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Dia 09 • Hospital

O AR ESTAVA GÉLIDO NO PEQUENO COMPARTIMENTO de paredes verde musgo e vidros que eram tão invisíveis que poderiam achar que não tinha nada ali.

O quarto de hospital.

Quando acordei essa manhã, eu só queria ter notícias da avó Gretta e nada mais. Os gêmeos não paravam de chorar a noite e o Dylan estava com olheiras de tanto chorar e tomar sorvetes enquanto assistia uma maratona de Simpsons na TV.

A Sra. Walker não mandava nenhumas novidades e nem atendia as minhas chamadas. Eu estava nervosa pois nunca tinha testemunhado algo do gênero e era a mais sã naquele momento. Eu me senti uma verdadeira irmã.

Coloquei os gêmeos para dormir, e beijei a testa de cada um deles e desejei boa noite e disse que tudo iria ficar bem, mesmo sem ter certeza do que se passava.

Ajudei o Dylan a deitar-se também e quando estava a trancar as portas da casa, o Sr. Rupert atravessou a rua correndo até o nosso lado.

O seu rosto estava vermelho, o suor pingava e ele cheirava a doces, talvez tivesse acabado de sair do banho.

— O que aconteceu com a Gretta? — Perguntou-me ainda recurepando o fôlego.

— Ela passou mal e... Não sei qual é o estado dela até agora — doeu-me dizer aquilo e acho que doeu-lhe ouvir pela sua expressão de medo.

— Oh, pobre Gretta. Eu vou ajoelhar-me e rezar por ela toda a noite! — disse o Sr. Rupert e eu assenti em silêncio.

Ele voltou para a sua casa, mancando por conta das costas que lhe doíam pela forma que segurava o seu tronco e eu fechei a porta.

Os meus olhos foram tomados por lágrimas, pois eu estava com medo da Gretta ter o mesmo fim que o meu.

Subi as escadas absorta nos meus pensamentos, as lágrimas rolando e o nariz pingando. Ao entrar no quarto, eu Sentei-me em frente ao espelho e tirei um lencinho da caixa e assoei-o o meu nariz.

— Molly... Você está bem? — Steph perguntou depois de um tempo e eu neguei com a cabeça. — O que houve?

— A Gretta saiu daqui às pressas. Estava passando mal e... Não sei se ela continuará viva, Steph — a minha voz falhou e ela mordeu o lábio inferior. — E se ela também morrer? Será que ela morrerá feliz?

— Tenha fé, Molly. A minha avó vai sobreviver. Eu espero — sua voz também falhou.

— Tenho medo que ela tenha um fim tão triste quanto o meu. Sei que todos morrem uma hora ou outra, mas depois de eu saber o que é realmente a morte, eu fico muito triste só de saber que alguém irá embora como eu e nunca mais voltará — solucei entre o choro. — As pessoas não têm noção do que é morrer quando estão vivas.


Apertei a mão direta da avó Gretta que estava mais branca do que o habitual e eu conseguia ver as suas veias vermelhas e algumas verdes nos seus dedos e na sua pele enrugada.

"A paciente tinha diabetes tipo 1 esse tempo todo e pela falta de tratamento evoluiu e causou a cetoacidose diabética. Ela ocorre quando os níveis de glicose no sangue ficam muito altos e o corpo começa a quebrar gorduras para obter energia, resultando na produção de cetonas em excesso. Isso leva a uma acidificação do sangue, causando complicações sérias. Já começamos o tratamento com insulina e fluidos intravenosos que é essencial para reverter a ceatoacidose diabética e prevenir complicações letais. Mais foi por um triz, se não a trouxessem urgentemente, poderia ter acontecido o pior".

Não entendi muita coisa que o médico disse, mas deu a entender que se ela não tivesse sido socorrida naquele instante, haveria um funeral na casa dos Walker.

Stephanie? — Ouvi a voz da avó Gretta e ergui o meu olhar até o dela. O seu rosto não parecia nada bem, estava tão branco quanto o rosto do corpo e com a aparência mais velha. — Oh, minha neta. Como você está?

— Eu estou bem, avó. E a senhora, como tem se sentido? — Perguntei-lhe.

— Umas dorzinhas que consigo suportar. Nada demais — ela abriu um sorriso fraco e eu neguei com a cabeça.

