, assistindo uma comédia e pareciam uma família feliz.
— Eu vou sair agora, tenho um encontro com um amigo — avisei e a Sra. Walker, arqueou a sobrancelha com um sorriso maroto nos lábios.
— Você está conhecendo alguém? — Ela me perguntou.
— Não é bem assim, mas, eu gostaria de dizer que gostei de conviver com cada um de vocês — senti uma lágrima relutante cair do meu olho direito e eu a limpei.
A avó Gretta me olhava séria, como se estivesse tentando processar toda a informação.
— Falando assim até parece que vai embora — Mason retrucou e eu revirei os olhos sorrindo.
— Não tem como eu ir embora. Adeus — acenei para todos e me virei em direção a porta.
A sair da casa dos Walker, senti uma lufada de ar bater contra o meu corpo e inspirei uma última vez, antes de ir até ao ponto de ônibus e subir o primeiro que ia ao shopping.
Quando cheguei lá, entrei no edifício enorme e fui ao indiano, onde encontrei o Parker sentado numa mesa perto ao balcão. Ele estava vestindo uma polo de gola e calças jeans.
Sentei-me em frente dele e deixei a minha bolsa sobre as minhas pernas. Ele abriu um sorriso e eu me esforcei para fazer o meu parecer natural.
— E aí, Stephanie? Tudo bem? — Parker quis saber.
— Acho que sim — respondi. — Er... Parker, você poderia me dizer quais eram os se-eus sentimentos em relação a... Molly Mackenzie? — A pergunta saiu totalmente desajeitada da minha boca e Parker abriu um sorrisinho de canto.
— Por que o interesse? — Questionou e eu engoli em seco.
— Apenas curiosidade.
— Ok. Eu e a Molly éramos namorados, e nós nos amávamos. Prontos — respondeu.
— Não! Eu quero saber se você realmente a amou ou se em algumas partes desejou ter a Morley — fui direta e ele arregalou os olhos.
— Está bem! Eu conto a verdade — Parker disse, erguendo as mãos como se estivesse declarando rendição. — Eu e a Molly nos complementavamos naquela época, até porque eu e ela éramos o casal "sensação" da escola, por causa dela que consegui ser tão popular e ser o capitão do time, só que eu nunca senti nada a mais por ela do que uma pura amizade. Molly era famosa, era popular, ela era o que todo garoto da escola queria, menos eu — Parker recostou-se na cadeira e eu aproximei-me da mesa, esperando ele continuar. — Eu sempre gostei da Morley, nunca escondi isso de ninguém, mas sempre sentia que devia ficar com a Molly. Era como se tivesse uma força estranha me puxando até ela e eu sentia que devia ficar com Molly. Mas Molly era irritante, céus! — Falou tão alto que eu dei um pulo de susto. — Me desculpa, mas a garota me irritava para cacete! Ela era muito cheia de si, era toda hora: "Parker! Eu não gosto disso!" "Parker, eu quero isso!" "Parker, me ajude com o cabelo!" E era muito estranho como eu não conseguia me desapegar dela.
— Você não podia dizer a ela que não querias mais nada? — Perguntei-lhe, ficando irritada com o seu relato.
— Eu não conseguia! Não conseguia deixar Molly! Era como se estivéssemos ligados um ao outro por uma força mágica! E, e... As coisas só se complicaram quando eu e ela começamos a brigar constantemente, eu estava passando por uma situação em que não podia ficar zangado ou furioso, mas ela não me dava alternativas para ser pacífico. Nós gritávamos um com outro, num dia apertei-lhe os dedos com toda força nos braços que ficou uma marca roxa em ambos os membros, e porra! Ela estava tão bonita naquele vestido florido e me doeu ter-lhe machucado.
O sonho. O maldito sonho! O sonho era realidade. Mas como eu não me lembrava? Como?
— Você repetiu isso com ela?! — Falei tão alto que as pessoas ao lado de nós, nos encararam com cara feia. — Fale agora!
— Calma! Ei! Se repetiram sim, e eu não gosto muito de falar sobre isso — Parker falou, bebendo a água toda do seu copo e limpou a boca com a parte de trás de mão. — Uma vez, eu quase bati a Molly, e ela me deu um tapa, foi dai que eu vi que seria um problema nós estarmos juntos. Eu era um perigo para ela e ao mesmo tempo Molly era uma bomba relógio para mim.
Os meus olhos ferveram com o que Parker disse, a minha cabeça começou a latejar e comecei a escutar zumbidos na minha cabeça. Eu não estava suportando tanta dor, o que Parker disse me trouxe um embrulho no estômago. Parker nunca me amou. Nunca cogitou em me amar.
— Você me matou! — Gritei, batendo com as mãos na mesa. — Você me matou, Parker Thompson. Você poderia ter evitado, mas não! Queria fama, queria popularidade! Você sabe o quão psicopata e egoísta você foi?!
— Como assim eu "matei" você? — Parker quis saber, os seus olhos arregalados.
— Você me destruiu e me matou, lábios cor-de-morango. Você só soube me usar — levantei-me da cadeira e dei um tapa tão forte no rosto do Parker que até a minha mão doeu.
Parker levou uma mão até a sua bochecha e me encarou confuso.
— Molly? — Parker perguntou e eu abanei a cabeça em positivo. — Mas como?
— Você é um cretino, Parker Thompson — lancei-lhe a água que estava na jarra que enfeitava a mesa e saí correndo do estabelecimento.
As lágrimas rolavam dos meus olhos, após processar tudo o que Parker me disse. Ele me manipulou. Me fez gostar dele, Parker apenas soube me usar.
