Dia 07 • Power Rangers
EU TAMBÉM SEMPRE QUIS ser um Power Ranger. O vermelho em especial.
Ri com a mensagem de Parker, logo que acordei ouvindo o som de notificações no celular.
Me imaginava sempre naqueles robôs, usando os superpoderes especiais! Haha!
Respondi e aconcheguei-me bem na cama, atenta ao visor do celular onde mostrava que o Parker estava digitando.
Depois de voltar do ensaio da banda de ontem, eu e o Parker começámos a trocar mensagens por iniciativa dele (o que me deixou muito feliz!). No princípio estávamos ainda conversando sobre as táticas do jogo, até que o Parker disse que estava assistindo Casa da Coruja e ai o papo desenrolou-se até chegarmos no assunto dos Power Rangers.
Levantei-me da cama quando o despertador começou a tocar e cacei os Air Pods na mesa de trabalho e quando os encontrei, entrei no Spotify e ao som de Pharrell Williams em Happy, comecei a arrumar-me para escola.
E nunca tinha me maquiado para a escola como Stephanie, mas nessa manhã passei um bom tempo sentada em frente ao espelho, a tentar acertar o delineado nos meus olhos.
— Uau, estamos lindas hoje — Stephanie falou, abrindo um sorriso no rosto.
— Temos que estar, não é? — Falei. — Agora podes não te mexer muito? Tenho que dar um jeito nos olhos – ela assentiu e eu terminei.
— Qual é a razão específica para tanta felicidade? — A loira quis saber e eu sorri matreiramente.
— Um certo loiro que me faz ficar uma boba com as mensagens dele — respondi. — Sabes de uma coisa, Steph? Não existe outro rapaz capaz de me fazer sentir feliz como eu estou a não ser o Parker. Não achas o mesmo?
— E-eu? N-não sei, Molly! — Respondeu nervosa. — Que tal conversarmos depois?
— Hum, está bem — dei de ombros e coloquei a mochila nas costas. — Até mais logo, Stephanie Walker.
Aumentei o volume nos fones sem fio e coloquei Sorry de Justin Bieber.
Desci as escadas em grande, me movimentando com maestria e bem concentrada nos meus passos de dança.
Até que eu e o Parker daríamos uma boa dupla de Power Rangers.
Entrei na cozinha, cantando a música com todas as forças dos meus pulmões.
— Alguém acordou muito feliz hoje — a senhora Walker disse, colocando uma jarra de sumo de manga na mesa. Sentei-me e sorri para ela.
— Não existe nada melhor do que ser feliz!
Os gémeos me olharam incrédulos e eu mostrei um sorriso enorme para eles. Dylan estava atento ao seu celular e a avó Gretta presa ao seu livro.
— Chegou isso para você – disse a mãe, entregando-me um pacote da Amazon.
Ah! Os meus livros!
— Voce não vai comer nada? — Matthew perguntou e eu neguei com a cabeça.
— Estou tão feliz que posso passar o dia inteiro sem comer.
— Oh meu Deus! Eu estava morta de fome — murmurei, após dar uma mordidela enorme no cheeseburger que Emily comprou no McDonalds ao vir a escola.
Estávamos no refeitório, as aulas já tinham terminado.
Emily riu e tratou de comer a sua sanduíche.
— Acho que o motivo da sua fome está vindo aqui— minha amiga apontou com os olhos e eu olhei para trás.
Parker estava vindo a nossa mesa com uma bandeja com o seu lanche e sorriu para mim. Eu sorri de volta e reparei em frente novamente.
O loirinho sentou-se ao meu lado e entregou-me um chaveiro rosa com um mini capacete da Power Ranger rosa.
— Para sempre lembrares-te de mim — falou ele, com aquele sorriso de canto capaz de derrubar todas as barreiras que existia em mim.
— Hum! Hum! — Emily pigarreou e nós a olhamos envergonhados. – Tudo bem, Parker?
— Tudo e com vocês? — Perguntou com o olhar fixo em mim.
Eu fiquei corada e eu nem ficava envergonhada com rapazes. O que estava acontecendo comigo?
— Melhor impossível, não é, Steph? — Minha melhor amiga olhou-me com um grande sorriso e eu assenti para ela.
— Claro! — Respondi.