— Avó, você deveria ter contado que tinha diabetes ou que sentia dores ao invés de se manter em silêncio. Quase que te perdiamos — a minha voz foi sumindo e ela apertou a minha mão.

— Eu não morro tão já. E mesmo se morresse, eu estaria descansando em paz e feliz. Algo que a senhorita deveria estar fazendo. Estar feliz — eu arregalei os meus olhos e ela assentiu com a cabeça, como se soubesse no que eu estava pensando. — Eu sei quem tu és.

— Não, não sabe — eu refutei e ela esforçou-se a rir baixinho.

— Molly Mackenzie, acidente de carro, falha da Stephanie, final feliz em trinta dias. Eu conheço você, querida — avó Gretta contestou.

— Mas como? — Eu quis saber.

— A Stephanie despediu-se de mim um dia antes de você aparecer. Ela me disse para cuidar de você e que você tinha sido o único erro da vida dela que teve um final tão trágico, querida, que ela não podia deixar de lado e tinha que resolver. Então, no dia seguinte, eu quis ir visitar o quarto e você saiu do quarto as pressas, deixou cair o cesto de roupa e ofereceu-se para ajudar-me, bem, isso foi muito o que a verdadeira Stephanie faria. Mas quando eu chamei-te pelo nome dela, você ficou com uma expressão confusa e eu então tive a certeza que você não era a minha neta.

— Mas apenas por isso? — eu Indaguei confusa e ela revirou os olhos com um sorriso no rosto.

— Claro que não. Você não conseguia ler Emma, meu Deus. A Stephanie era uma devota de Jane Austen desde que aprendera a ler. Ela não trocava nem um pouco os clássicos pela leitura contemporânea. A Eliana sumiu da jogada e apareceu a Emily. Uma miúda de cabelo azul e saia curta, aí foi mesmo a última das certezas. A Stephanie não parecia o tipo de pessoas que andaria com a Emily, pois não se sentiria suficientemente bela, ou suficientemente capaz de ser amiga desse tipo de pessoas.

— Eu deixei muito a desejar, não é?

— Você? Claro que não. Eu pelo menos já sabia da verdade, se não soubesse, diria que a minha neta mudou o jeito de ser e prontos. Facto que ninguém descobriu, não é?

— Bem, alguém descobriu — revelei. — O Matthew sabe quem eu sou.

— Ele não é uma ameaça. Ameaça de verdade é o matreiro do seu irmão, Mason. Aquilo lá é perigo — disse a avó Gretta e eu gargalhei baixinho, lembrando-me de quando a Steph disse a mesma coisa.

— Eu já sabia disso. A Stephanie contou-me.

Ouvimos uma discussão e olhamos para a porta. O Sr. Rupert e a Sra. Walker não pareciam estar numa conversa amigável.

— Ele não parecia-me nada bem ontem a noite — eu falei para a avó Gretta que soltou uma risada fraca.

— Não sei quando o Leonard vai perceber que não somos adolescentes para reatar o que tínhamos no passado.

— A senhora e o Sr. Rupert já foram um casal? — Eu questionei, com um tiquinho de curiosidade na minha voz.

— São águas passadas pra próximos dias, Molly. Agora vá descontrair-se e diga ao Leonard para entrar no quarto. Quero ter uma conversinha com ele.

Eu assenti e levantei-me da poltrona verde-chá e caminhei até a porta. Quando a abri, o Sr. Rupert entrou, ignorando a gritaria da Sra. Walker e sorriu ao ver a Gretta.

— Quase que matavas-me do coração, mulher — Sr. Rupert falou, soltando um suspiro de alívio e tirou o seu chapéu da cabeça.

— Que gracinha, Leonard. Seríamos dois mortos numa data só — eu arregalei os olhos com aquela piada bem fora de sentido e saí do quarto.

A Sra. Walker ainda vestia as mesmas roupas de ontem. Uma blusa me mangas compridas branca e calças de cetim azul-escuro. Os seus sapatos altos estavam ao lado dos seus pés descalços e o seu rabo de cavalo estava a um fio de soltar-se do elástico de cabelo. O seu rosto tomado por olheiras e os lábios bem borrados de batom vermelho.