Chamei o primeiro táxi que eu vi na rua e quando entrei murmurei o meu endereço. Baixei o vidro e desatei a chorar. Parker definitivamente não poderia ser o meu final feliz.
— Não pode andar mais rápido, oh, Lesma? — Reclamei e o senhor de idade olhou para mim com o rosto emburrado.
— Se quiser posso a deixar aqui e a sua malcriadez a levará para casa — contestou ele.
Suspirei e fechei os meus olhos, sentindo cada vez mais a minha cabeça doer. Passavam flashes nos meus olhos e eu ouvia vozes, como: "Parker você está me machucando!" "Cale a boca, sua vadia!" "Parker, me solte!"
— Já chegamos — avisou o senhor, e eu ergui o meu olhar até a janela. Já tínhamos chegado a minha casa, ou melhor, a casa da Stephanie.
— Obrigada — agradeci, entregando uma nota de vinte a ele.
Desci do táxi e entrei dentro de casa, ouvindo todo mundo me chamar, mas ignorei. Eu tinha que falar com Stephanie. Ela tinha que aparecer uma hora ou outra. Tínhamos que conversar.
Ao entrar no quarto, eu tranquei a porta e me certifiquei que ninguém ousaria arrombar a porta, colocando o criado-mudo em frente a porta e fui em frente ao espelho.
O meu rosto apareceu, todo marcado de lágrimas, eu estava destruida. Como pude crer que o Parker poderia ser melhor do que o impulsivo do dia do baile?
— Stephanie, sua vadia! Apareça agora! — Eu gritei, sentando-se em frente ao espelho. — Apareça! — Bati no espelho com os meus punhos.
— Molly! — Ouvi a voz dela e o seu rosto apareceu no espelho. Ela, diferente de mim, estava com a aparência boa, mas tinha os lábios entreabertos e os olhos fracos. — Por favor, eu estou sentindo a sua energia!
— Por que, Stephanie? Por que você me uniu com o Parker? — Eu quis saber e ela respirou fundo.
— Eu, Molly, eu...
— Fale logo! — Gritei, a minha garganta doeu com a intensidade. — Onde você esteve? Por que nunca mais apareceu? Você me fez ficar puta da cabeça esses dias!
— Foi esse o erro que eu cometi! — Stephanie gritou, os seus olhos tingiram-se de vermelho. — Era esse o erro que eu cometi, Molly! Te unir com o Parker foi o meu maior erro! Eu que sou a culpada disso tudo, eu que causei o acidente, eu que fiz isso tudo acontecer! — Stephanie soluçou. — Eu pensei que seria a melhor combinação, a menina rica e popular e o jogador sonhador, eu sabia que vocês dois não podiam ficar juntos, fui avisada pelos superiores que ele não era o rapaz ideal, mas o que eu fiz? — Soltou uma risada forçada. — Eu achei que tinha que seguir a minha opinião. E foi assim que atingiu você e o Parker com a mesma flecha. Mas as coisas entre vocês não andaram da melhor forma, vocês eram tóxicos, vocês não se mereciam! Entre vocês dois, existia uma história de amor forte, amor verdadeiro, Molly, que eu não consegui apagar. O amor de Parker e Morley era tão grande que eu não conseguia apagar, mas eu já tinha acertado a flecha em vocês, não tinha como cancelar o selo que criei para vocês.
— Quer dizer que a culpa disso tudo é sua? — Quis saber, sentindo todo o meu corpo pegar fogo.
— Me ouça até ao fim, por favor! Pois eu sei que não terei o teu perdão e nem de ninguém. Afinal, todos cometem erros e ninguém é perfeito. Eu tentei eliminar um amor de verdade, que era o romance entre o Parker e a Morley e retirei-te do rapaz da tua vida. Quando Parker agia de uma maneira agressiva com você, eu apagava a tua memória e...
— Você apagava as minhas memórias? Você disse que não conseguia apagar memórias! — Levantei-me da cadeira e chutei, sentindo dor imensa nos meus dedos, mas nada superaria a dor emocional.
— Eu menti, ok?! Eu menti! Eu eliminei todas suas memórias negativas com o Parker, eu pensei que tudo ficaria bem, até não conseguir controlar o acidente no baile e quando dei por mim, você estava toda ensanguentada, o Parker ao teu lado desacordado — Stephanie desabou a chorar com intensidade.
— Você acabou com tudo, Stephanie! — Berrei. — Você é quem estragou tudo e me juntando com o Parker você permitiu que ele também fosse um dos protagonistas do crime! Você acabou com a minha vida, literalmente! Eu não poderei ser uma estilista famosa, sabe por que? — Stephanie olhou-me nos olhos e eu sorri nervosa. — Porque você me matou, sua desgraçada! E por que você nunca me falou quem era o rapaz da minha vida? Por que nunca me disse que nunca seria Parker?
— Por que eu não podia! Eu teria cometido mais um erro e feito você não descobrir sozinha! — Gritou, olhando para o alto, tentando conter as suas lágrimas m — E o rapaz da tua vida é...
— Quem é? Fala! — Exigi, segurando o espelho com as minhas mãos.
— O que você vai fazer, Molly? — Stephanie perguntou, ao notar que o espelho não estava mais no lugar de antes, mas sim, nas minhas mãos trémulas.
— Nada, se você me contar quem é o rapaz da minha vida! — Ralhei e ela olhou-me com medo expresso nos olhos.
— Gregory! Gregory é quem é o rapaz da tua vida!
As palavras atingiram o meu ouvido e a última coisa que eu ouvi foi o espelho se quebrando em mil pedacinhos no chão.
Notas do Sérgio:
Bem, até o próximo capítulo 💗
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