— Nós vamos ao cinema. Voce quer ir conosco? — Eu convidei-o.
— Vocês também vão ao cinema? — Parker indagou, deixando o pacote de sumo na mesa.
— Como assim ‘também vão ao cinema’? — Eu e Emily perguntamos ao mesmo tempo e ele estreitou os olhos com um sorriso nervoso.
— Eu vou com a Morley e pensei que talvez iriam assistir o mesmo filme — o rapaz respondeu e o meu coração pulsou forte.
— Que filme vocês vão assistir? — Emily quis saber.
— Scream. E vocês?
— Como eu era… Ai! — Reclamei, após a Emy pisotear o meu pé.
— Que coincidência! Também vamos assistir esse filme — ela falou tão animada que eu até pensei que ela tivesse trocado de lugar com uma cobra pela falsidade explícita.
— A sério? Então nos encontramos lá. Até mais, miúdas — Parker levantou-se da mesa e acenou-nos antes de ir embora. Quando ele saiu do nosso campo de visão, suspiramos as duas ao mesmo tempo.
— O que a Morley está fazendo com ele? — Perguntei assustada, nervosa, porque poxa, ela era um dos meus maiores terrores da vida.
— Não sei, mas temos que agir rápido, ela pode ser um problema — minha amiga constatou. — Mas se ele escolheu-te a ti no passado, é porque você realmente é a miúda dos seus olhos.
— Esperemos. Podemos nos encontrar depois na casa da Steph? Prometi a professora de literatura que a ajudaria na biblioteca — Emily assentiu e nos despedimos com um abraço.
— Muito obrigada, Stephanie. Espero não ter levado muito tempo do seu dia — disse a professora Lacy, com um sorriso meigo nos lábios.
— Que isso, professora, não precisa agradecer.
Entreguei-lhe as últimas fichas de leitura que estavam comigo e levantei-me da poltrona verde que tinha numa ala bem longe das enormes estantes e normalmente os alunos aproveitavam para se pegar durante o recreio ou nas festas que aconteciam.
Ajudei-a a levantar e ela saiu primeiro da ala. Eu fiquei a arrumar os livros e devolvi a minha mochila nas costas.
Já eram quase seis da tarde e o filme era às sete. Isso significa que eu tinha que me apressar até a casa da Steph.
O sol estava a se por e a pouca luz iluminava a biblioteca. Estava saindo da ala, quando ouvi risadas conhecidas por mim.
Aproximei-me para ver e encontrei o Parker bem próximo da morena de cabelos cacheados até aos ombros. Os dois pareciam alegres e aquilo doeu, porque:
Primeiro: Ele era o meu Power Ranger. Não, espera, o meu final feliz!
Segundo: Ele prometeu-me que nunca mais teria contato muito próximo com ela quando estávamos a namorar.
Quanto tempo demorou para os dois voltarem a falar. Será que foi na mesma noite em que eu morri? Bem, nesse dia não pode ter sido porque ele não saiu tão ileso. Mas no dia seguinte podia ser.
Até já dava para imaginar ela entrando no quarto do hospital onde ele estava, com uma camisola de croché que a sua avó se matou durante a madrugada a tricotar enquanto que na realidade não passa de uma camisola comprada numa loja de conveniências.
Ela toda tristonha, lamentando pela minha morte e dizendo que estaria com ele nos bons e maus momentos.
Antes de eles notarem a minha presença, decidi sair de lá o mais rápido possível, atravessando um corredor que dava acesso a outra ala não tão movimentada.
Ao chegar lá ouvi uma voz linda e por mim conhecida. O rapaz estava de costas, os seus fios de cabelo com leves cachos e ondulados faziam parecer outra pessoa, mas aquela voz era impossível de não reconhecer.
A melodia que ele entoava era um tanto melancólico e era estranha a sensação de sentir que ele cantava sobre as mesmas coisas que eu sentia.
Será que era raiva ou angustia? Tristeza ou desapontamento?
— Porra, isso ainda não está lá tão bom — resmungou, lançando um caderno pequeno de capa dura de couro castanho.
— Eu achei maravilhosa a letra — eu disse e Gregory olhou para mim atónito.
— Voce estava me observando? — Greg indagou, recolhendo as suas coisas do chão.
— Sim — respondi. — Você sabe que não se canta na biblioteca, não é?