— A senhora precisa de alguma coisa, mãe? — Perguntei-lhe e ela negou com a cabeça.

— Só queria ir para casa e ir trabalhar. Perdi um caso que valeria uma boa grana para nós. Maldita a hora que a diabetes atacou a mamã. Poderia atacar sei lá, essa noite depois de eu ter ganho o caso.

Desculpa? — Indaguei indignada. — A senhora está mais preocupada com um dinheiro extra do que com a saúde da sua mãe? Por favor! Ela não é a tua vizinha! É a tua mãe! Ela poderia morrer!

— E a minha conta bancária também pode morrer! — Contestou ela e eu a olhei com reprovação.

— Isso é demais para mim. Eu vou ao refeitório do hospital, com licença — saí pisando duro, não acreditando nas suas palavras.

Pedi um chá de camomila e uma fatia de bolo de chocolate e fui sentar-me com o meu lanche na mesa ao lado das janelas.

Uma garroa fina caia na cidade e estava meio friolento, mas dava-se para aguentar.

O meu moletom branco de mangas bem grossas rosa e a saia comprida até abaixo dos joelhos bege me faziam sentir confortável e quentinha.

Soprei a chávena de chá antes de levá-la aos meus lábios e sorvi o chá quentinho, me aquecendo por dentro.

Liguei para a Emily por FaceTime e ela atendeu-me na garagem do Greg.

— Oi, Stephanie. Alguma novidade da avó Gretta? — Emily perguntou-me e eu abanei a cabeça confirmando.

— Ela tinha diabetes tipo 1 durante muito tempo e por não ser tratada evoluiu para um estado crítico. Ela poderia ter morrido. Mas já está fazendo o tratamento e é provável que volte para casa talvez amanhã ou um dia nesse semana ainda. E os ensaios da banda, como estão a correr?

— A todo gás, mas está tudo indo as mil maravilhas. O álbum deles realmente tem músicas muito boas e eu acho que depois desse show, o tio George vai propor-lhes um contrato.

— Eu espero, Emy. E espero que você também tenha descansado de ontem para hoje, miúda.

Minha amiga revirou os olhos com um sorriso matreiro.

— Três horas de sono contam? Porque miúda, eles não são lá tão experientes com shows de grande porte e — Emy começou a sussurar. — O Timmy é que parece estar mais habituado com isso. E ele é o novato!

— Nós conseguimos ouvir você, baby! — Luke gritou, batucando a bateria com as batutas.

— E você está muito fofoqueiro hoje, vida! — Emy refutou, olhando para o namorado e de seguida voltou a atenção em mim. — Onde estávamos mesmo?

Eu ri e disse:

— Na parte em que o Timmy é o melhor do grupo — falei e senti alguém arrancar-me o celular das minhas mãos.

— Aí, é? Eu não sabia disso — Greg resmungou, assim que eu ergui o olhar para ver quem arrancara o meu celular.

Gregory estava com um sorriso jocoso nos lábios e estava bonito vestindo o sobretudo preto e calças de costura preta. Ele calçava botas de cano alto, parecidas com as que eu tinha nos pés.

— Gregory John Peterson! O senhor devia estar na loja de música! — Emily gritou do celular e Greg encerrou a chamada.

— Ei, eu estava a falar com ela — reclamei, levando o celular das mãos dele.

— Eu estou exausto dos ensaios. Mas e aí, a Rainha do Gelo mudou de castelo? Uau, eu não sabia que seria tão fácil — Greg zombou e eu revirei os olhos.

— E o Shrek começou a criar cabelo? Uau, não pensei que seria tão fácil — alfinetei e ele riu, sentando-se na cadeira em frente a minha.

— Uau, está foi boa. Greg zero, Steph um — Greg falou, levando a fatia de bolo do meu prato e eu o fuzilei com um olhar mortal. — O que foi? Você estava comendo isso?

— Deixa pra lá — disse e bebi mais um pouco do chá. — O que te traz aqui?

— Hum, lembras-te que a Gretta também é como uma avó para mim? — Greg olhou-me nos olhos e eu assenti.

— E presumo que já a visitaste — ele assentiu com a cabeça.

— Mas é claro que sim. Até trouxe-lhe um ramo de orquídeas brancas, que realçam com a cor dos seus olhos — eu arregalei os meus olhos.