— Eu estava inspirado. Não podia desperdiçar a chance de escrever uma música nova para o álbum — respondeu-me. — Só que está faltando algo nessa composição.
— E se estiver faltando um toque feminino? — Eu sugeri e ele estreitou os olhos.
— Não tinha pensado nisso. Até que podes ter razão! — Greg exclamou, levantando-se da cadeira. — Porra! É isso! Como não pensei nisso? Voce é um génio, Steph — ele abraçou-me e beijou a minha bochecha.
O meu rosto ruborizou-se e ele pareceu nem notar, já que pegou a sua mochila e colocou nas costas e continuou com o caderno e o lápis nas suas mãos.
— Você tem planos para essa noite? — Greg perguntou-me com um largo sorriso no rosto.
As imagens de Parker e a Morley no corredor apareceram na minha mente e eu mostrei um sorriso amarelo para o Gregory.
— Não, eu estou livre.
Entramos no seu quarto, e os meus olhos maravilharam-se com a beleza daquele cómodo.
As paredes eram azul-escuro, com vários vinis e posters pendurados nas paredes. Tinha uma estante branca, que formava um arco na parede oposta a da cama enorme king size onde continha outro vinis que pareciam ser mais antigos.
Na parede onde estava a cama, tinha luzes LED's de natal penduradas, brilhando o dourado sobre as fotos dele quando criança, com um velhinho e uma moça que não dava para ver muito bem o rosto. Devia ser a mãe dele.
No criado-mudo ao lado da cama, tinha uma caixa de som que reproduzia aquelas músicas dos vinis e lá tinha um disco do ABBA.
— O seu quarto é fantástico — eu disse a ele, observando ainda com mais atenção cada detalhe daquele cómodo.
— Obrigado, mas nem é pra tanto — Gregory deixou as suas coisas em cima da cama e acendeu as luzes.
O quarto ficou mais iluminado, e tinha uma fragrância doce de limão e rebuçado de framboesa.
— Você está sendo modesto. Isso aqui parece aqueles quartos do Pinterest — eu tirei o celular da mochila e abri a câmera. — Posso fotografar?
— Claro — ele riu.
Tirei-lhe uma foto naquele momento, com o seu sorriso honesto no rosto, os seus fios de cabelo caídos no seu rosto e os olhos apertadinhos.
— Então, como irei ajudar você? — Quis saber.
— Ah! Espera, vamos para o meu estúdio de criação! — Greg falou.
— Espere, por favor. Me mostre os seus vinis primeiro — eu pedi para o rapaz e ele sorriu para mim.
— Com todo o prazer — Gregory disse empolgado.
Ele seguiu até a parede onde tinha alguns pendurados e apontou para o primeiro.
— Este é o Aftermath¹ dos The Rolling Stones. O meu avô dizia que eu teria uma banda como a deles e olha, acho que consegui — Greg sorriu para si mesmo.
— Este é o Rubber Soul² dos The Beatles e aquele ao lado é o...
— 1989³ da Talyor Swift — eu completei a ver o vinil da loirinha na sua parede. — Swiftie?
— De carteirinha — respondeu, tirando mais outros vinis da Taylor na sua estante.
Ele tinha quase todos os vinis dela.
— E para fechar com chave de ouro, o da Olivia Rodrigo — Greg mostrou-me o do SOUR⁴.
— Tá, numa competição você me ganharia de certeza — eu disse e ele sorriu vitorioso.
— O meu avô dizia que escutar música em streaming não trazia aquela experiência boa como ouvir um bom disco na companhia de um café ou de um copo de cerveja — Greg deu uma risada fraca.
— Foi ele quem te deu os vinis?
— A maioria. O meu avô era uma astro de rock na sua época. Uma vez contou-me que quase ia apresentar-se juntamente com os The Beatles. Imagina se tivesse acontecido, eu seria neto de um rockeiro que tocou um dos maiores nomes do rock em todo mundo — os seus olhos estavam brilhando.
— Por que ele não chegou a se apresentar?
— Disse que teve uma diarreia dos infernos, só escapou da multa porque o produtor era um amigo dele.
— Você tem músicas dele? — Eu Indaguei e ele afirmou, abandona cabeça.