— Você estava a corteja-la? — Brinquei e Greg riu baixo.

— Engraçadinha. As mulheres amam flores, eu te daria flores se você quisesse.

— Eu prefiro jóias. De diamantes, e com cordão de ouro, se for uma pulseira e ou um colar.

— Ok. Mas não espere uma prenda de aniversário da minha parte então. Prefiro gastar esse dinheiro todo em algo mais sentimental.

Revirei os meus olhos e continuei atenta as fofocas que eu estava lendo no Instagram, até que Gregory levou novamente o celular das minhas mãos.

— Mas que raios que...

— Não, não, não! Nada de energias negativas. Tudo na paz — Greg disse, guardando o meu celular no bolso do seu sobretudo.

— As coisas só vão estar na paz quando você devolver o meu aparelho — ralhei, mas ele negou com a cabeça, estalando a língua no céu da boca.

— O dia abriu lá fora. Está frio, mas a chuva passou. Vamos brincar com as crianças — Greg sugeriu, mas eu não estava afim.

— Nem pensar — ele fez beicinho.

— Ah, vamos, por favor! E olha que nunca pedi por favor para você — bem, ele nunca tinha pedido mesmo. — Não me diga que não gosta de crianças? — Greg semicerrou os olhos e eu sorri nervosa.

— Bem, não sou a maior adepta — tive que confessar e ela deu de ombros, negando com a cabeça.

— As crianças são tão puras. É impossível não gostar delas.

— Contigo é fácil. Você tem um irmão mais novo — justifiquei.

— Nada a ver. Você tem dois e nem gosta de crianças. Isso vem do coração, não do hábito — Greg disse. — Olha, as crianças daqui não são como as que vês brincando de qualquer maneira no teu bairro. Elas são especiais.

— Em que sentindo?

— Elas estão passando por uma doença, Steph. E não sei se te lembras, mas o Liam venceu o câncer a dois anos atrás — Greg contou e eu arregalei os olhos com aquela informação.

— Uau, eu... Me esqueci disso — menti pois eu estava estupefata. O pequeno Liam teve câncer?

— É fácil esquecer quando não és tu quem teve que ficar tardes no hospital com o teu irmão mais novo. E nem me arrependo de ter ficado com ele esse tempo todo, até porque aprendi a dar mais valor a minha vida. E essas crianças, vivem na incerteza, Stephanie. Elas não sabem se ao primeiro sinal de falha de ar vão sobreviver ou quando deitarem a cabeça no travesseiro irão acordar.

Aquilo foi tocante. E senti-me mesmo mal por ter negado de primeira. Então, me recompus na cadeira e respondi:

— Está bem. Foste convincente. Vamos brincar com as crianças.

O seu sorriso foi tão verdadeiro e jocoso que acabei sorrindo com ele.

Greg levantou-se da sua cadeira e veio até a minha, me levantando da mesma.

— Então vamos! — Ele envolveu o seu braço direito no meu ombro e eu ergui o meu olhar para ele que mostrou um sorriso enorme.

Sorri de volta para ele.

Saímos do refeitório e descemos as escadas do edifício com o mesmo verde dos quartos e bem, se lembrarem do supermercado depois da festa do Trainor, vão saber que ele era totalmente parecido com esse hospital.

O ar estava fresco do lado de fora, mas ainda estava frio e dava para ver o ar que soltavamos através de suspiros formar um nevoeiro.

O cheiro a terra molhada e flores atingiu as minhas narinas e crianças brincando no playground do hospital também entraram no meu campo de visão.

— Pessoal, olhem quem veio. O Greg ursinho! — Gritou uma menina sem cabelo, de olhos verdes e enormes, um sorriso com duas janelinhas na frente.

O seu vestido rosa que estava coberto pelo seu sobretudo preto esvoaça enquanto ela corria para abraçar o Gregory.

Greg levantou-a do chão e a abraçou bem forte, inspirando o seu perfume. Outras crianças aproximaram-se e algumas acenaram rápido para mim e foram abraçaram o rapaz ao meu lado.

— Há quanto tempo, Ursinho! E o Liam? Ele está bem? — Os seus olhos brilhavam e Greg assentiu.

— O Liam está bem. Com muita saudades de vocês todos.

— É mentira! Se ele estivesse com saudades ia vir me visitar. Faz mais de três semanas que ele não vem me ver. Quando casamos, nós juramos que íamos estar juntos para sempre! — Ela fez beicinho e Greg sorriu nervoso, a devolvendo no chão.

Casamento?

— No final de semana eu tentarei trazê-lo aqui. Eu prometo — Greg agachou-se para falar com as outras crianças. — E vou trazer uma prenda para cada um de vocês — ele bateu com o dedo o nariz da criança que parecia ser mais nova e a mais saudável.

— Ele vai se ver comigo! — Ela resmungou e eu ri com aquilo.

— Greg, ela é a sua namorada? — Um menino negro de cabelo arrepiado e lábios carnudos bem lindos perguntou, apontando para mim.

— Eu? Não! — Greg olhou para mim, erguendo a sua sobrancelha e eu sorri nervosa. — Quero dizer, sou a amiga dele, não a namorada.

— Mas podiam ser — Sugeriu outro, albino de olhos azuis lindos como o céu.

— Ela me acha feio. Não ia dar — Greg brincou e eu bati o seu ombro, fazendo ele rir, mas as crianças não riram.

— Você acha o Ursinho feio? — Perguntou-me o mais pequeno e eu sorri nervosa.

— Bem, eu...

— Espera, você é uma bruxa? — Uma menina loira de olhos verdes me perguntou, apontando para sua blusa que tinha uma bruxa sorridente com falta de alguns dentes. — Porque o Gregory não é feio.

— É, e eu que vou casar com o Gregory quando crescer — outra menina ruiva, que vestia uma blusa me mangas compridas branca e calças enormes e fofas rebateu.

— Você é nova demais e quando crescer, o Ursinho será um velhinho. Case comigo — O negro disse para ela com um sorriso de canto e ela revirou os seus olhos.

— Não, eu não sou uma bruxa e não, eu não o acho feio. Ele que inventa histórias para me difamar. E me chama de Rainha do Gelo! — Me defendi e eles riram, me deixando um pouco confusa.

— O Greg sempre foi engraçado mesmo — a menina do vestido rosa comentou.

Olhei incrédula para Greg, e ele deu de ombros, rindo.

— Eles são os meus melhores amigos da vida toda. Não é, pessoal? — Eles gritaram em uníssono sim e eu assenti. — E a Stephanie não é uma bruxa. E pra já, obrigado por não me achar feio. Porque eu sou muito bonito, não é crianças? — Elas responderam novamente com um sim bem audível.

— Agora podem ir brincar crianças. Não desperdicem o curto tempo com esse Ursinho chato e a Rainha do Gelo que trouxe esse mau tempo para nós — Greg disse a eles.

— Não, espera, Ursinho! Cante para nós! — pediu a de vestido rosa, com um beicinho nos lábios.

— Ok, Jullie. Que música vão querer? Quase Nunca? Confiarás em Mim? — Ela negou com a cabeça.

— Queremos algo novo. Algo que nos fará sentir bem quando estivermos com dodoi — pediu a Jullie com um certo brilho no olhar, o que fez o meu peito apertar de dor.

— Está bem. Vamos sentar todos aqui no chão — Greg disse a eles, que não tardaram a sentarem no gramado verde do hospital e ele sentou-se no centro.

Algumas crianças abraçaram ele e outras faziam carinho nos seus braços fortes e outras mexiam nos seus fios imensos de cabelo.

E ele começou a cantar:

♪ Fica Calmo, não precisas ter medo
Pois dos meus olhos eu ainda te vejo
Se pudesses lerias o meu coração
Relaxe, sorria e me dê a sua mão
Pois não sabemos o que o futuro nos espera
Mas acredito que seremos felizes nessa era
Correndo e se divertindo em pêras
Só quero que sejas feliz nessa era

— Nós também queremos ser feliz, Ursinho — Jullie tinha um sorriso sincero nos lábios. — Continue, por favor.

♪ Não diria que o futuro será perfeito
Não diria que carregaria todo esse peso
Me abrace, grite e chore no meu peito
Mas no final, estará tudo bem

— Estará realmente tudo bem? — Perguntou uma criança pequena, tão branca que dava para ver suas veias na careca, nos braços e no pescoço.