— Tenho um vinil dele aqui — Greg agachou-se até às últimas prateleiras da estante e tirou de lá um vinil preto, com dentes de vampiro enorme na capa e o nome : RONNIN MCHARISTON, bem destacado na capa. — Se você for escutar uma rádio antiga, ainda podes ouvir uma dessas músicas por lá.
— Vamos ouvir uma delas, por favor — eu pedi e Greg colocou o disco no gira-disco.
Sentamos na sua cama, enquanto ele ligava a máquina e depois de alguns segundos, o disco começou a girar e o som chegou aos nossos ouvidos.
Começou com uma batida de rock bem agressiva e violenta. A letra contava a história de um jovem que foi traído pela namorada, mas mesmo assim queria continuar com ela e está nem aí para os que os outros pensariam dele por querer voltar com ela.
— O teu avô era espetacular. Isso é uma obra de arte — eu falei, quando a música terminou e o Greg tirou o disco de lá.
— Uma pena ele não ter chegado ao auge de sua carreira — lamentou-se o rockeiro e eu coloquei a minha mão direita sobre a sua.
O seu olhar ergueu-se até mim, as nossas mãos tremelicando juntas e a minha respiração meio pesada.
— Talvez essa história não tenha acabado. Talvez você que vai terminá-la, se tornando o maior astro de pop punk que o mundo já viu.
Greg abriu os lábios, num sorriso torto e eu retribui o gesto. Por um instante, eu senti que nos aproximamos e eu pudia sentir a sua respiração bater bem no meu rosto. Os seus olhos brilhando e as nossas mãos ainda juntas.
O celular de Gregory começou a tocar — e tive certeza que era o dele pelo rock alto que se ouvia no quarto. Ele rapidamente separou as nossas mãos e foi aqui que percebi o que eu quase iria fazer. Eu quase ia beijar o Greg.
— Oi, Luke? A Steph? — Greg olhou para mim. — Sim, ela está aqui. Não, diz para ela não se preocupar. O quê? Beijo? Cai fora, Luke! Adeus! Eu também te odeio, seu ratinho! — Greg encerrou a chamada e colocou o celular no bolso da calça.
Foi aí que abri o celular e me deparei com mais de cem ligações não atendidas da Emy.
Você esqueceu-se do cinema?!
Dizia uma mensagem dela. Mas o que eu iria fazer lá? Ver o rapaz que eu gosto abraçar a miúda que eu odeio toda vez que ela tivesse um susto?
— Por que você não me disse que tinha um compromisso esta noite? — Greg perguntou-me e eu sorri nervosa.
— Entre gritar de susto e ouvir um pop bem triste, eu preferia ouvir a tua voz — eu disse e ele ruboriziu-se. E eu também. — Quero dizer, ouvir a tua música — apressei-me a dizer e Greg riu.
— Fico lisonjeado pela sua confissão, Rainha do Gelo — Greg disse, guardando o vinil na estante.
— Confissão? Eu só quis vir porque não tinha... mais nada a fazer hoje, Shrek — falei, me enrolando entre as palavras e Greg riu novamente.
— Você é engraçada, Steph.
— Sim. Engraçada — repeti as suas palavras toda vermelha de vergonha.
— Vamos descer. O entregador já chegou — Greg disse.
— Você pediu pizza? — Perguntei.
— Sim. Não há nada melhor que comer uma pizza antes de escrever uma música destruidora de corações.
Eu ri e ele também e saímos do seu quarto.
Descemos as escadas de madeira até o rés-do-chão. Eu fui em direção ao sofá branco da sua sala.
A campainha tocou.
— Eu sabia que o entregador chegaria agora — Greg falou e ouvi a porta ser aberta. — Mãe?!
— Greg! Que saudades, meu bebezinho.
Eu olhei para atrás e arregalei os meus olhos. Aquela mulher alta, de cabelos bonitos e longos como da Angelina Jolie e com os olhos mais lindos que eu já vi era a Andrea. A assistente do meu pai.
— Mas você não devia estar viajando nesse instante? — Greg questionou a mãe, que apertou as duas bochechas e entrou dentro da sua casa.
— O sr. Mackenzie como um anjo de sempre me deu uma dispensa para puder ver o meu filho, antes da grande viagem. Você não sentiu a minha falta, bebezinho? — Andrea tirou o casaco e pendurou no manequim ao lado da porta. — Oi Stephanie, não notei a tua presença, desculpa. Está tudo bem?