— Assim espero, Calton.

♪ Se estiver aflito
Olhe para mim e não desista!
Sempre serei seu ombro amigo
Escreveremos juntos nossa história no livro da vida
Aproveite o ar e respira!
Faça o mesmo com a vida e viva!
Estou contigo e não te aflijas!
Estará tudo bem.

Greg fungou, após terminar a sua canção e abraçou forte o máximo de crianças que ele conseguiu de uma vez só.

— Vocês sempre serão meus amigos. E estarei sempre aqui para vocês — Gregory garantiu, beijando a cabeça de cada um.

Limpei algumas lágrimas que caiam dos meus olhos e tive vontade de os abraçar. Mas continuei no meu lugar e esperei ver ele se despedir de cada um deles, que foram logo para dentro do hospital, pois uma garroa fina ameaçava cair.

— Você é muito simpático com eles — eu disse a Greg, que sorriu para mim.

— Eu criei um laço com a maioria deles quando o Liam estava doente. A Jullie por exemplo, conheci quando estava sair de uma quimioterapia com o Liam e a vi se contorcendo de dor na sua cama. Aquilo foi... Doloroso — Greg chutou uma pedra e respirou fundo. — Depois daquele dia, passei a trazer lembranças as crianças, contar histórias que as faziam relaxar e compus boa parte das músicas do álbum brincando com elas aqui no hospital. A Jullie é a mais forte de todas elas, e a sua resistência é tão forte que a machuca. Jullie perdeu os seus pais quando ainda era bebê segundo a tia que cuida dela agora e quando ainda tinha quatro anos foi diagnosticada com leucemia. E sabe o que ela faz para evitar pensar muito no amanhã que há Deus pertence? — Eu neguei com a cabeça, atenta as suas palavras. — Ela vive cada dia como se fosse o último da sua vida. Ela os aproveita, porque não sabe se morre hoje ou amanhã. Não sabe se será adulta ou não e isso não dói apenas para eles, é uma dor compartilhada. Há pais que não sabem mais o que é viver sem estar num hospital porque as crianças estão tendo convulsões consecutivas e... E não sabem se vão sobreviver e quando o Liam venceu o câncer, Stephanie, você nem imagina o quão feliz eu estive. Ele tinha vencido algo que eu pensei que poderia tirar-lhe a vida sem demora. Por isso Stephanie, que devemos aproveitar as nossas vidas, pois elas são nossas, mas o tempo não.

Senti os meus olhos marejarem e as minhas bochechas esquentarem. Porque o meu tempo também foi curto. Não ia ser adulta, não ia ter filhos, não teria minha casa própria.

Por impulso, abracei Gregory e chorei no seu ombro. Chorei imenso, pelas crianças e por mim. Ele envolveu-me com os seus braços e retribuiu o gesto.

As imagens do acidente retornavam a minha mente, me dando dores de cabeça insuportáveis. Afastei-me de Gregory e levei minhas mãos até a minha cabeça, que estava escaldando de tão quente que estava.

— Parker para! Por favor!

Eu conseguia me ouvir e a chuva, os trovões, o camião.

— Não! Não, outra vez não! — Eu gritei assustada, pois parecia muito real.

Não me apercebi quando cai de bunda no chão, mas só sei que me envolvi com os meus próprios braços e as imagens ainda rolavam nos meus olhos.

Por um instante, senti mais dois braços e quando abri os meus olhos, eu vi o Greg se esforçando para chamar a minha atenção.

— Stephanie, olhe para mim! — Ele gritou, agitando o meu corpo e eu chacolhei a minha cabeça, ainda sentindo as dores.

— Para, Greg. Vai fazer a minha cabeça doer ainda mais! — Reclamei e ele suspirou de alívio, abrindo um sorriso contagiante.

— Ufa. Você está entre nós — Greg ajudou-me a levantar com certa dificuldade e passou a mão direita pelas minhas bochechas.

Por um momento senti a minha respiração travar e os nossos olhos vidrados um no outro.

A sua respiração estava descompassada, dava para ouvir.

— Stephanie! Stephanie! — Ouvi de longe, me tirando do transe.

Olhei pro lado e vi a Sra. Walker vindo ao nosso encontro a passos rápidos. Ainda com as mesmas roupas mas dessa vez teve a decência de arrumar o seu rabo de cavalo.