— Sim, e você Andrea? — Perguntei-lhe e ela sorriu para mim.
— Exausta. Mas bem, ao menos.
— A senhora viajará quando? — Greg perguntou a mãe.
— Mal cheguei na minha casa e você quer me expulsar? — zombou ela. — Eu irei viajar na sexta. No sábado é o dia do lançamento da coleção Molly e da nova edição da revista em homenagem a ela.
Andrea esgorrou-se no sofá ao meu lado e ligou a TV com o comando.
— Estou morta de fome, Greg. Faz uma comidinha gostosa para mim, por favor.
— Pedi pizza — Greg disse.
— Eu estou cansada de comer pizza e fast food. Por favor, faça aquela pastta gostosa que só você sabe fazer, meu bebezinho.
— Mas mãe...
— Greg, você vai negar esse favorzinho a mulher que te botou nesse mundo? — Andrea olhou para ele parecendo estar triste e ele revirou os olhos.
— Está bem. A senhora venceu. Steph vens dar-me uma ajuda? — Greg olhou para mim e eu levantei-me do sofá.
— Seja cavalheiro pelo menos uma vez na vida, Peterson. Deixa ela sentada aqui comigo — sua mãe disse, mas eu neguei com a cabeça.
— Não tem problema algum, eu vou ajudá-lo.
Andrea assentiu e eu fui até a cozinha com o Gregory.
— Então, oque iremos cozinhar, chef Ramsay? — perguntei-lhe e ele sorriu de canto.
— O favorito da minha mãe. Pastta com molho de queijo e chouriço fumado! — Greg falou imitando o sotaque italiano e rimos.
— Hum, então você vai cozer o esparguete e preparar um refogado de chouriços e queijo? — questionei e ele revirou os olhos negando com a cabeça.
— Eu! Vou fazer a massa. E o molho quem fará é você, é só seguir as minhas instruções, ok? — Greg perguntou e eu acabei a cabeça positivamente.
— A tua mãe é mesmo uma graça — eu falei, cortando os legumes que ele havia me dado.
— É. E eu agradeço a Deus todos os dias por ter me deixado ficar com a minha mãe e não com o meu pai — senti ele fungar e olhei para os seus olhos. — As vezes é tão duro, mas a vida que segue.
Eu não entendi nada do que ele disse sobre o pai e queria perguntar-lhe, mas senti que a Stephanie poderia saber a história e se eu questionasse a ele sobre, seria meio estranho. Portanto, continuei a cortar a cenoura e coloquei-a num pote em separado.
O clima na cozinha ficou meio pesado, então eu coloquei Good 4 U da Olivia Rodrigo e comecei a cantar. Greg murmurou alguns versos e eu olhei para ele.
— Canta logo com todos os pulmões, essa é boa — eu disse para ele que sorriu e aumentou o tom da sua voz.
— Solta a voz também — Greg falou para mim e em pouco tempo estávamos fingindo que as colheres de pau eram os nossos microfones.
E foi assim até terminarmos de cozinhar o jantar.
— Mas um pouco de queijo ralado e voit la — Gregory colocou uma folha de coentro sobre o queijo que derretia sobre a massa.
— Agora sim, você pode chama-se Gregory Ramsay — brinquei e ele riu.
— Obrigado pelo elogio — Greg falou com as mãos no peito, fingindo estar comovido. — Estou muito emocionado por ouvir isso vindo de si, rainha do gelo.
Bati no seu ombro e ele riu.
— Não teve graça — eu falei e ele revirou os olhos mantendo o sorriso nos lábios.
— Teve sim. Vamos levar os pratos até a mesa.
Levamos os pratos e colocamos a mesa que já tinhamos arrumado. Depois colocamos uma jarra de sumo e garrafa de Coca-Cola na mesa.
— Meninos, isto está divinal! — Andrea disse, dando mais uma garfada de massa. — O Greg poderia ser cozinheiro, não é, Stephanie?
— Menos mãe. E você sabe que o meu negócio mesmo é a música — Greg contestou.
— O meu pai deveria ser o teu pai. Ele ia adorar ter um filho músico — Andrea deu um gole demorado da sua Coca-Cola. — O Carsson mal sabe o que perdeu.
— Podemos falar sobre outra coisa, mãe? Por favor — Greg pediu e a sua mãe abanou a cabeça positivamente.
— Hum, ah, Andrea? — Chamei-a e ela olhou para mim. — Você pode conseguir um exemplar do lançamento da Molly?
— Não sei, minha querida. O lançamento é de edição limitada e o site de compras até ficou derrubado por um tempo pelo excessivo número de acessos. O máximo que posso fazer é dar-te a minha logo que me darem lá no desfile.
Continuamos o jantar e quando terminamos, eu e o Greg lavamos a louça e arrumamos a cozinha.
— Nem chegamos a compor, mas a tua companhia nessa noite foi espetacular — Greg disse.
— Eu digo o mesmo — sorri para ele.
Saímos da cozinha os dois e encontramos Andrea assistindo um filme de terror na sala, com um pote enorme de pipocas e uma máscara de abacate no rosto.
— Mãe, eu vou deixar a Stephanie a casa — Greg avisou a ela.
— Espere um pouco! — ela pediu e abriu a sua bolsa que ainda estava no chão perto do sofá. — Tenho um presente para a Lindsay.
Andrea deu-me uma pasta de compras da Dior.
— Diga a ela que comprei com todo amor e que ela nem pense em devolver-me.
— Está bem. Adeus, Andrea.
Ela acenou para nós e de seguida aumentou o volume da TV.
Nós saímos de casa de Gregory e ele foi até a sua garagem. Tirou um carro azul estilo esportivo e estacionou-o na entrada.
— Vamos? — ele perguntou-me e eu entrei no banco ao seu lado.
Greg deu partida até a casa da Steph e pelo caminho só ouvia-se o chiado dos pneus. Cansada daquele silêncio mortal, eu coloquei uma música do meu celular no carro.
Ao som de Feel So Close do Calvin Harris, eu comecei a abanar o quadril no carro e Greg sorriu para mim ao ver-me alegre ao som da música.
— O quê você imagina quando ouve essa música? — Gregory indagou e aquilo me apanhou de surpresa.
— Bem, eu me imagino na praia, num por de sol mágico, com o céu todo amarelado e com resquícios de rosa. Um DJ fantástico e a Emily ao meu lado na festa. E você? — Ele abanou a cabeça negativamente.
— Não sei. Não consigo imaginar nada feliz com músicas. Isso seria um defeito? — Questionou-me e eu neguei com a cabeça.
— Nada nas nossas vidas têm que ser visto com defeito. Tudo nos qualifica, somos perfeitos a nossa maneira. E olha, se você não consegue imaginar, guarde esse momento aqui, pois eu sei que você está feliz. E sempre que pensar nesse dia, finja que é a sua imaginação e que você finalmente conseguiu pensar em felicidade.
Gregory olhou de relance para mim e suspirou baixinho. E depois de algumas músicas tocarem, o silêncio se instalou novamente quando chegamos no estacionamento da casa da Steph.
— Acho que se diz adeus — eu falei e ele olhou para mim, com uma sobrancelha arqueada. — Você me ouviu, Greg?
— Desculpa, estava meio perdido. O que foi que você disse? — Perguntou-me e eu sorri fraca.
— Adeus, Greg. E mais uma vez, obrigada pela noite e pelo jantar.
O cacheadinho sorriu para mim e eu saí do carro, retribuindo o gesto.
O som do motor do carro ficou quase inaudível quando ele foi-se embora e eu toquei a campainha de casa.
— Por quê estás cabisbaixa? — A avô Gretta indagou, quando abriu a porta.
— Não é nada, avô — menti e ela enrugou o seu rosto e abriu-me o caminho.
Entrei e subi as escadas até ao quarto e lancei-me na cama.
O meu celular apitou e eu liguei a tela.
Senti sua falta no cinema. Teve reprise de Power Rangers :-/
Notas do Sérgio:
Olá tudo bem? O que achou do dia 07 e como está ser a sua experiência com a história?
Esse é um dos meus capítulos favoritos, pois conhecemos melhor o lado do Gregory, sabe, um quarto diz tudo da sua personalidade, quem não acredita, vá ler Enviado Pelo Cupido e descobrirá kkk, é isso, me alegre com o seu voto e comentários.
Vemo-nos no próximo capítulo 💗
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