— Minha filha, de novo com a febre estranha! — Reclamou, chegando mais perto de mim. Ela passou as mãos no meu rosto e mordeu os lábios.

— Está ardendo em febres. Acho melhor entrarmos no hospital e você fazer um check-up — disse ela, mas eu neguei com a cabeça.

Não vá ao hospital com ela. Não tome o remédio que ela te der.

Ainda me lembrava das palavras da Stephanie.

— Não precisa. Eu vou pra casa e procuro descansar — eu disse a ela, que me olhou nervosa, mas assentiu.

— Vá. Mas vá com o Gregory — insistiu ela, e eu olhei para Greg, que assentiu e sorriu para mim.

— Deixarei ela sã e salva, Charlotte — Greg assegurou e minha assentiu com um sorriso nos lábios.

— Obrigada por teres me ligado, Gregory — Greg abanou a cabeça positivamente.

Ela foi-se embora e eu olhei para Greg, que ainda me olhava com um sorriso no rosto.

— Você não quer me contar o que estava acontecendo? — Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.

Ninguém mais pode saber disso!

As palavras da Stephanie voltaram a minha mente.

— Está bem. Não insistirei — Greg levou a sua mão até a minha, fazendo carinho no interior da minha palma.

Caminhamos de mãos dadas até o lado de fora do hospital e de longe pude ver o carro da Andrea no estacionamento.

Quando lá chegamos, ele destrancou as portas e abriu a porta de passageiro ao lado da de motorista para mim e eu olhei feio para ele.

— Estou com febre, não paraplégica — reclamei e ele riu.

— Estou a ser cavalheiro. Só isso — Greg emendou e eu revirei os meus olhos, entrando no carro.

Ele quis fechar a porta, mas eu fui mais rápida e ele pôs se a rir e foi em direção a porta de motorista.

Greg entrou e ligou o aquecedor. O rádio tocava uma música do Ratos de Academia, deu para perceber pela sua voz, mas não conhecia aquela.

Greg cantava lentamente a música, e eu gostei mais de ouvi-lo ao vivo, do que a versão do estúdio. Ele parou quando chegamos ao semáforo e eu olhei para ele.

— Cante mais — eu pedi e ele riu, voltando a entoar a sua composição.

Quando a música terminou, seguiu-se de outras, mas não eram da banda e sim de Bruno Mars, Ed Sheeran e em diante. Tentei me concentrar em qualquer outra coisa que não fosse o acidente ou as dores que senti no hospital.

Mas ao me concentrar em esquecer isso, eu acabava por me lembrar e sentia o meu peito subir e descer freneticamente a minha respiração falhar. Seria isso uma crise de ansiedade?

Greg estacionou em frente a casa da Stephanie e voltou a concentrar-se em mim.

— Está tudo bem? — Greg quis saber e eu forcei um sorriso para ele.

— Eu estou bem, sim, Ursinho — eu respondi a ele, que sorriu com os dentes todos para fora.

— Olha só quem aprendeu o meu nome se super-heroi — eu sorri para ele.

— Você também me salvou, Ursinho. Muito obrigada — agradeci e ele deu de ombros.

— O mínimo que poderia fazer pela minha melhor amiga — Greg disse e eu arregalei os olhos.

— Sua melhor amiga? — Indaguei e ele afirmou com a cabeça.

— Ninguém além do Luke e do Dylan e também a Tiffany já tinham entrado no meu quarto. E ninguém além de você conhece o meu lado oculto, o meu segredo fatal, o Gregory Ursinho! — Greg disse, imitando a voz daqueles narradores de filme de super-heroi e eu gargalhei. — Você só pode ser a minha melhor amiga. Por bem, ou por mal.

— Como sou uma menina pacífica, eu prefiro pelo bem, Gregory Ursinho.

Notas do Sérgio:

Oi tudo bem? O que achou dessa amizade!? Esse é um dos melhores capítulos dessa história e é a primeira vez que eu compartilho uma composição da banda aqui! Lembrando amigos e amigas, eu sou o criador de todas as composições da banda (sim, sou compositor também) e que plágio é crime, só isso.

Vemo-nos no próximo capítulo 💗

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